Esse filme trás um sentimento diferente pra quem assistiu a série e entende mais ou menos o que tá acontecendo aqui.

As leves mudanças que trazem a tona o fato de que, mesmo recomeçando através de uma segunda chance, a grande trama de acontecimentos ruma pro mesmo destino inevitável e que os conflitos pessoais são exatamente os mesmos é extremamente desconfortável. Afinal, são as mesmas pessoas. É tão Evangelion ksksksksksksk.
O gancho no final trazendo a esperança de algo singular me convida a assistir o segundo filme com certa empolgação e descobrir as novas conclusões de Anno pros conflitos e dilemas debatidos na série e no The End, me deixam verdadeiramente empolgada.

Sem dúvidas consegui sentir a dualidade do título muito mais neste aqui.
O filme trabalha em uma sequência de encantos e desencantos, esperanças e frustrações, avanços que acabam levando pro mesmo lugar.
Novamente, é perfeita a escolha do que deve ou não ser diferente quando comparado a série. Conhecemos uma Asuka e acompanhamos um Shinji um tanto quanto diferentes, com a primeira estando levemente mais contida e autoconsciente e o segundo mais ativo e menos depreciativo. Os dois agora como agentes de mudança, e o filme mostra até onde e o que eles podem mudar, em paralelo com uma Nerv que representa o triunfo da humanidade mais uma vez, mas que acaba por meios diferentes, afundando na mesma mentira.

Cenas como uma conversa sincera no mesmo futon, ao invés de um silêncio desconfortável (e um quase ato de assédio) são possíveis aqui, mesmo que no final, um pai ainda obrigue o filho a matar um amigo. O filho pode aqui, apesar disso, conseguir alcançar uma amiga antes desta ser assimilada pelo seu algoz, mas, aqui também, não é permitido a ele a ação de algo maior, e ainda por cima, por alguém que se diz aquele que trará a mudança.

Olha, esse foi mais difícil de pegar. Não sei se foi o amontoado de lore que capturou a minha atenção e encheu minha cabecinha de informação, mas eu demorei até conseguir ter uma interpretação da ideia do filme.

Depois de um tempinho matutando ele, acho que consegui uma hipótese.
No final do segundo filme, temos uma tentativa do Shinji de agir pela mudança, mas a mudança é barrada e pior, descobrimos nesse terceiro filme, que além de ele na verdade não ter mudado nada (não ter salvo a Rei) ele foi manipulado a começar a catástrofe que assola as pessoas que vivem agora, catorze anos depois. Ou seja, os perigos ficaram mais complexos, nem mesmo Rei foi salva e ninguém mais confia em Shinji, e nada disso pôde ser desfeito. Mas por quê?

No segundo filme, temos a cena (que remonta a cena da série) de Shinji sendo questionando por seu subconsciente se ele não estaria fugindo da figura do pai, seguido por sua resposta: "Não é normal fugir do que nos faz mal?", isso não mudou em Shinji, o seguiu até mesmo nesta segunda chance. Kaworu até mesmo menciona (nesse filme) o fato de Shinji ter medo da mudança, representado pela forma como gosta de ver as estrelas. E Kaworu é quem toma suas dores neste filme, o traz aconchego e dá pra Shinji certo conforto em um objetivo de refazer tudo.

Mas nada disso mudaria enquanto Shinji não encarasse Gendo, essa era algo que somente ele deveria fazer. Gendo o usa mais uma vez, o manipula, e o Kaworu é o sacrifício desta vez.

Shinji pode recomeçar, portanto que pare de fugir. O Shinji de agora não pode recomeçar, e de fato, nada pôde ser feito.

Tenho que sair de casa, amo desperdiçar minha vida com meus amigos