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Tanto o Jumento de Ouro, como o Anime Awards e outras premiações afins, têm os mesmos erros. O problema é a escolha das obras que podem ser votadas e quem pode votar. A única premiação que levo a sério é a da Anime Guild Awards, porque tem os critérios mais objetivos possíveis.
O pessoal do Anime Guild Awards na pré-seleção de quais animes poderão ser elegíveis na votação popular, utilizam de forma transparente métricas tais como: a média de notas do MAL, acima de x pontos; a popularidade do anime, quantidade de membros acima de Y; resultados de votações das temporadas do ano, pegando os três melhores de votações que usaram todos os animes das suas respectivas temporadas; quantidade de obras que o estúdio fez no ano; etc. São critérios matemáticos que visam ser imparciais. Bem diferente de como o Alexandre faz, que é limitando os animes que possam ser votados, sobretudo pelos critérios do que ele gostou e assistiu. No fim, o Jumento de Ouro acaba sendo uma versão um pouco mais popular dos animes que Alexandre pré-elegeu como os melhores.
A votação do Anime Guild Awards tem duas etapas, a de uma jure popular, onde qualquer um pode votar, e outra do jure qualificado. A primeira votação pega as listas dos pré-selecionados. Listas extensas com uns 15 a 20 títulos que podem ser selecionados pelos participantes. Em seguida, essas listas vão para a segunda votação, onde ficam reduzidas para 6 títulos por categoria que o júri qualificado poderá escolher.
Importante frisar que no Anime Guild Awards ninguém vota em apenas um título por categoria, vota em três (primeiro, segundo e terceiro) ou cinco (primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto), dependendo da categoria e de qual das duas votações está participando. A ordem como cada um coloca os votos dá pontos diferentes para cada escolhido. Exemplo: o primeiro da lista ganha 9 pontos, o segundo 6, e o terceiro 3. Os pontos é que são importantes e a soma dos pontos que todos dão é que vai definir qual é o melhor. Com isso, mesmo que um anime tenha muitos votos em primeiro colocado por conta dos fãs, pode não ser eleito. Sendo essa a forma mais objetiva e seria possível. Diferente do Jumento de Ouro, que todos os anos praticamente só prestigia um anime shounen popular em todas as categorias.
Para fazer parte do júri qualificado do Anime Guild Awards tem que se pré-inscrever e ter os critérios mínimos. Os critérios são quanto tempo de animes foi consumido pelo candidato do ano que deseja participar e variedade dessas obras. Tem uma somatória de pontos, onde filmes, animes com episódios de pouca duração, animes com poucos episódios, animes com mais de uma temporada no ano, e desistidos depois de pelo menos três episódios, recebem pontuações diferentes. Essencialmente, o objetivo é que cada jurado tenha assistido a uma quantidade de horas de anime no ano que equivalha ao mínimo de 50 temporadas completas de 12 episódios, isso de animes com pelo menos vinte minutos por episódio. O Alexandre, quando começou essas votações, tinha assistido um pouco mais que 40 animes do ano passado, e vários ele dropou, ou seja, não contam nenhum ponto ou contam poucos pontos. Alexandre não teria as qualificações mínimas para ser um jurado do Anime Guild Awards que este ano conta com 21 jurados qualificados.
Por último, outro ponto que considero bem ruim em certas votações são os excessos de categorias. Quando se faz isso, aparecem categorias que ficam vagas sobre quem pode participar e quais são os critérios para definir o melhor. Por exemplo: um anime focado em drama, que tem um drama bom e contínuo durante toda a trama, pode perder o prêmio na categoria de melhor drama, para um anime que tem apenas uma cena forte dramática, mesmo que o foco do vencedor seja uma comédia. Com isso, os animes populares começam a se repetir em todas as categorias. Por outro lado, colocar critérios demais com tantas categorias temáticas pode levar à falta de candidatos em algumas. Logo, tem categorias que não fazem sentido em certas votações, que só existem pela simples falta de comprometimento de quem fez essa eleição, ou por objetivos escusos de querer prestigiar a um queridinho, ou querer sinalizar para uma agenda.
Melhor anime – Como se pode conferir no link, ninguém podia votar no Jumento de Ouro em Vinland Saga Season 2 ou Jujutsu Kaisen 2nd Season. Os quais são dois dos animes mais populares, mas bem avaliados do ano, e estão ficando nas primeiras colocações em diversas outras premiações. Alexandre pode argumentar sem razão que o melhor anime do ano não poderia ser uma continuação. No entanto, Boku no Kokoro no Yabai Yatsu não pôde ser votado, e tem média de notas maior no MAL do que Tengoku Daimakyou, Jigokuraku e Skip to Loafer.
Melhor encerramento - Ninguém poderia votar em Oshi no Ko, que tem o mais assistido e comentado do ano. Somente um dos vídeos deste encerramento tem mais de dez milhões de visualizações. Sozinho, tem mais visualizações do que todos os outros encerramentos de animes do ano. Tamanho é o absurdo em não colocá-lo na lista de elegíveis que me faltam palavras.
O nome da música de encerramento de Oshi no Ko é Mephisto, essa música pertence a uma banda chamada Queen Bee e essa mesma banda é quem toca a música no anime. O nome do vocalista da banda é Avu-chan, um japonês mestiço, budista devoto, com ascendência afro-americana. Avu-chan sempre se veste como mulher e a mídia japonesa geralmente utiliza pronomes femininos para se referir a ele. Provavelmente pelo Japão ter uma sociedade homogênea que valoriza demais a igualdade e Avu-chan ser um mestiço, seja o motivo dele não gostar de pessoas que categorizam os outros por rótulos raciais ou por gênero. Essa também é a provável causa dele se vestir como mulher.
O Alexandre, um homem branco, ocidental, classe média, não colocou o enceramento de Oshi no Ko na lista. Encerramento que é repercutido e elogiado mundialmente pela sua qualidade. Será que foi um fogo amigo de um lacrador extremante desaculturado?
Best Girl - Ninguém no Jumento de Ouro poderia votar em Kana Arima, a qual tem 16142 perfis que a colocaram como favorita no MAL, é mais do que Frieren tem. Este número não só a coloca como uma das mais prestigiadas do ano de 2023, mas de todos os anos.
Como se esse absurdo não fosse pouco, ainda colocou para votação a Tomo de Tomo-chan, em vez da Misuzu e da Carol, que estão em outras listas de premiações. Do trio de garotas, a Tomo não é só a mais sem graça, mas tem a metade da popularidade no MAL do que a Misuzu. Ressaltando que Misuzu é um personagem de suporte no mesmo anime da Tomo. Por que a Tomo mereceria essa indicação se perde para um personagem de suporte do seu próprio anime?
Melhor casal - Não lembro qual era a ordem, mas sei que na lista de melhores casais eleita pelos japoneses estavam entre os primeiros casais de Sousou no Frieren, Kusuriya no Hitorigoto e Spy x Family. Nenhum dos casais desses animes puderam ser votados na lista do Alexandre. Qual o critério que ele usou?
Melhor produção/direção – É um completo inepto alguém que passa doze anos da sua vida produzindo vídeos com críticas de animes e ainda assim consegue ter a proeza de tratar produção e direção como sinônimos. Como produção, faltou Vinland Saga II na lista de candidatos, e como direção, faltou Oshi no Ko.
Melhor ação - O Alexandre colocou na lista Mononogatari, anime que nem ele mesmo gostou, que tem as lutas ultra clichês, mal coreografadas, sem clímax, com uma animação mediana e a obra nem tem tanto ação assim se comparada a muitas outras de 2023. Um grande pecado foi não ter colocado nesta lista Kage no Jitsuryokusha 2nd Season, porque de todas as maneiras foi uma obra magnífica, se olhada como todo ou somente no foco de ação. Outras que em termos de ação foram melhores do que as desta lista: Jujutsu Kaisen, Tokyo Revengers: Tenjiku-hen, Helck, até o Spy x Family.
Melhor cena – Dos animes do ano passado, depois de Oshi no Ko, são as cenas de Sousou no Frieren que têm mais visualizações e viralizaram na internet. O Alexandre conseguiu ter a desfaçatez de não colocar ao menos uma cena de Sousou no Frieren para votação.
Quanto à cena selecionada por ele de Oshi no Ko, a morte de Ai, é uma das mais repercutidas, mas nem de longe é a melhor entre tantas outras cenas extraordinárias que Oshi no Ko tem. O mínimo que ele deveria ter feito era de ter possibilitado que pudessem votar em algumas outras cenas do anime além dessa.
Melhor Personagem Principal — Eu uso a foto de Dark Schneider no meu perfil, motivos tenho para achá-lo um ótimo personagem. Entretanto, mesmo acreditando que é o melhor personagem do ano passado, não estaria em lista com as métricas que apontei. Nem tudo é perfeito, mas isso não deve ser desculpa para desleixos.
Melhor comédia – Zom 100 é um grande anime, faz comédia com crítica social, o que é bem valoroso. No entanto, Benriya Saitou-san é absurdamente muito mais cômico e não teve se quer a oportunidade de ser votado. Além disso, houve outros animes com bem mais foco em comédia no ano passado do que esses dois e que não tiveram a oportunidade de serem votados. Qual é o critério para ser escolhido o melhor anime de comédia? É ter conteúdo, é fazer rir muito, é ter foco na comédia? Com que critério se coloca na lista Isekai Hourou Meshi em vez de The 100 Girlfriends se não for para posar de virtude?
A gravidez da Ai é igual a de qualquer adolescente?
Primeiramente é falso dizer que todo mundo isenta o fato da Ai engravidar com 16 anos, nem mesmo o próprio Guto isentou isso, tendo em vista que no vídeo ele afirma esse ser um grande problema. Ser um problema também não é necessariamente condenar a garota dizendo está errada, dizer isso como o Ig0y fez é um juízo de valor, altamente subjetivo e baseado somente na idade é abominavelmente preconceituoso. No entanto, concordo que as sociedades mencionadas no vídeo não veem com bons olhos a gravidez na adolescência. Por terem uma mentalidade dominante progressista no sentido que a mulher antes de formar uma família deve ser independente com uma carreira profissional e um ensino superior. Não seguir essa cartilha gera certas indignações ideologizadas de lacradores que tentam construir uma moral pós-moderna. A despeito disso, as mulheres devem ter todo o direito de escolherem o que elas quiserem para suas vidas, devem ter o direito de buscar a felicidade sem imposições.
Gravidez na adolescência é algo escandaloso quando acontece com pessoas comuns? Garanto que não é algo anormal para estampar os jornais e sejamos honestos que na nossa sociedade a população somente se importa com a conta. No Brasil cerca de 14% de todos os partos são de mães adolescentes. Esse indicador ano após ano vem sofrendo uma redução, devido ao envelhecimento da nação, a existirem anticoncepcionais, a abortos serem cada vez mais populares e a maior instrução da população. Se por um lado os partos estão reduzindo em idades mais novas, por outro lado, cada vez mais cedo os jovens iniciam as suas atividades sexuais. Quase 50% dos jovens tiveram sua primeira relação sexual na adolescência, 30% antes dos 15 anos e pelo menos 1/3 sem uso de proteção. Pessoas comuns tendo recursos não sofrem coerção, diferentemente de ídolos musicais jovens da cultura japonesa (idols). Para as idols até mesmo uma troca de carinhos mais íntimos é um problema, namorar enquanto seguir essa carreira é terminantemente proibido, ter relações sexuais e engravidar é um gigantesco escândalo.
De fato, a carreira de um idol é curta e não passa dos 30 anos, logo fazer a protagonista ter um filho aos 16 anos parece ser o mais conveniente. Qual o problema com isso narrativamente falando? Existe algum demérito nisso que justifique essa crítica do vídeo do Ig0y? É um encaixe narrativo coerente com a proposta. Além disso, discordo categoricamente com a afirmação feita no vídeo do Ig0y que a obra não está fazendo uma crítica a forma de vida de mentiras que a personagem está inserida, isso é comprovado por ela ter uma gravidez escondida. Por fim, concordo que o anime parece não se importar em querer fazer uma crítica negativa comum a gravidez na adolescência, até porque não é uma personagem comum e não tem problemas comuns.
O anime obrigatoriamente teria que retratar de forma negativa a gravidez na adolescência? Por que o ig0y é tão etnocêntrico e quer impor críticas que colaborem com seus valores em tudo? O Japão detém uma taxa de 0,4% de adolescentes entre as mulheres que dão à luz, isso é 35 vezes menor do que a brasileira, que por sua vez é 4 vezes menor que a subsaariana. Essa taxa japonesa é a menor de gravidez entre adolescentes de todo o mundo. Também é preciso dizer que o problema de baixa natalidade que o Japão vive atualmente é a maior preocupação de todos os japoneses, não são os terremotos, não é a economia, não é a China. Logo, mostrar desaprovação por algo que a nação está buscando desesperadamente não faz sentido.
Não jogar uma pessoa na fogueira é ser favorável aquilo que ela fez? Onde foi que o Guto disse que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Pelo menos não vi isso no vídeo do Guto. Onde o Ig0y viu todo mundo dizendo que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Certamente em alguns bolsões conservadores da sociedade ainda exista alguma resistência a não aprovar comportamentos sexuais fora do casamento, implicando também em certos tipos de gravidez na adolescência. Não é todo mundo como foi dito, todavia vou dar algum crédito ao Ig0y, porque de forma geral, a mentalidade da sociedade ocidental é permissiva a prática de relações sexuais libertinas com algumas poucas exceções. O problema é que o Ig0y parte de um pressuposto bastante superado que as pessoas condenam, quando elas de fato só não querem é ter despesas. Logo, não tem porque “todo mundo” sair fazendo críticas sobre essa garota, quando não a repudiam. Para reforçar, no Brasil, 26% das adolescentes se casaram ou foram morar com seus parceiros antes de completar 18 anos. Não sei onde o Ig0y vive, talvez seja onde a população é muito conservadora nesses assuntos, mas pessoalmente acredito que não deva ser nesse planeta.
Teve um momento do vídeo que o Ig0y ainda falando sobre gravidez da Ai perdeu a paciência e começou a dizer impropérios, o qual é o argumento de quem não tem argumento. Isso porque alguém falou da gravidez de adolescentes na África. Em resposta o Ig0y inquiriu o nome de cinco países desse continente, entendi que não foi negando propriamente, mas foi um argumento de autoridade e de ataque ao argumentador. Sei decorado o nome de quase todos os países da África, mas saber disso não significa absolutamente nada para o argumento que adolescentes engravidam. Só para constar com dados da ONU, todos os países da África Subsaariana têm essa situação. Para terem uma noção, de todos os nascidos de mães entre 15 e 19 anos de todo o mundo, 48% deles nasceram somente na África Subsaariana. Estudo do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, revela que em países da África Subsaariana, mais de 60% das gestações ocorrem em meninas com menos de 17 anos.
Na análise feita no vídeo do Ig0y, foi contestado o fato da informação de gravidez da Ai não ter vazado. É comum os escândalos vazarem? Sim, mas quantos tantos passam décadas até serem descobertos e quantos tantos nunca são revelados. É impossível calcular se tem mais escândalos que vazam dos que os que nunca vazam. Só tem como especular que são muitos os que nunca chegam a público, com base que são muitos os que demoram muito tempo a vazarem. Existem inúmeros casos de celebridades internacionais super famosas que conseguiram esconder a gravidez e não custa lembrar que a protagonista é somente uma subcelebridade japonesa. Não existe nenhuma incoerência nisso, até mesmo dizer que é conveniência é complicado quando não se tem como calcular probabilidades. Ademais, o anime tratou dessa questão dizendo que a Ai foi para uma cidade pequena e que usou um pseudoanônimo. Tem também uma cena no anime onde uma idol é notícia casando e estando grávida, em outras palavras, casou para não escandalizar.
Algumas ponderações sobre críticas a gravidez da Ai.
Uma crítica moral é bem complicada, pois a sociedade japonesa tem seus próprios valores, que não podem ser medidos com régua ocidental, a fim de que possam exigir que o anime faça uma condenação por ser uma gravidez fora do casamento. Além do que por Ai estar no mundo artístico, é uma personagem desapegada a valores morais, mesmo os pertencentes a cultura japonesa. Vale também destacar que a crítica moral da idade seria mais do conservadorismo das tradições. Já para questões religiosas seria apenas em virtude de não ser casada.
Críticas familiares tem seu próprio aspecto, mas estão muito ligadas a críticas morais e psicológicas. Dito isso, as definições de família e de estruturação dela estão mudando continuamente. Assim como também é muito complicado dizer se alguém com 16 anos não tem uma estrutura psicológica para ter uma família. Na minha opinião, essa mentalidade pós-moderna de protecionismo exacerbado sobre os jovens, sempre os tratando como incapazes e inaptos, defendida pelo Ig0y, causam muitos danos a sociedade, gerando coisas como os hikikomoris. Outro ponto, é que a Ai não tinha família para surgirem conflitos durante a gravidez, exceto se ela tivesse um relacionamento sério com a pessoa que a engravidou. Ademais, é interessante notar que pelo menos nesse início da trama a relação amorosa da Ai não foi tratada como um abandono. Talvez isso seja um reflexo da sociedade atual japonesa, ou talvez queira passar alguma mensagem, mas o fato é que o Ig0y não se atentou para essa questão no vídeo.
Sobram as críticas a saúde física e o anime as fez. Foi dito que no caso da Ai poderia ter que ser uma cesárea, o anime também criticou a demora dela em ter a primeira consulta e ao tamanho da personagem para ter os bebês. Posto isso, senti que as preocupações foram mais por estar grávida de gêmeos do que por ter 16 anos. Críticas maiores só caberiam bem se estivessem falando de uma criança ou um pré-adolescente, mas 16 anos é quase um adulto e em alguns países 15 anos já é um adulto. Gostaria muito que o Ig0y entendesse que gravidez não é uma doença, que mulheres são biologicamente feitas para ficarem grávidas e que 16 anos não é uma idade de risco.
O tema é comum, logo é ruim?
Concordo que no gênero os temas desse anime são comuns e diria mais que são velhos. Entretanto, isso não significa que os temas nesse anime não tenham seus próprios méritos, que não consigam surpreender, que não consigam cativar e que principalmente não consigam emocionar. O anime trata de alguns temas da indústria do entretenimento de forma secundária, tais como: talento não é o mais importante, dificuldades burocráticas, dificuldades financeiras, comportamento de celebridades, dificuldades para manter uma imagem ideal, relação de estrelas com os fãs e dos fãs com as estrelas. São coisas comuns, portanto, são as mais facilmente percebidas, mas não são o tema principal e mesmo sendo abordagens com perspectivas novas e enriquecedoras, não precisam ser complexas e profundas. O que frustra bastante é ver críticas aos temas desse anime sendo rasas, pelo simples fato de não se atentarem sobre o que realmente a trama quis falar. Temas como: amor, família, superação, hipocrisia, amadurecimento e responsabilidades. São tratados com muita mais profundidade do que o da indústria do entretenimento e ignorados pelos críticos. Para finalizar, o tema da obra é sobre vingança.
Gorou o virtuoso que morreu e reencarnou.
O Guto está correto e o Ig0y está errado por querer desumanizar o Gorou. Entendam, médicos são humanos como qualquer outra pessoa, que no exercício da sua profissão é preterido que não expressem juízo de valores, mas isso não quer dizer que eles não possam e não julguem em fóruns íntimos. Acompanhamos o Gorou não somente enquanto está realizando as suas atividades de médico com sua paciente, mas acompanhamos até no íntimo dos seus pensamentos. Isso é importante para evidenciar o caráter virtuoso do Gorou, em não ter juízos condenatórios, em não ser preconceituoso, em não deixar de ser fã por conta de uma gravidez e em querer ajudar a trazer a vida. Ao contrário do perseguidor, que também era um grande fã, mas não tinha virtudes, era tóxico, não respeitava a liberdade da Ai e queria trazer a morte. Também é preciso ressaltar a existência da Ai paciente e da Ai idol, o Gorou poderia não ter a mesma opinião de fã alinhada com as de médico. Para concluir, é impossível não comparar com o Ig0y, que pediu que Ai fosse condenada, que disse claramente que a Ai estava errada, que queria jogar a menina no inferno por ficar grávida. Tirem suas próprias conclusões sobre com quem o Ig0y se parece.
A morte do Gorou foi ruim como diz o Ig0y? Tenho duras críticas do encontro do Gorou com Ryousuke, e para quem tinha lido a sinopse do anime já sabia que em algum momento o Gorou iria morrer. Independente disso, a cena da morte em se, do momento que ele é empurrado em diante, consegue causar um certo choque, cria uma expectativa até o último instante de que o Gorou pudesse escapar e gera um certo mistério pelo corpo não ter sido encontrado. Tem como dizer que uma cena com esses elementos é ruim? Infelizmente, confesso que não me emocionou tanto, mas a culpa foi minha porque tinha pego spoilers e bem maiores do que os que estão na sinopse. Mesmo assim, consigo reconhecer o potencial e imaginar como deve ter sido impactante para quem foi ver sem saber de nada.
O Ig0y afirma que a reencarnação do Gorou foi uma propaganda pró-aborto, porque fica implícito que o corpo de Aqua não tinha alma antes do Goru morrer. Nessa questão de o feto ter alma/espirito, vou tomar como exemplo o que pensa a cultura judaica cristã. Para quem desconhece, isso é uma questão milenar no cristianismo e no judaísmo, é contencioso sobre qual é o momento que o corpo passa a ter alma. Independente disso, são religiões antiabortistas por entenderem que a vida se inicia no momento que a biologia determina, que é na concepção. Logo, é irrelevante a questão de qual é o instante específico que o corpo adquiri uma alma, porque não existe vida humana mais valiosa do que a outra. A vida é um dos pontos mais fundamentais dessas crenças e o assassinato para essas religiões é pecado. Entendo que certas concepções teológicas dão mais margens para que pessoas possam tentar defender o indefensável, mas daí fazer uma ilação que por pessoas exporem certas ideias necessariamente defendam outras é de uma plena ignorância. No mais, não foi afirmado se no universo desse anime todas as almas reencarnam no mesmo momento.
Fazendo alguns esclarecimentos do que pensa o cristianismo. Primeiramente há duas opiniões com bases escrituristica sobre como a alma humana é criada, são o traducianismo e o criacionismo que atualmente é a corrente majoritária. Um adendo, esse criacionismo não é o que faz contraponto a teoria da evolução. Voltando, a corrente do traducianismo acredita que as almas são criadas com os corpos físicos e a corrente do criacionismo que as almas são infundidas. Em qual momento elas são infundidas, aí tem tese para tudo, tem até de estágios da alma. A palavra grega peûma (espirito), significa: sopro, vento, ar, sopro divino, portanto existem aqueles que advogam que somente o recém-nascido após respirar é que tem espírito. A briga ainda é bem mais complicada, porque tem também a teologia da dicotomia (alma e espírito são a mesma coisa) e da tricotomia (alma e espirito são coisas diferentes).
O único instante que o anime fala sobre aborto é quando é sugerido a Ai. Isso se dar no momento que antecede a cena do telhado, na qual é onde ela responde à indagação dizendo que não tem família, que sempre quis ter uma e que sua família será feliz e divertida. O anime super pró família, que incentiva a não fazer aborto e trabalha com o grupo que é mais vulnerável a cometer esse ato, acusado por Ig0y de ser abortista. Ridícula essa declaração do Ig0y, é tão ridícula que prefiro acreditar que foi uma piada de extremo mal gosto.
Tem um momento do vídeo que o Ig0y fica desmerecendo o parto da Ai, perguntando quem fez, quem assinou. Essas indagações não têm lógica alguma para tentar refutar o argumento que o Guto vinha construindo. Também demonstram uma falta de atenção, posto que logo em seguida o Ig0y afirma que a Ai não ligava para quem iria fazer o parto, quando no anime a Ai disse no seu último diálogo com o Gorou que não queria outro médico. Além disso, faltou a compreensão do propósito e do foco que não é na Ai, mas no protagonista. Foi o Gorou que prometeu a Ai que faria aquele parto para que as crianças nascessem saudáveis e não o contrário. Ademais, ele refletiu ter encontrado o seu propósito em ter se tornado médico naquele parto, para garantir que fosse seguro. Não fazer isso é deixar um propósito inacabado o que justifica a sua reencarnação.
Em relação a suposta incoerência por conta do sumiço do Gorou. Primeiro, alguém encontrou o Gorou, basta observar que na última cena que ele aparece tem alguém se aproximando dele (14:55 a 14:57, lado direito da tela). Vemos a pessoa por detrás e no escuro, mas aparenta estar com um capuz parecido com o do assassino, logo provavelmente foi o próprio assassino que foi esconder o corpo. Segundo, é falso dizer que ninguém procurou e que ninguém notou o sumiço do médico, posto que teve um funeral simbólico. Terceiro, o Japão tem cerca de 80% do país coberto por florestas densas e relevos montanhosos. Facilmente alguém se perde e jamais é encontrado em uma pequena área de floresta, imagine em uma grande floresta. Quarto, segundo o New York Post, desde meados da década de 1990, cerca de 100 mil pessoas por ano desapareceram no Japão, simplesmente “evaporam” sem deixar rastro nenhum.
Ai aquela baranga.
O Ig0y ficou revoltadíssimo, porque a “mocreia” da Ai não virou uma baleia, cheia de celulites, com estrias e cicatrizes depois de um parto. Como pode ela não ter bulimia?! Seria o autor um imbecil por não mostrar esse clichê da lacração?! Afinal quem se importa dela ser bem jovem e ter optado por um parto normal (11:47 do anime) para não ficar com cicatrizes. Pessoalmente tenho várias lindas amigas que depois que tiveram um filho, voltaram rapidamente e sem esforço a ter o mesmo corpo de antes, algumas delas ficaram até mais bonitas. Também é preciso observar que nessa trama teve um salto de tempo entre o parto e a volta da Ai para os palcos. Como sei disso? O médico já tinha sido dado como morto, os bebês não tinham a aparência de recém nascidos, as crianças andavam (nove meses é o mínimo para uma criança começar a andar) e um personagem do estúdio disse que há meses não falavam mais do grupo da Ai. Incoerência não tem, e realmente era preciso mostrar a Ai fazendo regime, academia e ensaiando nesse tempo? O arco de preparação realmente agrega muita coisa a tramas? Quem estaria morrendo de vontade de ver enchimentos? No mais, assim que Ai volta aos palcos, a primeira pergunta que o apresentador faz é se ela está comendo direito e a resposta dela é que está comendo muito. A análise do Ig0y não faz sentido algum, colocações sobre cirurgia e questionamentos de recuperação pós-parto são infundadas, por ele simplesmente não prestar atenção no tempo decorrido e em ter sido um parto normal. Por último, o Ig0y cobra que a obra faça aquela crítica genérica, ideológica, saturada, receita de fracasso, bandeira de feministas invejosas que não raspam os cabelos do sovaco. Aceitem, o que é belo é belo, o que é feio é feio, e tudo que presta tem um preço.
Esqueceram de mim.
O Ig0y reclama que o Aqua não reconhece que a Ruby era uma paciente sua de outra vida que reencarnou. Primeiro, a Ruby não quer falar sobre vidas passadas, porque ela tem medo que se o Aqua souber que ela era apenas uma garotinha vá ser inferiorizada (55:56 a 56:29 do anime). Segundo, o Aqua acha deprimente falar sobre a outra vida. Existe uma grande plausibilidade em não saber quem era aquela pessoa em outra vida se não falam sobre isso. Terceiro, é falsa a afirmação do Ig0r que a Ruby não tem nenhum traço para que o Aqua presumisse quem ela era no passado, posto que o comportamento dela pela idol o faz associar a Sarina (32:13 do anime).
Construção de personagens.
O Ig0y cobra características sui generis da Ruby. O que podemos exigir nesse sentido de uma criança de 12 anos? Apesar disso o anime entrega algumas características tais como: o fato dela ter tido câncer; de ter traumas com quedas; de ter uma relação de paquera com um médico; de ser fã de uma idol. Na minha opinião é uma construção suficiente, principalmente se considerarmos que isso é somente no primeiro episódio. Ainda sobre a Ruby, o Ig0y reclama também de que o câncer tem outras facetas que poderiam ser exploradas, e isso é verdade, mas só se deve falar aquilo que é pertinente a trama, caso contrário é enchimento desnecessário.
O Ig0y reclama que essa obra só tem dois ou três personagens. Isso demonstra que o Ig0y quer que todos os personagens apresentados sejam trabalhados da mesma forma. Somente uma pessoa que desconhece que existem vários tipos de personagens exigiria algo assim. Os demais personagens não precisam ter uma construção igual à dos principais, e se tem uma coisa que esse anime oferece aos principais é um arco completo de personagem. Por fim, eu queria saber onde o Ig0y encontrou essa regra que a qualidade de uma obra é definida pela quantidade de personagens.
O Guto é um merda desonesto?
Se alguém gosta demais de algo, ou queira vender algo, não vai ficar procurando e exaltando possíveis problemas. No caso de quem gostou demais, está implícito que considera irrelevantes possíveis problemas. Já no caso de quem queira vender, não cabe a esse ficar apontando possíveis falhas do seu produto, pois fazer isso é burrice. Não importa qual seja o caso, isso não torna o Guto um merda e um ser desonesto. No mais, a ônus da prova é de quem afirma, cabe a quem diz que é ruim apontar falhas e a quem diz que é bom apontar qualidades, não o contrário.
O Ig0y afirmou que Aqua falou “eu agradeço por ter sido assassinado”. Quando o que o Aqua falou foi: “fico feliz por poder de cuidar da Ai tão de perto, tanto que sou grato ao cara que me matou”. Por favor, interpretação de texto e entendimento de figura de linguagem, o foco não é em ser grato a quem o matou, mas em ficar feliz porque reencarnou naquela vida almejada. Logo em seguida o Aqua continua: “Mas a verdade é que queria ajudá-la a ter os filhos dela”. Até concordo que essa expressão do Aqua de ser grato pode não ter sido a mais adequada, por ser muito forte para expressar a sua felicidade, mas o que o Ig0y faz é usar um texto descontextualizado como pretexto para dizer impropérios. Não existem os problemas como o Ig0y coloca nessa fala, mas também é bom ressaltar que não há uma versão brasileira, o que temos é uma tradução feita por fãs, ou seja, pode ser que no futuro quando chegar a versão oficial as palavras sejam mais adequadas. Para jogar uma última pá de cal nesse caixão, no mangá ele não disse que é grato, ele disse que é "quase grato".
Primeiramente corrigindo o Ig0y, não foi o protagonista que falou que era “enviado de Amaterasu”, foi a Ruby e o que ela disse é que era a encarnação do Amaterasu. Eu queria entender qual o problema que o Ig0y ver narrativamente na Ruby dizer isso e pior chamando o protagonista de psicopata por isso. Já quanto a Miyako ser uma personagem de “bom coração”, ser ou não ser é uma questão muito subjetiva e desnecessária para o prólogo. Outra, uma pessoa que comete um deslize em um momento de fragilidade já é uma pessoa terrível? Mais uma, por que essa personagem tem que ser boa? Já para o resto da obra, tem um salto de aproximadamente uma década, onde a Miyako ficou cuidando da Ruby e se virando sozinha com a empresa. Isso muda as pessoas, isso as amadurece e é uma justificativa para as mudanças na personagem, coisa que o Ig0y diz que o anime não tem.
Respondendo às indagações do vídeo do Ig0y sobre a segurança da residência da Ai.
1. Por que Aqua não se passou por Amaterasu, manipulando a Miyako para avisar sobre o perseguidor e reforçar a segurança? Não era a casa da Miyako, o perseguidor estava sumido há vários anos e faltavam motivos para acreditar que a Ai estivesse em um perigo eminente. No mais, o perseguidor não necessariamente era uma ameaça que iria matar a Ai, tanto que é reconhecido e quando ele feriu fatalmente o Gorou foi em um contexto de fuga o empurrando de um barranco. Sem contar que mesmo com uma mente de adulto o Aqua tinha muitas limitações por ser uma criança.
2. Se fosse alguém na campainha pedindo açúcar, não descobriria o segredo da Aqua de ser mãe? Não, as crianças estavam no quarto. Também não seria uma incoerência porque o anime já tinha estabelecido que a personagem era descuidada, como foi no caso da entrevista.
3. Não tem olho magico e não tem câmera? Era uma residência nova (1:01:51 e 1:13:30 do anime). Além do que a negligência com segurança da Ai é justificada, pelo passado da personagem, por ser meio bobona, por ser bastante jovem e por ela admitir que cometeu uma falha, ou acaso ninguém pode errar.
4. Não tem uma secretária? A agência não tinha recursos nem para uma babá, quanto mais para uma secretária.
5. A Ai era muito famosa? Estava com uma carreira em ascensão, mas ainda era uma subcelebridade menor do que muitos youtubers brasileiros e não era uma Shakira da vida.
6. Tinha rios de dinheiro? Tinha recursos, mas o anime inteiro frisa que a Ai não ganhava a contente e que a agência era pequena.
7. Colocar portão de ferro? O Japão é um lugar muito seguro, portões de ferro não são comuns e de toda forma ela teria que abrir a porta para receber as flores.
8. Colocar um interfone? Que diferença faria falar por interfone, ou falar pelo outro lado da porta, se abriria a porta de todo jeito para receber as flores.
9. Portaria do prédio? Primeiro, tem alguns cortes que fazem pensar que seja um apartamento, mas também tem outros que levam a crer ser uma casa, o fato é que não sabemos se era um apartamento, uma casa, um sobrado, ou qualquer outra coisa. Segundo, é muito comum no Japão não ter portaria em prédios. Terceiro, provavelmente era uma casa, porque a maioria dos edifícios do Japão tem paredes de drywall e nos mais antigos são de madeira, isso significa que a maioria dos prédios não permite crianças. Portanto, quem tem família no Japão mora em casas, ainda mais uma idol que iria fazer barulho e precisaria de espaço.
O perseguidor.
Quando o Ig0y fala desse personagem indaga se isso é um dez, em seguida a outra pessoa que está com ele no vídeo reclama do perseguidor aparecer novamente com um capuz e o Ig0y ratifica a crítica. Se pegarmos os animes favoritos do Ig0y, os quais ele deu nota dez, o que não falta são personagens usando a mesma roupa em todas as ocasiões, alguns deles por anos. Além de ser uma crítica contraditória, não faz sentido reclamar de um capuz em cenas que pela situação que o personagem se encontrava eram contextualizadas.
O Ig0y reclama do Guto não ter mostrado a cena do perseguidor se arrependendo, como se o Guto tivesse a obrigação de mostrar somente porque o Ig0y quer. Esforcei-me bastante tentando ver algum problema nessa cena e não consegui. Até entenderia alguém que fizesse uma ou outra sugestão de como essa cena pudesse ficar melhor, mas problema mesmo tem zero.
O Aqua poderia ter salvo a Ai?
Depois que Aqua entra na cena, o tempo de 1 minuto e 54 segundos foi o que Ai precisou para afastar o seu agressor dos seus filhos. Enquanto isso o Aqua já tinha corrido para pegar o telefone e estava chamando a ambulância, exatamente a primeira coisa recomendada por médicos a se fazer em situações assim. Depois que o perseguidor vai embora passam mais 2 minutos e 49 segundos para a Ai morrer. Menos de três minutos foi o tempo que o Aqua teve, tendo um corpo de uma criança de quatro anos de idade, não tendo nenhum material médico disponível e tendo que se recuperar de um choque tremendo. Ainda assim ele conseguiu fazer um diagnóstico e uma recomendação médica de não se esforçar falando. Contudo, o Ig0y queria que o Aqua conseguisse fazer mais coisas. Detalhe, o garoto de quatro anos estava sendo contido por um abraço de sua mãe. Abraço esse contra o seu abdome onde o Aqua pressionava o seu ferimento.
Nessa cena no mangá (capítulo 9, página 10) o Aqua estava pressionando contra o ferimento com um vestido, ou com uma blusa, ou usando um saco plástico nas suas mãos para não infeccionar. O ferimento dela era gravíssimo, ela já tinha perdido muito sangue e um garotinho não teria a força necessária para estancar a hemorragia. Por ser um médico o Aqua já sabia ser irreversível o quadro e foi por isso que não quis deixar a Ruby ver a mãe morrer. Médicos não são Deus, não é porque tem um médico em um lugar que vá acontecer um milagre.
Quanto tempo demora para morrer depois de levar uma facada na barriga? Se o corte for profundo, menos de dez minutos, muito mais rápido se for na aorta abdominal. Cinco minutos já era o suficiente, mas o tempo preciso que Ai demorou para morrer não sabemos, posto que existe um salto temporal entre o encontro de Ai com o Ryousuke e a entrada de Aqua na cena. Como sei disso? Ela estava no final do corredor quando o Aqua a encontra, não mais na porta e já tinha muito sangue por todos os lugares. Durante esse hiato podem ter passado muitos minutos.
O conceito de reencarnação no anime.
O Ig0y reclama do porquê o Aqua não foi atrás da Ai reencarnada. No entanto, o Aqua não sabe se todos os seres humanos reencarnam, não sabe se todos reencarnam nesse planeta, não sabe se todos reencarnam como seres humanos, não sabe se todos reencarnam imediatamente. Mesmo que tudo isso fosse favorável para o Aqua, ainda teria um planeta inteiro para procurar com bilhões de pessoas nele. Tem muitas coisas que o anime não estabelece sobre reencarnação, mas lembrar da vida anterior é estabelecido como uma estranheza, ou seja, uma exceção. Procurar uma alma reencarnada que possa não lembrar de nada, não me parece algo inteligente. Se fosse assim todo mundo que acredita em reencarnação estaria procurando seus entes falecidos. Como o Ig0y se declarando ser um budista não sabe disso?
Se a Ai reencarnasse com as memórias de outra vida, ela saberia quem é o Aqua e a Ruby. Logo, faria sentido ela procurar eles quando pudesse. Se ela não veio procurar é porque não reencarnou com as memórias. Se ela não reencarnou, por que o Aqua criança iria atrás dela? Nota zero para o Ig0y, um super zero.
Também criticam o Aqua porque supostamente não teria motivos para reencarnar por ser um médico. Esse é um argumento bem preconceituoso, não é por ser um médico que uma pessoa está automaticamente no nirvana, sem problemas e totalmente realizada. Até entendo a ótica que médicos ganham bem, que é uma profissão almejada por muita gente. No entanto, ter dinheiro e prestígio, não é garantia nenhuma de felicidade e realização. O anime deixa claro que o Gorou, só via sentido e só se sentia realizado em ser médico por ter a chance de cuidar da pessoa que idolatrava.
Ataque ao argumentador.
O IgOy acusa o Guto de ser desonesto e mercenário por defender esse anime. Que isso é falácia é indiscutível, mas me pergunto do que o Ig0y vai me acusar, porque não ganho absolutamente nada defendendo essa obra e nem fã do Guto sou. No mais qualquer um poderia inverter esse argumento contra o próprio Ig0y, dizendo que só ataca esse anime para ganhar visualizações e dinheiro.
Quem é meu pai?
O Ig0y acusa o anime de não mostrar o Aqua fazendo nada na tentativa de procurar o pai efetivamente. No episódio três tem um flashback com todo o esforço para conseguir os contatos que estavam no celular da mãe. Mostrando uma dificuldade para conseguir uma bateria de um modelo antigo e um tremendo esforço para desbloquear a senha, no qual foram quatro incessantes anos tentando encontrar. Ademais o Aqua trabalhou em ter meios que pudesse o aproximar de seus possíveis pais para tentar coletar o DNA deles. Por último, por mais que o Aqua tenha memórias de outra vida uma criança tem muitas limitações.
De antemão quero deixar claro que esse texto é totalmente respeitoso com o Ig0y e com a sua religião. São apenas as minhas opiniões conforme os argumentos apresentados no vídeo dele.
Também preciso dizer que já o convidei para uma conversa em dezembro, a fim de compartilharmos os nossos pensamentos sobre esse tema. Ele deu uma desculpa que não poderia fazer isso naquele momento e propôs que eu fizesse um texto, que me indispus na época a escrever pois como o informei seria um longuíssimo texto. Como o tema novamente se tornou polêmico, mudei de ideia e decidi colocar alguns dos meus pontos reagindo ao novo vídeo dele. O Ig0y tem o direito de não querer ter uma conversa comigo, como também está no meu direito reagir ao vídeo dele e dar minhas opiniões sobre esse tema de forma saudável, sem agressões.
Quero deixar registrado que tudo que estiver nesse texto o diria pessoalmente. Portanto, se o mesmo achar necessário e quiser em outro momento conversar por call não recusarei.
Para contextualizar, antes de entrar nos tópicos propriamente do vídeo, a polêmica ocorre pelo uso do Ig0y em suas redes sociais da manji (suástica). Certamente quando ele colocou esse símbolo já sabia que causaria polêmicas, sendo irreal achar que o mesmo não provocou a discussão. Com isso não estou dizendo que a culpa é da vítima, mas convenhamos que se colocar em situação de vulnerabilidade é no mínimo de uma estúpida irresponsabilidade. Não acredito que o Ig0y seja uma pessoa ingênua, logo ele sabia que pessoas começariam a fazer certos comentários, sendo assim estava buscando que algo desse tipo acontecesse. Fazendo uma analogia, é como alguém que entra em um estádio de futebol vestindo a camisa do Palmeiras no meio da torcida organizada do Coríntias, alegando que aquela camisa tem outro significado.
1. Tokyo Revengers.
Em um determinado momento do vídeo, quando o Ig0y tenta argumentar que não provocou a discussão, ele cita esse anime Tokyo Revengers. Não é um ponto muito relevante para os argumentos dele, mas acho importante pincelar um pouco sobre essa obra, porque a mesma também se envolve em polêmicas por conta do uso da suástica.
Toda obra passa mensagens, quase sempre intencionais, algumas bem explicitas, outras subliminares, e todas com conhecimentos e valores. Tokyo Revengers passa algumas mensagens negativas, muito menos pelo uso propriamente dito da suástica, e muito mais por conta que há outros elementos que caracterizam aqueles grupos ideológicos que atuaram na Europa nas primeiras décadas do século XX.
Recomendo muito o filme chamado A Onda para quem ainda não assistiu. Esse filme é baseado em uma história real que aconteceu nos Estado Unidos da América, em uma escola em Palo Alto, na Califórnia. O filme retrata um experimento social que um professor anarquista de ciências sociais resolveu aplicar em sua turma, com alunos das mais diversas orientações políticas, classes sociais e comportamentos. No filme o professor converte toda a sala ao autoritarismo, a coisa se espalha por toda a escola, saindo totalmente fora de controle, onde nem mesmo o professor consegue acabar com aquilo sem a resistência dos alunos.
Eu citei esse filme porque ele mostra muito bem quais são as gênesis das ideologias autoritárias, que estão muito presentes no anime Tokyo Revengers. Coisas como: todos se vestirem iguais, violência, ações em conjunto, organização, identidade comum, sentimento de pertencimento a algo, um líder carismático, etc. Para ficar bem claro esses pontos, recomendo que assistam ao filme.
Sabemos que não são todos os japoneses, mas que não sejamos inocentes, a sociedade japonesa é etnocêntrica, é xenófoba, é orgulhosa, é muito homogênea e não ver com bons olhos o diferente. Coisas que seriam estranhíssimas no ocidente são normais lá, defendidas de modo a manterem as ideias de igualdade e pertencimento. Para quem não sabe, nas escolas há inspeções de maquiagem, de se sobrancelhas foram feitas, se as roupas estão nos tamanhos corretos, se estão com roupas íntimas na cor branca, etc. Na vida adulta também é cobrada a padronização das pessoas, deixando pouco espaço para individualidade, como, por exemplo: as empresas medem até a cintura dos seus funcionários. É impossível falar e escrever sobre aquilo que não se conhece, que não se vive, logo obviamente muitas das mensagens dos animes refletem e passam um lado negativo da sociedade japonesa.
Também é preciso dizer que o Japão era membro do Eixo na Segunda Guerra Mundial, que fez coisas terríveis, que ainda tem problemas com os Chineses e com os Coreanos, e que ocasionalmente aparecem autores e obras envolvidas em questões polêmicas. Um exemplo é o autor da obra Again in Another World, que além da sua obra ser complicada, exaltando um militar japonês da Segunda Guerra, ainda postou via twitter insultos discriminando chineses e sul coreanos.
O ponto mais problemático de Tokyo Revengers é mostrar uma imagem relativamente positiva das gangues, romantizada, levando com certeza jovens a se sentirem atraídos. Esse é justamente o ponto central da fundação daqueles partidos, tanto na Alemanha, com a SA, como na Itália, com os Camisas Negras, essencialmente eram gangues violentas padronizadas. Piora muito mais quando no anime os personagens dessa gangue pintam os cabelos de louro e usam roupas pretas, parecendo a SS.
Qual o uso religioso de uma suástica usada por uma gangue de rua em sua bandeira e em seu fardamento? Será mesmo que o autor é tão ignorante que não sabe o outro significado que esse símbolo tem? Acaso alguém acredita que os produtores e diretores desse anime, que na primeira temporada já começa com 24 episódios, achavam que a obra ficaria restrita ao Japão? Eu gosto muito de aplicar o conceito de que sejam inocentes até que se prove o oposto, mas me parece absurdamente improvável que a mensagem dentro do contexto da obra não seja pelo menos dupla.
Para concluir e não parecer que julgo o anime terrível, se colocarmos de lado essas coisas, é uma obra que pode produzir uma boa diversão.
2. O perfil é meu, faço o que eu quiser.
Uma afirmação um tanto arrogante e um tanto imprecisa. A liberdade nunca é plena, ninguém tem a liberdade de tudo, a liberdade tem que ser restrita para garantir a própria existência da liberdade, esse é o princípio da liberdade. Por acaso alguém pode ter a liberdade de ter escravos? A partir do momento que se faz alguma coisa, que se posta algo, ou que se fala alguma coisa que está incomodando o outro, que está agredindo uma pessoa, esse é o limite, e a lei tem que atuar, o estado tem que punir. É por isso que é proibido e ninguém pode defender algo criminoso.
Outro ponto, não é somente postar aquilo conforme as normas da plataforma. Tem que ser de acordo também com as leis do estado e mesmo quando não estiver tipificado de forma explicita, ainda assim tem que permanecer conforme os princípios da lei. Mais do que isso, tem leis que não são escritas por governos, nem precisam de papel, são as leis de boa convivência, que precisam apenas de um pouco de faculdades mentais e bom senso. Tem coisas que não convém fazer e errado é quem faz.
Por último, nesse ponto, é falso dizer que não teria culpa se não é essa intenção. Se está causando dolo a um indivíduo, a uma organização, a uma empresa, ao estado, ao ambiente, a sociedade, não importa quem seja, se sabia dos riscos, assumiu as responsabilidades, logo tem culpa.
3. Lei mundial.
Esse tópico será pequeno pelo simples fato de que não existe uma lei mundial que o Ig0y cita no vídeo. Quanto ao tratado pós-Segunda Guerra Mundial (Tratado de Paris), que não é uma lei mundial, foi sobre tudo para resolver questões territoriais, se nele foi estabelecido qualquer coisa sobre o uso de suástica desconheço. O único ponto que não tenho questionamentos desse tópico, é que após a Segunda Guerra Mundial quem ainda usava suástica convencionou a usar invertida a daquele regime que governava a Alemanha.
4. Origem do termo suástica.
Prefiro o uso do termo manji (como é chamado no Japão) em detrimento de suástica, acho mais respeitoso com os budistas e hinduístas, porque desassocia ao uso que deram a esse símbolo para fins não religiosos. No entanto, desde que ninguém se sinta ofendido, também não vejo problemas sérios de ser chamado suástica por pessoas leigas sobre o termo manji, até porque é o mesmo o símbolo. Agora daí usar um argumento de origem para justificar que o uso do manji ou de suástica, seja certo ou errado, é uma falácia etimológica, é uma falácia de origem.
Será mesmo que o termo suástica não pode ser utilizado para definir o símbolo do nacional-socialismo? Alguém no ocidente, além de alguns poucos estudiosos, sabem da sua origem etimológica? O ocidente faz ligação dessa palavra com indianos? No fim, não importa a origem da palavra, mas o sentido que se é dado. Logo, o fato é que no ocidente o termo suástica hoje tem um sentido mais ligado aquela ideologia, e manjin tem um sentido ligado as culturas e as religiões orientais. Portanto, para alguém esclarecido que faz uso desse símbolo melhor convém usar manji, de modo a evitar um entendimento equivocado. A não ser, é claro, que a intensão seja dúbia e nesse caso essa pessoa não pode reclamar de críticas acidas.
O termo cristão originalmente era usado pelos inimigos dos cristãos, como uma forma de escarnecer, de os difamar, de os desmerecer, de os desdenhar. Por isso a palavra cunhada pelos seus inimigos e apropriada do nome do seu líder não deveria ser usada? A palavra protestante também não foi cunhada pelos protestantes, mas pelos católicos como uma forma de ofensa. Algum protestante se sente ofendido por isso?
Posso dizer que senti uma forte lacrada do Ig0y ao falar dos: inimigos britânicos e americanos, grandes empresários maldosos, banqueiros. Os quais se apropriaram do termo indiano suástica e chamaram de suástica a suástica nazista. O certo eram os brancos, burgueses, colonizadores darem um nome britânico para algo usado pelos orientais e assim poderem depois serem acusados de anglicanismo?! Nem o professor de história do ensino médio lacra assim.
Um adendo, não que isso seja realmente importante, porque estou construindo minha argumentação partindo do pressuposto que a pesquisa etimológica do Ig0y seja verdadeira. Contudo, em minhas pesquisas não encontrei absolutamente nada sobre essa palavra ter sido dada por americanos e ingleses com a emancipação da Índia da Inglaterra no pós-Segunda Guerra Mundial, muito menos para difamar os indianos. Pelo que estudei, o termo suástica já era de uso corrente a comuns muito anos antes daquele partido adotar o símbolo e com os primeiros registros desse termo tendo mais de 2000 anos. Escreveu Adolf Hitler no livro Mein Kampf: “Como nacional-socialistas, vemos em nossa bandeira nosso programa. No vermelho, a ideia social do movimento; no branco, a ideia nacionalista, e na suástica, a missão de lutar pela vitória do homem ariano, e ao mesmo tempo pelo triunfo da ideia do trabalho produtivo, ideia que é e será sempre anti-semita”. Quem realmente fazia correlação da suástica com os indianos eram os nacionais-socialistas, por conta da ideia de que eles eram os arianos puros. Sendo os arianos o povo que deu origem ao homem branco, desde parte dos indianos (castas superiores) até a Europa.
Ainda nessa questão etimológica, outro exemplo é a palavra denegrir. Não faz muito tempo teve uma repórter que em uma reportagem ao vivo utilizou esse termo. Um dos seus colegas duramente a reprimiu no mesmo momento e pelos instantes que se seguiram a reporte se desculpou de forma vexatória. O problema é que a palavra denegrir não tem nenhuma conotação racial, nem ao menos há uma relação etimologicamente. Denegrir vem do latim, "denigrare", é uma palavra muito mais antiga do que o Brasil e do que seus problemas. https://www.youtube.com/watch?v=TUZd1ZBznRk
Nesse ponto, ao defender o uso de um termo, tem outra falácia além da de origem, que a de semântica. Alguém pode falar do meu português “mal escrito”, de pontuações inadequadas, de concordâncias fora da norma, de falta de acentuação, mas nada disso realmente é um erro se houver entendimento do interlocutor da mensagem, o máximo que pode ser dito sobre essas coisas é que estão fora da norma culta. Portanto, não importa muito se é chamado manji ou se é suástica, se o interlocutor entendeu a mensagem do remetente está correto, mas caso não tenha entendido está errado e a culpa é do remetente até que forneça uma explicação mais adequada. Erra alguém querer impor ao outro na sua comunicação coisas alheias ao entendimento comum da sua cultura e linguagem.
5. Monark é retardado.... Quem vai defender a suástica?
Na antiguidade, na Grécia antiga, existia uma escola, uma sociedade de ascetas, com praticais morais valorosas, eram místicos, pensadores, filósofos, músicos, astrônomos e sobre tudo matemáticos. As pessoas que faziam parte eram chamadas de pitagóricos em função do seu fundador Pitágoras. A esse fundador é atribuído o teorema de Pitágoras, a ser o pai da música por descobrir a relação entre os números e as notas musicais, a descoberta dos únicos cinco poliedros regulares, e a ser a primeira pessoa na história do mundo a concluir que o mundo era uma esfera. Os pitagóricos consideravam o dodecaedro, um dos cinco poliedros regulares, constituído por 12 pentágonos, o mais harmonioso e soberano dos sólidos, para eles representava o universo ou o cosmos e o mantinham sobre segredo por ser considerado perigoso demais. O pentagrama, também conhecido como estrela de cinco pontas, está estreitamente relacionado com o pentágono regular, bastando unir os vértices por diagonais. No que lhe concerne, o pentágono tem uma quantidade absurda de números áureos (a divina proporção, o número da beleza) e do retângulo de ouro, são tantas às vezes que é difícil de serem contadas. O pentagrama era o emblema da escola de Pitágoras, era o símbolo que os matemáticos usavam para se reconhecerem. Possivelmente o primeiro símbolo da matemática e eu não consigo imaginar outro símbolo com mais matemática do que esse, não existe um maior.
Sendo o pentagrama o símbolo primordial da matemática, por que não vemos matemáticos usando esse símbolo? Por que não vemos escolas com pentagramas? Por que não vemos universidades com pentagramas? Por que não encontramos pentagramas se quer nos departamentos de matemática? Esse símbolo não deveria ser usados por todos da área de exatas? Porque durante a idade média os satanistas começaram a utilizar o pentagrama e o que representava a matemática tomou outro significado. Convém aos matemáticos hoje usarem pentagramas? Quem vai defender o pentagrama?
Para min que sou da área de exatas, que conheço a matemática contida e a história clássica desse símbolo seria maravilhosos poder colocar no meu perfil das redes sociais e no meu nome. Contudo, qual seria a mensagem que eu estaria passando? Quem entenderia? Quantos da área de exatas conhecem a história e o significado desse símbolo? Eu posso exigir que as pessoas saibam a história do pentagrama? As pessoas precisam saber a história do pentagrama? Que tipo de pessoas eu vou estar chamando para quererem interagir comigo? Eu posso esperar algo diferente de satanistas e adolescentes problemáticos? A grande maioria das pessoas irão entender que eu sou satanista, que não compartilho dos valores morais ocidentais, que não bato bem das ideias e eu não posso culpar elas, a culpa será exclusivamente minha. É preciso parar de pretextos, ter bom senso e entender que o contexto que vivemos é de uma sociedade real e não imaginaria.
Em um contexto escocês, homens podem usar saias; em um contexto russo, homens se beijam como cumprimento; em um contexto árabe, homens andam de mãos dadas. Se eu sair por aí no Brasil de saia, beijando homens e andando de mãos dadas com eles. Tem como culpar alguém de entender algo diferente daquilo que supostamente eu queria passar? Convém eu fazer isso no Brasil? Exceto caso eu queira realmente passar essa mensagem e depois eu meta o louco dizendo que não sou isso, que o povo é que é xenófobo.
6. Apito de cachorro é coisa de cristão.
Fazer essa imputação inverídica de apito de cachorro aos cristãos é um desrespeito e no mínimo irônico por estar em um vídeo que supostamente deveria ser reivindicando respeito religioso, inclusive ameaçando os desrespeitosos. O cristianismo não prega a discriminação por questão de raça. O cristianismo também não prega coisas dúbias, pois não precisa e fazer foge dos seus valores.
Quem usa apito de cachorro não são grupo de cristãos, nem de budistas, nem de hinduístas, nem de judeus, nem de muçulmanos. Quem usa o apito de cachorro são pessoas públicas, passando mensagens políticas quando estão aos olhos de uma multidão, geralmente são políticos buscando apoio de grupos ou de pessoas que simpatizam com algo mal visto pela sociedade. Quase sempre essa coisa má tem relação com algo criminoso, sobretudo em questões raciais. A linguagem usada no apito é dúbia, para significar uma coisa para a população em geral e mais outra para o grupo-alvo. A expressão apito de cachorro também não é adequada para sociedades secretas, posto que nessas sociedades faltam alguns desses fatores elencados e nunca nenhum grande meio de imprensa usou essa expressão para tal.
Um ponto a destacar é que alguém pode utilizar o apito de forma não intencional, ingênua, e nem por isso deixou de usar o apito. Também, uma pessoa pode ter a ciência que a mensagem é dúbia, mas pode não se importar por qualquer motivo que seja e continuar usando o apito. Com isso não estou dizendo que essa pessoa queira sinalizar para aquele grupo, apenas que não se importa o suficiente a ponto de mudar algo por conta disso.
Ficar perguntando quem tem autoridade para dizer o que é um apito de cachorro no sentido de desqualificar o argumento, é uma falácia non sequitur e de autoridade. Falácia de não se segue, porque existindo ou não uma autoridade, não implica em nada para existir ou não um apito. Falácia de autoridade, porque obviamente ter uma autoridade também não valida isso ou aquilo ser um apito.
O fusca pode ser um apito de cachorro? Sim, claro, obvio, tudo depende do contexto para que a situação que o fusca seja inserido permita uma mensagem dúbia. Os contextos tem muitas variáveis, mas para uma mensagem de massa que é o apito nem uma delas será de conhecimento particular, por exemplo, o que até pouco ninguém sabia era sobre a kombi rosinha do Ig0y.
7. No Brasil tem algum problema? No ocidente tem algum problema?
No final do ano passado a Globo acompanhou a Polícia Federal prendendo um grupo de integrantes daquela ideologia. Foram presas seis pessoas que planejavam matar mendigos, negros e nordestinos. Um deles tinha 24 anos e é estudante de Engenharia de Agricultura. Outro era auxiliar de escritório, de 27 anos e formado em Comércio Exterior. Tem um estudante de Engenharia Automotiva da UFSC, de 21 anos; e outro que cursa Letras, de 20 anos. O último, também de 20 anos, cursa Direito. https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/10/23/policia-prende-grupo-de-jovens-acusados-de-neonazismo-em-sc.ghtml
O Ig0y pediu provas do porquê devemos nos preocupar, então vamos às provas. A Polícia Federal informa explosão de inquéritos envolvendo investigações sobre apologia daquela ideologia. Até pouco tempo atrás, eram poucos os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano. A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos. O Brasil não tem motivos para se preocupar? https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/08/confundida-com-liberdade-de-expressao-apologia-ao-nazismo-cresce-no-brasil-a-partir-de-2019
O número de denúncias de adeptos daquela ideologia no Brasil expõe uma realidade alarmante. Em oito anos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, recebeu e processou 228.962 relatos anônimos a respeito de 21.921 sites sobre o tema, com imagens, textos, vídeos, músicas e outros materiais de apologia. https://noticias.r7.com/cidades/regiao-sul-do-brasil-concentra-cerca-de-100-mil-simpatizantes-do-neonazismo-10062014
Eu poderia passar horas pegando notícias, dados de governos, dados das polícias, pesquisas feitas por institutos sérios, para entregar as provas que o Ig0y solicitou. No entanto, acho que essas já são o suficiente e qualquer pessoa pode encontrar muito mais facilmente com uma pesquisa simples no Google.
Essas notícias não são narrativas minhas, não são as afirmações do Patrux, não são as opiniões do Ig0y, são apenas os fatos. Contra fatos tão obvieis não tem contestação, basta apenas não estar alheio ao que está acontecendo ao seu redor, ficar minimante informado, não ser alienado, que consegue enxergar essas constatações.
Coloquei notícias, mas tenho experiências e acho interessante compartilhá-las para não parecer que estou falando apenas de coisas distantes de mim. Durante a minha adolescência, frequentei uma escola relativamente grande, com mais de 4 mil alunos e exclusiva de ensino médio. Em determinado dia começaram a aparecer suásticas em cadeiras e mesas, os dias foram passando e os símbolos começaram a aparecer nas portas, paredes e corredores, mais alguns dias se passaram e os símbolos já apareciam nos quadros antes do início das aulas. O mais comum era o símbolo da suástica, mas apareciam outros também e frases nem um pouco agradáveis. Era absurdo, era assustador e isso perdurou por muito tempo, cada vez mais aumentando e aumentando. Não sabíamos quem eram eles, mas percebíamos que não era uma pessoa, que não eram duas pessoas, mas que eram muitas pessoas. Surpreendi-me de isso não ter caído nos jornais da época, nem de a polícia não ter aparecido de forma mais incisiva. Demorou muito para alguém esboçar alguma reação. Todavia, um dia vários professores de uma vez só começaram a passar séries de vídeos para todas as turmas, sobre os horrores que aquela ideologia tinha feito, mostrando detalhes, entrevistas das vítimas relatando tudo. Foram vídeos bastante chocantes, mas essenciais, pois só depois disso é que as coisas pararam de aparecer.
O principal erro do Ig0y é acreditar que as pessoas são esclarecidas, que são boas, principalmente as do Brasil e mais do que isso, acreditar nos jovens, o grupo com o qual ele tem mais contato. As pessoas da época da Segunda Guerra achavam que estavam vivendo em uma sociedade moderna, de pessoas civilizadas, e nem mesmo os judeus jamais pensaram que coisas daquele tipo poderiam acontecer. É de uma irresponsabilidade tremenda subestimar o mal. Mesmo que usar certas coisas não sejam contra a lei, por mais que a intenção possa ser uma intenção legítima, uma intenção boa, uma intenção justificável, ainda assim podem gerar certas consequências que não são boas. Isso é uma questão muito delicada, muito séria, onde o dolo não pode ser perceptível facilmente.
Outro caso que quero trazer é de um ex-vizinho meu. Era uma pessoa adepta dessas ideias, uma pessoa de físico forte e de família bem abastarda financeiramente, um filhinho de papai que não fazia nada da vida, que era violento, e que andava com pistolas e submetralhadoras. Lembro de uma vez que esse vizinho chamou de negro uma pessoa bem caucasiana somente porque o mesmo tinha o cabelo cacheado quando crescia. Enfim estou trazendo esse caso porque esse vizinho desfilava para tudo que é de lugar com uma camisa contendo uma suástica enorme estampada nos peitos. Talvez ele se confiasse no dinheiro dos pais, talvez se confiasse na certeza de impunidade no Brasil, mas muito provavelmente deveria já ter um álibi para quando a polícia o pegasse, quem sabe dizer que aquilo era um manji. Pelo menos tem uma coisa boa nessa história, um dia a polícia o pegou, não o deteve preso é claro, mas a polícia chegou sem falar absolutamente nada, só arrancaram a camisa dele, a rasgando com ele a vestindo.
Para finalizar esse tópico, essa questão racial é essencialmente estupida e é especialmente estupida no Brasil. Somos uma nação de misturados, qualquer análise genética vai mostrar que todos temos genes de várias origens. Muitas pessoas de pele branca se surpreenderiam ao saber que tem mais genes de origem africana, assim como também encontraríamos pessoas de pele escura com mais genes de origem europeia.
8. Brasil participou minutos da Segunda Guerra.
A participação do Brasil nas batalhas da Segunda Guerra Mundial, de fato, não foi tão grande se comparada as participações das grandes potências, mas ainda assim foi uma participação relevante para acelerar o final do conflito. Contudo, seria o esforço de guerra nas batalhas o que justifica a proibição da suástica em algum lugar do mundo? Qualquer análise séria sobre a Segunda Guerra Mundial não leva apenas em consideração os eventos das batalhas militares, pois existe um contexto político. Inclusive envolvendo os anos anteriores ao conflito bélico.
No nosso país havia o Partido Nazista no Brasil (PNB), um braço do partido Alemão, que possuía organizações em 17 estados da federação e permaneceu atuando por 10 anos. O partido Nazista dispunha de braços em 83 países diferentes, mas onde detinha mais filiados no exterior era justamente no Brasil. Além do PNB havia a Ação Integralista Brasileira (AIB). Como o PNB só aceitava pessoas que nasciam na Alemanha, coube ao movimento integralista absorver grande parte das pessoas simpatizantes das ideias nazistas.
Os dois partidos chegaram ao fim oficial quando Getúlio Vargas com o golpe do Estado Novo extinguiu todos os partidos políticos. Sendo o Getúlio um simpatizante dos líderes autoritários europeus e de suas ideias, impôs a nação muitas das políticas características dessa época. Logo, não é que o Brasil não tivesse preferências desde o início da guerra, é que só se colocou do lado dos aliados por meio de recebimento de vantagens, pressões americanas, e ainda assim somente quando a guerra já parecia ter um vitorioso certo.
A influência dessas ideologias perdurou na política do Brasil e ainda tem muita força atualmente. Alguém já esqueceu do Alvim copiando Trechos dos discursos de Goebbels? Um estudo recente informa que atualmente pelo menos 100 mil brasileiros são simpatizantes daquela ideologia.
9. Os verdadeiros budistas não usam suásticas.
Minha intenção não é discutir se os verdadeiros budistas usam ou não suástica, mas se os argumentos do Ig0y respondendo essa questão são logicamente válidos. O argumento principal dele é que os contrários à sua ideia estão incorrendo da falácia do verdadeiro escocês.
A falácia do verdadeiro escocês consiste em atribuir uma premissa que não corresponde aos fatores que define algo, ou seja, é oferecer uma falsa premissa. Por tanto, é uma especificação da falácia de não se seguir. A questão se resumiria a tratar-se de se o usar ou não da suástica ser uma premissa válida do que define ser um budista. Entretanto, o ig0y fez um mau uso desse argumento e em vez de mostrar que a premissa era falsa utilizou de uma generalização invertida do verdadeiro escocês e ainda para reforçar usou de uma série de falácias de autoridade.
A quem pertence à autoridade para dizer quem é budista e quem não é budista? Pertence ao senhor Nakagaki? Por que o Patrux e os seus colegas não podem dizer quem é o verdadeiro budista? O Ig0y é um mamífero, bípede, com um telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, assim como eu, assim como o Patrux, como os amigos do Patrux, como o senhor Nakagaki, e todos os outros seres humanos da terra. O fato de qualquer pessoa dizer algo não torna aquilo automaticamente verdadeiro, como também não torna uma inverdade. Não será porque alguém disse que a gravidade não existe que não exista, e não será porque alguém disse que a gravidade existe que automaticamente já provou a sua existência. Dizer que o Patux ou qualquer outro não possa dizer o que é verdadeiro, é um Argumentum ad verecundiam, uma falácia de apelo à autoridade.
Quem é o Ig0y para dizer que não existe paganismo no budismo? Quem é o Ig0y para dizer que o budismo de Oxford é falso? Quem deu ao Ig0y autoridade para dizer quem é um verdadeiro budista? Quem é o Ig0y para dizer o que é verdadeiro? Não estou afirmando que exista paganismo no budismo, nem que o budismo de Oxford seja o verdadeiro budismo, mas é muito interessante ver o Ig0y rogar para se essa autoridade que não permite para outros. Como se somente por se declarar budista o desse esse poder. Mais do que isso, acredita que está refutando alguém utilizando esse argumento.
Existe o bem e o mal, existe o bom e o ruim, existe o belo e o feio, e existe a verdade e a mentira. O ig0y não questionou a validade da premissa usada pelo o seu opositor, mas questionou a existência da verdade ao relativizar a questão, dizendo que existem muitas correntes do budismo. A relativização da verdade é o ponto central da filosofia dos sofistas, combatida e refutada desde a antiguidade.
O que define ser um escocês? O que define ser um verdadeiro escocês? Certamente tal discussão abriria margem para uma guerra de narrativas, afim de determinar quais seriam as premissas do verdadeiro escocês, cada um defendendo um entendimento diferente oriundo dos seus próprios pontos de vista. Posto que o ser humano é um ser limitado, por isso haveriam diferentes pontos de vista e para cada um existiria um entendimento da verdade, “diferentes verdades”, resultando em diferentes premissas do que é ser um escocês. No entanto, uma verdade limitada é realmente a verdade? Para existir uma verdade limitada (subjetiva), não é necessário que exista uma verdade (objetiva)? Se todas as verdades limitadas forem tidas como a verdade, o resultado será que qualquer ser humano da terra poderia ser chamado de escocês. Se todos são escoceses, quem não é o escocês? Logo, a própria existência do conceito de escocês passaria a não fazer sentido. No entanto, para existir um conceito de escocês é preciso existir um veredeiro escocês.
Alguém poderia alegar que o verdadeiro escocês é aquele que o governo da Escócia determina que é escocês, que recebeu cidadania independente de ter nascido lá; o problema com essa premissa é que é uma falácia, pois se sustenta em um argumento de autoridade. Outro alguém poderia argumentar que quem define é o senso comum coletivo de uma nação; mas isso seria um argumento de apelo ao povo, ad populum, a falácia da maioria. Mais outro alguém poderia alegar que a premissa é estabelecida no sentido denotativo da palavra. Será que existe um sentido denotativo para o verdadeiro escocês? Alguém poderia dizer que o veredeiro escocês é o que nasce na Escócia; outro poderia dizer que o verdadeiro é o que tem alguma descendência genética dos escoceses que habitaram a Escócia nos séculos passados; outro poderia discordar dizendo que o verdadeiro escocês é somente quem tiver uma linhagem genética pura; outro poderia dizer que o verdadeiro escocês é qualquer um que tenha a cultura escocesa; outro poderia dizer que o veredeiro escocês é aquele que se sente escocês no coração. Se todos somos homens, então não existem mulheres.
Fazendo uma analogia com produtos, existem produtos falsos e verdadeiros, produtos de marca e piratas, produtos originais e similares, produtos iguais e parecidos. Será que o simples fato de alguém se dizer budista o faz dele um budista verdadeiro? Ou será que o verdadeiro é quem o Ig0y declarar que seja? Eu posso dizer que sou budista? Todos somos budistas? Ninguém é budista? Quem é o verdadeiro budista?
10. O crescimento daquela ideologia.
Não parece que a pessoa que trouxe esse argumento estivesse falando em um crescimento vegetativo, para o Ig0y argumentar que a população está crescendo e que somos oito bilhões. Não é como um pai que seja adepto daquela ideologia e que tenha vários filhos, transmita para eles essas ideias como se transmite os genes. Esse tipo de crescimento geracional não é o da preocupação real da sociedade e não é o padrão observado. O mais comum são pessoas de uma mesma família, descendentes ou ascendentes, tenham orientações ideológicas distintas a do parente que seja adepto dessa visão.
Também não faz sentido falar somente em crescimento absoluto dos adeptos daquilo em vez de proporcional ao da população total, ou pelo menos absoluto e proporcional. Primeiro porque não é essa a constatação que os estudos indicam. Segundo porque não existiria a percepção de crescimento e não aumentaria a relevância dos mesmos.
Outro ponto nessa questão de crescimento é que não existe um meio-termo para um crescimento proporcional, no qual permita a afirmação do Ig0y de que tudo está crescendo. Posto que não existe um meio racista, uma pessoa ou é racista, ou não é. Não pode o antirracismo crescer proporcionalmente e o racismo também. Nessa questão não tem centro, não tem apolítico para crescer nele. Não existe centro entre o racismo e o não racismo, como não existe uma pessoa que não seja uma coisa nem outra.
Em abril deve sair o resultado do censo, que foi realizado no ano passado. No entanto, todos os indicadores já estão demonstrando que o Brasil está desacelerando em crescimento absoluto populacional, chegando a uma quase estagnação e se espera que muito em breve esteja em decrescimento populacional, se não já o estiver.
Na Europa inteira, mais as Américas, mais a Oceania, mais os países desenvolvidos do leste asiático, mais a Rússia e até a China já entraram no inverno populacional. Todos esses estão com taxa de natalidade abaixo da de reposição, enfrentando diminuição populacional nativa ou prestes a enfrentar. Por tanto, os países onde o homem branco está mais presente enfrentam esse problema e é a população branca desses países é a que menos tem filhos.
No ano passado, pela primeira vez na história a China registrou uma diminuição populacional em relação ao ano anterior, e a taxa de natalidade baixa hoje é uma das maiores preocupações do Partido Comunista Chinês. A população mundial total cresce somente por conta da África, dos países de maioria islâmica e por conta da Índia. Será que é lá nesses países que estão tendo crescimento populacional real, que cresce aquela ideologia?
A Europa só mantém uma quase estagnação, com crescimento populacional total de míseros 0,06% ao ano por conta da fortíssima imigração que recebe. O mesmo vale para diversos outros países desenvolvidos como Canadá, Austrália e Nova Zelândia, estão tendo crescimento minúsculo e somente por conta da imigração recebida. No Japão e na Coreia, mesmo com as imigrações que recebem estão em declínio populacional em termos absolutos. O único diferente dos ricos é o Estados Unidos da América, que também está com a população nativa em forte declínio, mas a fortíssima imigração é tão alta que mantém um crescimento populacional total considerável.
Na Europa o problema com o crescimento daquela ideologia é mais acentuado por várias razões. A Europa recebe muita imigração islâmica, essa população tende a ter forte inflexibilidade a se adaptar a cultura Europeia, o que tem gerado grandes choques culturais e o sentimento da população nativa é de morte de sua identidade, morte de suas nações, e o medo do fim do homem branco. Somem a isso fatores históricos, um grande contingente de população branca, crises econômicas, grande endividamento de países. Os países europeus antes mesmo de outros países desenvolvidos já apresentavam baixíssimas taxas de natalidade, ou seja, grande proporção da população europeia é de imigrantes ou de filhos recentes deles. Resultando em um terreno fértil para as ideias supremacistas que tem crescido por lá de forma alarmante.
Por último, o argumento da internet, o mais típico do professor de ensino médio e o que serve de desculpa para tudo. Primeiramente porque o acesso à internet é tão abrangente no Brasil a quase uma década, que não seria um grande exagero dizer que é praticamente universal há um bom tempo. Se essa é a realidade do Brasil que é um país pobre de terceiro mundo, imagine como é a realidade dos países ricos e desenvolvidos. Também posso dizer que a internet facilita propagar qualquer ideia, inclusive as ideias antirracistas que não podem estar crescendo se as racistas o estão, por motivos que já falei anteriormente. O máximo que tem como aceitar é que o engajamento e radicalização de todos os lados possa estar crescendo, mas não é somente nisso que aquelas ideias estão crescendo. Essas ideias cresceram muito mais rápido e fácil no início do século passado, quando nem televisão existia. Internet não mata pessoas, pessoas é que matam pessoas.
Como O Ig0y não falou nada da complacência a qual foi acusado face o crescimento, senti que ele tangenciou negando a existência de um crescimento. Ou seja, criou um espantalho e ficou batendo nele.
11. Quem computa os crimes?
Não vou ser repetitivo, já enviei um monte de matérias jornalísticas de imprensa séria, com dados da polícia federal, com dados de agências do governo, com dados de pesquisas acadêmicas, com dados de ONGs. Com isso não estou dizendo que por serem essas as fontes seja automaticamente a verdade e que os dados não possam ser questionáveis. Entretanto, ficar desqualificando a fonte (o argumentador) perguntando quem computa isso, em vez de atacar os argumentos, é uma falácia (Argumentum ad hominem). Até porque eram a polícia e as agências do governo Bolsonaro dando dados de aumento sobre essas coisas. A quem interessava no governo aumentar esses números? Isso parece algo suspeito? Não é nem um pouco plausível ficar levantando esse tipo de argumento.
Também não é como se isso estivesse ocorrendo somente no Brasil, os aumentos são registrados em todo o ocidente por instituições muito mais credenciadas e serias do que as brasileiras. Quais são as probabilidades de todas elas estarem falseando dados e envolvidas em algum tipo de complô internacional?
Atacar a metodologia poderia ser um argumento valido, mas o Ig0y faz isso com uma alegação sem fundamento. Parafraseando: que essas instituições enquadram o uso do manji (suástica quando usada para fins religiosos) como crimes de apologia. Não, assim não, pelo amor de Deus, não vá na vera não. Será que aumentou tanto o número de budistas no Brasil usando esse símbolo, que a polícia tem ido até as sangas investigar? É meio obvio que a polícia e o governo não contabilizam isso como apologia. Algumas das reportagens que procurei falavam quais eram os critérios e não deixavam margens para esse tipo de confusão, em uma delas até especificou que não consideravam o manji para fins religiosos. Pior do que isso é somente a suposta prova dada por Ig0y dos erros metodológicos, que para começar não tem nada relacionado com apologia a aquela ideologia, mas com assassinato de mulheres. Para quem não sabe a Lei nº 13.104/15 que determina o que é feminicídio, define como tal a discriminação de gênero (Art. 1º, § 2º-A, II) ou violência doméstica (Art. 1º, § 2º-A, I). Questionar a metodologia dizendo que está errada por contarem um crime de violência doméstica em conformidade com a lei que tipificou o feminicídio é uma tremenda de uma pérola.
12. A cruz de Pedro.
Desconheço que cristãos queiram resgatar esse símbolo fazendo uso dele, pelo simples fato de que não precisa ser resgatado. Pertence à tradição Católica não bíblica o relato que Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo, é um símbolo de Pedro, não de Cristo e o único na Igreja Católica que roga para se ser o sucessor apostólico de Pedro é o papa. O papado nunca deixou de utilizar esse símbolo e não me parece fazer sentido outra pessoa além do papa querer usar o seu símbolo. O relato mais antigo encontrado do registro sobre como Pedro morreu pertence ao teólogo Orígenes (185 – 253).
Os satanistas na idade média adotaram o uso da cruz de cabeça para baixo por um motivo bem simples, o significado obvio de um Cristo invertido. As pessoas comuns não utilizavam a cruz invertida antes mesmo dos satanistas utilizarem, pela óbvia mensagem que passariam, também porque nunca foi o símbolo da cristandade e porque sempre houve um símbolo bem maior.
13. O intolerante Karl Popper.
Eu gosto do paradoxo da intolerância e entendo a origem dele, o qual é uma releitura e uma defesa da lei de talião para um caso mais específico; olho por olho, dente por dente, intolerância por intolerância. Por mais que eu goste dessa lei, há um erro no entendimento de muitos, posto que não se faz justiça com as próprias mãos, isso nem ao menos é justiça. Cabe apenas ao estado e em última instância a Deus, o julgamento e a aplicação da lei. Ao povo cabe a tolerância e o perdão. Se alguém roubar, se rouba de volta? Se alguém matar, se mata de volta? Um erro não justifica outro.
14. Ig0y raivoso.
Se tem uma promessa de mal, não precisa ser apenas diretamente contra o outro, mas se tiver intensão de provocar algum tipo de dolo, isso é problemático.
Quando o Ig0y fala para as suas contrapartes a agradecerem por ele só colocar um processo. O que ele estava dizendo com isso? O que mais do que um processo poderia fazer? Isso é uma ameaça?
Quando o Ig0y afirma que procurará o empregador do Patrux para fazê-lo ser demitido, isso não constitui em uma ameaça? Se o Ig0y de fato conseguisse provocar esse dolo ao Patrux, no que isso caracterizaria?
Fazendo um exercício mental sobre o Ig0y ir atrás do empregador do Patrux. De quanto seria o custo disso, uns 4 mil, 5 mil, 6 mil reais? O Ig0y teria dinheiro para gastar assim? Será que isso valeria a pena? O ig0y sabe se quer onde o Patrux reside para achar o seu emprego, ou se quer o processar? Caso encontrasse o emprego, quem garante que o Patrux trabalhe em uma empresa pequena para ter um patrão? Se for uma empresa grande, quem garante que o Ig0y passaria da entrada? Quem disse que empresas grandes se incomodam com a vida dos funcionários? Mesmo que seja uma empresa pequena, mesmo que o Ig0y consiga falar com o patrão do Patrux, mesmo que ele se importe com isso, quem garante que ele não vá dar apoio ao Patrux? Quem disse que tem como o Ig0y colocar algo no LinkedIn do Patrux? Quem disse que o Patrux tem LinkedIn? Quem usa LinkedIn? Isso era coisa para ser levado a sério?
Por fim o Ig0y chama um rapaz para o conhecer fazendo gesto com a mão fechada. Isso não foi mais uma ameaça?
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Tanto o Jumento de Ouro, como o Anime Awards e outras premiações afins, têm os mesmos erros. O problema é a escolha das obras que podem ser votadas e quem pode votar. A única premiação que levo a sério é a da Anime Guild Awards, porque tem os critérios mais objetivos possíveis.
O pessoal do Anime Guild Awards na pré-seleção de quais animes poderão ser elegíveis na votação popular, utilizam de forma transparente métricas tais como: a média de notas do MAL, acima de x pontos; a popularidade do anime, quantidade de membros acima de Y; resultados de votações das temporadas do ano, pegando os três melhores de votações que usaram todos os animes das suas respectivas temporadas; quantidade de obras que o estúdio fez no ano; etc. São critérios matemáticos que visam ser imparciais. Bem diferente de como o Alexandre faz, que é limitando os animes que possam ser votados, sobretudo pelos critérios do que ele gostou e assistiu. No fim, o Jumento de Ouro acaba sendo uma versão um pouco mais popular dos animes que Alexandre pré-elegeu como os melhores.
A votação do Anime Guild Awards tem duas etapas, a de uma jure popular, onde qualquer um pode votar, e outra do jure qualificado. A primeira votação pega as listas dos pré-selecionados. Listas extensas com uns 15 a 20 títulos que podem ser selecionados pelos participantes. Em seguida, essas listas vão para a segunda votação, onde ficam reduzidas para 6 títulos por categoria que o júri qualificado poderá escolher.
Importante frisar que no Anime Guild Awards ninguém vota em apenas um título por categoria, vota em três (primeiro, segundo e terceiro) ou cinco (primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto), dependendo da categoria e de qual das duas votações está participando. A ordem como cada um coloca os votos dá pontos diferentes para cada escolhido. Exemplo: o primeiro da lista ganha 9 pontos, o segundo 6, e o terceiro 3. Os pontos é que são importantes e a soma dos pontos que todos dão é que vai definir qual é o melhor. Com isso, mesmo que um anime tenha muitos votos em primeiro colocado por conta dos fãs, pode não ser eleito. Sendo essa a forma mais objetiva e seria possível. Diferente do Jumento de Ouro, que todos os anos praticamente só prestigia um anime shounen popular em todas as categorias.
Para fazer parte do júri qualificado do Anime Guild Awards tem que se pré-inscrever e ter os critérios mínimos. Os critérios são quanto tempo de animes foi consumido pelo candidato do ano que deseja participar e variedade dessas obras. Tem uma somatória de pontos, onde filmes, animes com episódios de pouca duração, animes com poucos episódios, animes com mais de uma temporada no ano, e desistidos depois de pelo menos três episódios, recebem pontuações diferentes. Essencialmente, o objetivo é que cada jurado tenha assistido a uma quantidade de horas de anime no ano que equivalha ao mínimo de 50 temporadas completas de 12 episódios, isso de animes com pelo menos vinte minutos por episódio. O Alexandre, quando começou essas votações, tinha assistido um pouco mais que 40 animes do ano passado, e vários ele dropou, ou seja, não contam nenhum ponto ou contam poucos pontos. Alexandre não teria as qualificações mínimas para ser um jurado do Anime Guild Awards que este ano conta com 21 jurados qualificados.
Por último, outro ponto que considero bem ruim em certas votações são os excessos de categorias. Quando se faz isso, aparecem categorias que ficam vagas sobre quem pode participar e quais são os critérios para definir o melhor. Por exemplo: um anime focado em drama, que tem um drama bom e contínuo durante toda a trama, pode perder o prêmio na categoria de melhor drama, para um anime que tem apenas uma cena forte dramática, mesmo que o foco do vencedor seja uma comédia. Com isso, os animes populares começam a se repetir em todas as categorias. Por outro lado, colocar critérios demais com tantas categorias temáticas pode levar à falta de candidatos em algumas. Logo, tem categorias que não fazem sentido em certas votações, que só existem pela simples falta de comprometimento de quem fez essa eleição, ou por objetivos escusos de querer prestigiar a um queridinho, ou querer sinalizar para uma agenda.
Esse é o link da votação do Jumento de Ouro 2023:
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdthhHUwFZ1iP7X0Rry2V-Mbdrn9TfuMyghQwA3iRHIFv91oA/viewform?pli=1
Melhor anime – Como se pode conferir no link, ninguém podia votar no Jumento de Ouro em Vinland Saga Season 2 ou Jujutsu Kaisen 2nd Season. Os quais são dois dos animes mais populares, mas bem avaliados do ano, e estão ficando nas primeiras colocações em diversas outras premiações. Alexandre pode argumentar sem razão que o melhor anime do ano não poderia ser uma continuação. No entanto, Boku no Kokoro no Yabai Yatsu não pôde ser votado, e tem média de notas maior no MAL do que Tengoku Daimakyou, Jigokuraku e Skip to Loafer.
Melhor encerramento - Ninguém poderia votar em Oshi no Ko, que tem o mais assistido e comentado do ano. Somente um dos vídeos deste encerramento tem mais de dez milhões de visualizações. Sozinho, tem mais visualizações do que todos os outros encerramentos de animes do ano. Tamanho é o absurdo em não colocá-lo na lista de elegíveis que me faltam palavras.
O nome da música de encerramento de Oshi no Ko é Mephisto, essa música pertence a uma banda chamada Queen Bee e essa mesma banda é quem toca a música no anime. O nome do vocalista da banda é Avu-chan, um japonês mestiço, budista devoto, com ascendência afro-americana. Avu-chan sempre se veste como mulher e a mídia japonesa geralmente utiliza pronomes femininos para se referir a ele. Provavelmente pelo Japão ter uma sociedade homogênea que valoriza demais a igualdade e Avu-chan ser um mestiço, seja o motivo dele não gostar de pessoas que categorizam os outros por rótulos raciais ou por gênero. Essa também é a provável causa dele se vestir como mulher.
O Alexandre, um homem branco, ocidental, classe média, não colocou o enceramento de Oshi no Ko na lista. Encerramento que é repercutido e elogiado mundialmente pela sua qualidade. Será que foi um fogo amigo de um lacrador extremante desaculturado?
Best Girl - Ninguém no Jumento de Ouro poderia votar em Kana Arima, a qual tem 16142 perfis que a colocaram como favorita no MAL, é mais do que Frieren tem. Este número não só a coloca como uma das mais prestigiadas do ano de 2023, mas de todos os anos.
Como se esse absurdo não fosse pouco, ainda colocou para votação a Tomo de Tomo-chan, em vez da Misuzu e da Carol, que estão em outras listas de premiações. Do trio de garotas, a Tomo não é só a mais sem graça, mas tem a metade da popularidade no MAL do que a Misuzu. Ressaltando que Misuzu é um personagem de suporte no mesmo anime da Tomo. Por que a Tomo mereceria essa indicação se perde para um personagem de suporte do seu próprio anime?
Melhor casal - Não lembro qual era a ordem, mas sei que na lista de melhores casais eleita pelos japoneses estavam entre os primeiros casais de Sousou no Frieren, Kusuriya no Hitorigoto e Spy x Family. Nenhum dos casais desses animes puderam ser votados na lista do Alexandre. Qual o critério que ele usou?
Melhor produção/direção – É um completo inepto alguém que passa doze anos da sua vida produzindo vídeos com críticas de animes e ainda assim consegue ter a proeza de tratar produção e direção como sinônimos. Como produção, faltou Vinland Saga II na lista de candidatos, e como direção, faltou Oshi no Ko.
Melhor ação - O Alexandre colocou na lista Mononogatari, anime que nem ele mesmo gostou, que tem as lutas ultra clichês, mal coreografadas, sem clímax, com uma animação mediana e a obra nem tem tanto ação assim se comparada a muitas outras de 2023. Um grande pecado foi não ter colocado nesta lista Kage no Jitsuryokusha 2nd Season, porque de todas as maneiras foi uma obra magnífica, se olhada como todo ou somente no foco de ação. Outras que em termos de ação foram melhores do que as desta lista: Jujutsu Kaisen, Tokyo Revengers: Tenjiku-hen, Helck, até o Spy x Family.
Melhor cena – Dos animes do ano passado, depois de Oshi no Ko, são as cenas de Sousou no Frieren que têm mais visualizações e viralizaram na internet. O Alexandre conseguiu ter a desfaçatez de não colocar ao menos uma cena de Sousou no Frieren para votação.
Quanto à cena selecionada por ele de Oshi no Ko, a morte de Ai, é uma das mais repercutidas, mas nem de longe é a melhor entre tantas outras cenas extraordinárias que Oshi no Ko tem. O mínimo que ele deveria ter feito era de ter possibilitado que pudessem votar em algumas outras cenas do anime além dessa.
Melhor Personagem Principal — Eu uso a foto de Dark Schneider no meu perfil, motivos tenho para achá-lo um ótimo personagem. Entretanto, mesmo acreditando que é o melhor personagem do ano passado, não estaria em lista com as métricas que apontei. Nem tudo é perfeito, mas isso não deve ser desculpa para desleixos.
Melhor comédia – Zom 100 é um grande anime, faz comédia com crítica social, o que é bem valoroso. No entanto, Benriya Saitou-san é absurdamente muito mais cômico e não teve se quer a oportunidade de ser votado. Além disso, houve outros animes com bem mais foco em comédia no ano passado do que esses dois e que não tiveram a oportunidade de serem votados. Qual é o critério para ser escolhido o melhor anime de comédia? É ter conteúdo, é fazer rir muito, é ter foco na comédia? Com que critério se coloca na lista Isekai Hourou Meshi em vez de The 100 Girlfriends se não for para posar de virtude?
Em defesa do nobre Guto.
https://youtu.be/Yhi5cjydnJw
https://youtu.be/-oAUY3shRFs