Yumemiru Danshi wa Genjitsushugisha —Do que vi nesses três primeiros episódios deu ruim. Somente o terceiro episódio é que destoa, pois foi significativamente melhor em tudo, mas não acredito que salve a obra, nem que o anime vá se manter assim e mesmo que se mantivesse ainda era preciso melhorar bastante. Primeiramente com relação à parte visual, as primeiras imagens aparentavam uma boa produção, depois veio o trailer que me desiludiu, mas eu não estava preparado para o que de fato seria. Não exijo muito visualmente de uma obra com esse tipo de proposta e de fato não precisa, porém está abaixo do mínimo aceitável. Já com relação à história, a premissa é maravilhosa, mas o desenvolvimento é um fracasso. Não vale o tempo que desprendo assistindo e gostaria muito de desistir, só não faço isso por conta do princípio de ser determinado.
Temple — Esperava mais da comédia, do romance e do ecchi. Não chega a ser tão ruim ao ponto de ter vontade de desistir, mas também não oferece muitos estímulos a continuar. Se eu soubesse que seria tão morno nem teria começado.
Watashi no Shiawase na Kekkon — Só tem uma coisa que não gosto nessa obra, que é a parte dos poderes sobrenaturais. Até entendo que tenha uma relevância para a história, mas se é para ter esse elemento nesse tipo de trama, preferiria que fosse bem mais discreto. Em todo e qualquer outro aspecto desse anime só tenho elogios a oferecer. Sabia que a história teria uma carga dramática, porém eu não sabia que seria tão bem desenvolvida e passando as emoções com perfeição. Eu tinha boas expectativas, mas o anime em muito as superou.
Suki na Ko ga Megane wo Wasureta — Confesso que tinha um pouco mais de expectativas porque o mangá é muito bem avaliado. Talvez haja uma evolução mais para frente, porém pelo menos nesse início a história foi bem aquilo que estava na sinopse. Mesmo que em termos da história em si não tenha nada de mais, a experiência é absurdamente melhorada com o espetáculo visual que esse anime oferece. Logo, pelo modo como a história é contada, passa bem as emoções e o anime merece ser acompanhado até o final.
Zom 100: Zombie ni Naru made ni Shitai 100 no Koto — O fato é que a equipe de produção está com sangue nos olhos, está melhorando absurdamente a obra em relação ao mangá. Eu peço desculpas porque desconfiei desse anime por ser o primeiro trabalho desse estúdio. O anime é simplesmente maravilhoso, acredito que já posso cravar como o melhor da temporada, quem não está assistindo está perdendo e isso é tudo que tenho a dizer.
Rurouni Kenshin: Meiji Kenkaku Romantan (2023) — Em termos narrativos atendeu um dos meus maiores desejos, que era de diminuírem as enrolações e os eufemismos. Coisas que a primeira versão tem e que eram típicas da época, pois faziam isso para deixarem as obras mais leves, compridas e bem mais autorais do diretor, quase algo a parte. Isso foi um ponto bastante positivo, porque também não fizeram de uma forma que estivesse compactando tudo em um ritmo apressado, como geralmente fazem em outros remakes e que eu muito temia. Nesses três primeiros episódios adaptaram praticamente um capítulo por episódio. Além disso, é uma versão muitíssimo mais fiel ao mangá, mas não é completamente fiel, pois tenta ter uma identidade própria, mudando apenas alguns aspectos que melhorem o material fonte. Portanto, tem uma direção mais respeitosa que segue os padrões modernos de adaptação. Somente com isso já justificaria a necessidade desse anime existir.
Outro ponto que chama a atenção é a parte cômica, que era bastante escrachada na primeira versão, sendo uma marca registrada do título e que foi bastante abrandada na atual. Apesar desse viés cômico da antiga ser bom, nunca foi o que fez essa obra ser gigante. Mais do que isso, é um viés característico de uma época, sendo atualmente datado e que não faria sucesso com as novas gerações. Além do mais, ficaria injustificável refazer e acompanhar algo idêntico ao que já foi feito. Dessa forma, compreendo perfeitamente as motivações para as mudanças e concordo plenamente com uma versão mais sóbria, especialmente em relação ao protagonista. No mais, o tom sério combina muito melhor com a premissa da obra. No entanto, não é tão sério como o tom dado aos filmes e as OVAs, que comprovadamente são agradáveis. Portanto, acaba tendo uma certa originalidade, tendo em vista que também o mangá não é nem de perto tão cômico como a primeira versão para anime, mas ainda é bem mais cômico do que a nova versão.
A primeira adaptação visualmente hoje não parece nada de mais, mas na época que foi lançada estava acima da média, tanto que continua sendo bastante aceitável até os dias atuais. Destaque para as cenas de ação, que ainda conseguem me chamar mais atenção na versão anterior do que nesta de 2023. Com isso não estou dizendo que em relação à imagem a versão atual seja ruim, de forma alguma, pois deu uma boa repaginada que se fazia necessária, e melhorou algumas coisas como cores, sombras e detalhamentos. Apenas não está tão primorosa para conseguir impressionar tanto como a primeira versão quando foi lançada, sendo meramente suficientemente boa para ser admissível e para ser parcialmente justificável.
Um rurouni é um samurai que não tem mais um mestre, uma pessoa que não tem um sentido para a sua existência, é um andarilho que se move como as ondas do mar. Há uma profundidade nos personagens desse anime por serem pessoas que faziam parte da classe samurai, a qual nessa época retratada na obra deixava de existir do dia para a noite com o fim do xogunato e com a devolução dos poderes ao imperador após cerca de 700 anos. Todos os integrantes da casta samurai passaram a não ter rumo e a entrarem em uma crise coletiva de identidade, tendo em vista que o imperador impôs o fim do feudalismo no Japão. Pegar um ronin que já seria naturalmente uma pessoa sem rumo, para simbolizar esse dilema de toda uma classe, fazendo dessa trama uma jornada de encontro de um novo caminho em uma era de paz, é uma ideia acertadíssima. Ainda mais quando o ronin em questão parte em defesa dos valores e das virtudes dos samurais, enquanto carrega pesares, ressentimentos, arrependimentos, mesmo após o fim de sua era. Basicamente é uma jornada existencial representada por um ronin que somente por ser um ronin já seria temido, mas que era especialmente respeitado, por ser um retalhador, alguém extremamente forte e também um herói que teve a sua responsabilidade pelo fim do regime anterior. Fato que ironicamente acabou com a sua casta. O protagonista nessa jornada também confronta a decadência da sua classe e enfrenta outros samurais fortemente habilidosos que buscam outros caminhos. A história fica mais rica quando se pensa que de fato existiu um samurai de verdade que inspirou tal personagem.
O ponto mais forte dessa obra sempre foram os dramas com partes de heroísmo, de moral e de romance, tudo em um ambiente histórico. A comédia tem destaque, mas acaba sendo um alívio complementar para uma mensagem profunda, reflexiva, poética e triste. Logo, um tom mais sério é melhor para ressaltar tais coisas e tornar a trama mais verossímil. Por isso, se essa versão continuar assim e adaptar tudo, será a definitiva e superior à primeira. Dando um bom motivo para quem já conhecia esse trabalho a acompanhar essa nova versão. Já para quem não conhecia, sugiro que se livre de preconceitos por ser um remake de um anime antigo, posto que está sendo uma ótima adaptação que vale muito ser assistida. No mais, a tendência é só aumentar cada vez mais a sua popularidade, sendo já o quinto anime mais comentado da temporada e não me surpreenderia em nada se terminasse como o mais popular dela.
Helck — Os desenhos de personagens não são dos mais agradáveis, e o mundo é muito fantasioso e meio genérico. Dito esses desagrados, é um dos melhores animes para ser acompanhado dessa temporada, pois essa trama pega uma premissa cativante e a desenvolve bem, com um ótimo viés cômico e usando de bons personagens. Quase que eu não começava a assistir esse anime por preconceito, mas eu teria perdido uma ótima diversão.
Dekiru Neko wa Kyou mo Yuuutsu — O anime tem muita computação gráfica, mas é tão bem feita que sem dúvidas pelo menos visualmente é um dos melhores animes da temporada. A obra sabe que está dando um espetáculo nesse quesito, logo explora bastante os cenários, enquadramentos e efeitos. Nessa parte visual já era o esperado por conta do trailer e esses primeiros episódios só confirmaram esse primor. O que estava realmente me deixando inseguro era se uma história com uma proposta de antropomorfismo e vida cotidiana teria algo interessante a ser mostrado. Surpreendentemente, a trama é ótima, bem mais do que a melhor das minhas expectativas. Estão bem conectadas as sucessões de acontecimentos; os personagens são carismáticos; as interações entre eles são bem cômicas; o anime tem mensagens críticas; e existe um pouco de drama no passado dos personagens. Não é um anime nota dez, mas é uma obra que merece muito ser assistida e vale a indicação.
Kanojo, Okarishimasu 3rd Season — Por enquanto só vem confirmando o que eu havia dito esperar dessa temporada. O arco dramático, o melhor da história, só deve ser apresentado nos três últimos episódios dessa temporada. Nesse início a melhor coisa é a aparição da Mini, personagem carismática que fica tentando fazer andar a relação dos protagonistas. No mais, gosto da adaptação para anime, agradeço pela sua existência, mas não espero coisa diferente para essa temporada do que aconteceu nas outras, no sentido de muitos cortes, muitas mudanças, muita coisa acelerada. Como sempre digo, o anime é top, mas o mangá é incomparavelmente melhor.
Lv1 Maou to One Room Yuusha — Foi inesperado ver que tem uma média de notas tão baixa no MAL, com isso não estou dizendo que é um suprassumo da temporada, mas que para ser justo merecia pelo menos mais um ponto na média geral. Posto que conforme a sua proposta, o anime é bem funcional; também é gostoso de assistir no sentido que sempre mantém o interesse; além disso, diverte bastante, pois a comédia é boa, indo além da sátira da premissa e contendo coisas inusitadas. Dito isso, em nada me frustrou e me agradou mais do que achei que agradaria, porém não foi muito superior ao que eu imaginava antes de começar a temporada. O que menos me agradou continua sendo a premissa de mundo que eu já olhava torto antes de ver o anime, mas isso é compensado por uma trama bem desenvolvida.
Mushoku Tensei II: Isekai Ittara Honki Dasu — Entendo e não condeno cortes no arco da escola de magia, pois é um arco muito longo, cheio de diálogos e bastante parado. No entanto, antes do arco propriamente da escola de magia, tem um excelente mini arco nesse início de temporada, que apesar de eu ter gostado, infelizmente preciso dizer que poderia ser melhor. Posto que o novo diretor não está sabendo tirar todo o potencial da obra, cortando e mudando coisas que não deveria. Esse anime tem um material original que desenvolve absolutamente tudo, que é bastante minucioso, e uma boa direção precisa saber oferecer o ritmo mais adequado nos momentos certos, com algumas mudanças somente no sentido de complementar. Outra coisa que estão falando é com relação ao primor de detalhamento nas imagens, comparando com o que havia nas temporadas anteriores e que não está sendo mantido na atual. Confesso que só senti uma leve mudança nesse sentido, logo ainda é uma produção muito acima da média, da qual espero que estejam economizando para que em momentos de clímax possam dar maior capricho.
Masamune-kun no Revenge R — O “gordo” continua sendo a coisa que mais odeio nessa obra, mas as revelações dão reviravoltas que tornam tudo muito mais agradável de ser assistido. Já sabia de algumas dessas revelações, mas não de todas e me surpreenderam terem colocado algo desse tipo em todos os três primeiros episódios, coisas até que só esperava que aparecessem no final da temporada. Esses elementos se encaixam de uma forma que é preciso reconhecer o ótimo trabalho de escrita do autor. As revelações também acabam com certos incômodos e nos fazem gostar mais de alguns personagens. A única coisa que não ficou muito legal nesse início de temporada foi a introdução da francesa, que entendo a função dela de trazer um alívio cômico, de prolongar mais a trama, mas a personagem sobra na história e não se encaixa bem.
A gravidez da Ai é igual a de qualquer adolescente?
Primeiramente é falso dizer que todo mundo isenta o fato da Ai engravidar com 16 anos, nem mesmo o próprio Guto isentou isso, tendo em vista que no vídeo ele afirma esse ser um grande problema. Ser um problema também não é necessariamente condenar a garota dizendo está errada, dizer isso como o Ig0y fez é um juízo de valor, altamente subjetivo e baseado somente na idade é abominavelmente preconceituoso. No entanto, concordo que as sociedades mencionadas no vídeo não veem com bons olhos a gravidez na adolescência. Por terem uma mentalidade dominante progressista no sentido que a mulher antes de formar uma família deve ser independente com uma carreira profissional e um ensino superior. Não seguir essa cartilha gera certas indignações ideologizadas de lacradores que tentam construir uma moral pós-moderna. A despeito disso, as mulheres devem ter todo o direito de escolherem o que elas quiserem para suas vidas, devem ter o direito de buscar a felicidade sem imposições.
Gravidez na adolescência é algo escandaloso quando acontece com pessoas comuns? Garanto que não é algo anormal para estampar os jornais e sejamos honestos que na nossa sociedade a população somente se importa com a conta. No Brasil cerca de 14% de todos os partos são de mães adolescentes. Esse indicador ano após ano vem sofrendo uma redução, devido ao envelhecimento da nação, a existirem anticoncepcionais, a abortos serem cada vez mais populares e a maior instrução da população. Se por um lado os partos estão reduzindo em idades mais novas, por outro lado, cada vez mais cedo os jovens iniciam as suas atividades sexuais. Quase 50% dos jovens tiveram sua primeira relação sexual na adolescência, 30% antes dos 15 anos e pelo menos 1/3 sem uso de proteção. Pessoas comuns tendo recursos não sofrem coerção, diferentemente de ídolos musicais jovens da cultura japonesa (idols). Para as idols até mesmo uma troca de carinhos mais íntimos é um problema, namorar enquanto seguir essa carreira é terminantemente proibido, ter relações sexuais e engravidar é um gigantesco escândalo.
De fato, a carreira de um idol é curta e não passa dos 30 anos, logo fazer a protagonista ter um filho aos 16 anos parece ser o mais conveniente. Qual o problema com isso narrativamente falando? Existe algum demérito nisso que justifique essa crítica do vídeo do Ig0y? É um encaixe narrativo coerente com a proposta. Além disso, discordo categoricamente com a afirmação feita no vídeo do Ig0y que a obra não está fazendo uma crítica a forma de vida de mentiras que a personagem está inserida, isso é comprovado por ela ter uma gravidez escondida. Por derradeiro, concordo que o anime parece não se importar em querer fazer uma crítica negativa comum a gravidez na adolescência, até porque não é uma personagem comum e não tem problemas comuns.
O anime obrigatoriamente teria que retratar de forma negativa a gravidez na adolescência? Por que o ig0y é tão etnocêntrico e quer impor críticas que colaborem com seus valores em tudo? O Japão detém uma taxa de 0,4% de adolescentes entre as mulheres que dão à luz, isso é 35 vezes menor do que a brasileira, que por sua vez é 4 vezes menor que a subsaariana. Essa taxa japonesa é a menor de gravidez entre adolescentes de todo o mundo. Também é preciso dizer que o problema de baixa natalidade que o Japão vive atualmente é a maior preocupação de todos os japoneses, não são os terremotos, não é a economia, não é a China. Logo, mostrar desaprovação por algo que a nação está buscando desesperadamente não faz sentido.
Não jogar uma pessoa na fogueira é ser favorável aquilo que ela fez? Onde foi que o Guto disse que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Pelo menos não vi isso no vídeo do Guto. Onde o Ig0y viu todo mundo dizendo que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Certamente em alguns bolsões conservadores da sociedade ainda exista alguma resistência a não aprovar comportamentos sexuais fora do casamento, implicando também em certos tipos de gravidez na adolescência. Não é todo mundo como foi dito, todavia vou dar algum crédito ao Ig0y, porque de forma geral, a mentalidade da sociedade ocidental é permissiva a prática de relações sexuais libertinas com algumas poucas exceções. O problema é que o Ig0y parte de um pressuposto bastante superado que as pessoas condenam, quando elas de fato só não querem é ter despesas. Logo, não tem porque “todo mundo” sair fazendo críticas sobre essa garota, quando não a repudiam. Para reforçar, no Brasil, 26% das adolescentes se casaram ou foram morar com seus parceiros antes de completar 18 anos. Não sei onde o Ig0y vive, talvez seja onde a população é muito conservadora nesses assuntos, mas pessoalmente acredito que não deva ser nesse planeta.
Teve um momento do vídeo que o Ig0y ainda falando sobre gravidez da Ai perdeu a paciência e começou a dizer impropérios, o qual é o argumento de quem não tem argumento. Isso porque alguém falou da gravidez de adolescentes na África. Em resposta o Ig0y inquiriu o nome de cinco países desse continente, entendi que não foi negando propriamente, mas foi um argumento de autoridade e de ataque ao argumentador. Sei decorado o nome de quase todos os países da África, porém saber disso não significa absolutamente nada para o argumento que adolescentes engravidam. Só para constar com dados da ONU, todos os países da África Subsaariana têm essa situação. Para terem uma noção, de todos os nascidos de mães entre 15 e 19 anos de todo o mundo, 48% deles nasceram somente na África Subsaariana. Estudo do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, revela que em países da África Subsaariana, mais de 60% das gestações ocorrem em meninas com menos de 17 anos.
Na análise feita no vídeo do Ig0y, foi contestado o fato da informação de gravidez da Ai não ter vazado. É comum os escândalos vazarem? Sim, mas quantos tantos passam décadas até serem descobertos e quantos tantos nunca são revelados. É impossível calcular se tem mais escândalos que vazam dos que os que nunca vazam. Só tem como especular que são muitos os que nunca chegam a público, com base que são muitos os que demoram muito tempo a vazarem. Existem inúmeros casos de celebridades internacionais super famosas que conseguiram esconder a gravidez e não custa lembrar que a protagonista é somente uma subcelebridade japonesa. Não existe nenhuma incoerência nisso, até mesmo dizer que é conveniência é complicado quando não se tem como calcular probabilidades. Ademais, o anime tratou dessa questão dizendo que a Ai foi para uma cidade pequena e que usou um pseudoanônimo. Tem também uma cena no anime onde uma idol é notícia casando e estando grávida, em outras palavras, casou para não escandalizar.
Algumas ponderações sobre críticas a gravidez da Ai.
Uma crítica moral é bem complicada, pois a sociedade japonesa tem seus próprios valores, que não podem ser medidos com régua ocidental, a fim de que possam exigir que o anime faça uma condenação por ser uma gravidez fora do casamento. Além do que por Ai estar no mundo artístico, é uma personagem desapegada a valores morais, mesmo os pertencentes a cultura japonesa. Vale também destacar que a crítica moral da idade seria mais do conservadorismo das tradições. Já para questões religiosas seria apenas em virtude de não ser casada.
Críticas familiares tem seu próprio aspecto, mas estão muito ligadas a críticas morais e psicológicas. Dito isso, as definições de família e de estruturação dela estão mudando continuamente. Assim como também é muito complicado dizer se alguém com 16 anos não tem uma estrutura psicológica para ter uma família. Na minha opinião, essa mentalidade pós-moderna de protecionismo exacerbado sobre os jovens, sempre os tratando como incapazes e inaptos, defendida pelo Ig0y, causam muitos danos a sociedade, gerando coisas como os hikikomoris. Outro ponto, é que a Ai não tinha família para surgirem conflitos durante a gravidez, exceto se ela tivesse um relacionamento sério com a pessoa que a engravidou. Ademais, é interessante notar que pelo menos nesse início da trama a relação amorosa da Ai não foi tratada como um abandono. Talvez isso seja um reflexo da sociedade atual japonesa, ou talvez queira passar alguma mensagem, porém o fato é que o Ig0y não se atentou para essa questão no vídeo.
Sobram as críticas a saúde física e o anime as fez. Foi dito que no caso da Ai poderia ter que ser uma cesárea, o anime também criticou a demora dela em ter a primeira consulta e ao tamanho da personagem para ter os bebês. Posto isso, senti que as preocupações foram mais por estar grávida de gêmeos do que por ter 16 anos. Críticas maiores só caberiam bem se estivessem falando de uma criança ou um pré-adolescente, mas 16 anos é quase um adulto e em alguns países 15 anos já é um adulto. Gostaria muito que o Ig0y entendesse que gravidez não é uma doença, que mulheres são biologicamente feitas para ficarem grávidas e que 16 anos não é uma idade de risco.
O tema é comum, logo é ruim?
Concordo que no gênero os temas desse anime são comuns e diria mais que são velhos. Entretanto, isso não significa que os temas nesse anime não tenham seus próprios méritos, que não consigam surpreender, que não consigam cativar e que principalmente não consigam emocionar. O anime trata de alguns temas da indústria do entretenimento de forma secundária, tais como: talento não é o mais importante, dificuldades burocráticas, dificuldades financeiras, comportamento de celebridades, dificuldades para manter uma imagem ideal, relação de estrelas com os fãs e dos fãs com as estrelas. São coisas comuns, portanto, são as mais facilmente percebidas, mas não são o tema principal e mesmo sendo abordagens com perspectivas novas e enriquecedoras, não precisam ser complexas e profundas. O que frustra bastante é ver críticas aos temas desse anime sendo rasas, pelo simples fato de não se atentarem sobre o que realmente a trama quis falar. Temas como: amor, família, superação, hipocrisia, amadurecimento e responsabilidades. São tratados com muita mais profundidade do que o da indústria do entretenimento e ignorados pelos críticos. Para finalizar, o tema da obra é sobre vingança.
Gorou o virtuoso que morreu e reencarnou.
O Guto está correto e o Ig0y está errado por querer desumanizar o Gorou. Entendam, médicos são humanos como qualquer outra pessoa, que no exercício da sua profissão é preterido que não expressem juízo de valores, porém isso não quer dizer que eles não possam e não julguem em fóruns íntimos. Acompanhamos o Gorou não somente enquanto está realizando as suas atividades de médico com sua paciente, mas acompanhamos até no íntimo dos seus pensamentos. Isso é importante para evidenciar o caráter virtuoso do Gorou, em não ter juízos condenatórios, em não ser preconceituoso, em não deixar de ser fã por conta de uma gravidez e em querer ajudar a trazer a vida. Ao contrário do perseguidor, que também era um grande fã, mas não tinha virtudes, era tóxico, não respeitava a liberdade da Ai e queria trazer a morte. Também é preciso ressaltar a existência da Ai paciente e da Ai idol, o Gorou poderia não ter a mesma opinião de fã alinhada com as de médico. Para concluir, é impossível não comparar com o Ig0y, que pediu que Ai fosse condenada, que disse claramente que a Ai estava errada, que queria jogar a menina no inferno por ficar grávida. Tirem suas próprias conclusões sobre com quem o Ig0y se parece.
A morte do Gorou foi ruim como diz o Ig0y? Tenho duras críticas do encontro do Gorou com Ryousuke, e para quem tinha lido a sinopse do anime já sabia que em algum momento o Gorou iria morrer. Independente disso, a cena da morte em se, do momento que ele é empurrado em diante, consegue causar um certo choque, cria uma expectativa até o último instante de que o Gorou pudesse escapar e gera um certo mistério pelo corpo não ter sido encontrado. Tem como dizer que uma cena com esses elementos é ruim? Infelizmente, confesso que não me emocionou tanto, mas a culpa foi minha porque tinha pego spoilers e bem maiores do que os que estão na sinopse. Mesmo assim, consigo reconhecer o potencial e imaginar como deve ter sido impactante para quem foi ver sem saber de nada.
O Ig0y afirma que a reencarnação do Gorou foi uma propaganda pró-aborto, porque fica implícito que o corpo de Aqua não tinha alma antes do Goru morrer. Nessa questão de o feto ter alma/espirito, vou tomar como exemplo o que pensa a cultura judaica cristã. Para quem desconhece, isso é uma questão milenar no cristianismo e no judaísmo, é contencioso sobre qual é o momento que o corpo passa a ter alma. Independente disso, são religiões antiabortistas por entenderem que a vida se inicia no momento que a biologia determina, que é na concepção. Logo, é irrelevante a questão de qual é o instante específico que o corpo adquiri uma alma, porque não existe vida humana mais valiosa do que a outra. A vida é um dos pontos mais fundamentais dessas crenças e o assassinato para essas religiões é pecado. Entendo que certas concepções teológicas dão mais margens para que pessoas possam tentar defender o indefensável, mas daí fazer uma ilação que por pessoas exporem certas ideias necessariamente defendam outras é de uma plena ignorância. No mais, não foi afirmado se no universo desse anime todas as almas reencarnam no mesmo momento.
Fazendo alguns esclarecimentos do que pensa o cristianismo. Primeiramente há duas opiniões com bases escrituristica sobre como a alma humana é criada, são o traducianismo e o criacionismo que atualmente é a corrente majoritária. Um adendo, esse criacionismo não é o que faz contraponto a teoria da evolução. Voltando, a corrente do traducianismo acredita que as almas são criadas com os corpos físicos e a corrente do criacionismo que as almas são infundidas. Em qual momento elas são infundidas, aí tem tese para tudo, tem até de estágios da alma. A palavra grega peûma (espirito), significa: sopro, vento, ar, sopro divino, portanto existem aqueles que advogam que somente o recém-nascido após respirar é que tem espírito. A briga ainda é bem mais complicada, porque tem também a teologia da dicotomia (alma e espírito são a mesma coisa) e da tricotomia (alma e espirito são coisas diferentes).
O único instante que o anime fala sobre aborto é quando é sugerido a Ai. Isso se dar no momento que antecede a cena do telhado, na qual é onde ela responde à indagação dizendo que não tem família, que sempre quis ter uma e que sua família será feliz e divertida. O anime super pró família, que incentiva a não fazer aborto e trabalha com o grupo que é mais vulnerável a cometer esse ato, acusado por Ig0y de ser abortista. Ridícula essa declaração do Ig0y, é tão ridícula que prefiro acreditar que foi uma piada de extremo mal gosto.
Tem um momento do vídeo que o Ig0y fica desmerecendo o parto da Ai, perguntando quem fez, quem assinou. Essas indagações não têm lógica alguma para tentar refutar o argumento que o Guto vinha construindo. Também demonstram uma falta de atenção, posto que logo em seguida o Ig0y afirma que a Ai não ligava para quem iria fazer o parto, quando no anime a Ai disse no seu último diálogo com o Gorou que não queria outro médico. Além disso, faltou a compreensão do propósito e do foco que não é na Ai, mas no protagonista. Foi o Gorou que prometeu a Ai que faria aquele parto para que as crianças nascessem saudáveis e não o contrário. Ademais, ele refletiu ter encontrado o seu propósito em ter se tornado médico naquele parto, para garantir que fosse seguro. Não fazer isso é deixar um propósito inacabado o que justifica a sua reencarnação.
Em relação a suposta incoerência por conta do sumiço do Gorou. Primeiro, alguém encontrou o Gorou, basta observar que na última cena que ele aparece tem alguém se aproximando dele (14:55 a 14:57, lado direito da tela). Vemos a pessoa por detrás e no escuro, mas aparenta estar com um capuz parecido com o do assassino, logo provavelmente foi o próprio assassino que foi esconder o corpo. Segundo, é falso dizer que ninguém procurou e que ninguém notou o sumiço do médico, posto que teve um funeral simbólico. Terceiro, o Japão tem cerca de 80% do país coberto por florestas densas e relevos montanhosos. Facilmente alguém se perde e jamais é encontrado em uma pequena área de floresta, imagine em uma grande floresta. Quarto, segundo o New York Post, desde meados da década de 1990, cerca de 100 mil pessoas por ano desapareceram no Japão, simplesmente “evaporam” sem deixar rastro nenhum.
Ai aquela baranga.
O Ig0y ficou revoltadíssimo, porque a “mocreia” da Ai não virou uma baleia, cheia de celulites, com estrias e cicatrizes depois de um parto. Como pode ela não ter bulimia?! Seria o autor um imbecil por não mostrar esse clichê da lacração?! Afinal quem se importa dela ser bem jovem e ter optado por um parto normal (11:47 do anime) para não ficar com cicatrizes. Pessoalmente tenho várias lindas amigas que depois que tiveram um filho, voltaram rapidamente e sem esforço a ter o mesmo corpo de antes, algumas delas ficaram até mais bonitas. Também é preciso observar que nessa trama teve um salto de tempo entre o parto e a volta da Ai para os palcos. Como sei disso? O médico já tinha sido dado como morto, os bebês não tinham a aparência de recém nascidos, as crianças andavam (nove meses é o mínimo para uma criança começar a andar) e um personagem do estúdio disse que há meses não falavam mais do grupo da Ai. Incoerência não tem, e realmente era preciso mostrar a Ai fazendo regime, academia e ensaiando nesse tempo? O arco de preparação realmente agrega muita coisa a tramas? Quem estaria morrendo de vontade de ver enchimentos? No mais, assim que Ai volta aos palcos, a primeira pergunta que o apresentador faz é se ela está comendo direito e a resposta dela é que está comendo muito. A análise do Ig0y não faz sentido algum, colocações sobre cirurgia e questionamentos de recuperação pós-parto são infundadas, por ele simplesmente não prestar atenção no tempo decorrido e em ter sido um parto normal. Em suma, o Ig0y cobra que a obra faça aquela crítica genérica, ideológica, saturada, receita de fracasso, bandeira de feministas invejosas que não raspam os cabelos do sovaco. Aceitem, o que é belo é belo, o que é feio é feio, e tudo que presta tem um preço.
Esqueceram de mim.
O Ig0y reclama que o Aqua não reconhece que a Ruby era uma paciente sua de outra vida que reencarnou. Primeiro, a Ruby não quer falar sobre vidas passadas, porque ela tem medo que se o Aqua souber que ela era apenas uma garotinha vá ser inferiorizada (55:56 a 56:29 do anime). Segundo, o Aqua acha deprimente falar sobre a outra vida. Existe uma grande plausibilidade em não saber quem era aquela pessoa em outra vida se não falam sobre isso. Terceiro, é falsa a afirmação do Ig0r que a Ruby não tem nenhum traço para que o Aqua presumisse quem ela era no passado, posto que o comportamento dela pela idol o faz associar a Sarina (32:13 do anime).
Construção de personagens.
O Ig0y cobra características sui generis da Ruby. O que podemos exigir nesse sentido de uma criança de 12 anos? Apesar disso o anime entrega algumas características tais como: o fato dela ter tido câncer; de ter traumas com quedas; de ter uma relação de paquera com um médico; de ser fã de uma idol. Na minha opinião é uma construção suficiente, principalmente se considerarmos que isso é somente no primeiro episódio. Ainda sobre a Ruby, o Ig0y reclama também de que o câncer tem outras facetas que poderiam ser exploradas, e isso é verdade, mas só se deve falar aquilo que é pertinente a trama, caso contrário é enchimento desnecessário.
O Ig0y reclama que essa obra só tem dois ou três personagens. Isso demonstra que o Ig0y quer que todos os personagens apresentados sejam trabalhados da mesma forma. Somente uma pessoa que desconhece que existem vários tipos de personagens exigiria algo assim. Os demais personagens não precisam ter uma construção igual à dos principais, e se tem uma coisa que esse anime oferece aos principais é um arco completo de personagem. Por fim, eu queria saber onde o Ig0y encontrou essa regra que a qualidade de uma obra é definida pela quantidade de personagens.
O Guto é um merda desonesto?
Se alguém gosta demais de algo, ou queira vender algo, não vai ficar procurando e exaltando possíveis problemas. No caso de quem gostou demais, está implícito que considera irrelevantes possíveis problemas. Já no caso de quem queira vender, não cabe a esse ficar apontando possíveis falhas do seu produto, pois fazer isso é burrice. Não importa qual seja o caso, isso não torna o Guto um merda e um ser desonesto. No mais, a ônus da prova é de quem afirma, cabe a quem diz que é ruim apontar falhas e a quem diz que é bom apontar qualidades, não o contrário.
O Ig0y afirmou que Aqua falou “eu agradeço por ter sido assassinado”. Quando o que o Aqua falou foi: “fico feliz por poder de cuidar da Ai tão de perto, tanto que sou grato ao cara que me matou”. Por favor, interpretação de texto e entendimento de figura de linguagem, o foco não é em ser grato a quem o matou, mas em ficar feliz porque reencarnou naquela vida almejada. Logo em seguida o Aqua continua: “Mas a verdade é que queria ajudá-la a ter os filhos dela”. Até concordo que essa expressão do Aqua de ser grato pode não ter sido a mais adequada, por ser muito forte para expressar a sua felicidade, mas o que o Ig0y faz é usar um texto descontextualizado como pretexto para dizer impropérios. Não existem os problemas como o Ig0y coloca nessa fala, porém também é bom ressaltar que não há uma versão brasileira, o que temos é uma tradução feita por fãs, ou seja, pode ser que no futuro quando chegar a versão oficial as palavras sejam mais adequadas. Para jogar uma última pá de cal nesse caixão, no mangá ele não disse que é grato, ele disse que é "quase grato".
Primeiramente corrigindo o Ig0y, não foi o protagonista que falou que era “enviado de Amaterasu”, foi a Ruby e o que ela disse é que era a encarnação do Amaterasu. Eu queria entender qual o problema que o Ig0y ver narrativamente na Ruby dizer isso e pior chamando o protagonista de psicopata por isso. Já quanto a Miyako ser uma personagem de “bom coração”, ser ou não ser é uma questão muito subjetiva e desnecessária para o prólogo. Outra, uma pessoa que comete um deslize em um momento de fragilidade já é uma pessoa terrível? Mais uma, por que essa personagem tem que ser boa? Já para o resto da obra, tem um salto de aproximadamente uma década, onde a Miyako ficou cuidando da Ruby e se virando sozinha com a empresa. Isso muda as pessoas, isso as amadurece e é uma justificativa para as mudanças na personagem, coisa que o Ig0y diz que o anime não tem.
Respondendo às indagações do vídeo do Ig0y sobre a segurança da residência da Ai.
1. Por que Aqua não se passou por Amaterasu, manipulando a Miyako para avisar sobre o perseguidor e reforçar a segurança? Não era a casa da Miyako, o perseguidor estava sumido há vários anos e faltavam motivos para acreditar que a Ai estivesse em um perigo eminente. No mais, o perseguidor não necessariamente era uma ameaça que iria matar a Ai, tanto que é reconhecido e quando ele feriu fatalmente o Gorou foi em um contexto de fuga o empurrando de um barranco. Sem contar que mesmo com uma mente de adulto o Aqua tinha muitas limitações por ser uma criança.
2. Se fosse alguém na campainha pedindo açúcar, não descobriria o segredo da Aqua de ser mãe? Não, as crianças estavam no quarto. Também não seria uma incoerência porque o anime já tinha estabelecido que a personagem era descuidada, como foi no caso da entrevista.
3. Não tem olho magico e não tem câmera? Era uma residência nova (1:01:51 e 1:13:30 do anime). Além do que a negligência com segurança da Ai é justificada, pelo passado da personagem, por ser meio bobona, por ser bastante jovem e por ela admitir que cometeu uma falha, ou acaso ninguém pode errar.
4. Não tem uma secretária? A agência não tinha recursos nem para uma babá, quanto mais para uma secretária.
5. A Ai era muito famosa? Estava com uma carreira em ascensão, mas ainda era uma subcelebridade menor do que muitos youtubers brasileiros e não era uma Shakira da vida.
6. Tinha rios de dinheiro? Tinha recursos, mas o anime inteiro frisa que a Ai não ganhava a contente e que a agência era pequena.
7. Colocar portão de ferro? O Japão é um lugar muito seguro, portões de ferro não são comuns e de toda forma ela teria que abrir a porta para receber as flores.
8. Colocar um interfone? Que diferença faria falar por interfone, ou falar pelo outro lado da porta, se abriria a porta de todo jeito para receber as flores.
9. Portaria do prédio? Primeiro, tem alguns cortes que fazem pensar que seja um apartamento, mas também tem outros que levam a crer ser uma casa, o fato é que não sabemos se era um apartamento, uma casa, um sobrado, ou qualquer outra coisa. Segundo, é muito comum no Japão não ter portaria em prédios. Terceiro, provavelmente era uma casa, porque a maioria dos edifícios do Japão tem paredes de drywall e nos mais antigos são de madeira, isso significa que a maioria dos prédios não permite crianças. Portanto, quem tem família no Japão mora em casas, ainda mais uma idol que iria fazer barulho e precisaria de espaço.
O perseguidor.
Quando o Ig0y fala desse personagem indaga se isso é um dez, em seguida a outra pessoa que está com ele no vídeo reclama do perseguidor aparecer novamente com um capuz e o Ig0y ratifica a crítica. Se pegarmos os animes favoritos do Ig0y, os quais ele deu nota dez, o que não falta são personagens usando a mesma roupa em todas as ocasiões, alguns deles por anos. Além de ser uma crítica contraditória, não faz sentido reclamar de um capuz em cenas que pela situação que o personagem se encontrava eram contextualizadas.
O Ig0y reclama do Guto não ter mostrado a cena do perseguidor se arrependendo, como se o Guto tivesse a obrigação de mostrar somente porque o Ig0y quer. Esforcei-me bastante tentando ver algum problema nessa cena e não consegui. Até entenderia alguém que fizesse uma ou outra sugestão de como essa cena pudesse ficar melhor, mas problema mesmo tem zero.
O Aqua poderia ter salvo a Ai?
Depois que Aqua entra na cena, o tempo de 1 minuto e 54 segundos foi o que Ai precisou para afastar o seu agressor dos seus filhos. Enquanto isso o Aqua já tinha corrido para pegar o telefone e estava chamando a ambulância, exatamente a primeira coisa recomendada por médicos a se fazer em situações assim. Depois que o perseguidor vai embora passam mais 2 minutos e 49 segundos para a Ai morrer. Menos de três minutos foi o tempo que o Aqua teve, tendo um corpo de uma criança de quatro anos de idade, não tendo nenhum material médico disponível e tendo que se recuperar de um choque tremendo. Ainda assim ele conseguiu fazer um diagnóstico e uma recomendação médica de não se esforçar falando. Contudo, o Ig0y queria que o Aqua conseguisse fazer mais coisas. Detalhe, o garoto de quatro anos estava sendo contido por um abraço de sua mãe. Abraço esse contra o seu abdome onde o Aqua pressionava o seu ferimento.
Nessa cena no mangá (capítulo 9, página 10) o Aqua estava pressionando contra o ferimento com um vestido, ou com uma blusa, ou usando um saco plástico nas suas mãos para não infeccionar. O ferimento dela era gravíssimo, ela já tinha perdido muito sangue e um garotinho não teria a força necessária para estancar a hemorragia. Por ser um médico o Aqua já sabia ser irreversível o quadro e foi por isso que não quis deixar a Ruby ver a mãe morrer. Médicos não são Deus, não é porque tem um médico em um lugar que vá acontecer um milagre.
Quanto tempo demora para morrer depois de levar uma facada na barriga? Se o corte for profundo, menos de dez minutos, muito mais rápido se for na aorta abdominal. Cinco minutos já era o suficiente, mas o tempo preciso que Ai demorou para morrer não sabemos, posto que existe um salto temporal entre o encontro de Ai com o Ryousuke e a entrada de Aqua na cena. Como sei disso? Ela estava no final do corredor quando o Aqua a encontra, não mais na porta e já tinha muito sangue por todos os lugares. Durante esse hiato podem ter passado muitos minutos.
O conceito de reencarnação no anime.
O Ig0y reclama do porquê o Aqua não foi atrás da Ai reencarnada. No entanto, o Aqua não sabe se todos os seres humanos reencarnam, não sabe se todos reencarnam nesse planeta, não sabe se todos reencarnam como seres humanos, não sabe se todos reencarnam imediatamente. Mesmo que tudo isso fosse favorável para o Aqua, ainda teria um planeta inteiro para procurar com bilhões de pessoas nele. Tem muitas coisas que o anime não estabelece sobre reencarnação, mas lembrar da vida anterior é estabelecido como uma estranheza, ou seja, uma exceção. Procurar uma alma reencarnada que possa não lembrar de nada, não me parece algo inteligente. Se fosse assim todo mundo que acredita em reencarnação estaria procurando seus entes falecidos. Como o Ig0y se declarando ser um budista não sabe disso?
Se a Ai reencarnasse com as memórias de outra vida, ela saberia quem é o Aqua e a Ruby. Logo, faria sentido ela procurar eles quando pudesse. Se ela não veio procurar é porque não reencarnou com as memórias. Se ela não reencarnou, por que o Aqua criança iria atrás dela? Nota zero para o Ig0y, um super zero.
Também criticam o Aqua porque supostamente não teria motivos para reencarnar por ser um médico. Esse é um argumento bem preconceituoso, não é por ser um médico que uma pessoa está automaticamente no nirvana, sem problemas e totalmente realizada. Até entendo a ótica que médicos ganham bem, que é uma profissão almejada por muita gente. No entanto, ter dinheiro e prestígio, não é garantia nenhuma de felicidade e realização. O anime deixa claro que o Gorou, só via sentido e só se sentia realizado em ser médico por ter a chance de cuidar da pessoa que idolatrava.
Ataque ao argumentador.
O IgOy acusa o Guto de ser desonesto e mercenário por defender esse anime. Que isso é falácia é indiscutível, mas me pergunto do que o Ig0y vai me acusar, porque não ganho absolutamente nada defendendo essa obra e nem fã do Guto sou. No mais qualquer um poderia inverter esse argumento contra o próprio Ig0y, dizendo que só ataca esse anime para ganhar visualizações e dinheiro.
Quem é meu pai?
O Ig0y acusa o anime de não mostrar o Aqua fazendo nada na tentativa de procurar o pai efetivamente. No episódio três tem um flashback com todo o esforço para conseguir os contatos que estavam no celular da mãe. Mostrando uma dificuldade para conseguir uma bateria de um modelo antigo e um tremendo esforço para desbloquear a senha, no qual foram quatro incessantes anos tentando encontrar. Ademais o Aqua trabalhou em ter meios que pudesse o aproximar de seus possíveis pais para tentar coletar o DNA deles. Por último, por mais que o Aqua tenha memórias de outra vida uma criança tem muitas limitações.
Tengoku Daimakyou — Coloquei como extra na lista de apostas, estava desconfiado que poderia sair algo bom dessa obra, mas se saiu muito melhor do que eu suspeitava. Tão bom que talvez se eu fosse o diretor só desse mais uns retoques no tom para parecer algo mais apocalítico. Apaixonei-me tanto por esse anime que corri para ler o mangá. Se o anime continuar nesse ritmo de capítulos adaptados deve ter seus últimos episódios dessa temporada lá pelo capítulo 32 e 33 do mangá, os mais pesados que li até agora. Muita gente vai gostar do final dessa temporada porque dará um grande clímax, e muita gente odiará porque será extremamente polêmico. Devo dizer também que o mangá tem coisas pesadas que poderiam ser muito mais pesadas e talvez devessem, mas senti que existe uma preocupação em não dar foco ao fanservice, sendo rápidas certas partes. Infelizmente o anime parece que está assinando ainda mais a agenda do politicamente correto e censurou consideravelmente mais. Dito isso, gostei dessas partes censuradas nesse início do anime, porque os desenhos de personagem nelas ficaram melhores do que no mangá e mesmo mostrando menos ficou mais sensual. Por fim, sua popularidade vem subindo absurdamente desde sua estreia.
Boku no Kokoro no Yabai Yatsu — Os personagens são bem melhores do que eu imaginava, eles têm mais identidade, são mais interessantes e mais carismáticos. Outro ponto, são as partes que já eram presumíveis no enredo, por conta da premissa, que acabaram oferecendo um inesperado tempero para a trama e não saíram toscas como receava. No entanto, ainda é um romance escolar, algo que já está saturado, e a temática está muito voltada ao foco infanto juvenil. Com isso, dependendo da sua idade e do seu nível de saturamento, pode ser algo bem recomendado, mas para mim muitas vezes é desinteressante, chegando a ser desgastante.
Dr. Stone: New World — Essa temporada teve um início monótono, tão chato que nem parece ser o mesmo anime. A falta de um antagonista, o ritmo acelerado e um menor foco nas invenções, são os principais pontos problemáticos. Alguns dizem que esse é o pior arco do mangá, outros dizem ser ótimo, eu tendo a pensar que esse anime vai ser o pior da série, pelo menos por enquanto já é o pior. Ainda assim não é ruim, tem como recomendar e nutro uma esperança que possa melhorar.
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta — A parte isekai desse anime é vergonha alheia, mais tosca do que imaginei que seria, certamente a história dessa obra estaria bem melhor sem isso. Entretanto, é um anime que é apenas metade iskeai e a outra metade no mundo real tem pontos positivos bem melhores do que julguei que teria. Gostei do drama inicial, pois passou valores e deu empatia ao público sobre o protagonista. Também gostei dos personagens, do romance e visualmente tudo está muito bem produzido, tem lindos desenhos de personagens. Acredito que vale a pena assistir, entretém e eu deveria ter apostado nesse, posto que sua popularidade não para de crescer velozmente.
Isekai Shoukan wa Nidome desu — Tão esquecível que quando fui escrever esse comentário mal faziam duas horas que havia assistido e já estava com dificuldades de lembrar. Tem uma variação ligeira em relação a outros isekais, mas de resto são coisas clichês, incoerências e vergonha alheias que tem em todo isekeai genérico e mediano. Nem pelo personagem super forte ou pelas animações tem como recomendar, porque não passa uma boa ação e a produção é bem mediana visualmente. A minha última esperança seria o romance/ecchi com seus alívios cômicos, porém foram absurdamente comedidos nesse ponto e o mangá é incomparavelmente melhor nesse quesito. Leiam o mangá, dropem o anime.
Jigokuraku — Esperava algo ótimo desse anime por conta da produção, mas que verdade seja dita essa produção nem está lá essas coisas. No entanto, superou em muito as minhas expectativas por conta do enredo, justamente o que eu estava mais receoso. Gostaria que fosse o estúdio Ufotable em vez do Mappa, se fosse a Ufotable seria inquestionavelmente um 10 já nos primeiros segundos, todavia ainda é uma obra-prima. Curti muito não terem censurado profundamente a violência que é bastante forte nessa obra. Devo destacar que o gore não está presente aqui para aparentar ser algo maduro quando de fato é feito para adolescentes, mas que é consequência de algo maduro. No mais, o drama é ótimo, os personagens têm profundidade, a trama tem camadas e tem subtextos.
Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo — Eu gostei, mas mesmo tendo coisas interessantes, confesso que tive que assistir duas vezes porque dormi na primeira. Não vou dizer que a série original é perfeita, bem longe disso, porém tem seus grandes momentos cômicos e eu senti que esse spin-off só com a Megumin não vai conseguir oferecer isso. Apreciar será mais pelo carisma da protagonista e talvez porque aparentou, nesse início, um enredo bem mais coeso do que a original.
Mashle — A maior parte daquilo que assisti, achei um desperdício do meu tempo, pois eram basbaquices e o anime é cheio de incoerências. Nem para rir da maioria das idiotices consegui de tanto besteirol. Não tinha uma perspectiva boa antes de assistir, contudo eu tinha esperanças, queria estar enganado. Infelizmente é um anime feito para pessoas com probleminhas e de um jeito que nem eu imaginaria que seria. O que salvou foi um pouquinho de conteúdo no drama, e ter um protagonista superforte.
My Home Hero — Com exceção do protagonista, que eu esperava que no início fosse um pouco mais corajoso, tudo mais está quase exatamente sendo aquilo que eu presumia que seria. A obra tem uma ótima premissa, bons personagens, bom ritmo, boa direção, uma excelente trama e até mesmo a parte visual, que eu estava desconfiado por conta do estúdio, está boa. Também notei que gradualmente o anime está tendo ganhos significativos de popularidade, mas me surpreende muito por ainda não estar muito mais acima nessa temporada e com uma nota muito maior. Já vi obras que depois do anime finalizar subiu um ponto e meio de média no MAL, quase dois pontos. Essas obras que vi subir assim não tiveram finais tão espetaculares para justificar um aumento tão expressivo, contudo tinham em comum com essa serem seinen e terem muitas mensagens. Isso me faz acreditar que coisas maduras não são populares no MAL, e que o público alvo delas é mais paciente e menos precipitado, ou foram apenas coincidências.
Tonikaku Kawaii 2nd Season — Não queria dizer isso, todavia não gostei desse início da forma como gostaria de ter gostado. Certas abordagens temáticas já deram tudo o que tinham que dar na primeira temporada, escaloná-las ainda mais não é interessante. A obra precisa reinventar a sua problemática, sem perder a sua alma e mantendo um subtexto com conteúdo. Revelações de alguns dos mistérios e um aprofundamento das mitologias que os cercam, talvez esse seja o caminho para isso.
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru — Não esperava um romance tão bom assim, sinceramente fazia tempo que via algo nesse nível e sua popularidade não para de decolar. Superou toda e qualquer expectativa que eu tinha sobre essa obra. Não só porque é um romance desconstrutivo e estranho, cativando o interesse em acompanhar, mas principalmente por conta da direção. O primeiro episódio adapta apenas um capítulo do mangá e o segundo adapta cinco capítulos, mas o ritmo não parece nem lento, nem apressado, enquanto termina os episódios nos melhores momentos possíveis. Só faltou um pouco mais de ousadia da direção em não seguir tão à risca algumas coisas do mangá.
Yuusha ga Shinda — Era minha maior aposta, mas definitivamente o diretor não acertou o timing cômico nessa estreia. Faltou mais humor e talvez devesse ter focado mais nisso, talvez uma comédia mais escrachada, talvez algumas coisas precisassem ser mais criveis para contrastarem e gerarem humor. Não sei ao certo onde está o erro, porém faltou algo que deixou a desejar. Entretanto, ainda aposto nessa obra, pois foliei o mangá e sei que haverá oportunidades de ficar muito melhor. No mais, eu gosto da trilha sonora e vejo potencial nessa proposta.
Kimetsu no Yaiba: Katanakaji no Sato-hen — Continua com a Ufotable e novamente na parte áudio visual é um espetáculo, é extraordinário. Agora com relação à trama, foi desnecessariamente longo esse primeiro episódio, o castelo já tinha sido apresentado no final da temporada passada. Essa recapitulação foi apenas para a Ufotable esbanjar o que tem de melhor e lucrar um pouco com isso. Também de negativo, as partes cômicas ficaram exageradas demais e não funcionaram como deveriam. No mais, gostei muito da apresentação da vila dos ferreiros e dos personagens envolvidos nesse arco.
Kimi wa Houkago Insomnia — Está muitíssimo bem produzido, contudo admito que eu tinha uma expectativa de ver algo mais belo. Não foi tão monótono como eu temia, mas para quem estiver procurando algo eletrizante não é esse aqui não. Os personagens são carismáticos como achei que seriam, só não tão quão eu imaginava. O que eu mais gostei foi sair da relação clichê escolar de amizade/paquera, oferecendo algo com mais maturidade e substancia.
Kaminaki Sekai no Kamisama Katsudou — Não pensei que iria pegar esse anime, todavia como está sendo comentado, decidi dar uma olhada. Assisti o primeiro episódio, gostei significativamente e fui ler o mangá, que só tem os doze primeiros capítulos traduzidos. Tem coisas bem interessantes na trama, faz reflexões importantes, mas a história mexe com temas extremamente delicados e ainda que não seja muita agressiva, não é muito sensível. Apesar de as reflexões serem importantes, devo também dizer que parte da mensagem é parcial, enviesada, omite algumas informações, além de algumas falhas de lógica, que só são toleradas por conta da liberdade poética que demanda a narrativa fantasiosa. Com relação à animação, não está das melhores, principalmente o 3D usado em uma animal gigante que ficou gritante. A direção também errou no ponto onde finalizar o primeiro episódio, certamente quiseram aproveitar o momento que o mangá fechou o capítulo e fornecer o mesmo clímax, (o qual é muito bom e chama bastante atenção para o anime), porém se tivessem fechado alguns instantes antes teria sido muito melhor. Tem algumas partes cômicas legais, várias garotas lindas, sensuais, (algumas que ainda vão aparecer) e um ecchi leve. Tem um personagem especifico controverso, no sentido que agrada em alguns momentos e dessagrada em outros. A parte dos sacrifícios descritos na sinopse, que está na premissa, era um dos motivos que mais me afastavam de querer saber desse anime, mas não tem tanto foco nisso depois do primeiro episódio. Um desses sacrifícios tem mais valor cômico e crítico do que qualquer coisa, e os demais foram explicados satisfatoriamente no mangá, tornando para mim tudo muito mais tragável. Difícil dizer se recomendo esse anime, talvez só depois que eu termine a temporada é que eu vá saber, mas certo é que não é ruim como julguei que seria e tem coisas cativantes. Essa temporada de animes está excepcionalmente boa, tornando nada fácil desaconselhar um título.
1. Origem do anime ser um jogo e a motivação de existir ser a divulgação do mesmo.
Pelo tom usado com intuito claramente pejorativo, essas colocações realizadas pelo Alexandre da origem foram feitas de modo desnecessário, formando um argumento duplamente falacioso. Para ser mais especifico, são duas falácias genéticas que consiste em aprovar ou desaprovar algo baseando-se unicamente em sua origem.
Pelo o anime ter como fonte original um jogo isso faz dele necessariamente algo ruim? Fazer um anime com a motivação de promover um jogo (para ganhar dinheiro) atingindo mais público, vai fazer dele necessariamente algo ruim? Acaso o Alexandre faz conteúdo na internet para arrecadar dinheiro e mandar para instituições carentes na África sem que ninguém saiba? Se eu estiver equivocado e o Alexandre for uma alma desapegada a bens materiais, uma pessoa caridosa, avisem que enviarei o número de minha conta bancária para receber muitos dólares de doação, porque morar no Brasil não está fácil.
Todo mundo sabe que a patrulha do politicamente correto odeia que empresas que produzam algo possam estar cometendo o “sacrilégio” de ganhar dinheiro em troca dos seus bons serviços prestados.
2. Muito seca a morte da mãe do protagonista.
Eu concordo que não existe um melodrama intenso nessa morte, o protagonista não cai de forma amargorosa, desesperadamente choroso, mas nem poderia pela a situação já terrível que ele se encontrava e porque não iria condizer com a proposta do anime. No entanto, isso não significa que não houve um toque dramático, que não foi trabalhada a relação de afeto entre os personagens, para daí alguém estapafurdiamente afirmar que foi uma morte muito seca (não sentida). Quando na verdade a raiva, a angustia, a humilhação, a incapacidade, a frustação, os gestos cabisbaixos muitas vezes expressão melhor a tristeza do que excessos de lagrimas.
O primeiro episódio é um dos melhores, quiçá o melhor, e um dos grandes motivos para isso é justamente o drama com todos os problemas que esse incidente traz ao protagonista, dando uma perspectiva ao público de muito conteúdo na obra. É uma morte totalmente inesperada, fugaz, vítima da violência urbana, com duras e ótimas críticas ao sistema de saúde, ao sistema onde pessoas sem moral só visam o dinheiro e não dão outros valores a vida. Várias dessas mensagens são passadas nas partes: de negligencia do resgate por falta de ter um plano de saúde; no médico que trata as pessoas menos favorecidas aparecer vestido de açougueiro; nas condições da instalação hospitalar; no tratamento vendido de uma “boa recuperação” para arrancar todos os recursos e oferecer ao garoto logo em seguida a notícia do falecimento da mãe. Entendo quem argumente que seria melhor trabalhar isso em dois episódios para a situação ficar ainda mais dramática, apesar de que eu não concorde, posto que o ritmo ficaria muito lento e não causaria o imprescindível impacto inicial que os primeiros minutos da obra precisavam oferecer. O que eu não entendo é alguém ter a ousadia de fazer um vídeo dizendo que essa obra é vazia, que é sem mensagens, que é sem conteúdo, que não quer dizer nada, quando desde os primeiros momentos e a todo instante grita o contrário.
Aproveitando o gancho, ainda dentro do primeiro episódio, vale destacar a mensagem que o anime passa sobre o preconceito que o David sofre, bullying escolar. Sendo perseguido, agredido, ameaçado, para forçá-lo a sair da acadêmia, em virtude que colegas abastados não aceitam a presença de alguém que não fosse da mesma classe social frequentando seus mesmos ambientes. Uma obvia crítica social de um dos temas mais recorrentes nesse gênero que é a desigualdade social com um toque da vertente de segregação.
3. Depois do episódio seis o anime começa a parecer querer trabalhar personagens para dar uma lição de moral, o que não parece uma boa decisão porque não estruturava isso.
Não discuto sobre a existência de uma mudança na história e na estrutura da trama, todavia discordo profundamente que o anime não vinha antes trabalhando os personagens, e que só a parti daquele momento passou a desenvolver “uma lição de moral”. O que temos é um salto no tempo e passamos da ótica do protagonista fragilizado tentando encontrar seu espaço no mundo, para alguém forte que assumia responsabilidades sobre outros, tomando o papel de liderança e se deparando com outros problemas. Logo, o anime precisava retrabalhar o David (protagonista) devido as transformações que sofreu, mas isso não quer dizer que o personagem não era trabalhado. Também se aprofunda no passado da Lucy (coprotagonista), porém todos os demais personagens continuaram na mesma, a não ser pelo o número reduzido de secundários favorecer a maior interação e o maior destaque dos que sobraram.
Os quatro últimos episódios têm menos tempo de tela que os seis primeiros, e usam muito do que lhes tem com cenas de ação, então não posso nem dizer que houve maior foco no desenvolvimento dos personagens com coisas cotidianas. O que de fato houve foi uma mudança de perspectiva, se antes era preciso apresentar personagens, agora é preciso explorá-los, com seus amadurecimentos e dificuldades.
O Alexandre quando fala de personagens afirma ser principalmente do David, e de fato eu tenho críticas negativas em alguns pontos ao trabalho que foi dado a esse personagem, sobretudo depois da passagem de tempo, mas são pontos totalmente diferentes dos dadas por ele. Posto que o Alexandre absurdamente acredita que o anime quer abordar a temática de drogas e que a lição de moral que foi construída é sobre isso. Digamos ainda assim que fosse sobre isso, mas desde o início o anime fala sobre as drogas levando a loucura os cyberpunks e não somente a partir da virada para afirmar que não foi estruturado, que não foi trabalhado. Também nenhuma lição de moral foi tentada tirar disso, existe uma diferença entre um elemento narrativo de uma abordagem temática.
Em contraste o que me desagrada no protagonista, é dele trocar partes orgânicas do corpo por partes mecânicas de uma forma que acredito que ninguém faria isso. Uma coisa é alguém perder um membro e substituí-lo por algo mecânico, outra coisa é alguém substituir todo o corpo por partes mecânicas sem ser obrigado. O seu primeiro implante ok, foi justificado no anime e nem substituiu nada em seu no corpo, mas o restante dos implantes não teve o mesmo tratamento narrativo. Não gosto desse conceito de substituição, pois me parece incoerente, me faz perder a empatia pelo personagem, não consigo me ver nele e o leva ao Vale da Estranheza.
O que eu vejo de pior na obra são esses pontos que levantei do protagonista, é o motivo de eu não oferecer uma nota dez, mas não um cinco como Alexandre Esteves e sim com justiça dar pelo menos uma nota nove. Visto que a obra não deixa de ser divertida por conta disso, não deixa de ser extravagante, não deixa de ser espontânea. O anime também nunca se propôs a ser extremamente complexo, mas tão pouco se propôs a ser algo bem simples ao nível que um incauto conseguisse ter a capacidade de entender e apreciar.
4. Os quatros últimos episódios, não acrescentaram nada, o anime continuou vazio.
Os últimos episódio tem um maior desenvolvimento de mundo, isso é muito importante para termos um maior entendimento de como funcionava aquela sociedade e assim dando ao anime a possibilidade de fazer uma crítica ao sistema. Parte dessa crítica é clássica porque é inerente ao gênero ser anti-sistémico, porém ganha contornos mais próprios pelos os governantes desse mundo serem duas corporações tecnológicas rivais que tentam se destruir de todas as formas. O futuro distópico em Cyberpunk não é fruto de uma guerra ou do controle direto de maus governos, mas do monopólio do capital financeiro de uma sociedade extremamente materialista, hedonista e em vias de superar a humanidade. O que nos traz algo atual, diferente de vários outros do gênero que foram criados em épocas vividas sobre o medo de guerra nuclear e regimes totalitários. Ainda dentro dessa crítica com a ampliação que os últimos episódios nos oferecem é possível também entender como essas empresas controlam tudo e todos, se aproveitando das pessoas e as usando de forma sórdidas para seguir seus próprios propósitos.
Outro ponto que a segunda parte aborda acrescentando a primeira de modo a se fazer necessária, é elevando o conceito filosófico de transgressão corporal visto principalmente no David. O qual tem ampliadas as suas capacidades de transgredir regras ao substituir partes do corpo por melhoramentos tecnológicos, fazendo uma crítica de até onde a humanidade seria capaz de acompanhar as maquinas e de se manter no controle, mesmo com alguém que seja especial.
O principal ponto que a segunda parte se faz necessária é para desenvolver e dar os desfechos a temática central da obra. Ao contrário do que o Alexandre Esteves supôs a obra não fala sobre drogas, a mensagem central que está presente nos dilemas dos principais personagens e faz a trama andar é sobre propósitos (sobre sonhos), as coisas que movem as pessoas. Ou seja, o anime trata indiretamente de uma das perguntas filosóficas mais antigas. Qual é o motivo da vida? Por que eu existo? O anime também não busca oferecer uma resposta objetiva e impessoal para essa grande indagação e sim tratar das origens desses propósitos (sonhos). Logo no segundo episódio o anime mostra que o propósito da Lucy é ir para a Lua, mas só no sétimo episódio com o passado dela revelado é que entendemos que a mesma foi criada para servir os propósitos (os sonhos) de outros (da companhia). Seus amigos perderam a vida pelos sonhos da companhia, diante disso a Lucy percebeu que aconteceria o mesmo com ela, e se indagou de que se vamos morrer por que não ir atrás dos nossos próprios sonhos. Então o propósito de ir a Lua da Lucy é o de ser livre para ter os seus próprios propósitos (sonhos). O que é um completo oposto do David que não tem um propósito próprio e seu propósito é o de fazer com que os sonhos dos outros sejam realizados, primeiro o da sua mãe, depois o do seu mentor, e em seguida da sua amada. Isso é profundo, é sublime, é fenomenal e faz uma referência ao clássico dos clássicos cyberpunk Ghost in the Shell, onde o casal de protagonista também são espelhos um do outro, são o inverso um do outro que se complementam como o Yin e o Yang.
É muito fascinante a Lucy refletir que perder a vida pelos sonhos dos outros não pode ser o motivo da vida, pois querer viver para morrer é contraditório, mas ao mesmo tempo ela só pode realizar isso com o David perdendo a vida dele pelo propósito dela. O David de certa forma aparecer na Lua no final, isso é mais do que uma referência, isso é mais do que uma parte romântica, porque o propósito do David era realizado no propósito dela, logo ele estava lá. Um último adendo, talvez o único sonho que seja realmente seu, seja o de buscar que exista o seu próprio sonho, o autor ter percebido isso e colocado na obra esse conceito me deixa tremendamente satisfeito. Foi genial! Arrebatador! Merece aplausos de pé!
Por fim nessa questão do porque da segunda parte se fazer necessária. Os demais personagens não têm um desenvolvimento significativo para sabermos exatamente qual a motivação deles além de ganhar dinheiro e acender socialmente. No entanto, é importante trabalharem as relações entre esses personagens para abordarem coisas que ponham em xeque conceitos como confiança, respeito, amizade, lealdade, tudo dentro de uma ótica individualista sem escrúpulos e extremamente materialistas dessa sociedade.
Essa temporada tem títulos demais, e ao mesmo tempo tem poucos que me chamaram atenção, portanto dessa vez vou analisar apenas o que eu acho que merecem algum comentário.
Boku no Hero Academia 5th Season — É um anime direcionado a agradar apenas o público Kid, não consegui assistir nem a primeira temporada, não será a quinta que me fará isso.
Ijiranaide, Nagatoro-san — Fiquei muito interessado por conta das polêmicas que promete que vai gerar. Contudo quem acompanha o mangá afirma que os bullying pesados só acontecem no início da obra, e depois passam a ser um tipo de fetiche, quase um carinho. Expectativas de ter os primeiros episódios interessantes, e depois só mais um romancinho bobinho qualquer.
Isekai Maou to Shoukan Shoujo no Dorei Majutsu Ω — Mais um daqueles animes que vou assistir por obrigação, já que assisti a primeira temporada, e certamente demorarei uma eternidade para finalizar. A primeira temporada ainda conseguiu manter uma certa qualidade em virtude da staff e de uma produção acima do que o roteiro merecia. Uma nova temporada continuando um roteiro que já era cheio de clichês, com uma staff e uma produção prometendo serem aquém do que foi a anterior. Pelo menos torcer para que o ecchi seja bom.
Fumetsu no Anata e — Se eu fosse só ler a sinopses diria que seria um anime com um grande potencial em virtude das premissas do protagonista, mas que a obra seria desenvolvida de uma forma bem tediosa. Contudo o mangá é altamente aclamado e a criadora original é a nada menos, nada mais, que Yoshitoki Ooima, então apertem os cintos, segurem firme e confiem que são altas as expectativas para ser o melhor anime da temporada.
Tensura Nikki: Tensei shitara Slime Datta Ken — Temporada filer, ninguém merece.
Shaman King (2021) — Nem quando criança gostava, desisti da primeira adaptação e não quis nem a colocar na minha lista de dropped. Contudo dessa vez estão prometendo que serão mais fieis, que terá menos filers, e irão mais longe no enredo adaptado, talvez até o fim. Mas ainda é um anime Kids, que deve ser gigante e certamente vão encher de censuras em algo que já é feito para crianças.
Fruits Basket: The Final — Provavelmente será tão fiel, tão bem produzido, tão bem dirigido, e tão bom como foram as temporadas anteriores. Só não aclamo mais esse anime, porque para chegar nas partes e nos episódios de maior reflexão e drama é preciso paciência, mas também não funcionaria de outra forma se fosse mais rápido.
Zombieland Saga: Revenge — Não assisto animes de idol, mas fiz uma exceção na primeira temporada desse anime e foi supreendentemente, incrivelmente, bom. Grandes expectativas para saber dos segredos que foram deixados em abertos na primeira temporada.
Hige wo Soru. Soshite Joshikousei wo Hirou. — A sinopse resumidamente desse anime é uma colegial fugida de casa que troca favores por abrigo. A garota encontra um homem mais velho que se recusa por motivos morais a aceitar esses favores, mas dá abrigo em troca de serviços domésticos. A turma da patrulha do politicamente correto, dos hipócritas, dos falsos moralistas, dos preconceituosos, já estão caindo com tudo encima desse anime, e só isso já é motivo mais do que suficiente para assistir e oferecer todo o meu apoio. Mas também prevejo que será bom e terá algumas cenas sensuais, designes bonitos e um romance bem levinho.
Nomad: Megalo Box 2 — Não, não, não, não podiam ter feito isso, a história da primeira temporada terminou tão bem fechadinha, e retornar com uma segunda temporada com o mesmo protagonista jogando fora todos os seus progressos. Caça-níqueis, pulei!
86 — Eu leio a sinopses e a minha empolgação com esse anime é absolutamente zero, contudo seu mangá é tão bem avaliado, é tão prestigiado, que eu vou ficar de olho nas críticas e se forem positivas posso aplicar a regra dos três.
Slime Taoshite 300-nen, Shiranai Uchi ni Nível Max ni Nattemashita — Uma bruxa imortal que passa milhares de anos de férias se tornar um dos seres mais poderosos desse mundo simplesmente matando similers, mas esconde seus poderes afim de continuar de férias. Em meio a um monte de clichês tem uma mensagem inusitada e problemática. Não vou assistir porque pelo trailer não promete uma grande produção e deve ser parado.
Koi to Yobu ni wa Kimochi Warui — Outro romance que chama atenção com uma proposta querendo causar falsas polêmicas, mas não vou assistir, porque a produção no trailer não parecia boa, e não gostei dos designs de personagens.
Sidonia no Kishi: Ai Tsumugu Hoshi — Filme que deve substituir parte ou toda a terceira e última temporada aguardada por anos. Essa obra como um todo tem algumas falhas graves, mas também tem acertos estupendos e que me deixam por demais de empolgado para assistir esse filme.
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Em defesa do nobre Guto.
https://youtu.be/Yhi5cjydnJw
https://www.youtube.com/watch?v=ySJw93TOuk8
2= eu facilmente listaria 40 obras... é muito complicado pedir assim. perdão².