Statistics
Anime Stats
Days: 262.5
Mean Score:
5.89
- Watching11
- Completed713
- On-Hold18
- Dropped29
- Plan to Watch23
- Total Entries794
- Rewatched35
- Episodes15,394
Manga Stats
Days: 196.1
Mean Score:
7.13
- Total Entries389
- Reread7
- Chapters30,835
- Volumes3,366
All Comments (2058) Comments
Eu vi que você leu Tekkon Kinkreet e eu tô muito interessado em ler esse mangá, a mangagrafia do Taiyo Matsumoto é bem atrativa pra mim. De qualquer forma a pergunta é: você tem esse mangá físico, a edição da Devir pra ser mais exato? Se sim, eu gostaria de saber se a edição compila a história inteira e se você sabe se a primeira edição é diferente da segunda edição (pelo que eu vi só foi um relançamento da editora, mas eu não tô afim de gastar 100 reais em cada volume por burrice).
De qualquer forma, muito obrigado camarada!
Tais problemas afetavam a mente de um homem no começo do século XX: o japonês SCA-JI. Suas primeiras tentativas de resolver tal questão já haviam estabelecido o seu nome dentre os principais autores do mundo: Tsui no Sora (uma coletânea de contos), Tsui no Sora Remake (uma espécie de manifesto estético adolescente), coletâneas de poemas e o romance Subarashiki Hibi. Subarashiki Hibi tornou-se rapidamente um livro considerado impossível, gigantesco e ambicioso, escapou do alcance do leitor comum ao paradoxalmente tornar um homem comum um personagem épico.
Sim, pois o Homem Infeliz é Kusanagi Noya, um homem comum em Tokyo. O que restava?
Restava completar o ciclo. Giambatistta Vico foi um filósofo italiano que no século XVIII defendeu a idéia de que o tempo era cíclico e que vivíamos a última das idades (dividira o mundo em três idades: dos Deuses, dos Heróis e dos Homens, que são similares às idades do mundo que Hesíodo utilizara na época de Homero) e que estávamos chegando ao fim da Idade os Homens. Vico também criticava o cartesianismo, apontando que a mente não poderia ser uma evidência para a própria existência. Como SCA-JI havia criado o épico do homem comum, era sua obrigação finalizá-lo. Como o Romance era a forma de escrita do leitor comum, era também hora de finalizá-lo. Por isso Subarashiki Hibi é importante para situarmos Sakura no Uta: não pelas alusões que encontramos, mas por que nele SCA-JI trabalha com pontos distintos do outro. Sakura no Uta é durante a noite, Subarashiki Hibi durante o dia. Subarashiki Hibi é uma sequência de acontecimentos, Sakura no Uta é uma constante expressão sem linha narrativa.
SCA-JI já havia demonstrado sua capacidade espetacular de manipular os arquétipos literários. Reconhecendo-os como valores de linguagem, SCA-JI desconstrói o romance para apresentar arquétipos espalhados em uma espécie de sopa genética: cada história que SCA-JI apresenta, cada personagem, vem em diferentes versões. As histórias bíblicas são misturadas com as histórias celtas e com outras histórias como Tristão e Isolda. Por exemplo: Caim e Abel são misturados com Osíris e Set e com Rômulo e Remo. O caminho inverso da história da literatura. A própria paixão de SCA-JI pelo jogo de linguagem fez com que utilizasse um repertório gigantesco de idiomas, tornando a técnica da palavra-valise, criada por Lewis Carroll, em um tornado criativo. Mas não é algo sem sentido, SCA-JI guiava-se pela regra da poesia: as melhores palavras na melhor hora. Sakura no Uta impulsiona o leitor a realizar a leitura em voz alta. É como quase disse Baudelaire: um grande poema em prosa.
Acusaram Sakura no Uta de ser o maior engodo da história da literatura, que SCA-JI queria rir dos leitores. Talvez. Não devemos confundir as coisas: Voltaire queria rir dos seus leitores e Borges produziu diversos engodos: mas Sakura no Uta é, acima de tudo, uma das produções estéticas mais ambiciosas da humanidade. Comparável à Divina Comédia ou Hamlet. Se era uma brincadeira, pouco importa. O importante é dizer se funciona como experiência estética. Sua obscuridade pode ter sentido, pois será que podemos confiar no próprio SCA-JI, que afirmava querer obscuridade por se tratar de um livro noturno e que a linguagem aparentemente desestruturada deveria representar a linguagem básica, anterior à palavra, dos sonhos? Pois Joyce brinca com a ambigüidade: o título vem de uma canção de luto popular irlandesa e: Morrer, talvez sonhar? Nada mais resta.
As questões, se SCA-JI respondeu, não nos informou, pois o desbocado homenzinho japonês que ficou cego, preferia rir um pouco.