Parte 2 – Impressões Finais da Temporada Spring 2023.
Majutsushi Orphen Hagure Tabi: Seiiki-hen — Uma visão do céu com uma jornada para o inferno. Resume bem uma obra com extremo potencial, maravilhosas ideias, mas tudo desperdiçado por um ritmo errado e por uma baixa produção.
Essa é a quarta temporada, o anime fechou a trama principal e somando com o episódio especial dão um total de 49 episódios. Eu não li a novel, mas sei que são 200 capítulos. Logo, acredito que devam ter adaptado tudo e que não deverá ter uma quinta temporada. Até porque fui informado por terceiros que o anime adaptou tudo o que foi escrito na novel.
Talvez a trama já fosse gigantesca para essa quantidade de capítulos da novel e o anime só tenha replicado o problema com uma quantidade insuficiente de episódios. Também não sei se foi cortado algo da novel, mas independente disso o principal problema desse anime é que tudo parece absurdamente comprimido. Logo, fica difícil de se envolver com alguns personagens, de entender o enredo, e de aceitar como se fossem naturais as reviravoltas. Sei que isso havia nas outras temporadas, mas nessa última a impressão é de como se tivessem colocado um conteúdo bem maior do que os das três outras anteriores juntas em uma só.
Tudo é extremamente rápido e fica maçante de acompanhar. Em um episódio é apresentado um personagem carismático, para no seguinte ele já morrer. Em um episódio começa um arco, para no outro acabar. Por conta disso o propósito de muita coisa parece sem sentido e as resoluções são mal explicadas. Pelo menos nas outras temporadas, mesmo com os poucos recursos, as cenas com lutas não pareciam aceleradas. Já nessa se alguém piscar os olhos perde tudo. O pior que é a temporada do conflito épico, do ápice da obra, e o anime simplesmente pula a batalha decisiva sem mostrar nada. Entendo que a obra foi desacreditada, que a produção é de baixo orçamento, mas é o final. Mesmo que não fosse mostrado no mangá, posto que o anime não tinha entregado nada de especial antes, precisava exibir algo grandioso e recompensador no epílogo.
Alguém pode acreditar que com todos os problemas que existem nesse anime eu deva o odiar, mas definitivamente não consigo, porque é apresentada uma enorme quantidade de excelentes ideias. O anime até começa a desenvolver bem algumas delas, o problema é que só começa e já pula para outra ideia maravilhosa que novamente terá o mesmo destino. Portanto, tenho uma sensação mista. Por um lado, fico extremamente feliz que tenham adaptado essa obra para anime e adoraria recomendá-la. Por outro lado, literalmente fico com os olhos cheios de água e o coração apertadíssimo por ver que algo com tamanho potencial não tenha recebido uma adaptação à altura. Além disso, por mais que não seja uma ótima adaptação é apenas mediana, e quando penso nos lixos que sai toda temporada, o meu humor melhora.
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta — Os desenhos de personagens são lindos, o anime tem boa ação, agrada um protagonista forte que era fraco, as garotas são cada uma melhor que a outra, mas tem uma droga de roteiro. Resumindo, a trama é exaltação de protagonismo.
O anime foi vendido como diferente por manter uma trama em outro mundo ao mesmo tempo que mantinha outra trama com o mesmo personagem no mundo real. A primeira impressão é que apenas a parte isekai seria vergonhosa, mas à medida que o protagonista vai ficando mais forte as aberrações vão escalonando no mundo real, de tal modo que esse acaba parecendo mais ordinário do que o mundo isekai. Todo o tempo o anime fica jogando coisas extremamente artificiais com intuito bem claro de exaltação ao protagonista, coisas que nos tiram da imersão. Não parece que o autor teve o mínimo de preocupação em criar nexos narrativos que fizessem a trama parecer verossímil e coerente.
Tem uma ou outra coisinha que talvez possa se salvar na história: uma ou outra lição de moral, um pouco de romance, um pouco de empatia, e o carisma das personagens femininas. Geralmente o que acerta é o básico dos animes, diria mais, é o básico de qualquer história de fantasia. Muito disso também é por não sair das fórmulas consagradas de sucesso. Tipo: um herói que salva uma linda princesa indefesa; os colegas invejosos que fazem bullying; um personagem muito fraco que se fortalece. O pior é que tinha uma parte super pesada da história do protagonista, que tanto no anime como no mangá é passada de uma forma tão rápida, mais tão rápida que rompe a velocidade da luz, portanto a maioria das pessoas não percebe.
A verdade é que só fui dar mesmo uma chance para esse anime porque ele também foi vendido como o anime do protagonista que pegava geral, que as coisas evoluíam muitíssimo no romance e que as garotas eram 10/10. No entanto, a verdade é que o protagonista até o fim dessa temporada não pega ninguém, são apenas garotas muito legais se atirando. Pelo menos os desenhos são bonitos e algumas cenas de ação são legais.
Kaminaki Sekai no Kamisama Katsudou — Inova, tem reviravoltas, mas se equívoca com elementos genéricos e com alterações que são vergonha alheia. Essa proposta também é delicadíssima e às vezes o anime quebra ovos. No mais, na parte visual a produção é baixa.
O que mais salta aos olhos é a animação em computação gráfica, principalmente quando aparecem os monstros 3D, pois é muito destoante e espanta o público. A rotoscopia também é presente em algumas partes e causa estranheza. Com certeza sempre que alguém lembrar desse anime, recordará dessas cenas. Claro que com uma animação minimamente de qualidade não traria essa impressão tão ruim e com uma de ponta teria um efeito positivo. Entretanto, não mudaria muito do anime porque não são tantas as cenas com essas coisas. Portanto, utilizar uma animação tão fraca para algumas cenas só pode ser fruto de baixíssimo orçamento, tendo em vista que a própria proposta da obra não necessita de muitas cenas fluidas.
Naturalmente existe uma boa vontade de todo mundo ser bem mais tolerante com obras japonesas quando estas tocam em questões religiosas, em prol de uma liberdade poética e uma compreensão de que o Japão não é um país dado a religião. No entanto, um anime cujo foco principal da trama é falar da religião e fazer críticas de maneira direta e explícita, difere de usar alguns elementos de crenças religiosas, ou de fazer críticas veladas e pontuais. Nesse sentido posso dizer que é uma proposta que inova e por mais que o anime tente ser cuidadoso para não ser tão ofensivo às vezes desliza. Basicamente a visão do anime é que a religião é um tipo de: sacrifício, de escambo, de governo, de prazer sexual, de música e de família alienada.
O principal acerto nessa obra são as reviravoltas, as quais de fato conseguem surpreender muito, mudando conceitos que já estavam formados ainda na premissa. Tudo nesse sentido é feito de uma forma coerente, que pareça natural e instigante. Isso faz valer muito a pena assistir à obra. Entretanto, também existem coisas não tão interessantes por serem genéricas, como os traços, os arquétipos, os cenários, as idols e o fanservice.
Li alguns capítulos do mangá e comparando com o anime não muda muita coisa, mas não é uma adaptação 100% fiel e as mudanças que verifiquei foram todas para pior. Uma das cenas que mais detestei que mudaram foi uma que envolve a Bertrand. No anime a colocam vestida como se fosse uma sambista de carnaval, isso foi tosco, foi vergonhoso e incoerente. Em outras palavras, o anime não tem um bom diretor.
"Oshi no Ko" — Relutei em assistir e iniciei acreditando que não valeria nada, mas terminei a temporada tendo a certeza que foi uma das melhores obras já criadas pela humanidade. Garanto fortes emoções e aulas de como fazer um bom anime.
Esta é uma das críticas mais difíceis que já escrevi. Posto que, é fácil e bom falar dos erros, o difícil é comunicar dos acertos e fazer isso de um anime quase perfeito é um desafio. Portanto, vou focar naquilo que considero os pontos mais fortes desse anime, que o fazem ser tão amado e reconhecido, que é justamente conseguir passar muita emoção e ter conteúdo.
A maioria dos críticos procura não falar sobre emoções, porque é algo tido como subjetivo e por estigmas da sociedade, mas a verdade é que isso é a alma dessa indústria. O que faz alguém ofertar a coisa mais valiosa que o ser humano possui que é o tempo? Sobre tudo é nisso que se baseia o entretenimento. Não interessa uma alta complexidade, algo mirabolante, algo inovador, algo extremamente realista. Absolutamente ter todas essas coisas nada significa se não conseguirem passar emoção, pois é esse o intuito dos realizadores e aquilo que o público almeja. Assim como valores críticos, artísticos e culturais, são secundários, muitas vezes temporais e apesar de não serem rotulados assim tem graus de subjetividades maiores do que o das coisas que transmitem emoções.
Uma das marcas registradas dessa obra, é que em todos os episódios, ou quase todos, fecham com um ápice, deixando um suspense que cativa o interesse pela continuação. Alguns dirão que essa técnica do gancho é velha e isso é verdade, mas funciona e poucas obras conseguiram executar tão bem em tantos episódios como nessa. Também é algo que por deixar de ser tão usual e acertado nos animes até parece inovador. Obviamente foi um ótimo trabalho do diretor de composição de série que soube dividir bem o material dos episódios. Não só desse diretor de composição, mas da equipe toda, pois eu li o mangá e essas cenas não teriam o mesmo peso sem a escolha certa das músicas, dos enquadramentos, do ritmo, das cores, das sombras e da incrementação de mais quadros.
A arte animada possibilita sensações sensoriais maiores, logo detém de mais possibilidades de provocar emoções. Entretanto, conheci a trama antes de ver a maioria dos episódios e a história é viciante por si mesma. Por mais que a equipe do anime tenha muitos méritos e grandes feitos, preciso reconhecer que o autor do material original e a desenhista do mangá tiveram a maior contribuição.
Os personagens dessa história nos fazem ter empatia por eles, a ponto de termos os seus desejos, suas ansiedades, suas raivas e suas tristezas. Uma das maiores marcas para sabermos se os personagens são bons é quando a obra consegue nos colocar neles e sentirmos com eles. Esses personagens também tem arcos completos, mas são bons essencialmente porque nos comovem.
As cenas mais impactantes em ordem são:
Todas as cenas da parte final do 1.º episódio são espetaculares e é o que vende mais a obra. Só preciso comentar que faltou uma coisinha que tem no mangá durante a morte de uma personagem e que se tivesse sido mostrado no anime evitaria algumas críticas bobas.
A cena do final do 7.º episódio, sem exagero algum, a assisti novamente pelo menos uma centena de vezes de tão boa e tão emocionante que ficou. Interessante que não é tão diferente no mangá, mas o pouco que mudaram a melhoram tremendamente. Fizeram que uma cena simples ficasse grandiosíssima com apenas um movimento de câmeras, sombras e uma acertadíssima trilha sonora. Pode não ser a mais impactante, porém é a minha favorita. Depois dessa cena não tinha como não reconhecer que esse anime era uma obra-prima.
As cenas do final do 10.º episódio, melhoraram absurdamente em comparação ao mangá. Pois, foi estendida, os diálogos ficaram mais profundos, o cenário foi alterado, fizeram novos enquadramentos, colocaram sombreamentos que não existiam, deram cores espetaculares e colocaram uma fantástica trilha sonora. Se a cena do episódio sete me fez reconhecer ser esse anime uma obra-prima, essa do episódio dez me fez colocar no top dez de todos os tempos. Essa cena foi tão profunda e mexeu tanto comigo que chorei do começo ao fim, me deu satisfação e um sorrisão. No mais, se eu pudesse retocar a Mona Lisa colocaria apenas mais camadas com mais detalhamento nessa linda fotografia.
A cena do final do 8.º episódio também foi melhorada no anime por conta do enquadramento e do uso de movimento de câmeras. Naturalmente o enredo tornaria essa cena empática, com um tom meio triste seguido por um de satisfação, mas a obra deixou mais dramática com as ótimas expressões faciais da personagem.
No final do 9.º episódio teve um acréscimo de um clip com uma música inteira, o qual no mangá isso era representado somente por um quadrinho. Com certeza enriquece a obra, mas por mais que eu veja valor nisso, o que realmente me impacta é a parte da pontuação de uma personagem. Logo, talvez tenha ficado melhor no mangá, porque sem esse clip no meio da cena as pontuações contrastavam melhor.
A cena do final do 6.º episódio, tem algo muito pesado, não tinha como não ser impactante, mas eu preferi bem mais no mangá por conta que deixaram a personagem histérica e também a trilha sonora não foi a melhor escolha. Uma curiosidade, é que vi um youtuber que odeia a obra comentar que esse episódio era irreal, artificial. Somente para ele quebrar a cara logo em seguida, quando veio à tona as manifestações de uma mãe criticando a obra por realizar algo muito idêntico ao caso real da sua filha.
As cenas do final do 5.º episódio, acredito que nem preciso dizer que viralizou o vídeo da música do Pieyon, muita gente compartilhando, muita gente fazendo uma versão live-action, até a intérprete japonesa da Ruby participou de uma dessas versões. De forma geral curti essa cena, mas o anime não usou o mesmo enquadramento do mangá e o clip ficou um pouco esquisito. Os pensamentos em forma de fala também atrapalharam a cena no anime.
A da escritora de mangá se emocionando no 4.º episódio, é o tipo de cena com conteúdo, com um valor crítico, mas o mais importante é como isso é transmitido. A personagem passa a emoção de assistindo uma adaptação do seu mangá e nós choramos assistindo-a chorar. Foi genial!
A cena do final do 3.º episódio foi ótima, porque deu presença de palco ao protagonista, o deixou imponente e gerou um suspense para a continuação dela que viria no início do episódio seguinte. Para mim essa foi a parte que virei a chave sobre que não seria só um prólogo e que eu precisava aumentar a nota da obra. Também vi um youtuber reclamando que a cena de encerramento do episódio três deveria ter sido um pouco mais adiante. O problema é que não geraria um suspense para uma continuação e essa cena mais adiante é a do início do episódio quatro que não ficou tão boa quanto poderia. O fato é que quiseram incrementar coisas que tiraram um pouco da grande imponência que a cena do quarto episódio tem no mangá. Nessa cena no mangá o protagonista passa muito mais a ideia que está fazendo uma atuação talentosíssima, sendo de fato uma estrela. Também não é somente uma questão de passar a ideia, é de fazer dizendo que vai fazer algo brilhante. Isso é extraordinário!
A cena do show do 11.º episódio, passou emoção, tem mérito por fazer muita coisa em 2D, e novamente o anime expandiu, colocando uma música, criando coreografias, em síntese deu excelentes complementos. Esse arco todo desde o início com a preparação para o show me deixou emocionado o tempo todo com lagrimas e risos. No entanto, eu tenho que ser chato, porque a parte visual dessa cena do show ficou aquém do que eu esperava, do que poderia ser e do que deveria ter sido, principalmente em alguns instantes que focou no público e em questão de detalhamento de cenários. Deixando claro que com isso não estou dizendo que ficou ruim, essa cena é sensacional e digna de fechamento de uma temporada, apenas merecia mais carinho. Se eu fosse o diretor fechava nessa parte ou na cena do carro, porque dava um sentimento maior de conclusão. A cena do carro é uma parte excelente que se mais explorada seria bem melhor.
Outras cenas que merecem menção estão no 1º episódio e são: a morte de um personagem no início; a dança dos bebês que viralizou nas redes; a do Amaterasu; a da Ruby brigando com o Aqua por não ter sido acordada.
O anime trata de alguns temas da indústria do entretenimento, tais como: talento não é o mais importante; obstáculos burocráticos; dificuldades financeiras; comportamento de celebridades; problemas para manter uma imagem ideal; relação de estrelas com os fãs e dos fãs com as estrelas. Em cima dessas temáticas o anime traz conhecimento desse mundo artístico e faz críticas contundentes. Isso é algo muito satisfatório, pois não deixa o sentimento que outras obras trazem de que estamos desperdiçando o nosso tempo sem receber algo agregador em troca. Além do que, são abordagens com perspectivas novas que não precisam ser complexas e profundas para alcançar um maior público.
O tema da indústria do entretenimento é recorrente porque a trama está ambientada nessa indústria, mas esse não é o tema principal do anime e nem o único dos temas secundários. Inclusive a obra trata de outros temas secundários com muita mais profundidade do que esse. Temas como: amor, família, superação, hipocrisia, amadurecimento e responsabilidade. Estão muito entrelaçados com o tema principal da obra que é sobre vingança e mentiras, de tal forma que se confundem e por vezes são a mesma coisa. Eu entendo que coisas comuns são mais facilmente percebidas, mas somente análises rasas que não compreendem a filosofia dessa obra é que só veem a superfície do iceberg.
Outro ponto que poucas pessoas se atentam é sobre a riqueza do simbolismo que essa obra usa e da fonte primária de inspiração do dualismo filosófico, mitológico, místico e lendário advindo da pré-história do Japão. O deus criador do xintoísmo Izanagi teve uma filha chamada Amaterasu, a deusa do sol que nasceu do seu olho esquerdo e da qual descende a família imperial japonesa. Já do olho direito de Izanagi nasceu o seu filho Tsukiyomi, o deus da Lua. Não é somente nas cores e nas estrelas do anime que fica claro esse simbolismo, mas também nas personalidades dos personagens.
Pensei em falar também da abertura e do encerramento de episódios, mas eu preciso mesmo? Provavelmente serão as melhores do ano, assim como todo o anime.
Mashle — No início acreditei ser um desperdício do meu tempo, uma babaquice. Não vou dizer que o anime mudou completamente, mas com o tempo foi me ganhando, as piadas começaram a funcionar e principalmente a jornada ficou instigante.
Só consigo assistir e gostar um pouquinho dos primeiros filmes de Harry Potter. Já One Punch Man é muito mais agradável de assistir, mas também não é uma obra-prima. Estava bem incrédulo que uma fusão desses dois conceitos pudesse funcionar e o início de Mashle só fortaleceu muito essa minha visão, mas com o tempo acabou sendo uma das obras mais agradáveis de assistir dessa temporada. Não pela magia, nem pela parte cômica, mas sim por ter os elementos mais clássicos de uma aventura shounen. Que são: um protagonista bobão imbatível; um grupinho de super amigos acompanhando o protagonista na jornada; anti-heróis; um romance que quase não anda; e sobre tudo boas lutas. Fiquei interessado em saber qual será o final dessa jornada, o quão fortes serão os inimigos que Mashle vai enfrentar, e até onde irão os poderes dele e dos seus colegas (poderes que naturalmente irão escalonar).
Jigokuraku — Gostaria de oferecer uma nota dez para esse anime, tem mais texto que muitos animes prestigiadíssimos, mas tem uma produção bem aquém do seu enorme potencial. Com isso também não estou dizendo que tenha uma produção e uma direção terríveis.
O tempo todo nesse anime sempre está acontecendo algo importante, tudo com ação frenética e com consequências. Isso é bom, pois cai nas graças do grande público, mas o anime teria sido frenético do mesmo jeito se o ritmo fosse um poco mais lento na quantidade de capítulos adaptados por episódio, porque no mangá é tudo rápido e cheio de lutas. Não me parece uma boa decisão acelerar o que já é agitado, até porque o mangá só tem 128 capítulos e o anime adaptou 43 capítulos e meio. Para ficar com o ritmo de três capítulos por episódio que é o mais usual e tido como o mais próximo do ideal, precisaria de mais uns 3 episódios.
O fato do anime ter muito conteúdo para adaptar em poucos episódios, resultou em cortes do material original na adaptação e em não aumentarem quase nada. Basicamente o que a direção fez foi um copiar e colar do mangá, dando inclusive os mesmos enquadramentos, sem praticamente melhorias. Em outras palavras, foi uma direção bem preguiçosa, pertencente a um estúdio super lotado, que oferece animações visualmente razoáveis e nada mais.
Essa questão da parte visual é uma decepção, pois apesar de o anime ter belas cenas, confesso que pelo trailer imaginei que seriam algo espetacular. Principalmente nas cenas de luta era onde esperava muito mais aprimoramento, mas a produção estava aquém das minhas expectativas e o que entregaram foi apenas um aceitável. O diretor não melhorou nada nas batalhas em relação ao material original em nenhum sentido possível. Nem com uma trilha sonora mais decente que passasse melhor o drama e desse o clima de impacto. Posso dizer que com esse trabalho de direção que talvez até tenham piorado as lutas, tendo em vista que não souberam dar ápices a altura do potencial que essa história oferece.
O anime censurou consideravelmente o ecchi, diminuindo bastante as cenas, mas o que realmente vai marcar essa obra serão os seios sem mamilos, os quais viraram piada. Isso é irônico e bem inesperado, porque desde o início e o tempo todo o anime é muito violento. O sangue é vermelho e jorrou solto com todo tipo de gore. Claramente não é uma obra para crianças, não vai sair em muitos canais mundo afora e não vai receber uma classificação baixa para justificar certas decisões.
Outra censura que o anime fez foi a omissão de uma piada com um cego, a cena fica estranha porque logo em seguida falam da piada que não existiu no anime. Obviamente censurar apenas algumas coisas é contraditório, deixando isso ser uma clara sinalização de "virtudes" para a agenda do politicamente correto.
Definitivamente história não era o que eu esperava de um anime shounen de batalhas, mas a obra superou em muito as minhas expectativas nisso. Justamente o que eu estava mais receoso demonstrou ser o grande trunfo. Não é uma história extremamente complexa, mas tem subtextos e um bom conteúdo com certa profundidade filosófica e religiosa. A temática principal do anime é a busca pela imortalidade, que aos poucos a obra vai dando contornos e perspectivas próprias. O anime também trata da filosofia do equilíbrio (yin e yang), muito presente na cultura oriental e já retratada diversas vezes em animes, mas nessa obra isso é explorado com profundidade, ousando na relação que tem com os sexos.
Lamentei não ter dado um dez a esse anime por conta de ser uma trama imersiva que merecia um estúdio que a tratasse melhor. O que mais torna envolvente este enredo são os personagens, com seus passados desenvolvidos, com profundidade psicológica, com propósitos, com personalidades que evoluem durante a jornada, com identidades bem distintas, com camadas que vão sendo reveladas, com dimensões que os tornam humanos, e tudo isso é uma combinação para passar muitas emoções. Um dos pontos mais explorados dos personagens são as suas motivações, das quais suas fraquezas podem ser força, isso estando ligado diretamente a filosofia dessa obra, mostrando ser um texto coeso que se autoalimenta, portanto, é uma trama maravilhosamente bem escrita. Outros pontos interessantes abordados sobre alguns personagens são suas determinações para assumir fardos, seus interiores vazios, suas empatias pelas vidas ceifadas, suas dúvidas, seus medos. No mais é uma obra cheia de surpresas, fascinação, suspense e dramas.
Kimi wa Houkago Insomnia — O anime não é tão monótono como temia, mas ainda é bem difícil de ser assistido. Mesmo o romance progredindo, fugindo de clichês, sendo muito belo, tendo personagens carismáticos, e histórias comoventes.
Assistindo apenas um ou dois episódios quaisquer dessa obra, não passam de forma alguma a sensação que é monótona, sobre tudo porque os personagens são bons e é gostoso de ver a relação entre eles. A minha primeira impressão foi positiva e de surpresa, pois eu estava esperando que fosse ser um marasmo. No entanto, o problema é assistir mais episódios, porque dá uma indisposição tremenda. É tipo uma sensação de como se a obra não tivesse mais nada a oferecer.
Está faltando algo para fazer as pessoas a quererem ver o próximo episódio e nesse sentido é maçante. Talvez isso seja pela falta de uma grande problemática para cativar, mesmo que nos momentos que eu estava de fato assistindo não tenha me incomodado com isso. Pode ser que seja porque ver um episódio dá a impressão de como se já soubéssemos de tudo, mesmo que a obra esteja fugindo de clichês. Talvez a falta de cliffhangers nos finais de episódios às vezes façam muita diferença. Não sei ao certo qual é o exato motivo do problema dessa obra, que apesar de ser ótima em alguns sentidos é cansativa em outros.
Acredito que teria funcionado bem melhor se eu tivesse visto dublado. Para esse anime especificamente também recomendo assistir vários episódios de uma vez, pois o torna menos exaustivo do que ver semanalmente. Isso é lastimável, pois é um anime tão belo em tantos sentidos.
Melhor Personagem Masculino da Temporada Spring 2023:
Aquamarine
Melhor Personagem Feminina da Temporada Spring 2023:
Kana Arima
Melhor Design de Personagem da Temporada Spring 2023:
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta
A gravidez da Ai é igual a de qualquer adolescente?
Primeiramente é falso dizer que todo mundo isenta o fato da Ai engravidar com 16 anos, nem mesmo o próprio Guto isentou isso, tendo em vista que no vídeo ele afirma esse ser um grande problema. Ser um problema também não é necessariamente condenar a garota dizendo está errada, dizer isso como o Ig0y fez é um juízo de valor, altamente subjetivo e baseado somente na idade é abominavelmente preconceituoso. No entanto, concordo que as sociedades mencionadas no vídeo não veem com bons olhos a gravidez na adolescência. Por terem uma mentalidade dominante progressista no sentido que a mulher antes de formar uma família deve ser independente com uma carreira profissional e um ensino superior. Não seguir essa cartilha gera certas indignações ideologizadas de lacradores que tentam construir uma moral pós-moderna. A despeito disso, as mulheres devem ter todo o direito de escolherem o que elas quiserem para suas vidas, devem ter o direito de buscar a felicidade sem imposições.
Gravidez na adolescência é algo escandaloso quando acontece com pessoas comuns? Garanto que não é algo anormal para estampar os jornais e sejamos honestos que na nossa sociedade a população somente se importa com a conta. No Brasil cerca de 14% de todos os partos são de mães adolescentes. Esse indicador ano após ano vem sofrendo uma redução, devido ao envelhecimento da nação, a existirem anticoncepcionais, a abortos serem cada vez mais populares e a maior instrução da população. Se por um lado os partos estão reduzindo em idades mais novas, por outro lado, cada vez mais cedo os jovens iniciam as suas atividades sexuais. Quase 50% dos jovens tiveram sua primeira relação sexual na adolescência, 30% antes dos 15 anos e pelo menos 1/3 sem uso de proteção. Pessoas comuns tendo recursos não sofrem coerção, diferentemente de ídolos musicais jovens da cultura japonesa (idols). Para as idols até mesmo uma troca de carinhos mais íntimos é um problema, namorar enquanto seguir essa carreira é terminantemente proibido, ter relações sexuais e engravidar é um gigantesco escândalo.
De fato, a carreira de um idol é curta e não passa dos 30 anos, logo fazer a protagonista ter um filho aos 16 anos parece ser o mais conveniente. Qual o problema com isso narrativamente falando? Existe algum demérito nisso que justifique essa crítica do vídeo do Ig0y? É um encaixe narrativo coerente com a proposta. Além disso, discordo categoricamente com a afirmação feita no vídeo do Ig0y que a obra não está fazendo uma crítica a forma de vida de mentiras que a personagem está inserida, isso é comprovado por ela ter uma gravidez escondida. Por fim, concordo que o anime parece não se importar em querer fazer uma crítica negativa comum a gravidez na adolescência, até porque não é uma personagem comum e não tem problemas comuns.
O anime obrigatoriamente teria que retratar de forma negativa a gravidez na adolescência? Por que o ig0y é tão etnocêntrico e quer impor críticas que colaborem com seus valores em tudo? O Japão detém uma taxa de 0,4% de adolescentes entre’ as mulheres que dão à luz, isso é 35 vezes menor do que a brasileira, que por sua vez é 4 vezes menor que a subsaariana. Essa taxa japonesa é a menor de gravidez entre adolescentes de todo o mundo. Também é preciso dizer que o problema de baixa natalidade que o Japão vive atualmente é a maior preocupação de todos os japoneses, não são os terremotos, não é a economia, não é a China. Logo, mostrar desaprovação por algo que a nação está buscando desesperadamente não faz sentido.
Não jogar uma pessoa na fogueira é ser favorável aquilo que ela fez? Onde foi que o Guto disse que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Pelo menos não vi isso no vídeo do Guto. Onde o Ig0y viu todo mundo dizendo que não tinha nenhum valor na menina ser criticada por ter 16 anos? Certamente em alguns bolsões conservadores da sociedade ainda exista alguma resistência a não aprovar comportamentos sexuais fora do casamento, implicando também em certos tipos de gravidez na adolescência. Não é todo mundo como foi dito, todavia vou dar algum crédito ao Ig0y, porque de forma geral, a mentalidade da sociedade ocidental é permissiva a prática de relações sexuais libertinas com algumas poucas exceções. O problema é que o Ig0y parte de um pressuposto bastante superado que as pessoas condenam, quando elas de fato só não querem é ter despesas. Logo, não tem porque “todo mundo” sair fazendo críticas sobre essa garota, quando não a repudiam. Para reforçar, no Brasil, 26% das adolescentes se casaram ou foram morar com seus parceiros antes de completar 18 anos. Não sei onde o Ig0y vive, talvez seja onde a população é muito conservadora nesses assuntos, mas pessoalmente acredito que não deva ser nesse planeta.
Teve um momento do vídeo que o Ig0y ainda falando sobre gravidez da Ai perdeu a paciência e começou a dizer impropérios, o qual é o argumento de quem não tem argumento. Isso porque alguém falou da gravidez de adolescentes na África. Em resposta o Ig0y inquiriu o nome de cinco países desse continente, entendi que não foi negando propriamente, mas foi um argumento de autoridade e de ataque ao argumentador. Sei decorado o nome de quase todos os países da África, mas saber disso não significa absolutamente nada para o argumento que adolescentes engravidam. Só para constar com dados da ONU, todos os países da África Subsaariana têm essa situação. Para terem uma noção, de todos os nascidos de mães entre 15 e 19 anos de todo o mundo, 48% deles nasceram somente na África Subsaariana. Estudo do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, revela que em países da África Subsaariana, mais de 60% das gestações ocorrem em meninas com menos de 17 anos.
Na análise feita no vídeo do Ig0y, foi contestado o fato da informação de gravidez da Ai não ter vazado. É comum os escândalos vazarem? Sim, mas quantos tantos passam décadas até serem descobertos e quantos tantos nunca são revelados. É impossível calcular se tem mais escândalos que vazam dos que os que nunca vazam. Só tem como especular que são muitos os que nunca chegam a público, com base que são muitos os que demoram muito tempo a vazarem. Existem inúmeros casos de celebridades internacionais super famosas que conseguiram esconder a gravidez e não custa lembrar que a protagonista é somente uma subcelebridade japonesa. Não existe nenhuma incoerência nisso, até mesmo dizer que é conveniência é complicado quando não se tem como calcular probabilidades. Ademais, o anime tratou dessa questão dizendo que a Ai foi para uma cidade pequena e que usou um pseudoanônimo. Tem também uma cena no anime onde uma idol é notícia casando e estando grávida, em outras palavras, casou para não escandalizar.
Algumas ponderações sobre críticas a gravidez da Ai.
Uma crítica moral é bem complicada, pois a sociedade japonesa tem seus próprios valores, que não podem ser medidos com régua ocidental, a fim de que possam exigir que o anime faça uma condenação por ser uma gravidez fora do casamento. Além do que por Ai estar no mundo artístico, é uma personagem desapegada a valores morais, mesmo os pertencentes a cultura japonesa. Vale também destacar que a crítica moral da idade seria mais do conservadorismo das tradições. Já para questões religiosas seria apenas em virtude de não ser casada.
Críticas familiares tem seu próprio aspecto, mas estão muito ligadas a críticas morais e psicológicas. Dito isso, as definições de família e de estruturação dela estão mudando continuamente. Assim como também é muito complicado dizer se alguém com 16 anos não tem uma estrutura psicológica para ter uma família. Na minha opinião, essa mentalidade pós-moderna de protecionismo exacerbado sobre os jovens, sempre os tratando como incapazes e inaptos, defendida pelo Ig0y, causam muitos danos a sociedade, gerando coisas como os hikikomoris. Outro ponto, é que a Ai não tinha família para surgirem conflitos durante a gravidez, exceto se ela tivesse um relacionamento sério com a pessoa que a engravidou. Ademais, é interessante notar que pelo menos nesse início da trama a relação amorosa da Ai não foi tratada como um abandono. Talvez isso seja um reflexo da sociedade atual japonesa, ou talvez queira passar alguma mensagem, mas o fato é que o Ig0y não se atentou para essa questão no vídeo.
Sobram as críticas a saúde física e o anime as fez. Foi dito que no caso da Ai poderia ter que ser uma cesárea, o anime também criticou a demora dela em ter a primeira consulta e ao tamanho da personagem para ter os bebês. Posto isso, senti que as preocupações foram mais por estar grávida de gêmeos do que por ter 16 anos. Críticas maiores só caberiam bem se estivessem falando de uma criança ou um pré-adolescente, mas 16 anos é quase um adulto e em alguns países 15 anos já é um adulto. Gostaria muito que o Ig0y entendesse que gravidez não é uma doença, que mulheres são biologicamente feitas para ficarem grávidas e que 16 anos não é uma idade de risco.
O tema é comum, logo é ruim?
Concordo que no gênero os temas desse anime são comuns e diria mais que são velhos. Entretanto, isso não significa que os temas nesse anime não tenham seus próprios méritos, que não consigam surpreender, que não consigam cativar e que principalmente não consigam emocionar. O anime trata de alguns temas da indústria do entretenimento de forma secundária, tais como: talento não é o mais importante, dificuldades burocráticas, dificuldades financeiras, comportamento de celebridades, dificuldades para manter uma imagem ideal, relação de estrelas com os fãs e dos fãs com as estrelas. São coisas comuns, portanto, são as mais facilmente percebidas, mas não são o tema principal e mesmo sendo abordagens com perspectivas novas e enriquecedoras, não precisam ser complexas e profundas. O que frustra bastante é ver críticas aos temas desse anime sendo rasas, pelo simples fato de não se atentarem sobre o que realmente a trama quis falar. Temas como: amor, família, superação, hipocrisia, amadurecimento e responsabilidades. São tratados com muita mais profundidade do que o da indústria do entretenimento e ignorados pelos críticos. Para finalizar, o tema da obra é sobre vingança.
Gorou o virtuoso que morreu e reencarnou.
O Guto está correto e o Ig0y está errado por querer desumanizar o Gorou. Entendam, médicos são humanos como qualquer outra pessoa, que no exercício da sua profissão é preterido que não expressem juízo de valores, mas isso não quer dizer que eles não possam e não julguem em fóruns íntimos. Acompanhamos o Gorou não somente enquanto está realizando as suas atividades de médico com sua paciente, mas acompanhamos até no íntimo dos seus pensamentos. Isso é importante para evidenciar o caráter virtuoso do Gorou, em não ter juízos condenatórios, em não ser preconceituoso, em não deixar de ser fã por conta de uma gravidez e em querer ajudar a trazer a vida. Ao contrário do perseguidor, que também era um grande fã, mas não tinha virtudes, era tóxico, não respeitava a liberdade da Ai e queria trazer a morte. Também é preciso ressaltar a existência da Ai paciente e da Ai idol, o Gorou poderia não ter a mesma opinião de fã alinhada com as de médico. Para concluir, é impossível não comparar como o Ig0y, que pediu que Ai fosse condenada, que disse claramente que a Ai estava errada, que queria jogar a menina no inferno por ficar grávida. Tirem suas próprias conclusões sobre com quem o Ig0y se parece.
A morte do Gorou foi ruim como diz o Ig0y? Tenho duras críticas do encontro do Gorou com Ryousuke, e para quem tinha lido a sinopse do anime já sabia que em algum momento o Gorou iria morrer. Independente disso, a cena da morte em se, do momento que ele é empurrado em diante, consegue causar um certo choque, cria uma expectativa até o último instante de que o Gorou pudesse escapar e gera um certo mistério pelo corpo não ter sido encontrado. Tem como dizer que uma cena com esses elementos é ruim? Infelizmente, confesso que não me emocionou tanto, mas a culpa foi minha porque tinha pego spoilers e bem maiores do que os que estão na sinopse. Mesmo assim, consigo reconhecer o potencial e imaginar como deve ter sido impactante para quem foi ver sem saber de nada.
O Ig0y afirma que a reencarnação do Gorou foi uma propaganda pró-aborto, porque fica implícito que o corpo de Aqua não tinha alma antes do Goru morrer. Nessa questão de o feto ter alma/espirito, vou tomar como exemplo o que pensa a cultura judaica cristã. Para quem desconhece, isso é uma questão milenar no cristianismo e no judaísmo, é contencioso sobre qual é o momento que o corpo passa a ter alma. Independente disso, são religiões antiabortistas por entenderem que a vida se inicia no momento que a biologia determina, que é na concepção. Logo, é irrelevante a questão de qual é o instante específico que o corpo adquiri uma alma, porque não existe vida humana mais valiosa do que a outra. A vida é um dos pontos mais fundamentais dessas crenças e o assassinato para essas religiões é pecado. Entendo que certas concepções teológicas dão mais margens para que pessoas possam tentar defender o indefensável, mas daí fazer uma ilação que por pessoas exporem certas ideias necessariamente defendam outras é de uma plena ignorância. No mais, não foi afirmado se no universo desse anime todas as almas reencarnam no mesmo momento.
Fazendo alguns esclarecimentos do que pensa o cristianismo. Primeiramente há duas opiniões com bases escrituristica sobre como a alma humana é criada, são o traducianismo e o criacionismo que atualmente é a corrente majoritária. Um adendo esse criacionismo não é o que faz contraponto a teoria da evolução. Voltando, a corrente do traducianismo acredita que as almas são criadas com os corpos físicos e a corrente do criacionismo que as almas são infundidas. Em qual momento elas são infundidas, aí tem tese para tudo, tem até de estágios da alma. A palavra grega peûma (espirito), significa: sopro, vento, ar, sopro divino, portanto existem aqueles que advogam que somente o recém-nascido após respirar é que tem espírito. A briga ainda é bem mais complicada, porque tem também a teologia da dicotomia (alma e espírito são a mesma coisa) e da tricotomia (alma e espirito são coisas diferentes).
O único instante que o anime fala sobre aborto é quando é sugerido a Ai. Isso se dar no momento que antecede a cena do telhado, na qual é onde ela responde à indagação dizendo que não tem família, que sempre quis ter uma e que sua família será feliz e divertida. O anime super pró família, que incentiva a não fazer aborto e trabalha com o grupo que é mais vulnerável a cometer esse ato, acusado por Ig0y de ser abortista. Ridícula essa declaração do Ig0y, é tão ridícula que prefiro acreditar que foi uma piada de extremo mal gosto.
Tem um momento do vídeo que o Ig0y fica desmerecendo o parto da Ai, perguntando quem fez, quem assinou. Essas indagações não têm lógica alguma para tentar refutar o argumento que o Guto vinha construindo. Também demonstram uma falta de atenção, posto que logo em seguida o Ig0y afirma que a Ai não ligava para quem iria fazer o parto, quando no anime a Ai disse no seu último diálogo com o Gorou que não queria outro médico. Ademais, faltou a compreensão do propósito e do foco que não é na Ai, mas no protagonista. Foi o Gorou que prometeu a Ai que faria aquele parto para que as crianças nascessem saudáveis e não o contrário. Além disso, ele refletiu ter encontrado o seu propósito em ter se tornado médico naquele parto, para garantir que fosse seguro. Não fazer isso é deixar um propósito inacabado o que justifica a sua reencarnação.
Em relação a suposta incoerência por conta do sumiço do Gorou. Primeiro, alguém encontrou o Gorou, basta observar que na última cena que ele aparece tem alguém se aproximando dele (14:55 a 14:57, lado direito da tela). Vemos a pessoa por detrás e no escuro, mas aparenta estar com um capuz parecido com o do assassino, logo provavelmente foi o próprio assassino que foi esconder o corpo. Segundo, é falso dizer que ninguém procurou e que ninguém notou o sumiço do médico, posto que teve um funeral simbólico. Terceiro, o Japão tem cerca de 80% do país coberto por florestas densas e relevos montanhosos. Facilmente alguém se perde e jamais é encontrado em uma pequena área de floresta, imagine em uma grande floresta. Quarto, segundo o New York Post, desde meados da década de 1990, cerca de 100 mil pessoas por ano desapareceram no Japão, simplesmente “evaporam” sem deixar rastro nenhum.
Ai aquela baranga.
O Ig0y ficou revoltadíssimo, porque a “mocreia” da Ai não virou uma baleia, cheia de celulites, com estrias e cicatrizes depois de um parto. Como pode ela não ter bulimia?! Seria o autor um imbecil por não mostrar esse clichê da lacração?! Afinal quem se importa dela ser bem jovem e ter optado por um parto normal (11:47 do anime) para não ficar com cicatrizes. Pessoalmente tenho várias lindas amigas que depois que tiveram um filho, voltaram rapidamente e sem esforço a ter o mesmo corpo de antes, algumas delas ficaram até mais bonitas. Também é preciso observar que nessa trama teve um salto de tempo entre o parto e a volta da Ai para os palcos. Como sei disso? O médico já tinha sido dado como morto, os bebês não tinham a aparência de recém nascidos, as crianças andavam (nove meses é o mínimo para uma criança começar a andar) e um personagem do estúdio disse que há meses não falavam mais do grupo da Ai. Incoerência não tem, e realmente era preciso mostrar a Ai fazendo regime, academia e ensaiando nesse tempo? O arco de preparação realmente agrega muita coisa a tramas? Quem estaria morrendo de vontade de ver enchimentos? No mais, assim que Ai volta aos palcos, a primeira pergunta que o apresentador faz é se ela está comendo direito e a resposta dela é que está comendo muito. A análise do Ig0y não faz sentido algum, colocações sobre cirurgia e questionamentos de recuperação pós-parto são infundadas, por ele simplesmente não prestar atenção no tempo decorrido e em ter sido um parto normal. Por último, o Ig0y cobra que a obra faça aquela crítica genérica, ideológica, saturada, receita de fracasso, bandeira de feministas invejosas que não raspam os cabelos do sovaco. Aceitem, o que é belo é belo, o que é feio é feio, e tudo que presta tem um preço.
Esqueceram de mim.
O Ig0y reclama que o Aqua não reconhece que a Ruby era uma paciente sua de outra vida que reencarnou. Primeiro, a Ruby não quer falar sobre vidas passadas, porque ela tem medo que se o Aqua souber que ela era apenas uma garotinha vá ser inferiorizada (55:56 a 56:29 do anime). Segundo, o Aqua acha deprimente falar sobre a outra vida. Existe uma grande plausibilidade em não saber quem era aquela pessoa em outra vida se não falam sobre isso. Terceiro, é falsa a afirmação do Ig0r que a Ruby não tem nenhum traço para que o Aqua presumisse quem ela era no passado, posto que o comportamento dela pela idol o faz associar a Sarina (32:13 do anime).
Construção de personagens.
O Ig0y cobra características sui generis da Ruby. O que podemos exigir nesse sentido de uma criança de 12 anos? Apesar disso o anime entrega algumas características tais como: o fato dela ter tido câncer; de ter traumas com quedas; de ter uma relação de paquera com um médico; de ser fã de uma idol. Na minha opinião é uma construção suficiente, principalmente se considerarmos que isso é somente no primeiro episódio. Ainda sobre a Ruby, o Ig0y reclama também de que o câncer tem outras facetas que poderiam ser exploradas, e isso é verdade, mas só se deve falar aquilo que é pertinente a trama, caso contrário é enchimento desnecessário.
O Ig0y reclama que essa obra só tem dois ou três personagens. Isso demonstra que o Ig0y quer que todos os personagens apresentados sejam trabalhados da mesma forma. Somente uma pessoa que desconhece que existem vários tipos de personagens exigiria algo assim. Os demais personagens não precisam ter uma construção igual à dos principais, e se tem uma coisa que esse anime oferece aos principais é um arco completo de personagem. Por fim, eu queria saber onde o Ig0y encontrou essa regra que a qualidade de uma obra é definida pela quantidade de personagens.
O Guto é um merda desonesto?
Se alguém gosta demais de algo, ou queira vender algo, não vai ficar procurando e exaltando possíveis problemas. No caso de quem gostou demais, está implícito que considera irrelevantes possíveis problemas. Já no caso de quem queira vender, não cabe a esse ficar apontando possíveis falhas do seu produto, pois fazer isso é burrice. Não importa qual seja o caso, isso não torna o Guto um merda e um ser desonesto. No mais, a ônus da prova é de quem afirma, cabe a quem diz que é ruim apontar falhas e a quem diz que é bom apontar qualidades, não o contrário.
O Ig0y afirmou que Aqua falou “eu agradeço por ter sido assassinado”. Quando o que o Aqua falou foi: “fico feliz por poder de cuidar da Ai tão de perto, tanto que sou grato ao cara que me matou”. Por favor, interpretação de texto e entendimento de figura de linguagem, o foco não é em ser grato a quem o matou, mas em ficar feliz porque reencarnou naquela vida almejada. Logo em seguida o Aqua continua: “Mas a verdade é que queria ajudá-la a ter os filhos dela”. Até concordo que essa expressão do Aqua de ser grato pode não ter sido a mais adequada, por ser muito forte para expressar a sua felicidade, mas o que o Ig0y faz é usar um texto descontextualizado como pretexto para dizer impropérios. Não existem os problemas como o Ig0y coloca nessa fala, mas também é bom ressaltar que não há uma versão brasileira, o que temos é uma tradução feita por fãs, ou seja, pode ser que no futuro quando chegar a versão oficial as palavras sejam mais adequadas. Para jogar uma última pá de cal nesse caixão, no mangá ele não disse que é grato, ele disse que é "quase grato".
Primeiramente corrigindo o Ig0y, não foi o protagonista que falou que era “enviado de Amaterasu”, foi a Ruby e o que ela disse é que era a encarnação do Amaterasu. Eu queria entender qual o problema que o Ig0y ver narrativamente na Ruby dizer isso e pior chamando o protagonista de psicopata por isso. Já quanto a Miyako ser uma personagem de “bom coração”, ser ou não ser é uma questão muito subjetiva e desnecessária para o prólogo. Outra, uma pessoa que comete um deslize em um momento de fragilidade já é uma pessoa terrível? Mais uma, por que essa personagem tem que ser boa? Já para o resto da obra, tem um salto de aproximadamente uma década, onde a Miyako ficou cuidando da Ruby e se virando sozinha com a empresa. Isso muda as pessoas, isso as amadurece e é uma justificativa para as mudanças na personagem, coisa que o Ig0y diz que o anime não tem.
Respondendo às indagações do vídeo do Ig0y sobre a segurança da residência da Ai.
1. Por que Aqua não se passou por Amaterasu, manipulando a Miyako para avisar sobre o perseguidor e reforçar a segurança? Não era a casa da Miyako, o perseguidor estava sumido há vários anos e faltavam motivos para acreditar que a Ai estivesse em um perigo eminente. No mais, o perseguidor não necessariamente era uma ameaça que iria matar a Ai, tanto que é reconhecido e quando ele feriu fatalmente o Gorou foi em um contexto de fuga o empurrando de um barranco. Sem contar que mesmo com uma mente de adulto o Aqua tinha muitas limitações por ser uma criança.
2. Se fosse alguém na campainha pedindo açúcar, não descobriria o segredo da Aqua de ser mãe? Não, as crianças estavam no quarto. Também não seria uma incoerência porque o anime já tinha estabelecido que a personagem era descuidada, como foi no caso da entrevista.
3. Não tem olho magico e não tem câmera? Era uma residência nova (1:01:51 e 1:13:30 do anime). Além do que a negligência com segurança da Ai é justificada, pelo passado da personagem, por ser meio bobona, por ser bastante jovem e por ela admitir que cometeu uma falha, ou acaso ninguém pode errar.
4. Não tem uma secretária? A agência não tinha recursos nem para uma babá, quanto mais para uma secretária.
5. A Ai era muito famosa? Estava com uma carreira em ascensão, mas ainda era uma subcelebridade menor do que muitos youtubers brasileiros e não era uma Shakira da vida.
6. Tinha rios de dinheiro? Tinha recursos, mas o anime inteiro frisa que a Ai não ganhava a contente e que a agência era pequena.
7. Colocar portão de ferro? O Japão é um lugar muito seguro, portões de ferro não são comuns e de toda forma ela teria que abrir a porta para receber as flores.
8. Colocar um interfone? Que diferença faria falar por interfone, ou falar pelo outro lado da porta, se abriria a porta de todo jeito para receber as flores.
9. Portaria do prédio? Primeiro, tem alguns cortes que fazem pensar que seja um apartamento, mas também tem outros que levam a crer ser uma casa, o fato é que não sabemos se era um apartamento, uma casa, um sobrado, ou qualquer outra coisa. Segundo, é muito comum no Japão não ter portaria em prédios. Terceiro, provavelmente era uma casa, porque a maioria dos edifícios do Japão tem paredes de drywall e nos mais antigos são de madeira, isso significa que a maioria dos prédios não permite crianças. Portanto, quem tem família no Japão mora em casas, ainda mais uma idol que iria fazer barulho e precisaria de espaço.
O perseguidor.
Quando o Ig0y fala desse personagem indaga se isso é um dez, em seguida a outra pessoa que está com ele no vídeo reclama do perseguidor aparecer novamente com um capuz e o Ig0y ratifica a crítica. Se pegarmos os animes favoritos do Ig0y, os quais ele deu nota dez, o que não falta são personagens usando a mesma roupa em todas as ocasiões, alguns deles por anos. Além de ser uma crítica contraditória, não faz sentido reclamar de um capuz em cenas que pela situação que o personagem se encontrava eram contextualizadas.
O Ig0y reclama do Guto não ter mostrado a cena do perseguidor se arrependendo, como se o Guto tivesse a obrigação de mostrar somente porque o Ig0y quer. Esforcei-me bastante tentando ver algum problema nessa cena e não consegui. Até entenderia alguém que fizesse uma ou outra sugestão de como essa cena pudesse ficar melhor, mas problema mesmo tem zero.
O Aqua poderia ter salvo a Ai?
Depois que Aqua entra na cena, o tempo de 1 minuto e 54 segundos foi o que Ai precisou para afastar o seu agressor dos seus filhos. Enquanto isso o Aqua já tinha corrido para pegar o telefone e estava chamando a ambulância, exatamente a primeira coisa recomendada por médicos a se fazer em situações assim. Depois que o perseguidor vai embora passam mais 2 minutos e 49 segundos para a Ai morrer. Menos de três minutos foi o tempo que o Aqua teve, tendo um corpo de uma criança de quatro anos de idade, não tendo nenhum material médico disponível e tendo que se recuperar de um choque tremendo. Ainda assim ele conseguiu fazer um diagnóstico e uma recomendação médica de não se esforçar falando. Contudo, o Ig0y queria que o Aqua conseguisse fazer mais coisas. Detalhe, o garoto de quatro anos estava sendo contido por um abraço de sua mãe. Abraço esse contra o seu abdome onde o Aqua pressionava o seu ferimento.
Nessa cena no mangá (capítulo 9, página 10) o Aqua estava pressionando contra o ferimento com um vestido, ou com uma blusa, ou usando um saco plástico nas suas mãos para não infeccionar. O ferimento dela era gravíssimo, ela já tinha perdido muito sangue e um garotinho não teria a força necessária para estancar a hemorragia. Por ser um médico o Aqua já sabia ser irreversível o quadro e foi por isso que não quis deixar a Ruby ver a mãe morrer. Médicos não são Deus, não é porque tem um médico em um lugar que vá acontecer um milagre.
Quanto tempo demora para morrer depois de levar uma facada na barriga? Se o corte for profundo, menos de dez minutos, muito mais rápido se for na aorta abdominal. Cinco minutos já era o suficiente, mas o tempo preciso que Ai demorou para morrer não sabemos, posto que existe um salto temporal entre o encontro de Ai com o Ryousuke e a entrada de Aqua na cena. Como sei disso? Ela estava no final do corredor quando o Aqua a encontra, não mais na porta e já tinha muito sangue por todos os lugares. Durante esse hiato podem ter passado muitos minutos.
O conceito de reencarnação no anime.
O Ig0y reclama do porquê o Aqua não foi atrás da Ai reencarnada. No entanto, o Aqua não sabe se todos os seres humanos reencarnam, não sabe se todos reencarnam nesse planeta, não sabe se todos reencarnam como seres humanos, não sabe se todos reencarnam imediatamente. Mesmo que tudo isso fosse favorável para o Aqua, ainda teria um planeta inteiro para procurar com bilhões de pessoas nele. Tem muitas coisas que o anime não estabelece sobre reencarnação, mas lembrar da vida anterior é estabelecido como uma estranheza, ou seja, uma exceção. Procurar uma alma reencarnada que possa não lembrar de nada, não me parece algo inteligente. Se fosse assim todo mundo que acredita em reencarnação estaria procurando seus entes falecidos. Como o Ig0y se declarando ser um budista não sabe disso?
Se a Ai reencarnasse com as memórias de outra vida, ela saberia quem é o Aqua e a Ruby. Logo, faria sentido ela procurar eles quando pudesse. Se ela não veio procurar é porque não reencarnou com as memórias. Se ela não reencarnou, por que o Aqua criança iria atrás dela? Nota zero para o Ig0y, um super zero.
Também criticam o Aqua porque supostamente não teria motivos para reencarnar por ser um médico. Esse é um argumento bem preconceituoso, não é por ser um médico que uma pessoa está automaticamente no nirvana, sem problemas e totalmente realizada. Até entendo a ótica que médicos ganham bem, que é uma profissão almejada por muita gente. No entanto, ter dinheiro e prestígio, não é garantia nenhuma de felicidade e realização. O anime deixa claro que o Gorou, só via sentido e só se sentia realizado em ser médico por ter a chance de cuidar da pessoa que idolatrava.
Ataque ao argumentador.
O IgOy acusa o Guto de ser desonesto e mercenário por defender esse anime. Que isso é falácia é indiscutível, mas me pergunto do que o Ig0y vai me acusar, porque não ganho absolutamente nada defendendo essa obra e nem fã do Guto sou. No mais qualquer um poderia inverter esse argumento contra o próprio Ig0y, dizendo que só ataca esse anime para ganhar visualizações e dinheiro.
Quem é meu pai?
O Ig0y acusa o anime de não mostrar o Aqua fazendo nada na tentativa de procurar o pai efetivamente. No episódio três tem um flashback com todo o esforço para conseguir os contatos que estavam no celular da mãe. Mostrando uma dificuldade para conseguir uma bateria de um modelo antigo e um tremendo esforço para desbloquear a senha, no qual foram quatro incessantes anos tentando encontrar. Ademais o Aqua trabalhou em ter meios que pudesse o aproximar de seus possíveis pais para tentar coletar o DNA deles. Por último, por mais que o Aqua tenha memórias de outra vida uma criança tem muitas limitações.
A princípio tendia a concordar com o Alexandre, mas por razões diferentes. Eu não estava curtindo a proposta de um episódio de 1 hora e 22 minutos, pelo motivo do anime ser um drama, com vida cotidiana e de idols. Esse é o tipo de conteúdo que geralmente prefiro consumir em parcelas menores e lentamente para não enjoar. Também se houvesse um primeiro episódio de vinte minutos, seria uma amostra da qual se não me cativasse de imediato, desistiria da obra sem perdas maiores do meu tempo. Logo, por conta desse formato, demorei muito para ter a coragem de assistir e certamente afastou o anime do objetivo de trazer quem naturalmente não simpatizaria com esse gênero.
Onde está escrito que um episódio longo inicial deve ser obrigatoriamente somente uma síntese da obra? Por que tudo deve ser necessariamente reduzido ao essencial no primeiro episódio? Não vejo lógica nesses motivos do Alexandre de reduzir e sintetizar, para dizer que não aprova essa proposta de um episódio inicial longo. Alguém pode ditar regras de como deve ser um primeiro episódio? Existe um manual para isso? Outra, eu não curti o formato antes de assistir, porque estava receoso, mas após ver o resultado completo, não tenho dúvidas que foi uma decisão acertadíssima. Foi a melhor decisão não somente por fechar em um grande clímax, mas por fechar todo um arco de prólogo.
A arte deve ser limitada a regra do Alexandre de não permitir saltos de tempo? Até entendo quando ele diz que as divisões temporais caberiam em quatro episódios certinhos, mas eu não entendo o porquê é necessariamente ruim não dividir. Devo enfatizar que prólogos podem ter saltos de tempo, podem desenvolver personagens, são obras em se mesmas e não precisam sintetizar nada. O primeiro episódio foi um prólogo ótimo narrativamente por ter um início, um meio e um fim, o qual não teria se fosse dividido. Como isso é estranho e forçado para o Alexandre? Seria o Alexandre realmente um bom diretor de séries, revolucionário nas “metragens”? Não ficaria mais estranho e menos cativante ter quatro episódios de prólogo até começar a trama de verdade? Como quatro episódios funcionariam melhor? Como quebras seriam melhores?
O Alexandre disse que o prólogo fala de várias coisas diferentes, que "atola tudo em um mesmo episódio", que está rushado (comprimido). O primeiro episódio, tem o tempo de duração de quatro episódios normais, adaptou 10 capítulos do mangá, dando 2,5 capítulos por episódio. O tido como ritmo ideal e mais comum são de 3 capítulos adaptados por episódio. Como dizer que adaptar 2,5 capítulos por episódio é "sacrificar um bom ritmo"? Pelo contrário, sinto que pelo ritmo ser mais lento do que normalmente seria, me deixou mais ansioso, principalmente na primeira metade. Fiquei um pouco decepcionado, mas o Alexandre queria me deixar deprimido.
Qual é o problema de o anime querer fazer um primeiro episódio filme? Qual é o problema do anime querer cativar? Por que fazer algo mercadologicamente, não só de vender o anime em se, mas também de entregar a ideia, é algo necessariamente ruim? Qual é o problema do anime querer se vender? Acho muito estranho como o Alexandre coloca de forma muito pejorativa a ideia de venda, acredito que deva ser a mentalidade lacradora operando nele.
Todo mundo gostou disso?
O Alexandre alega que todo mundo gostou do anime, por conta do formato comum, dos traços genéricos, do jeito comum do anime de se contar a história, de ter uma comediazinha padrão, e ter temas comuns como de reencarnação. Não nego que algumas dessas coisas que ele afirma que o anime tenha, pelo menos em parte as tem de fato, mas não faz sentido algum atribuir a isso o sucesso do anime. Fica claro, quando se pensa que ele está dizendo que o anime se destaca, que faz sucesso, por fazer coisas que não se destacam, comuns.
O anime tem traços até uma certa medida comuns da animação japonesa, pois não é uma obra americana e também não é uma obra europeia. Existe um estilo próprio de traço dos animes e isso por se só não é demérito algum. Também devo dizer que a parte visual não se restringe ao estilo de desenho. O anime mantém uma consistência, tem fluidez, tem bom detalhamento, boa palheta de cores, bom sombreamento, algumas cenas opulentas e tem pequenas diferenças que o dão uma identidade visual. Também não vou exagerar dizendo que a parte visual é uma Ufotable da vida, ou que é uma super produção com orçamento gigantesco, ou que tem fotografias exuberantes com várias camadas de profundidade. No entanto, que está pelo menos um pouco acima da média dos últimos anos é um fato.
Quando é um tensei (reencarnação em outro mundo) a suspensão da descrença tende a funcionar melhor, porque geralmente é um mundo de fantasia, é algo mais lúdico, são outras leis que regem aquele universo. Já a reencarnação no mundo real, não é um tema tão comum nos animes como é o tensei, portanto, não acredito que está no gosto dos otakus e que o público esteja tão acostumado. Outro ponto, é que a cultura ocidental é bastante antagônica a essa crença de reencarnação. Além disso, independente da cultura, muitas pessoas tendem a ser avessas, por não encontrarem uma lógica nessa crença. Esses são fatores preexistentes de inverosimilhança, coisas que tiram as pessoas da imersão no anime. Como se isso tudo por se só já não fosse o bastante para quererem passar longe dessa obra, se trata da reencarnação de um homem adulto com todas as memórias da outra vida no corpo do filho da mulher por quem ele era apaixonado. O patamar de nojo que essa premissa oferece, é do mesmo nível como se fosse alguém que pegasse a própria mãe. Para piorar mais ainda, tem a irmã gêmea reencarnada, que era uma paciente de doze anos, meio paquera do homem que reencarnou como seu irmão e é filha da mulher que idolatrava. Como essa é uma proposta comum, não estranha, que atrai pessoas em vez de afastar? Somente o Alexandre Esteves saberá.
Dizendo ser um anime de “comediazinha padrão”, alegando que por isso que faz sucesso. Falar com esse demérito desses momentos acertadíssimos, somente o Alexandre poderia nos entregar essa pérola. Primeiramente o anime é um drama, não é uma comédia e se alguém ficou morrendo de rir com essa obra precisa se consultar com um psiquiatra urgentemente. O que o anime utiliza é de um recurso chamado de alívio cômico, onde insere pitadas de comédia para baixar a tensão do drama e a obra não ficar pesada demais. Isso pode parecer fácil para um leigo, mas acertar a dosagem, o momento certo e contextualizar bem, é algo extremamente difícil em um drama. São inúmeras as obras que erram feio nisso, mas nenhuma delas se chama Oshi no Ko.
Ainda dentro dessa explicação dos motivos do porquê as pessoas gostaram dessa obra, o Alexandre afirma que o anime salpica críticas para não parecer tão genérico. No entanto, a existência de Perfect Blue e de tantas outras obras com temas parecidos tornam essas críticas comuns, logo não faz sentido em fazê-las para o propósito atribuído. Outra, todas as obras, ou praticamente todas, fazem críticas por tantas coisas diferentes, que somente ter críticas não é incomum. Com relação a serem salpicadas, poderiam ter mais críticas, mas elas ainda assim precisariam ser contextualizadas, precisaria de intervalo entre elas. Ademais, o que é mais apreciável das críticas desse anime, não é a profundidade, não é por serem revolucionárias de tão originais, mas por serem sobre temas velhos com perspectivas novas, enriquecedoras, cativantes.
Concordaria se o Alexandre tivesse dito sobre o conteúdo somente que são críticas rasas e que não são tantas quanto poderiam. No entanto, um anime para divertir e cumprir o seu propósito de entreter tendo uma boa história, precisa ser sempre algo realmente muito profundo? Precisa sempre ficar metendo críticas em tudo que é de lugar o tempo todo? Eu valorizo demais o conteúdo, mas nem todas as obras são iguais e nem todas são boas pelos mesmos motivos. Esse anime não é um Perfect Blue e não precisa ser. Satoshi Kon soube trazer alguns desses mesmos temas com muita mais profundidade, porém o fato de existir algo bom ao seu modo não torna necessariamente Oshi no Ko ruim. Por fim, quando ele falou do conteúdo, foi ridicularizando quem o apreciou, tratando-os como imbecis, fáceis de serem enganados, que acham espetacular qualquer crítica, não dando nenhum mérito em se a obra.
Sabe o que realmente foi muito hilário? É a parte do vídeo que o Alexandre diz: “não vou me fazer de idiota e dizer ‘nossa, eu não sei porque todo mundo gostou tanto disso’, eu sei, eu sei”. Definitivamente, como já foi exposto, o Alexandre não sabe, ou se fez de idiota e apontou motivos nada a ver, descartando coisas bem mais óbvias de serem ditas. Mesmo quando o Alexandre falou do drama do anime, a coisa mais evidente desse ponto, o reduziu ao clímax final, desconsiderando que existem muitos momentos ótimos de drama, praticamente o tempo todo. Outras coisas que poderiam ser apontadas como motivo para o sucesso e foram negligenciadas por Alexandre são: o desenvolvimento de personagens; o carisma de alguns deles; a empatia que o anime conseguiu colocar no público. Por último, não há nenhuma menção as relações familiares, que é o ponto mais forte dessa estreia.
A obra ser bem feita.
Sobre a obra ser bem feita, o Alexandre retoma o argumento do conteúdo, o que é um pouco redundante, mas ele pontua algumas coisas interessantes para comentar. Primeiramente ele demonstra não ter o entendimento do que é uma crítica. Uma crítica é dar uma opinião, é fazer uma análise que expresse algum juízo, é julgar. Um anime pode mostrar lutas, sexo, drogas, mortes e não expressar nenhum lado positivo ou negativo sobre essas coisas. No entanto, se está analisando algo, expressando uma opinião desfavorável, isso inegavelmente é uma crítica. Ainda mais em Oshi no Ko, que tem certos momentos que são como se toda a narrativa parasse para que alguém explicasse aquilo e mostrasse um lado ruim. No mais, se essa crítica é rasa ou profunda, isso definitivamente não importa, para ser uma crítica.
Outro ponto é que o Alexandre parece confundir críticas de temáticas secundarias, com a mensagem central, o tema da obra. Não li o mangá e no momento que estou escrevendo este texto, só vi dois episódios, mas muito provavelmente a temática da obra é sobre vingança. Idol, cinema, mundo artístico são ambientações para desenvolvimento da narrativa e críticas movidas sobre essas coisas estão em temáticas secundárias.
Uma obra pode ter várias temáticas secundárias e se seccionar um trecho dela contendo uma dessas temáticas, para aquele trecho específico tão somente pode ser a temática principal dele. Se separarmos o prólogo de Oshi no Ko do resto da obra, o tema que move a trama não é a vingança, mas também não são as críticas ao mundo artístico de forma geral com vários aspectos que o anime traz. A temática seria a relação de amor para com a Idol e o amor dela para com outros, ou também poderia ser de uma certa perspectiva família. Posto que a Ai não tinha família, queria ter família, vivia em função da família e até o último momento lutou para salvar a família, justamente as únicas pessoas que ela amava e eram os que mais amavam ela.
Artificialidade.
O Alexandre acerta em algumas coisas que ele afirma que são artificiais e erra em outras, porque lhe falta um entendimento do que realmente é artificial. Ser cringe (vergonha alheia) é ser artificial? Não, em uma trama orgânica o natural é que existam coisas vergonhosas. No entanto, pode existir o oposto, algumas coisas que são artificiais serem vergonhosas. Ser clichê é ser artificial? Não necessariamente e o contrário também. Estereótipo e arquétipos são artificiais? Também não necessariamente. Quando o anime ou personagem querem, proposital e pontualmente, aparentar uma “artificialidade” vergonhosa, para oferecer um alívio cômico, está sendo mesmo artificial? Não, é uma piada intercalada no meio da trama.
Ryousuke (o perseguidor) é vergonhoso, é obscuro, é clichê. No entanto, ele parece ser uma pessoa que não existiria? Também é um personagem que pelo menos nesse início, aparentou ser sem muita profundidade, sem muitos cuidados. Entretanto, é realmente necessário que um capanga que morre no primeiro episódio seja complexo? Não parece que esse personagem seja focal, mas se ele fosse o grande vilão. Aprofundarem muito nele não estragaria todos os mistérios? Os mistérios não são essenciais para o suspense de uma trama de muitos episódios?
Em relação à conversa do Gorou (o médico) com a Ai no telhado, em função da crítica do Alexandre Esteves fui reassistir algumas vezes a mesma cena. Para ver se eu tinha perdido alguma coisa nela que parecesse forçado, artificial, uma quebra de parede, pelo menos algo intrusivo. Se essa cena fosse tão somente para narrar algo para o público, isso não necessariamente seria ruim, nem artificial, mas o fato é que a cena não é somente isso. Também não é um monólogo como o Alexandre dá a entender, as falas da Ai não são longas e são absolutamente naturais dento da interação que estava tendo com o médico. O máximo que dar para aceitar de crítica dessa conversa, é que foi uma forma rápida e rasa de contar a história.
Pegando o gancho do Gorou, tem uma cena dele a qual não consigo ver uma pessoa de verdade fazendo aquilo, mas não é a citada por Alexandre. A cena é quando o Gorou encontra o Ryousuke. A qual um médico sai correndo atrais de um total desconhecido, à noite, passando por lugares desertos, por uma floresta, tudo isso apenas porque o Ryousuke perguntou se a Ai era paciente dele. Essa cena foi forçada, artificial, deplorável, patética. O Gorou corre até um lugar tão distante da civilização que passam anos e o seu corpo não é encontrado, (espero que tenha um plot twist).
Em relação à conversa do Aquamarinen com o Taishi sobre atrizes, é claro que senti na hora que era para fornecer ao público uma crítica, mas eu não fui tirado de dentro da obra. Houve uma contextualização onde o Taish não via o Aqua como um moleque, como uma criança, assim como Alexandre afirma no vídeo. O Taish via o Aqua como alguém super inteligente, como alguém desenvolvido precocemente, um prodígio como ator e como alguém diferente que queria conquistar para atuar. Logo minha suspensão da descrença funcionou totalmente nessa cena. Devo também salientar que em termos de conteúdo, foi um brilhante diálogo, um dos meus favoritos da obra.
Na minha visão, o problema com esses diálogos que o Alexandre ver, é quanto ao objetivo deles. Mais uma vez, alguém pode ficar ditando regras? Qual é o problema de serem para falar algo ao público? Como se qualquer obra de certa forma não estivesse fazendo o mesmo. Qual o problema de ter um fanservice? Não é nem de ecchi, mas é de crítica ao mundo artístico. É o cooperativismo da lacração falando? Por fim, falas expositivas, grandes monólogos, não necessariamente são artificiais, isso depende muito de como são colocadas e vale ressaltar que tem pessoas que gostam de falar.
A explicação do show do estádio. É impressionante o quanto parece que o Alexandre odeia qualquer diálogo que tenha conteúdo. Alguém precisa avisar para o Alexandre urgentemente que nem toda obra é infantil e mesmo animes infantis podem ter conteúdo. Também queria ver o Alexandre produzir algo mais sutil, algo melhor, posto que ser pedra é fácil, quero ver é ser vitrine. Só para ser mais preciso, ninguém falou “para o produtor é um passo grande fazer um show em um estádio”. Também ninguém perguntou “como é um show no estádio”, a pergunta feita da Ai foi “Isso é tão especial assim”. Pode parecer uma diferença pequena, mas faz diferença na hora de vender que foi um diálogo “barato e artificial”. Por fim, a explicação alegadamente “longa” é de trinta segundos cronometrados.
O problema da reencarnação.
Por onde andava a alma da Sarina? Tenho dificuldade em ver verossimilhança no conceito de reencarnação no mundo real, mas para quem já aceitou isso, ver incoerência temporal na reencarnação é ridículo. Em que momento o anime disse que as pessoas tinham que reencarnar imediatamente, ou esperar quatro anos? Mais uma vez o ditador de regras Alexandre vendo coisas.
A cena do final.
Ai não estava discursando para o seu assassino, somente para cumprir o propósito de passar uma mensagem de que “no fim ela se dedicou tanto, ela realmente acreditou na mentira dela”, que não é nem o que ela fala. Por favor, interpretação! Ela estava protegendo a sua família, os seus filhos, até os últimos momentos da sua vida.
Com relação ao endereço, a ter segurança, ela não estava no serviço de proteção à testemunha dos EUA. Não foi o FBI ou a CIA que arrumou uma casa esconderijo para ela, com todos os aparatos de seguranças e mudança de identidade. Idol são subcelebridades, não estamos falando de Shakira e o próprio Alexandre é muito mais famoso do que a maioria das idols.
Aquamarine somente demonstra seus conhecimentos sobre medicina de uma vida passada nos momentos finais da Ai. Primeiro, não é porque alguém é médico que encontra toda hora oportunidades de demonstrar seu conhecimento. Segundo, em qualquer história só se conta aquilo interessante para a trama. Terceiro, o Aqua é uma criança e o anime não é o seriado do Dr. House trabalhando em seu hospital. Quarto, a obra não se propõe em ser o anime do Chico Xavier psicografando livros de medicina, o garoto tem o direito de não querer ser mais médico.
Estreia cativante, primeiro lugar no MAL.
Estamos no dia 27/04, a estreia mundial de Oshi No Ko foi no dia 13/04, mas no Japão esse primeiro episódio estreou no dia 12/03, ou seja, por mais de um mês o anime já havia conquistado milhares de membros no MAL e sua nota era bem consolidada. O anime obteve uma nota boa no primeiro mês, mas nem de longe chegou ao que tem hoje, nem ao menos chegava a uma nota nove. Também não estava nos dez primeiros de popularidade da temporada. Logo após a estreia mundial, observei a nota dar um salto para 9,39 em questão de minutos, foram milhares, e milhares, e milhares, de seguidores aparecendo rapidamente. Por mais que o anime seja bom, no meu entendimento é extremamente óbvia a manipulação.
Não estou acusando ninguém, mas se alguém for à aba do MAL de Seasonal Anime, conectando de um PC, vai ver que Oshi no Ko é o único anime com um ícone bem destacado de Join the Official MAL Club. Até onde sei, para ter esse clube e esse ícone, é uma publicidade paga e nada barata. Coincidentemente, logo após aparecer esse clube foi a explosão de notas e de popularidade do anime.
Ainda teria outros tópicos, mas o texto já está grande, então paro por aqui.
De antemão quero deixar claro que esse texto é totalmente respeitoso com o Ig0y e com a sua religião. São apenas as minhas opiniões conforme os argumentos apresentados no vídeo dele.
Também preciso dizer que já o convidei para uma conversa em dezembro, a fim de compartilharmos os nossos pensamentos sobre esse tema. Ele deu uma desculpa que não poderia fazer isso naquele momento e propôs que eu fizesse um texto, que me indispus na época a escrever pois como o informei seria um longuíssimo texto. Como o tema novamente se tornou polêmico, mudei de ideia e decidi colocar alguns dos meus pontos reagindo ao novo vídeo dele. O Ig0y tem o direito de não querer ter uma conversa comigo, como também está no meu direito reagir ao vídeo dele e dar minhas opiniões sobre esse tema de forma saudável, sem agressões.
Quero deixar registrado que tudo que estiver nesse texto o diria pessoalmente. Portanto, se o mesmo achar necessário e quiser em outro momento conversar por call não recusarei.
Para contextualizar, antes de entrar nos tópicos propriamente do vídeo, a polêmica ocorre pelo uso do Ig0y em suas redes sociais da manji (suástica). Certamente quando ele colocou esse símbolo já sabia que causaria polêmicas, sendo irreal achar que o mesmo não provocou a discussão. Com isso não estou dizendo que a culpa é da vítima, mas convenhamos que se colocar em situação de vulnerabilidade é no mínimo de uma estúpida irresponsabilidade. Não acredito que o Ig0y seja uma pessoa ingênua, logo ele sabia que pessoas começariam a fazer certos comentários, sendo assim estava buscando que algo desse tipo acontecesse. Fazendo uma analogia, é como alguém que entra em um estádio de futebol vestindo a camisa do Palmeiras no meio da torcida organizada do Coríntias, alegando que aquela camisa tem outro significado.
1. Tokyo Revengers.
Em um determinado momento do vídeo, quando o Ig0y tenta argumentar que não provocou a discussão, ele cita esse anime Tokyo Revengers. Não é um ponto muito relevante para os argumentos dele, mas acho importante pincelar um pouco sobre essa obra, porque a mesma também se envolve em polêmicas por conta do uso da suástica.
Toda obra passa mensagens, quase sempre intencionais, algumas bem explicitas, outras subliminares, e todas com conhecimentos e valores. Tokyo Revengers passa algumas mensagens negativas, muito menos pelo uso propriamente dito da suástica, e muito mais por conta que há outros elementos que caracterizam aqueles grupos ideológicos que atuaram na Europa nas primeiras décadas do século XX.
Recomendo muito o filme chamado A Onda para quem ainda não assistiu. Esse filme é baseado em uma história real que aconteceu nos Estado Unidos da América, em uma escola em Palo Alto, na Califórnia. O filme retrata um experimento social que um professor anarquista de ciências sociais resolveu aplicar em sua turma, com alunos das mais diversas orientações políticas, classes sociais e comportamentos. No filme o professor converte toda a sala ao autoritarismo, a coisa se espalha por toda a escola, saindo totalmente fora de controle, onde nem mesmo o professor consegue acabar com aquilo sem a resistência dos alunos.
Eu citei esse filme porque ele mostra muito bem quais são as gênesis das ideologias totalitárias, que estão muito presentes no anime Tokyo Revengers. Coisas como: todos se vestirem iguais, violência, ações em conjunto, organização, identidade comum, sentimento de pertencimento a algo, um líder carismático, etc. Para ficar bem claro esses pontos, recomendo que assistam ao filme. https://www.youtube.com/watch?v=zG3TfjAhs30
Sabemos que não são todos os japoneses, mas que não sejamos inocentes, a sociedade japonesa é etnocêntrica, é xenófoba, é orgulhosa, é muito homogênea e não ver com bons olhos o diferente. Coisas que seriam estranhíssimas no ocidente são normais lá, defendidas de modo a manterem as ideias de igualdade e pertencimento. Para quem não sabe, nas escolas há inspeções de maquiagem, de se sobrancelhas foram feitas, se as roupas estão nos tamanhos corretos, se estão com roupas íntimas na cor branca, etc. Na vida adulta também é cobrada a padronização das pessoas, deixando pouco espaço para individualidade, como, por exemplo: as empresas medem até a cintura dos seus funcionários. É impossível falar e escrever sobre aquilo que não se conhece, que não se vive, logo obviamente muitas das mensagens dos animes refletem e passam um lado negativo da sociedade japonesa.
Também é preciso dizer que o Japão era membro do Eixo na Segunda Guerra Mundial, que fez coisas terríveis, que ainda tem problemas com os Chineses e com os Coreanos, e que ocasionalmente aparecem autores e obras envolvidas em questões polêmicas. Um exemplo é o autor da obra Again in Another World, que além da sua obra ser complicada, exaltando um militar japonês da Segunda Guerra, ainda postou via twitter insultos discriminando chineses e sul coreanos.
O ponto mais problemático de Tokyo Revengers é mostrar uma imagem relativamente positiva das gangues, romantizada, levando com certeza jovens a se sentirem atraídos. Esse é justamente o ponto central da fundação daqueles partidos, tanto na Alemanha, com a SA, como na Itália, com os Camisas Negras, essencialmente eram gangues violentas padronizadas. Piora muito mais quando no anime os personagens da gangue principal pintam os cabelos de louro e usam roupas pretas, parecendo a SS.
Qual o uso religioso de uma suástica usada por uma gangue de rua em sua bandeira e em seu fardamento? Será mesmo que o autor é tão ignorante que não sabe o outro significado que esse símbolo tem? Acaso alguém acredita que os produtores e diretores desse anime, que na primeira temporada já começa com 24 episódios, achavam que a obra ficaria restrita ao Japão? Eu gosto muito de aplicar o conceito de que sejam inocentes até que se prove o oposto, mas me parece absurdamente improvável que a mensagem dentro do contexto da obra não seja pelo menos dupla.
Para concluir e não parecer que julgo o anime terrível, se colocarmos de lado essas coisas, é uma obra que pode produzir uma boa diversão.
2. O perfil é meu, faço o que eu quiser.
Uma afirmação um tanto arrogante e um tanto imprecisa. A liberdade nunca é plena, ninguém tem a liberdade de tudo, a liberdade tem que ser restrita para garantir a própria existência da liberdade, esse é o princípio da liberdade. Por acaso alguém pode ter a liberdade de ter escravos? A partir do momento que se faz alguma coisa, que se posta algo, ou que se fala alguma coisa que está incomodando o outro, que está agredindo uma pessoa, pasou do limite, e a lei tem que atuar, o estado tem que punir. É por isso que é proibido e ninguém pode defender algo criminoso.
Outro ponto, não é somente postar aquilo conforme as normas da plataforma. Tem que ser de acordo também com as leis do estado e mesmo quando não estiver tipificado de forma explicita, ainda assim tem que permanecer conforme os princípios da lei. Mais do que isso, tem leis que não são escritas por governos, nem precisam de papel, são as leis de boa convivência, que precisam apenas de um pouco de faculdades mentais e bom senso. Tem coisas que não convém fazer e errado é quem faz.
Por último, nesse ponto, é falso dizer que não teria culpa se não é essa intenção. Se está causando dolo a um indivíduo, a uma organização, a uma empresa, ao estado, ao ambiente, a sociedade, não importa quem seja, se sabia dos riscos, assumiu as responsabilidades, logo tem culpa.
3. Lei mundial.
Esse tópico será pequeno pelo simples fato de que não existe uma lei mundial que o Ig0y cita no vídeo. Quanto ao tratado pós-Segunda Guerra Mundial (Tratado de Paris), que não é uma lei mundial, foi sobre tudo para resolver questões territoriais, se nele foi estabelecido qualquer coisa sobre o uso de suástica desconheço. O único ponto que não tenho questionamentos desse tópico, é que após a Segunda Guerra Mundial quem ainda usava suástica convencionou a usar invertida a daquele regime que governava a Alemanha.
4. Origem do termo suástica.
Prefiro o uso do termo manji (como é chamado no Japão) em detrimento de suástica, acho mais respeitoso com os budistas e hinduístas, porque desassocia ao uso que deram a esse símbolo para fins não religiosos. No entanto, desde que ninguém se sinta ofendido, também não vejo problemas sérios de ser chamado suástica por pessoas leigas sobre o termo manji, até porque é o mesmo o símbolo. Agora daí usar um argumento de origem para justificar que o uso do manji ou de suástica, seja certo ou errado, é uma falácia etimológica, é uma falácia de origem.
Será mesmo que o termo suástica não pode ser utilizado para definir o símbolo do nacional-socialismo? Alguém no ocidente, além de alguns poucos estudiosos, sabem da sua origem etimológica? O ocidente faz ligação dessa palavra com indianos? No fim, não importa a origem da palavra, mas o sentido que se é dado. Logo, o fato é que no ocidente o termo suástica hoje tem um sentido mais ligado aquela ideologia, e manjin tem um sentido ligado as culturas e as religiões orientais. Portanto, para alguém esclarecido que faz uso desse símbolo melhor convém usar manji, de modo a evitar um entendimento equivocado. A não ser, é claro, que a intensão seja dúbia e nesse caso essa pessoa não pode reclamar de críticas acidas.
O termo cristão originalmente era usado pelos inimigos dos cristãos, como uma forma de escarnecer, de os difamar, de os desmerecer, de os desdenhar. Por isso a palavra cunhada pelos seus inimigos e apropriada do nome do seu líder não deveria ser usada? A palavra protestante também não foi cunhada pelos protestantes, mas pelos católicos como uma forma de ofensa. Algum protestante se sente ofendido por isso?
Posso dizer que senti uma forte lacrada do Ig0y ao falar dos: inimigos britânicos e americanos, grandes empresários maldosos, banqueiros. Os quais se apropriaram do termo indiano suástica e chamaram de suástica a suástica nazista. O certo eram os brancos, burgueses, colonizadores darem um nome britânico para algo usado pelos orientais e assim poderem depois serem acusados de anglicanismo?! Nem o professor de história do ensino médio lacra assim.
Um adendo, não que isso seja realmente importante, porque estou construindo minha argumentação partindo do pressuposto que a pesquisa etimológica do Ig0y seja verdadeira. Contudo, em minhas pesquisas não encontrei absolutamente nada sobre essa palavra ter sido dada por americanos e ingleses com a emancipação da Índia da Inglaterra no pós-Segunda Guerra Mundial, muito menos para difamar os indianos. Pelo que estudei, o termo suástica já era de uso corrente a comuns muito anos antes daquele partido adotar o símbolo e com os primeiros registros desse termo tendo mais de 2000 anos. Escreveu Adolf Hitler no livro Mein Kampf: “Como nacional-socialistas, vemos em nossa bandeira nosso programa. No vermelho, a ideia social do movimento; no branco, a ideia nacionalista, e na suástica, a missão de lutar pela vitória do homem ariano, e ao mesmo tempo pelo triunfo da ideia do trabalho produtivo, ideia que é e será sempre anti-semita”. Quem realmente fazia correlação da suástica com os indianos eram os nacionais-socialistas, por conta da ideia de que eles eram os arianos puros. Sendo os arianos o povo que deu origem ao homem branco, desde parte dos indianos (castas superiores) até a Europa.
Ainda nessa questão etimológica, outro exemplo é a palavra denegrir. Não faz muito tempo teve uma repórter que em uma reportagem ao vivo utilizou esse termo. Um dos seus colegas duramente a reprimiu no mesmo momento e pelos instantes que se seguiram a reporte se desculpou de forma vexatória. O problema é que a palavra denegrir não tem nenhuma conotação racial, nem ao menos há uma relação etimologicamente. Denegrir vem do latim, "denigrare", é uma palavra muito mais antiga do que o Brasil e do que seus problemas. https://www.youtube.com/watch?v=TUZd1ZBznRk
Nesse ponto, ao defender o uso de um termo, tem outra falácia além da de origem, que a de semântica. Alguém pode falar do meu português “mal escrito”, de pontuações inadequadas, de concordâncias fora da norma, de falta de acentuação, mas nada disso realmente é um erro se houver entendimento do interlocutor da mensagem, o máximo que pode ser dito sobre essas coisas é que estão fora da norma culta. Portanto, não importa muito se é chamado manji ou se é suástica, se o interlocutor entendeu a mensagem do remetente está correto, mas caso não tenha entendido está errado e a culpa é do remetente até que forneça uma explicação mais adequada. Erra alguém querer impor ao outro na sua comunicação coisas alheias ao entendimento comum da sua cultura e linguagem.
5. Monark é retardado.... Quem vai defender a suástica?
Na antiguidade, na Grécia antiga, existia uma escola, uma sociedade de ascetas, com praticais morais valorosas, eram místicos, pensadores, filósofos, músicos, astrônomos e sobre tudo matemáticos. As pessoas que faziam parte eram chamadas de pitagóricos em função do seu fundador Pitágoras. A esse fundador é atribuído o teorema de Pitágoras, a ser o pai da música por descobrir a relação entre os números e as notas musicais, a descoberta dos únicos cinco poliedros regulares, e a ser a primeira pessoa na história do mundo a concluir que o mundo era uma esfera. Os pitagóricos consideravam o dodecaedro, um dos cinco poliedros regulares, constituído por 12 pentágonos, o mais harmonioso e soberano dos sólidos, para eles representava o universo ou o cosmos e o mantinham sobre segredo por ser considerado perigoso demais. O pentagrama, também conhecido como estrela de cinco pontas, está estreitamente relacionado com o pentágono regular, bastando unir os vértices por diagonais. No que lhe concerne, o pentágono tem uma quantidade absurda de números áureos (a divina proporção, o número da beleza) e do retângulo de ouro, são tantas às vezes que aparecem que é difícil de serem contadas. O pentagrama era o emblema da escola de Pitágoras, era o símbolo que os matemáticos usavam para se reconhecerem. Possivelmente o primeiro símbolo da matemática e eu não consigo imaginar outro símbolo com mais matemática do que esse, não existe um maior.
Sendo o pentagrama o símbolo primordial da matemática, por que não vemos matemáticos usando esse símbolo? Por que não vemos escolas com pentagramas? Por que não vemos universidades com pentagramas? Por que não encontramos pentagramas se quer nos departamentos de matemática? Esse símbolo não deveria ser usado por todos da área de exatas? Porque durante a idade média os satanistas começaram a utilizar o pentagrama e o que representava a matemática tomou outro significado. Convém aos matemáticos hoje usarem pentagramas? Quem vai defender o pentagrama?
Para min que sou da área de exatas, que conheço a matemática contida e a história clássica desse símbolo, seria maravilhoso poder colocar no meu perfil das redes sociais e no meu nome. Contudo, qual seria a mensagem que eu estaria passando? Quem entenderia? Quantos da área de exatas conhecem a história e o significado desse símbolo? Eu posso exigir que as pessoas saibam a história do pentagrama? As pessoas precisam saber a história do pentagrama? Que tipo de pessoas eu vou estar chamando para quererem interagir comigo? Eu posso esperar algo diferente de satanistas e adolescentes problemáticos? A grande maioria das pessoas irão entender que eu sou satanista, que não compartilho dos valores morais ocidentais, que não bato bem das ideias e eu não posso culpar elas, a culpa será exclusivamente minha. É preciso parar de pretextos, ter bom senso e entender que o contexto que vivemos é de uma sociedade real e não imaginaria.
Em um contexto escocês, homens podem usar saias; em um contexto russo, homens se beijam como cumprimento; em um contexto árabe, homens andam de mãos dadas. Se eu sair por aí no Brasil de saia, beijando homens e andando de mãos dadas com eles. Tem como culpar alguém de entender algo diferente daquilo que supostamente eu queria passar? Convém eu fazer isso no Brasil? Exceto caso eu queira realmente passar essa mensagem e depois eu meta o louco dizendo que não sou isso, que o povo é que é xenófobo.
6. Apito de cachorro é coisa de cristão.
Fazer essa imputação inverídica de apito de cachorro aos cristãos é um desrespeito e no mínimo irônico por estar em um vídeo que supostamente deveria ser reivindicando respeito religioso, inclusive ameaçando os desrespeitosos. O cristianismo não prega a discriminação por questão de raça. O cristianismo também não prega coisas dúbias, pois não precisa e fazer isso foge dos seus valores.
Quem usa apito de cachorro não são grupos de cristãos, nem de budistas, nem de hinduístas, nem de judeus, nem de muçulmanos. Quem usa o apito de cachorro são pessoas públicas, passando mensagens políticas quando estão aos olhos de uma multidão, geralmente são políticos buscando apoio de grupos ou de pessoas que simpatizam com algo mal visto pela sociedade. Quase sempre essa coisa má tem relação com algo criminoso, sobretudo em questões raciais. A linguagem usada no apito é dúbia, para significar uma coisa para a população em geral e mais outra para o grupo-alvo. A expressão apito de cachorro também não é adequada para sociedades secretas, posto que nessas sociedades faltam alguns desses fatores elencados e nunca nenhum grande meio de imprensa usou essa expressão para tal.
Um ponto a destacar é que alguém pode utilizar o apito de forma não intencional, ingênua, e nem por isso deixou de usar o apito. Também, uma pessoa pode ter a ciência que a mensagem é dúbia, mas pode não se importar por qualquer motivo que seja e continuar usando o apito. Com isso não estou dizendo que essa pessoa queira sinalizar para aquele grupo, apenas que ela não se importa o suficiente a ponto de mudar algo por conta disso.
Ficar perguntando quem tem autoridade para dizer o que é um apito de cachorro no sentido de desqualificar o argumento, é uma falácia non sequitur e de autoridade. Falácia de não se segue, porque existindo ou não uma autoridade, não implica em nada para existir ou não um apito. Falácia de autoridade, porque obviamente ter uma autoridade também não valida isso ou aquilo ser um apito.
O fusca pode ser um apito de cachorro? Sim, claro, obvio, tudo depende do contexto para que a situação que o fusca seja inserido permita uma mensagem dúbia. Os contextos tem muitas variáveis, mas para uma mensagem de massa que é o apito nem uma delas será de conhecimento particular, por exemplo, o que até pouco ninguém sabia era sobre a kombi rosinha do Ig0y.
7. No Brasil tem algum problema? No ocidente tem algum problema?
No final do ano passado a Globo acompanhou a Polícia Federal prendendo um grupo de integrantes daquela ideologia. Foram presas seis pessoas que planejavam matar mendigos, negros e nordestinos. Um deles tinha 24 anos e é estudante de Engenharia de Agricultura. Outro era auxiliar de escritório, de 27 anos e formado em Comércio Exterior. Tem um estudante de Engenharia Automotiva da UFSC, de 21 anos; e outro que cursa Letras, de 20 anos. O último, também de 20 anos, cursa Direito. https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/10/23/policia-prende-grupo-de-jovens-acusados-de-neonazismo-em-sc.ghtml
O Ig0y pediu provas do porquê devemos nos preocupar, então vamos às provas. A Polícia Federal informa explosão de inquéritos envolvendo investigações sobre apologia daquela ideologia. Até pouco tempo atrás, eram poucos os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano. A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos. O Brasil não tem motivos para se preocupar? https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/08/confundida-com-liberdade-de-expressao-apologia-ao-nazismo-cresce-no-brasil-a-partir-de-2019
O número de denúncias de adeptos daquela ideologia no Brasil expõe uma realidade alarmante. Em oito anos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, recebeu e processou 228.962 relatos anônimos a respeito de 21.921 sites sobre o tema, com imagens, textos, vídeos, músicas e outros materiais de apologia. https://noticias.r7.com/cidades/regiao-sul-do-brasil-concentra-cerca-de-100-mil-simpatizantes-do-neonazismo-10062014
Eu poderia passar horas pegando notícias, dados de governos, dados das polícias, pesquisas feitas por institutos sérios, para entregar as provas que o Ig0y solicitou. No entanto, acho que essas já são o suficiente e qualquer pessoa pode encontrar muito mais facilmente com uma pesquisa simples no Google.
Essas notícias não são narrativas minhas, não são as afirmações do Patrux, não são as opiniões do Ig0y, são apenas os fatos. Contra fatos tão obvieis não tem contestação, basta apenas não estar alheio ao que está acontecendo ao seu redor, ficar minimante informado, não ser alienado, que consegue enxergar essas constatações.
Coloquei notícias, mas tenho experiências e acho interessante compartilhá-las para não parecer que estou falando apenas de coisas distantes de mim. Durante a minha adolescência, frequentei uma escola relativamente grande, com mais de 4 mil alunos e exclusiva de ensino médio. Em determinado dia começaram a aparecer suásticas em cadeiras e mesas, os dias foram passando e os símbolos começaram a aparecer nas portas, paredes e corredores, mais alguns dias se passaram e os símbolos já apareciam nos quadros antes do início das aulas. O mais comum era o símbolo da suástica, mas apareciam outros também e frases nem um pouco agradáveis. Era absurdo, era assustador e isso perdurou por muito tempo, cada vez mais aumentando e aumentando. Não sabíamos quem eram eles, mas percebíamos que não era uma pessoa, que não eram duas pessoas, mas que eram muitas pessoas. Surpreendi-me de isso não ter caído nos jornais da época, nem de a polícia não ter aparecido de forma mais incisiva. Demorou muito para alguém esboçar alguma reação. Todavia, um dia vários professores de uma vez só começaram a passar séries de vídeos para todas as turmas, sobre os horrores que aquela ideologia tinha feito, mostrando detalhes, entrevistas das vítimas relatando tudo. Foram vídeos bastante chocantes, mas essenciais, pois só depois disso é que as coisas pararam de aparecer.
O principal erro do Ig0y é acreditar que as pessoas são esclarecidas, que são boas, principalmente as do Brasil e mais do que isso, acreditar nos jovens, o grupo com o qual ele tem mais contato. As pessoas da época da Segunda Guerra achavam que estavam vivendo em uma sociedade moderna, de pessoas civilizadas, e nem mesmo os judeus jamais pensaram que coisas daquele tipo poderiam acontecer. É de uma irresponsabilidade tremenda subestimar o mal. Mesmo que usar certas coisas não sejam contra a lei, por mais que a intenção possa ser uma intenção legítima, uma intenção boa, uma intenção justificável, ainda assim podem gerar certas consequências que não são boas. Isso é uma questão muito delicada, muito séria, onde o dolo não pode ser perceptível facilmente.
Outro caso que quero trazer é de um ex-vizinho meu. Era uma pessoa adepta dessas ideias, uma pessoa de físico forte e de família bem abastarda financeiramente, um filhinho de papai que não fazia nada da vida, que era violento, e que andava com pistolas e submetralhadoras. Lembro de uma vez que esse vizinho chamou de negro uma pessoa bem caucasiana somente porque o mesmo tinha o cabelo cacheado quando crescia. Enfim, estou trazendo esse caso porque esse vizinho desfilava para tudo que é de lugar com uma camiseta contendo uma suástica enorme estampada nos peitos. Talvez ele se confiasse no dinheiro dos pais, talvez se confiasse na certeza de impunidade no Brasil, mas muito provavelmente deveria já ter um álibi para quando a polícia o pegasse, quem sabe dizer que aquilo era um manji. Pelo menos tem uma coisa boa nessa história, um dia a polícia o pegou, não o deteve preso é claro, mas a polícia chegou sem falar absolutamente nada, só arrancaram a camiseta dele, a rasgando com ele a vestindo.
Para finalizar esse tópico, essa questão racial é essencialmente estupida e é especialmente estupida no Brasil. Somos uma nação de misturados, qualquer análise genética vai mostrar que todos temos genes de várias origens. Muitas pessoas de pele branca se surpreenderiam ao saber que tem mais genes de origem africana, assim como também encontraríamos pessoas de pele escura com mais genes de origem europeia.
8. Brasil participou minutos da Segunda Guerra.
A participação do Brasil nas batalhas da Segunda Guerra Mundial, de fato, não foi tão grande se comparada as participações das grandes potências, mas ainda assim foi uma participação relevante para acelerar o final do conflito. Contudo, seria o esforço de guerra nas batalhas o que justifica a proibição da suástica em algum lugar do mundo? Qualquer análise séria sobre a Segunda Guerra Mundial não leva apenas em consideração os eventos das batalhas militares, pois existe um contexto político. Inclusive envolvendo os anos anteriores ao conflito bélico.
No nosso país havia o Partido Nazista no Brasil (PNB), um braço do partido Alemão, que possuía organizações em 17 estados da federação e permaneceu atuando por 10 anos. O partido Nazista dispunha de braços em 83 países diferentes, mas onde detinha mais filiados no exterior era justamente no Brasil. Além do PNB havia a Ação Integralista Brasileira (AIB). Como o PNB só aceitava pessoas que nasciam na Alemanha, coube ao movimento integralista absorver grande parte das pessoas simpatizantes das ideias nazistas.
Os dois partidos chegaram ao fim oficial quando Getúlio Vargas com o golpe do Estado Novo extinguiu todos os partidos políticos. Sendo o Getúlio um simpatizante dos líderes autoritários europeus e de suas ideias, impôs a nação muitas das políticas características dessa época. Logo, não é que o Brasil não tivesse preferências desde o início da guerra, é que só se colocou do lado dos aliados por meio de recebimento de vantagens, pressões americanas, e ainda assim somente quando a guerra já parecia ter um vitorioso certo.
A influência dessas ideologias perdurou na política do Brasil e ainda tem muita força atualmente. Alguém já esqueceu do Alvim copiando Trechos dos discursos de Goebbels? Um estudo recente informa que atualmente pelo menos 100 mil brasileiros são simpatizantes daquela ideologia.
9. Os verdadeiros budistas não usam suásticas.
Minha intenção não é discutir se os verdadeiros budistas usam ou não suástica, mas se os argumentos do Ig0y respondendo essa questão são logicamente válidos. O argumento principal dele é que os contrários à sua ideia estão incorrendo da falácia do verdadeiro escocês.
A falácia do verdadeiro escocês consiste em atribuir uma premissa que não corresponde aos fatores que define algo, ou seja, é oferecer uma falsa premissa. Por tanto, é uma especificação da falácia de não se seguir. A questão se resumiria a tratar-se de se o usar ou não da suástica ser uma premissa válida do que define ser um budista. Entretanto, o ig0y fez um mau uso desse argumento e em vez de mostrar que a premissa era falsa utilizou de uma generalização invertida do verdadeiro escocês e ainda para reforçar usou de uma série de falácias de autoridade.
A quem pertence à autoridade para dizer quem é budista e quem não é budista? Pertence ao senhor Nakagaki? Por que o Patrux e os seus colegas não podem dizer quem é o verdadeiro budista? O Ig0y é um mamífero, bípede, com um telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor (Ilha das Flores, 1989), assim como eu, assim como o Patrux, como os amigos do Patrux, como o senhor Nakagaki, e todos os outros seres humanos da terra. O fato de qualquer pessoa dizer algo não torna aquilo automaticamente verdadeiro, como também não torna uma inverdade. Não será porque alguém disse que a gravidade não existe que não exista, e não será porque alguém disse que a gravidade existe que automaticamente já provou a sua existência. Dizer que o Patux ou qualquer outro não possa dizer o que é verdadeiro, é um Argumentum ad verecundiam, uma falácia de apelo à autoridade.
Quem é o Ig0y para dizer que não existe paganismo no budismo? Quem é o Ig0y para dizer que o budismo de Oxford é falso? Quem deu ao Ig0y autoridade para dizer quem é um verdadeiro budista? Quem é o Ig0y para dizer o que é verdadeiro? Não estou afirmando que exista paganismo no budismo, nem que o budismo de Oxford seja o verdadeiro budismo, mas é muito interessante ver o Ig0y rogar para se essa autoridade que não permite para outros. Como se somente por se declarar budista o desse esse poder. Mais do que isso, acredita que está refutando alguém utilizando esse argumento.
Existe o bem e o mal, existe o bom e o ruim, existe o belo e o feio, e existe a verdade e a mentira. O ig0y não questionou a validade da premissa usada pelo o seu opositor, mas questionou a existência da verdade ao relativizar a questão, dizendo que existem muitas correntes do budismo. A relativização da verdade é o ponto central da filosofia dos sofistas, combatida e refutada desde a antiguidade.
O que define ser um escocês? O que define ser um verdadeiro escocês? Certamente tal discussão abriria margem para uma guerra de narrativas, afim de determinar quais seriam as premissas do verdadeiro escocês, cada um defendendo um entendimento diferente oriundo dos seus próprios pontos de vista. Posto que o ser humano é um ser limitado, por isso haveriam diferentes pontos de vista e para cada um existiria um entendimento da verdade, “diferentes verdades”, resultando em diferentes premissas do que é ser um escocês. No entanto, uma verdade limitada é realmente a verdade? Para existir uma verdade limitada (subjetiva), não é necessário que exista uma verdade (objetiva)? Se todas as verdades limitadas forem tidas como a verdade, o resultado será que qualquer ser humano da terra poderia ser chamado de escocês. Se todos são escoceses, quem não é o escocês? Logo, a própria existência do conceito de escocês passaria a não fazer sentido. No entanto, para existir um conceito de escocês é preciso existir um veredeiro escocês.
Alguém poderia alegar que o verdadeiro escocês é aquele que o governo da Escócia determina que é escocês, que recebeu cidadania independente de ter nascido lá; o problema com essa premissa é que é uma falácia, pois se sustenta em um argumento de autoridade. Outro alguém poderia argumentar que quem define é o senso comum coletivo de uma nação; mas isso seria um argumento de apelo ao povo, ad populum, a falácia da maioria. Mais outro alguém poderia alegar que a premissa é estabelecida no sentido denotativo da palavra. Será que existe um sentido denotativo para o verdadeiro escocês? Alguém poderia dizer que o veredeiro escocês é o que nasce na Escócia; outro poderia dizer que o verdadeiro é o que tem alguma descendência genética dos escoceses que habitaram a Escócia nos séculos passados; outro poderia discordar dizendo que o verdadeiro escocês é somente quem tiver uma linhagem genética pura; outro poderia dizer que o verdadeiro escocês é qualquer um que tenha a cultura escocesa; outro poderia dizer que o veredeiro escocês é aquele que se sente escocês no coração. Se todos somos homens, então não existem mulheres.
Fazendo uma analogia com produtos, existem produtos falsos e verdadeiros, produtos de marca e piratas, produtos originais e similares, produtos iguais e parecidos. Será que o simples fato de alguém se dizer budista o faz dele um budista verdadeiro? Ou será que o verdadeiro é quem o Ig0y declarar que seja? Eu posso dizer que sou budista? Todos somos budistas? Ninguém é budista? Quem é o verdadeiro budista?
10. O crescimento daquela ideologia.
Não parece que a pessoa que trouxe esse argumento estivesse falando em um crescimento vegetativo, para o Ig0y argumentar que a população está crescendo e que somos oito bilhões. Não é como um pai que seja adepto daquela ideologia e que tenha vários filhos, transmita para eles essas ideias como se transmite os genes. Esse tipo de crescimento geracional não é o da preocupação real da sociedade e não é o padrão observado. O mais comum são pessoas de uma mesma família, descendentes ou ascendentes, tenham orientações ideológicas distintas a do parente que seja adepto dessa visão.
Também não faz sentido falar somente em crescimento absoluto dos adeptos daquilo em vez de proporcional ao da população total, ou pelo menos absoluto e proporcional. Primeiro porque não é essa a constatação que os estudos indicam. Segundo porque não existiria a percepção de crescimento e não aumentaria a relevância dos mesmos.
Outro ponto nessa questão de crescimento é que não existe um meio-termo para um crescimento proporcional, no qual permita a afirmação do Ig0y de que tudo está crescendo. Posto que não existe um meio racista, uma pessoa ou é racista, ou não é. Não pode o antirracismo crescer proporcionalmente e o racismo também. Nessa questão não tem centro e não tem apolítico, para crescer neles. Não existe centro entre o racismo e o não racismo, como não existe uma pessoa que não seja uma coisa nem outra.
Em abril deve sair o resultado do censo, que foi realizado no ano passado. No entanto, todos os indicadores já estão demonstrando que o Brasil está desacelerando em crescimento absoluto populacional, chegando a uma quase estagnação e se espera que muito em breve esteja em decrescimento populacional, se não já o estiver.
Na Europa inteira, mais as Américas, mais a Oceania, mais os países desenvolvidos do leste asiático, mais a Rússia e até a China já entraram no inverno populacional. Todos esses estão com taxa de natalidade abaixo da de reposição, enfrentando diminuição populacional nativa ou prestes a enfrentar. Por tanto, os países onde o homem branco está mais presente enfrentam esse problema e é a população branca desses países é a que menos tem filhos.
No ano passado, pela primeira vez na história a China registrou uma diminuição populacional em relação ao ano anterior, e a taxa de natalidade baixa hoje é uma das maiores preocupações do Partido Comunista Chinês. A população mundial total cresce somente por conta da África, dos países de maioria islâmica e por conta da Índia. Será que é lá nesses países que estão tendo crescimento populacional real, que cresce aquela ideologia?
A Europa só mantém uma quase estagnação, com crescimento populacional total de míseros 0,06% ao ano por conta da fortíssima imigração que recebe. O mesmo vale para diversos outros países desenvolvidos como Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que estão tendo crescimento minúsculo e somente por conta da imigração recebida. No Japão e na Coreia, mesmo com as imigrações que recebem estão em declínio populacional em termos absolutos. O único diferente dos ricos é o Estados Unidos da América, que também está com a população nativa em forte declínio, mas a fortíssima imigração é tão alta que mantém um crescimento populacional total considerável.
Na Europa o problema com o crescimento daquela ideologia é mais acentuado por várias razões. A Europa recebe muita imigração islâmica, essa população tende a ter forte inflexibilidade a se adaptar a cultura Europeia, o que tem gerado grandes choques culturais e o sentimento da população nativa é de morte de sua identidade, morte de suas nações, e o medo do fim do homem branco. Somem a isso fatores históricos, um grande contingente de população branca, crises econômicas, grande endividamento de países. Os países europeus antes mesmo de outros países desenvolvidos já apresentavam baixíssimas taxas de natalidade, ou seja, grande proporção da população europeia é de imigrantes ou de filhos recentes deles. Resultando em um terreno fértil para as ideias supremacistas que tem crescido por lá de forma alarmante.
Por último, o argumento da internet, o mais típico do professor de ensino médio e o que serve de desculpa para tudo. Primeiramente porque o acesso à internet é tão abrangente no Brasil a quase uma década, que não seria um grande exagero dizer que é praticamente universal há um bom tempo. Se essa é a realidade do Brasil que é um país pobre de terceiro mundo, imagine como é a realidade dos países ricos e desenvolvidos. Também posso dizer que a internet facilita propagar qualquer ideia, inclusive as ideias antirracistas que não podem estar crescendo se as racistas o estão, por motivos que já falei anteriormente. O máximo que tem como aceitar é que o engajamento e radicalização de todos os lados possa estar crescendo, mas não é somente nisso que aquelas ideias estão crescendo. Essas ideias cresceram muito mais rápido e fácil no início do século passado, quando nem televisão existia. Internet não mata pessoas, pessoas é que matam pessoas.
Como O Ig0y não falou nada da complacência a qual foi acusado face o crescimento, senti que ele tangenciou negando a existência de um crescimento. Ou seja, criou um espantalho e ficou batendo nele.
11. Quem computa os crimes?
Não vou ser repetitivo, já enviei um monte de matérias jornalísticas de imprensa séria, com dados da polícia federal, com dados de agências do governo, com dados de pesquisas acadêmicas, com dados de ONGs. Com isso não estou dizendo que por serem essas as fontes seja automaticamente a verdade e que os dados não possam ser questionáveis. Entretanto, ficar desqualificando a fonte (o argumentador) perguntando quem computa isso, em vez de atacar os argumentos, é uma falácia (Argumentum ad hominem). Até porque eram a polícia e as agências do governo Bolsonaro dando dados de aumento sobre essas coisas. A quem interessava no governo aumentar esses números? Isso parece algo suspeito? Não é nem um pouco plausível ficar levantando esse tipo de argumento.
Também não é como se isso estivesse ocorrendo somente no Brasil, os aumentos são registrados em todo o ocidente por instituições muito mais credenciadas e serias do que as brasileiras. Quais são as probabilidades de todas elas estarem falseando dados e envolvidas em algum tipo de complô internacional?
Atacar a metodologia poderia ser um argumento valido, mas o Ig0y faz isso com uma alegação sem fundamento. Parafraseando: que essas instituições enquadram o uso do manji (suástica quando usada para fins religiosos) como crimes de apologia. Não, assim não, pelo amor de Deus, não vá na vera não. Será que aumentou tanto o número de budistas no Brasil usando esse símbolo, que a polícia tem ido até as sangas investigar? É meio obvio que a polícia e o governo não contabilizam isso como apologia. Algumas das reportagens que procurei falavam quais eram os critérios e não deixavam margens para esse tipo de confusão, em uma delas até especificou que não consideravam o manji para fins religiosos. Pior do que isso é somente a suposta prova dada por Ig0y dos erros metodológicos, que para começar não tem nada relacionado com apologia a aquela ideologia, mas com assassinato de mulheres. Para quem não sabe a Lei nº 13.104/15 que determina o que é feminicídio, define como tal a discriminação de gênero (Art. 1º, § 2º-A, II) ou violência doméstica (Art. 1º, § 2º-A, I). Uma mulher não pode odiar as mulheres ou mesmo o fato de ser uma mulher? Questionar a metodologia dizendo que está errada por contarem um crime de violência doméstica em conformidade com a lei que tipificou o feminicídio é uma tremenda de uma pérola.
12. A cruz de Pedro.
Desconheço que cristãos queiram resgatar esse símbolo fazendo uso dele, pelo simples fato de que não precisa ser resgatado. Pertence à tradição Católica não bíblica o relato que Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo, é um símbolo de Pedro, não de Cristo e o único na Igreja Católica que roga para se ser o sucessor apostólico de Pedro é o papa. O papado nunca deixou de utilizar esse símbolo e não me parece fazer sentido outra pessoa além do papa querer usar o seu símbolo. O relato mais antigo encontrado do registro sobre como Pedro morreu pertence ao teólogo Orígenes (185 – 253).
Os satanistas na idade média adotaram o uso da cruz de cabeça para baixo por um motivo bem simples, o significado obvio de um Cristo invertido. As pessoas comuns não utilizavam a cruz invertida antes mesmo dos satanistas utilizarem, pela óbvia mensagem que passariam, também porque nunca foi o símbolo da cristandade e porque sempre houve um símbolo bem maior.
13. O intolerante Karl Popper.
Eu gosto do paradoxo da intolerância e entendo a origem dele, o qual é uma releitura e uma defesa da lei de talião para um caso mais específico; olho por olho, dente por dente, intolerância por intolerância. Por mais que eu goste dessa lei, há um erro no entendimento de muitos, posto que não se faz justiça com as próprias mãos, isso nem ao menos é justiça. Cabe apenas ao estado e em última instância a Deus, o julgamento e a aplicação da lei. Ao povo cabe a tolerância e o perdão. Se alguém roubar, se rouba de volta? Se alguém matar, se mata de volta? Um erro não justifica outro.
14. Ig0y raivoso.
Se tem uma promessa de mal, não precisa ser apenas diretamente contra o outro, mas se tiver intensão de provocar algum tipo de dolo, isso é problemático.
Quando o Ig0y fala para as suas contrapartes a agradecerem por ele só colocar um processo. O que ele estava dizendo com isso? O que mais do que um processo poderia fazer? Isso é uma ameaça?
Quando o Ig0y afirma que procurará o empregador do Patrux para fazê-lo ser demitido, isso não constitui em uma ameaça? Se o Ig0y de fato conseguisse provocar esse dolo ao Patrux, no que isso caracterizaria?
Fazendo um exercício mental sobre o Ig0y ir atrás do empregador do Patrux. De quanto seria o custo disso, uns 4 mil, 5 mil, 6 mil reais? O Ig0y teria dinheiro para gastar assim? Será que isso valeria a pena? O ig0y sabe se quer onde o Patrux reside para achar o seu emprego, ou se quer o processar? Caso encontrasse o emprego, quem garante que o Patrux trabalhe em uma empresa pequena para ter um patrão? Se for uma empresa grande, quem garante que o Ig0y passaria da entrada? Quem disse que empresas grandes se incomodam com a vida dos funcionários? Mesmo que seja uma empresa pequena, mesmo que o Ig0y consiga falar com o patrão do Patrux, mesmo que ele se importe com isso, quem garante que ele não vá dar apoio ao Patrux? Quem disse que tem como o Ig0y colocar algo no LinkedIn do Patrux? Quem disse que o Patrux tem LinkedIn? Quem usa LinkedIn? Isso era coisa para ser levado a sério?
Por fim o Ig0y chama um rapaz para o conhecer fazendo gesto com a mão fechada. Isso não foi mais uma ameaça?
Essa temporada tem títulos demais, e ao mesmo tempo tem poucos que me chamaram atenção, portanto dessa vez vou analisar apenas o que eu acho que merecem algum comentário.
Boku no Hero Academia 5th Season — É um anime direcionado a agradar apenas o público Kid, não consegui assistir nem a primeira temporada, não será a quinta que me fará isso.
Ijiranaide, Nagatoro-san — Fiquei muito interessado por conta das polêmicas que promete que vai gerar. Contudo quem acompanha o mangá afirma que os bullying pesados só acontecem no início da obra, e depois passam a ser um tipo de fetiche, quase um carinho. Expectativas de ter os primeiros episódios interessantes, e depois só mais um romancinho bobinho qualquer.
Isekai Maou to Shoukan Shoujo no Dorei Majutsu Ω — Mais um daqueles animes que vou assistir por obrigação, já que assisti a primeira temporada, e certamente demorarei uma eternidade para finalizar. A primeira temporada ainda conseguiu manter uma certa qualidade em virtude da staff e de uma produção acima do que o roteiro merecia. Uma nova temporada continuando um roteiro que já era cheio de clichês, com uma staff e uma produção prometendo serem aquém do que foi a anterior. Pelo menos torcer para que o ecchi seja bom.
Fumetsu no Anata e — Se eu fosse só ler a sinopses diria que seria um anime com um grande potencial em virtude das premissas do protagonista, mas que a obra seria desenvolvida de uma forma bem tediosa. Contudo o mangá é altamente aclamado e a criadora original é a nada menos, nada mais, que Yoshitoki Ooima, então apertem os cintos, segurem firme e confiem que são altas as expectativas para ser o melhor anime da temporada.
Tensura Nikki: Tensei shitara Slime Datta Ken — Temporada filer, ninguém merece.
Shaman King (2021) — Nem quando criança gostava, desisti da primeira adaptação e não quis nem a colocar na minha lista de dropped. Contudo dessa vez estão prometendo que serão mais fieis, que terá menos filers, e irão mais longe no enredo adaptado, talvez até o fim. Mas ainda é um anime Kids, que deve ser gigante e certamente vão encher de censuras em algo que já é feito para crianças.
Fruits Basket: The Final — Provavelmente será tão fiel, tão bem produzido, tão bem dirigido, e tão bom como foram as temporadas anteriores. Só não aclamo mais esse anime, porque para chegar nas partes e nos episódios de maior reflexão e drama é preciso paciência, mas também não funcionaria de outra forma se fosse mais rápido.
Zombieland Saga: Revenge — Não assisto animes de idol, mas fiz uma exceção na primeira temporada desse anime e foi supreendentemente, incrivelmente, bom. Grandes expectativas para saber dos segredos que foram deixados em abertos na primeira temporada.
Hige wo Soru. Soshite Joshikousei wo Hirou. — A sinopse resumidamente desse anime é uma colegial fugida de casa que troca favores por abrigo. A garota encontra um homem mais velho que se recusa por motivos morais a aceitar esses favores, mas dá abrigo em troca de serviços domésticos. A turma da patrulha do politicamente correto, dos hipócritas, dos falsos moralistas, dos preconceituosos, já estão caindo com tudo encima desse anime, e só isso já é motivo mais do que suficiente para assistir e oferecer todo o meu apoio. Mas também prevejo que será bom e terá algumas cenas sensuais, designes bonitos e um romance bem levinho.
Nomad: Megalo Box 2 — Não, não, não, não podiam ter feito isso, a história da primeira temporada terminou tão bem fechadinha, e retornar com uma segunda temporada com o mesmo protagonista jogando fora todos os seus progressos. Caça-níqueis, pulei!
86 — Eu leio a sinopses e a minha empolgação com esse anime é absolutamente zero, contudo seu mangá é tão bem avaliado, é tão prestigiado, que eu vou ficar de olho nas críticas e se forem positivas posso aplicar a regra dos três.
Slime Taoshite 300-nen, Shiranai Uchi ni Nível Max ni Nattemashita — Uma bruxa imortal que passa milhares de anos de férias se tornar um dos seres mais poderosos desse mundo simplesmente matando similers, mas esconde seus poderes afim de continuar de férias. Em meio a um monte de clichês tem uma mensagem inusitada e problemática. Não vou assistir porque pelo trailer não promete uma grande produção e deve ser parado.
Koi to Yobu ni wa Kimochi Warui — Outro romance que chama atenção com uma proposta querendo causar falsas polêmicas, mas não vou assistir, porque a produção no trailer não parecia boa, e não gostei dos designs de personagens.
Sidonia no Kishi: Ai Tsumugu Hoshi — Filme que deve substituir parte ou toda a terceira e última temporada aguardada por anos. Essa obra como um todo tem algumas falhas graves, mas também tem acertos estupendos e que me deixam por demais de empolgado para assistir esse filme.
Echidna já conheci Subaru há 400 anos, pois é bastante provável que Subaru seja Flugel o Sábio, ou uma reencarnação dele. Flugel é o mesmo que plantou a árvore gigante e um dos três que se uniram para aprisionar Satella. Possivelmente Flugel e Echidna tenham tido algum tipo de romance no passado, mas Satella com inveja tenha atrapalhado, dai esse ser o motivo porque Echidna a odeia (Echidna só odeia três pessoas no mundo). Logo, por Emília ter um romance com Subaru e por possivelmente ser um clone de Satella, isso explica o porquê a Echidna não gosta dela. Sendo um clone também explica o porquê da bruxa da inveja (Alter ego descontrolado da Satela pelo fator da inveja) chegou a possui-la.
Essa teoria é reforçada pelo fato de os evangelhos serem copias inferiores aos livros de Echidna, feitos por Flugel. Então, Flugel teria que ter uma proximidade muito elevada com a Echidna.
Curiosidades sobre Echidna:
Gosto que o pecado da Echidna seja a ganância pelo conhecimento. Fome de conhecimento quase sempre pode ser uma virtude, mas a ganância sem limites por conhecimento pode ser um pecado. No relato do gênese o pecado inicial foi a mulher comer do fruto do conhecimento do bem e do mal. A serpente tentou a mulher com ganância dizendo que seria como Deus, sabendo o bem e o mal. A punição foi perder a imortalidade, ter dores e comer do suor do trabalho. Echidna quer ser imortal assim como Eva era e onisciente assim como Deus. Echidna é a única bruxa que nasceu bruxa, o que pode simbolizar o fato dos seres humanos já nascerem (herdarem) com o pecado original, o pecado de Eva. Também pode simbolizar que por a ganância ser o primeiro pecado humano Echidna teria que ser a primeira bruxa dos pecados.
O livro de Isaias fala que Satanás promoveu a rebelião no céu porque queria ser como Deus. Para alguns existe uma aparente pequena diferença no pecado de Eva do de Satanás, os dois quiseram ser como Deus, mas satanás quis ser igual a Deus possuindo o que era de Deus. Ou seja, o de satanás foi inveja e o de Eva foi à ganância. "A principal diferença é que enquanto a ganância é um forte desejo de posses, que a pessoa deseja maximizar, a inveja é um forte desejo de posses de outra pessoa, que não pertencem à pessoa que nutre o desejo". Como esse é o pecado de satanás, explica ser o pecado de Satella que é a bruxa mais forte.
Majo no Tabitabi 9
6 / 12
Simples, contudo com ótima produção, e muito conteúdo. Enche o sorriso por conta das reflexões com perspectivas inusitadas. Todavia nem sempre as mensagens defendidas são corretas, mas são passadas de uma forma como se fossem corretas e isso incomoda a ponto de ser o único motivo de não levar um dez.
O fato da protagonista se mostrar apática, não se envolvendo em muitos problemas, tomando uma postura observadora, passa uma mensagem incomoda. Mas o ápice, até o momento, de mensagens controversas foi durante o episódio seis. Justamente o único episódio que a protagonista decidiu interver.
Varias obras fazem reflexões sobre a mentira, e uma a qual é possível ser feito um paralelo com esse anime é o filme O Mentiroso, protagonizado Jim Carrey. No filme com no anime não é possível mentir, os personagens falam a verdade incontrolavelmente, contudo no filme isso é feito com humor e tem uma reflexão moral diferente. A conclusão do anime é que falar a verdade nem sempre é bom. Já no filme a conclusão é que a verdade incomoda porque foram construídas mentira e isso afasta pessoas até a família. Mentir é moralmente errado e a mensagem do anime é errada.
Tonikaku Kawaii 9
6 / -
Superou minhas expectativas, pois eu esperava algo bom da história, mas o diretor soube fazer cenas muito bem produzidas e com ótimas perspectivas.
Observação: Eu fiquei espantado pelo fato do Marco (canal intoxi anime) em seus comentários desse anime aparentar não saber que essa animação é uma releitura do conto da Princesa Kaguya. Obra do século X, a mais antiga narrativa japonesa existente e que já foi adaptada em um filme pelo estudo Ghibli. Como um Otaku não sabe disso? Será que ele chegará ao nível hardcore Esteves?
Higurashi no Naku Koro ni Gou 9
7 / 24
Incialmente parece parado, mas alternando momentos de extremo êxtase e com o desenvolvimento da trama cada segundo prende atenção, tudo importa, e os episódios passam rapidíssimos. Adoro o suspense, adoro o terror, adoro o lado psicológico deste anime.
Eu não assisti à primeira versão completa, ou as duas primeiras temporadas já que existe uma discursão se realmente esse anime é um remake. Todavia andei lendo algumas críticas da nova versão e quase tudo é proveniente de comparações, por exemplo, sobre a mudança do estilo da animação nos momentos de terror não ter sido mantida. Pessoalmente pelas poucas partes que assisti da versão antiga, a animação do estúdio Deen é incomparavelmente inferior, alias tudo nessa versão mais recente pareceu melhor.
Cada episódio que passa me faz gostar muito mais desse anime, e cada vez mais eu aprecio a sua abertura, pois começo a ter mais a ciência dos significados das coisas dela. Já assisti a essa abertura algumas dezenas de vezes, adoro quando começa a parte da corrida.
Akudama Drive 8
6 / 12
É um anime que realmente diverte, cumpre bem a proposta de entreter, e faz querer continuar vendo sem parar. A animação frenética com uma arte espetacular, fotografia, paleta de cores, conceitos, planos, são os maiores destaques.
Kamisama ni Natta Hi 8
5 / 12
Drama funcional, com bons alívios cômicos, e é uma obra de um autor famoso. Tem alguns elementos postos de formas inusitadas que causam estranheza na coerência narrativa, mas que dão tempero a obra e que permitem desenvolvimentos interessantes.
Dragon Quest: Dai no Daibouken (2020) 6
6 / -
Uma obra de renome que ganha uma nova versão animada em um estudo que outrora já foi um dos melhores, mas que lastimavelmente hoje a Toei é sinônimo de lixo. Frustrou-me bastante, porém não é de todo ruim.
Em relação ao antigo:
Quanto ao gráfico, o antigo é um 2D feito a mão, antes da era digital, tem todo um charme que encanta, apesar de já ter sido superado, e até mesmo para época não era dos melhores. Fazer algo digitalmente é mais fácil, é mais barato, pode ficar mais bonito, e eu sei que muita gente está elogiando isso neste anime, mas para mim não precisava de uma técnica aparentando um 3D barato. Por mais que corrija algumas imperfeições, traga mais detalhes, tire algumas faltas de foco, ainda assim soa muito mais artificial, menos artístico, os personagens parecem bonecos, os monstros eram para serem mais assustadores e não menos.
Outro ponto que me incomoda muito na nova versão é a comédia, ou melhor, a falta dela. Para adultos a versão antiga pode ser mais interessante de assistir por conta das partes cômicas.
Mesmo na antiga versão esse início da história parecia muito comprimido, agora está contando a mesma coisa com quase metade dos episódios. Inevitavelmente o rush compromete a ligação do público com a obra, a empatia com os personagens, e a possível sensação que a cenas dramáticas deveriam causar. Até a ligação romântica que já era frágil ficou ainda mais comprometida.
De forma alguma que a versão antiga, principalmente nesse início, fosse uma obra extremante adulta, mas quando deixa as imagens mais artificias parecendo bonecos, se tira a comédia mais dark, diminui a carga emocional, obviamente fica uma obra destinada cada vez mais a apenas um único tipo de público. Infelizmente é a diretriz que a Toe parece que tomou em todas as suas obras, que é seguindo o que a animação americana está fazendo, focando apenas no público de crianças e cada vez mais jovens, logo com obras cada vez mais lúdicas, mais infantilizas.
Foi grande o desapontamento, mas ainda contínua sendo a obra de um dos mangás de maior sucesso. A história é boa e superando as decepções eu já começo apreciar um pouco mais. Principalmente por conta da expectativa que vão adaptar os outros dois terço que não foram adaptados na primeira versão, serão mais de 100 episódios.
Eternity: Shinya no Nurekoi Channel ♡ 6
4 / 12
Cada episódio de 14 minutos tem um romance diferente, alguns são instigantes, outros são básicos demais. Tem um pouco daquilo, mas o foco é o romance com problematizações interessantes. De qualquer forma é significativamente pesado.
King's Raid: Ishi wo Tsugumono-tachi 6
6 / 26
Ser um clichê das clássicas histórias de RPG não é ruim, mesmo porque com tantas coisas diferentes isso nem é algo tão repetitivo, e até poderia garantir uma narrativa com poucos erros. Mas, é tudo muito básico, muito raso.
Mahouka Koukou no Rettousei: Raihousha-hen 6
6 / 13
Quase tudo em termos de produção é melhor que a primeira temporada, enquadramentos, ritmo, movimento de câmeras, cenários, trilha sonora, fluidez, detalhamentos. Mas a história em se, que já não era boa, ficou ainda pior. Chato! Bem Chato! Só não dou nota pior por conta da produção e da direção, mas um milagre é difícil.
Noblesse 6
6 / -
História com inúmeras incoerências e com um rush absurdo do mangá. Apesar de a história ser comprimida, ainda assim o ritmo não parece apressado. Pelo menos as lutas são legais, alguns personagens, a abertura e o encerramento.
Eu gosto do protagonista overpower, eu gosto das batalhas, e vejo algumas ideias muito boas perdidas no meio de muitas coisas ruins. Por isso mesmo tendo pontos bem ruins ainda entretém.
Otona nya Koi no Shikata ga Wakaranee! 6
5 / -
Romance sem muita enrolação e com bastante nudez. Os designs são bons, mas em termos de imagem, a animação, o contraste de sombras, e as luzes, não são das melhores.
Senyoku no Sigrdrifa 3
1 / 12
Pela sinopse já dava para ter previsto que a história é completamente idiota. Às vezes um autor de sucesso faz coisas muito ruins. Esse anime é absolutamente estupido, não percam tempo vendo isso, já fiz esse sacrifício.
O que você espera da próxima temporada? (Winter 2021)
Yuru Camp△ 2nd Season — Não assisti a primeira temporada, não faz sentido começar pela segunda.
Kaifuku Jutsushi no Yarinaoshi — Eu li tudo o que foi produzido até o momento no mangá. Por isso não peço uma superprodução, basta apenas um bom diretor e uma produtora que não seja covarde para termos o melhor anime do ano sem nenhuma duvida. Adianto que será muitíssimo polêmico, e totalmente politicamente incorreto. Não é para todos.
O protagonista inocente vai ser preso por anos, escravizado por anos, drogado por anos, espancado por anos, humilhado verbalmente por anos, estuprado por diversas pessoas por anos. Ele vai sofrer tanto que perderá a consciência do que está acontecendo e tudo isso apenas por ser considerado fraco e ter habilidades que podem ser exploradas.
Quando o protagonista recupera a consciência e consegue uma forma de começar a fazer uma vingança tem sua cidade natal destruída, todos os habitantes mortos, seus pais adotivos mortos, e sua amiga/paquera de infância estuprada a qual se mata. Além disso, o protagonista ver seus inimigos cometerem diversas outras injustiças, como matarem pessoas por ganância, por poder, por serem diferentes. E ainda torturaram, e estupram donzelas.
Já imaginou o que o protagonista faz com seus inimigos para se vingar? É no mesmo nível e até pior.
Majutsushi Orphen Hagure Tabi: Kimluck-hen — Com certeza irei assistir, é uma adaptação de um clássico, e essa nova versão promete ser melhor. :)
5-toubun no Hanayome ∬— A primeira temporada foi um hit surpreendente, principalmente por ser um romance, e eu apreciei muito. Só não estou com hype maior porque já peguei spoiler do final e não foi exatamente como gostaria.
Re:Zero kara Hajimeru Isekai Seikatsu 2nd Season Part 2— Caso alguém se ache um apreciador de anime e não tenha assistido a maravilhosa primeira parte da segunda temporada, só posso dizer que tenho muita pena deste ser. Mal posso esperar, conto os segundos para que essa segunda parte chegue logo.
Hataraku Saibou!!— Continuação de algo que foi ótimo, com um conteúdo rico. Com certeza vou assistir.
Hataraku Saibou Black (TV)— Uma versão negra que promete ser menos comédia, ser seinen em vez do shounen, e ter mais ação. Essa abordagem diferente promete ser mais promissora do que a continuação direta da obra. Sim, vou assistir.
Dr. Stone: Stone Wars— Anime muito popular que ganhou bastante criticas e formou muitos haters. Não me considero um fanático por esse anime, muito menos um hater. A primeira temporada começa desconcertante, mas tem um bom desenvolvimento narrativo e agrada consideravelmente. Estou com boas expectativas para essa segunda temporada que promete uma guerra com bons clímaces.
Yakusoku no Neverland 2nd Season— Eu li o mangá e a primeira temporada do anime é a melhor parte. O trecho da história que provavelmente será adaptado nesta segunda temporada deve ter um foco diferente, portanto deve oferecer também um gênero diferente ao anime. Não é uma parte ruim da trama, apesar de inferior a anterior, mas vai causar estranhamento e é mais um médio constante. Agora o que vem depois disso é só descendo escada abaixo.
Beastars 2nd Season— É um caso interessante, pois sua primeira temporada é impecável em quase tudo, mas falta uma motivação nela forte, algo que estimulasse a querer continuar assistindo. Será muito bom em alguns aspectos, vou assistir, contudo não vai me divertirei tanto quanto deveria.
Mushoku Tensei: Isekai Ittara Honki Dasu— O trailer está bonito, apesar de que achei os designs de personagens genéricos. Agora com relação à sinopse é ainda mais genérica, é um isekai com reencarnação em mundo de fantasia medieval. Não tenho problema algum com isekai, contudo não vi nada de diferente que me chamasse atenção. Regra dos três.
Horimiya— Devido a sua versão antiga já ouvi falar tantas vezes no nome deste anime que mesmo sem simpatizar muito com a proposta acho que merece regra dos três.
Kumo Desu ga, Nani ka? — Isekai com reencarnação em uma aranha. A proposta é ser uma aventura com luta pela sobrevivência, e com comédia. Já tenho muita coisa para assistir, se a comédia não for forte o bastante para mim não vai vale a pena. Regra dos três.
Jaku-Chara Tomozaki-kun— Um romance com críticas sociais e drama. Pareceu interessante a alusão entre um jogo e a vida real. O estúdio não é bom, mas vale regras dos três.
Back Arrow— Até que ponho fé na produtora Aniplex, mas o estúdio é novo, é pequeno e o anime tem uma proposta grande demais. Vou dar regra dos três, porque é uma produção original do diretor de Code Geass (Gorou Taniguchi).
Maiko-san Chi no Makanai-san — Anime que fala sobre geishas, e é de um mangá bem conceituado. Merece regra dos três.
Shingeki no Kyojin: The Final Season — Capítulo final de uma franquia altamente superestimada. Irei assistir porque já assisti o resto, mas com baixas expectativas.
Log Horizon: Entaku Houkai — Anime de TV do governo para ser politicamente correto e com produção mediana. Tem coisas legais nas duas temporadas anteriores, contudo também tem coisas sem nexos e partes bem chatas. Baixas expectativas em termos de história e de produção para essa continuação, todavia vou assistir porque assisti as temporadas anteriores.
Tensei shitara Slime Datta Ken 2nd Season— A primeira temporada foi boazinha, mas não o suficientemente boa para que eu recomendasse a alguém, e não estou convencido que a segunda poderá ser muito melhor. Vou assistir apenas porque já assisti a primeira temporada e quero saber para onde vai essa história.
Nanatsu no Taizai: Fundo no Shinpan— 1° temporada nota 7; 2° temporada nota 5; 3° temporada nota 3; 4° temporada será nota 1? Ainda nem consegui terminar de ver a desastrosa terceira temporada, e não estou com a mínima vontade de assistir a quarta temporada. Todavia, talvez um dia eu assista apenas para dizer que assisti todas as temporadas, mesmo que seja uma grande tortura.
World Trigger 2nd Season— Combinação: Toei Animation, Action, e Sci-Fi. Tem como isso dá certo? Pulei!
Tsukipro The Animation 2nd Season– Segunda temporada da segunda versão de um anime de boys músicos. Zero elevado a enésima potência de possibilidade de que eu assista. Pulei!
Non Non Biyori Nonstop— O gênero é Seinen, mas o trailer é um anime de garotinhas. Não vou arriscar. Pulei!
Minério dake Haireru Kakushi Dungeon— Achei interessante a sinopses, contudo o mangá não é popular, e é mal avaliado. Para piorar o estúdio é pequeno, é novo, e o diretor é inexperiente como diretor geral. Vou ficar de olhos nas criticas. Pulei!
Ex-Arm— Seinen, ficção científica, ecchi e ação, dizendo só isso desperta uma vontade, mas eu não comprei muito a sinopse. Se não tivesse tantos animes para assistir ariscaria uma regra dos três. Pulei!
Bungou Stray Dogs Wan!— Comédia aparentemente cartunesca. Meu senso de humor prefere coisas mais serias que tenham alívios cômicos. Pulei!
Tatoeba Last Dungeon Mae no Mura no Shounen ga Joban no Machi de Kurasu Youna Monogatari— O diretor desse anime nunca produziu nada, o estúdio também não é bom, e o trailer é cheio de coisas básicas e genéricas. Pulei!
2.43: Seiin Koukou Danshi Volley-bu— Anime de vôlei, não curto animes de esporte. Pulei!
Kemono Jihen— Investigação sobre casos de ocultismo poderia ser uma ótima pegada, se fosse mais adulto, mais centrado nos mistérios, no suspense e no terror. Todavia esse anime é classificado como um Shounen de ação, e não acho que esse formula vai funcionar bem desse jeito, mesmo porque as partes mais desinteressantes do trailer são justamente as partes de ação. Pulei!
Urasekai Picnic— Proposta de portas com portais para mundos de fantasia não é nova na literatura infantil, já vimos diversas adaptações parecidas como essas falharem no cinema, ainda mais com um pistoleiro (A Torre Negra). E não me parece que será um romance yuri que vai fazer dar certo. Pulei!
Hortensia Saga (TV)— A sinopse é simples, mas até que pareceu agradável. O problema é que o trailer atual não está mostrando nada, e o estúdio que já não é dos melhores está cheio de animes para essa temporada. Pulei!
Skate-Leading☆Stars— Esporte de patinação no gelo. Pulei!
Show by Rock!! Stars!!— Anime de meio humanos com orelhas de gato que tocam rock. Pelo menos é rock. Pulei!
Gekidol— Anime de garotas Idolls!. Pulei!
Kai Byoui Ramune— Anime sobre um curandeiro espiritual. Não vi nada que me cativasse a assistir. Pulei!
Tenchi Souzou Design-bu— É um anime com personagens adultos, em um mundo de fantasia, fazendo coisas cotidianas de adultos. Nem é escrachado, nem é ser serio, duvido que a comédia funcione comigo. Pulei!
Idolls— Com um nome desse falta mais o que? Pulei!
Idoly Pride— Outro de garotas musicistas. Pulei!
Wonder Egg Priority— Ainda não tem trailer, ainda não tem sinopse. Seu diretor só dirigiu um único anime antes desse e que não fez sucesso. Já o seu roteirista tudo que fez antes foram três mangás totalmente inexpressíveis, sendo o mais conhecido por 622 membros do MAL e o menos conhecido por 61. Pulei!
Project Scard: Praeter no Kizu— Anime só com rapazes bonitos, fortes e charmosos. Não tenho esse tipo de fetiche (Fujoshi). Pulei!
WIXOSS Diva(A)Live— É um anime de jogos, mas a impressão é que é mais para ser uma propaganda de um gamer do que para ser um anime. Pulei!
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Melhor Personagem Masculino da Temporada Spring 2023:
Melhor Personagem Feminina da Temporada Spring 2023:
Melhor Design de Personagem da Temporada Spring 2023:
Melhor Anime da Temporada Spring 2023:
Em defesa do nobre Guto.
https://youtu.be/Yhi5cjydnJw
https://youtu.be/p-WtUmqJJrI
https://youtu.be/-oAUY3shRFs
Alegria e muita laranja.
Minha teoria com base nessa teoria:
Echidna já conheci Subaru há 400 anos, pois é bastante provável que Subaru seja Flugel o Sábio, ou uma reencarnação dele. Flugel é o mesmo que plantou a árvore gigante e um dos três que se uniram para aprisionar Satella. Possivelmente Flugel e Echidna tenham tido algum tipo de romance no passado, mas Satella com inveja tenha atrapalhado, dai esse ser o motivo porque Echidna a odeia (Echidna só odeia três pessoas no mundo). Logo, por Emília ter um romance com Subaru e por possivelmente ser um clone de Satella, isso explica o porquê a Echidna não gosta dela. Sendo um clone também explica o porquê da bruxa da inveja (Alter ego descontrolado da Satela pelo fator da inveja) chegou a possui-la.
Essa teoria é reforçada pelo fato de os evangelhos serem copias inferiores aos livros de Echidna, feitos por Flugel. Então, Flugel teria que ter uma proximidade muito elevada com a Echidna.
Curiosidades sobre Echidna:
Gosto que o pecado da Echidna seja a ganância pelo conhecimento. Fome de conhecimento quase sempre pode ser uma virtude, mas a ganância sem limites por conhecimento pode ser um pecado. No relato do gênese o pecado inicial foi a mulher comer do fruto do conhecimento do bem e do mal. A serpente tentou a mulher com ganância dizendo que seria como Deus, sabendo o bem e o mal. A punição foi perder a imortalidade, ter dores e comer do suor do trabalho. Echidna quer ser imortal assim como Eva era e onisciente assim como Deus. Echidna é a única bruxa que nasceu bruxa, o que pode simbolizar o fato dos seres humanos já nascerem (herdarem) com o pecado original, o pecado de Eva. Também pode simbolizar que por a ganância ser o primeiro pecado humano Echidna teria que ser a primeira bruxa dos pecados.
O livro de Isaias fala que Satanás promoveu a rebelião no céu porque queria ser como Deus. Para alguns existe uma aparente pequena diferença no pecado de Eva do de Satanás, os dois quiseram ser como Deus, mas satanás quis ser igual a Deus possuindo o que era de Deus. Ou seja, o de satanás foi inveja e o de Eva foi à ganância. "A principal diferença é que enquanto a ganância é um forte desejo de posses, que a pessoa deseja maximizar, a inveja é um forte desejo de posses de outra pessoa, que não pertencem à pessoa que nutre o desejo". Como esse é o pecado de satanás, explica ser o pecado de Satella que é a bruxa mais forte.