RobdeFR's Blog

Mar 9, 2010 9:45 AM
Anime Relations: Versailles no Bara
“Rosa de Versalhes” ou no original Versalles No Bara foi uma adaptação em anime do manga de mesmo nome por parte da autora de manga “Shoujo” (Shoujo – historias feitas especialmente para o sexo feminino), Ikeda Ryoko. A autora foi um dos nomes mais importantes do chamado “Shoujo Manga” no princípio dos anos 70. Foi um dos nomes que revolucionou o universo Shoujo e moldou-o, utilizando pela primeira vez nas suas historias aspectos que desde então se transformaram nos estereótipos das historias “shoujo” e são constantemente utilizados desde a sua fase inicial até aos dias de hoje.

Em “A Rosa de Versalhes” a primeira coisa que naturalmente vem-nos à cabeça quando começamos a ver as primeiras cenas, é o clássico traço do desenho de personagens feito por um nosso conhecido, Shingo Araki (da fama de Saint Seiya/ Cavaleiros do Zodíaco). Araki foi muito activo nos anos 70, trabalhando com os títulos mais conhecidos dessa era, mas aqui nesta série, foi onde ele se reinventou e brilhou, desenvolvendo o seu traço específico e reaproveitando os belíssimos desenhos de personagens mais tarde em Saint Seiya.
Mas “A Rosa de Versalhes” não se afirma apenas no desenho de personagens de Araki, entre muitas maravilhas da série, está também o estilo peculiar da mesma. Um estilo bastante “década de 70” com um charme muito próprio como só as produções dessa era poderiam proporcionar.
A direcção e animação ajudaram bastante nesse departamento, a animação foi muito bem usada aproveitando as limitações que existia no campo nessa altura, através de cenas paradas e movimentações quando estritamente necessárias, nas cenas paradas a beleza da arte inunda a tela e por vezes faz a audiência esquecer-se que é preciso animação, animação esta que quando realmente utilizada na verdadeira acepção da palavra “animação”, por vezes rivaliza a animação actual que apenas se esconde no comodismo da animação digital, exemplos fortes do nível de animação superior utilizada podemos encontrar por exemplo, nas cenas de dança dos salões da aristocracia e até o destaque para certas cenas que sobrepõem toda a animação que se veio a fazer até mais de 20 anos depois da série, por exemplo nas cenas com várias personagens , como por exemplo nas ruas movimentadas, em que cada pessoa, por mais irrelevante que seja tem gestos e movimentos próprios.
A direcção da série foi pois, feita ao mais alto nível, o estilo algo “acid” década de 70, deveu-se muito a, Tadao Nagahama, o director que a série teve e que infelizmente faleceu no decorrer desta, mas não sem antes concluir o 18º episódio. Para substitui-lo foi escolhido Osamu Dezaki, conceituadíssimo director já nos anos 70, que trazia no seu currículo clássicos incontornáveis como Ashita No Joe ou Ace Wo Nerae . Desaki descartou de modo suave o estilo de algumas cenas “acid” que Nagahama utilizava, introduziu o seu estilo vanguardista, que podemos ver nos vários ângulos de câmaras entre outros detalhes, concluiu o trabalho com excelência.

A história da série não poderia ter sido melhor…
Começa com pormenores e clássicos aspectos de historias “shoujo” , como por exemplo, o inicio na sua forma shoujo mais tradicional de ”rapariga nova chega a um meio novo onde as mulheres mais velhas com o território já conquistado proporcionam-lhe ou tentam proporcionar-lhe umas más experiências”. Se a historia continuasse neste patamar, não seria mais do que um simples shoujo dos anos 70, mas felizmente sobressaiu-se aos limites do género e evolui de uma forma bastante madura. Aqui culto aqui dado à autora é merecido, pois os aspectos “shoujo” iniciais utilizados são sublimes, não cansam e conduzem naturalmente à próxima etapa da história de forma natural e como já reparado, evoluída e madura.
A historia essa que foi misturada de forma exemplar e perfeita com os factos Históricos. Pois trata de acontecimentos reais que se desenrolaram num espaço temporal de 20 anos e antecederam a Revolução Francesa do final do século 18. E explora de perto uma personagem da Historia tão conhecida pelos conhecedores da historia francesa e até pelos trabalhos de ficção do ultimo século, falo da ultima rainha da França, Marie Antoinette, desde a sua chegada à França, vinda da Áustria com os seus 13 anos.
Numa história que decorre durante 20 anos, tem de haver crescimento de personagens, aqui esse crescimento existe e é feito de uma forma raramente igualável no neste meio.

Numa pequena nota pessoal, a autora, Ikeda Riyouko, além de ter pesquisado a Historia, usou uma critica activa à aristocracia do século 18. Tendo previamente visto Legend Of Galactic Heroes, e estando LoGH no meu top 3, e tendo em conta que “RdV” é uma história mais antiga, fiquei bastante impressionado pela semelhança da critica usada em ambas as séries, arrisco-me a dizer que o autor de “LoGH” foi-se inspirar em “RdV”, pois se não foi o seu criador foi então o director da série de “LoGH”. Pois as situações da aristocracia suja e corrompida podia-se transportar facilmente de um anime para o outro, bastava mudar nomes e por os personagens no mesmo século.

A música neste campo da animação quando tem de complementar uma história de grande envergadura, tem de ser muito forte e tem muita responsabilidade, pois num anime com contornos dramáticos, a música pode construir uma cena e transportar a audiência para o espaço dramático da cena ou pode destruí-la rapidamente, em “A Rosa de Versalhes” a banda sonora é excelente, plenamente capaz para uma historia destas proporções e preenchida de grandes temas, que abrangem desde a música clássica, como a natureza da série assim o exige, até à música clássica misturada com algum “boogie” dos anos setenta de uma forma que só um artista Japonês nos anos 70 o poderia ter feito.

”Clássico” é uma palavra que só abrange alguns títulos de ficção, aqueles que sobrevivem ao tempo e ainda continuam a dizer algo de novo a qualquer pessoa que assista ao titulo 30 anos depois, assim como o foi na altura.
“Rosa De Versalhes” é uma série anime completamente merecedora desse titulo, e em alguns casos ainda vai mais longe, chega ao escalão superior, que abrange ainda menos nomes, o escalão chama-se “culto”.

10/10
Posted by RobdeFR | Mar 9, 2010 9:45 AM | Add a comment
It’s time to ditch the text file.
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