Akuyaku Reijou Level 99: Watashi wa Ura-Boss desu ga Maou dewa Arimasen
Sem dúvida, é um anime cativante e prazeroso de assistir, só precisava de uma animação de melhor qualidade para sagrar-se como o melhor anime da sua temporada. Está obra evidência que as boas tramas são melhores que as grandes produções.
Boku no Kokoro no Yabai Yatsu Season 2
O romance escolar é bastante comum, mas este anime tem uma trama com um emaranhado diferente. Além disso, é bem dirigido, recebeu uma boa animação e é cativante. A segunda temporada tem se apresentado como superior a muitos romances, até mesmo em relação à sua prestigiada primeira temporada. Muito disso é em virtude de o ponto forte dessa obra continuar sendo nos bons personagens e nas atraentes interações entre eles.
Dosanko Gal wa Namara Menkoi
O anime apresenta alguns personagens adoráveis, e por ser ambientado constantemente na neve, proporciona situações instigantes. Entretanto, a experiência pode ser prejudicada pelos clichês de um romance lento, com harém e escolar.
Dungeon Meshi
Enorme decepção! Para uma obra baseada em um mangá tão elogiado, esperava-se uma ótima história. No entanto, é apenas um anime de culinária fictícia, com ingredientes que são monstros fictícios. Em outras palavras, é extremamente chato.
Ishura
A proposta é boa e a produção é melhor do que o esperado, mas a obra tem dificuldades em apresentar diversos personagens principais. Além dos problemas com a narrativa, há uma falta de verossimilhança e identificação. Pois, os personagens têm poderes absurdos demais que desafiam as próprias regras deste mundo. Além de terem personalidades incomuns e alguns deles nem sequer serem humanos. Apesar de as expectativas terem sido reduzidas, ainda pode surpreender, uma vez que o anime Saitou-san foi bem mais ousado do que Ishura em não seguir os padrões narrativos nos primeiros episódios e na forma como apresentou os personagens.
Jaku-Chara Tomozaki-kun 2nd Stage
Esta segunda temporada alterou o foco da problemática do protagonista para outro personagem que era secundário na primeira temporada. Tem um lado positivo que é poder explorar a problemática por outros ângulos, sem se tornar entediante, ao mesmo tempo que continua o desenvolvimento do personagem principal. No entanto, essa mudança fez os romances que estavam sendo desenvolvidos ficarem escanteados. Além disso, deu uma aliviada nos temas profundos, controversos e polêmicos. Apesar da suavização, o conteúdo crítico, que torna esta obra especial, permanece bastante presente e complexo.
Majo to Yajuu
Esse é um dos melhores animes da temporada, pois há mistérios instigantes, ação explosiva e personagens com motivações orgânicas. É possível notar também que há uma complexidade nas motivações. Complexidade essa não apenas nas motivações dos protagonistas, mas também nas motivações dos vilões e dos personagens secundários. Ademais, as tramas também são bem elaboradas, com desfechos inesperados, controversos e reflexivos.
No entanto, é um anime Seinen, que deveria ser mais maduro e ter um ritmo adequado. O ritmo rápido, em que um arco é resolvido em um ou dois episódios, obriga os diálogos a serem diretos, menos naturais e com menor maturidade. Além disso, esse ritmo força a finalização de bons personagens e de boas tramas muito precocemente. Também é preciso salientar que, às vezes, é excessivamente pesado, levando posteriormente a suavizações que são por demais excessivas, como as ocorridas no final do primeiro episódio.
Mashle: Shinkakusha Kouho Senbatsu Shiken-hen
Esta temporada inicia-se descartando o que norteava toda a história, que era a principal piada do anime, a de que quase ninguém da trama sabia que o protagonista não era capaz de usar magia. Para tentar compensar, exageram na utilização de outras piadas, de tal forma que as tornam forçadas. A questão não se limita à perda do principal fator cômico, mas à perda de algo tão basilar nessa história que só pode ser identificado como à quebra de uma premissa. Isso resulta em uma diminuição da motivação do personagem e do interesse do público em continuar a acompanhar a obra. Posto que essa revelação deveria ser um clímax de finalização e não um elemento de início de uma nova temporada. Restando apenas de material ao anime uma trama de ação clássica shounem.
Mato Seihei no Slave
O ecchi por vezes vem de cenas ridículas, com elementos imaturos, mas ainda assim é legal. O anime apresenta também alguns personagens interessantes, e a produção está aceitável. No entanto, a premissa é vergonha alheia; a construção de mundo é péssima; a história consegue ser forçada, mesmo sendo simplória; e a trama é repleta de clichês. A impressão é que o anime quer ser um sonho erótico de um estereótipo de virgem masoquista. Para completar a cereja do bolo, o anime tem um terrível trabalho de som.
Metallic Rouge
É belo, bem animado, inteligente e complexo. As constantes cenas de ação são um destaque, uma vez que a computação gráfica não destoa, a tal ponto de suscitar dúvidas se de fato está sendo utilizada. Além disso, as cenas de ação se destacam por serem detalhadas, terem consistência e uma fluidez acima da média. Outro aspecto positivo da obra são as várias temáticas que aborda, como: o papel das máquinas, a fragilidade da vida, a eternidade, a liberdade, e a protagonista lutando contra coisas que deveriam ser do seu interesse.
Entretanto, é provável que o anime não agradará a todos, uma vez que apresenta apenas mulheres protagonistas e desempenhando atividades típicas masculinas. Além disso, o ambiente de Marte costumeiramente não é bem aceito pelo público contemporâneo. Para completar, há uma ausência de um romance, que é um atrativo comum em animes.
No passado, a ficção científica já utilizou Marte para inúmeras obras de sucesso, mas isso era em uma época em que se tinha pouco conhecimento do planeta e as especulações fascinantes dominavam o senso comum. Continuar usando Marte como uma Terra 2.0, não é somente uma questão de saturamento no gênero, mas principalmente de não mais parecer algo plausível.
É possível notar uma tentativa de tornar as protagonistas mais femininas, talvez como uma forma de antecipar possíveis críticas, mas não tem como ocultar a ideologia progressista presente. Esta ideologia tem causado a destruição de boas histórias e acabado com a indústria do entretenimento. Como consequência das péssimas obras ideológicas, existe nesta geração uma grande rejeição automática do público. No entanto, nem sempre uma obra com essa ideologia é ruim. Infelizmente, apesar de Metallic Rouge ser ótimo, não foi lançado no tempo certo para poder brilhar. Ademais, é preciso fazer um adendo de que a ingenuidade GoKu, mesmo que em pequenas gotas, não combina com personagens femininas.
Ore dake Level Up na Ken
O anime correspondeu às expectativas com relação a ter uma boa produção e direção. Os momentos de ação são as melhores partes, pois transmitem muita tensão. Contudo, o anime permanece com a mesma premissa desagradável do original.
O primeiro episódio é típico de um bom anime, com alguns pontos diferenciados e acima da média. O segundo episódio é ótimo, com muita ação, bom drama e uma tensão espetacular. Entretanto, o terceiro episódio é chato, consistindo apenas em explicar a premissa, a qual ninguém se importa e é cheia de problemas.
Youkoso Jitsuryoku Shijou Shugi no Kyoushitsu e 3rd Season
A produção é mediana como o esperado, mas a trama está sendo constantemente instigante. Se continuar atraente assim por mais alguns episódios seguidos, será a temporada mais continuamente instigante. Entretanto, isoladamente, os episódios da terceira temporada já são mais constantes em se manterem todo tempo cativantes. A primeira temporada tem uma primeira metade excelente e a segunda metade é um desastre, com exceção talvez do último episódio. A segunda temporada tem um ótimo último arco, além de mais alguns episódios esporádicos ou cenas deles. A terceira temporada é continuamente ótima, faltando apenas um grande clímax para se consolidar como a melhor das temporadas.
Apesar dos aspectos positivos desta terceira temporada, há algo em Classroom of the Elite que incomoda em todas as temporadas. O anime sofreu muitas alterações em relação ao seu material original, em virtude de reduzirem muito o número de alunos nas salas. Embora essas modificações causem uma desorganização em determinados aspectos do anime, o que mais incomoda é que, apesar da redução de alunos, não resolveu o problema da abundância de personagens. Por vezes, é possível confundir os personagens, esquecer quem era aquele personagem e outras situações semelhantes. Além disso, há muitos personagens que só são importantes ocasionalmente e ficam flutuando em tela a maior parte do tempo. Há também o caso das garotas Kei e Ichinose, que são personagens carismáticas, mas acabam ocupando o lugar consolidado da Horikita, o que é algo extremamente desagradável.
Yubisaki to Renren
A trama tem um grande valor, está bem produzido, tem bons personagens, e momentos esplendorosos. No entanto, o anime consegue ser durante a maior parte do tempo monótono, gerando uma sonolência.
Parte 2 – Impressões Finais da Temporada Spring 2023.
Majutsushi Orphen Hagure Tabi: Seiiki-hen — Uma visão do céu com uma jornada para o inferno. Resume bem uma obra com extremo potencial, maravilhosas ideias, mas tudo desperdiçado por um ritmo errado e por uma baixa produção.
Essa é a quarta temporada, o anime fechou a trama principal e somando com o episódio especial dão um total de 49 episódios. Eu não li a novel, mas sei que são 200 capítulos. Logo, acredito que devam ter adaptado tudo e que não deverá ter uma quinta temporada. Até porque fui informado por terceiros que o anime adaptou tudo o que foi escrito na novel.
Talvez a trama já fosse gigantesca para essa quantidade de capítulos da novel e o anime só tenha replicado o problema com uma quantidade insuficiente de episódios. Também não sei se foi cortado algo da novel, mas independente disso o principal problema desse anime é que tudo parece absurdamente comprimido. Logo, fica difícil de se envolver com alguns personagens, de entender o enredo, e de aceitar como se fossem naturais as reviravoltas. Sei que isso havia nas outras temporadas, mas nessa última a impressão é de como se tivessem colocado um conteúdo bem maior do que os das três outras anteriores juntas em uma só.
Tudo é extremamente rápido e fica maçante de acompanhar. Em um episódio é apresentado um personagem carismático, para no seguinte ele já morrer. Em um episódio começa um arco, para no outro acabar. Por conta disso o propósito de muita coisa parece sem sentido e as resoluções são mal explicadas. Pelo menos nas outras temporadas, mesmo com os poucos recursos, as cenas com lutas não pareciam aceleradas. Já nessa se alguém piscar os olhos perde tudo. O pior que é a temporada do conflito épico, do ápice da obra, e o anime simplesmente pula a batalha decisiva sem mostrar nada. Entendo que a obra foi desacreditada, que a produção é de baixo orçamento, mas é o final. Mesmo que não fosse mostrado no mangá, posto que o anime não tinha entregado nada de especial antes, precisava exibir algo grandioso e recompensador no epílogo.
Alguém pode acreditar que com todos os problemas que existem nesse anime eu deva o odiar, mas definitivamente não consigo, porque é apresentada uma enorme quantidade de excelentes ideias. O anime até começa a desenvolver bem algumas delas, o problema é que só começa e já pula para outra ideia maravilhosa que novamente terá o mesmo destino. Portanto, tenho uma sensação mista. Por um lado, fico extremamente feliz que tenham adaptado essa obra para anime e adoraria recomendá-la. Por outro lado, literalmente fico com os olhos cheios de água e o coração apertadíssimo por ver que algo com tamanho potencial não tenha recebido uma adaptação à altura. Além disso, por mais que não seja uma ótima adaptação é apenas mediana, e quando penso nos lixos que sai toda temporada, o meu humor melhora.
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta — Os desenhos de personagens são lindos, o anime tem boa ação, agrada um protagonista forte que era fraco, as garotas são cada uma melhor que a outra, mas tem uma droga de roteiro. Resumindo, a trama é exaltação de protagonismo.
O anime foi vendido como diferente por manter uma trama em outro mundo ao mesmo tempo que mantinha outra trama com o mesmo personagem no mundo real. A primeira impressão é que apenas a parte isekai seria vergonhosa, mas à medida que o protagonista vai ficando mais forte as aberrações vão escalonando no mundo real, de tal modo que esse acaba parecendo mais ordinário do que o mundo isekai. Todo o tempo o anime fica jogando coisas extremamente artificiais com intuito bem claro de exaltação ao protagonista, coisas que nos tiram da imersão. Não parece que o autor teve o mínimo de preocupação em criar nexos narrativos que fizessem a trama parecer verossímil e coerente.
Tem uma ou outra coisinha que talvez possa se salvar na história: uma ou outra lição de moral, um pouco de romance, um pouco de empatia, e o carisma das personagens femininas. Geralmente o que acerta é o básico dos animes, diria mais, é o básico de qualquer história de fantasia. Muito disso também é por não sair das fórmulas consagradas de sucesso. Tipo: um herói que salva uma linda princesa indefesa; os colegas invejosos que fazem bullying; um personagem muito fraco que se fortalece. O pior é que tinha uma parte super pesada da história do protagonista, que tanto no anime como no mangá é passada de uma forma tão rápida, mais tão rápida que rompe a velocidade da luz, portanto a maioria das pessoas não percebe.
A verdade é que só fui dar mesmo uma chance para esse anime porque ele também foi vendido como o anime do protagonista que pegava geral, que as coisas evoluíam muitíssimo no romance e que as garotas eram 10/10. No entanto, a verdade é que o protagonista até o fim dessa temporada não pega ninguém, são apenas garotas muito legais se atirando. Pelo menos os desenhos são bonitos e algumas cenas de ação são legais.
Kaminaki Sekai no Kamisama Katsudou — Inova, tem reviravoltas, mas se equívoca com elementos genéricos e com alterações que são vergonha alheia. Essa proposta também é delicadíssima e às vezes o anime quebra ovos. No mais, na parte visual a produção é baixa.
O que mais salta aos olhos é a animação em computação gráfica, principalmente quando aparecem os monstros 3D, pois é muito destoante e espanta o público. A rotoscopia também é presente em algumas partes e causa estranheza. Com certeza sempre que alguém lembrar desse anime, recordará dessas cenas. Claro que com uma animação minimamente de qualidade não traria essa impressão tão ruim e com uma de ponta teria um efeito positivo. Entretanto, não mudaria muito do anime porque não são tantas as cenas com essas coisas. Portanto, utilizar uma animação tão fraca para algumas cenas só pode ser fruto de baixíssimo orçamento, tendo em vista que a própria proposta da obra não necessita de muitas cenas fluidas.
Naturalmente existe uma boa vontade de todo mundo ser bem mais tolerante com obras japonesas quando estas tocam em questões religiosas, em prol de uma liberdade poética e uma compreensão de que o Japão não é um país dado a religião. No entanto, um anime cujo foco principal da trama é falar da religião e fazer críticas de maneira direta e explícita, difere de usar alguns elementos de crenças religiosas, ou de fazer críticas veladas e pontuais. Nesse sentido posso dizer que é uma proposta que inova e por mais que o anime tente ser cuidadoso para não ser tão ofensivo às vezes desliza. Basicamente a visão do anime é que a religião é um tipo de: sacrifício, de escambo, de governo, de prazer sexual, de música e de família alienada.
O principal acerto nessa obra são as reviravoltas, as quais de fato conseguem surpreender muito, mudando conceitos que já estavam formados ainda na premissa. Tudo nesse sentido é feito de uma forma coerente, que pareça natural e instigante. Isso faz valer muito a pena assistir à obra. Entretanto, também existem coisas não tão interessantes por serem genéricas, como os traços, os arquétipos, os cenários, as idols e o fanservice.
Li alguns capítulos do mangá e comparando com o anime não muda muita coisa, mas não é uma adaptação 100% fiel e as mudanças que verifiquei foram todas para pior. Uma das cenas que mais detestei que mudaram foi uma que envolve a Bertrand. No anime a colocam vestida como se fosse uma sambista de carnaval, isso foi tosco, foi vergonhoso e incoerente. Em outras palavras, o anime não tem um bom diretor.
"Oshi no Ko" — Relutei em assistir e iniciei acreditando que não valeria nada, mas terminei a temporada tendo a certeza que foi uma das melhores obras já criadas pela humanidade. Garanto fortes emoções e aulas de como fazer um bom anime.
Esta é uma das críticas mais difíceis que já escrevi. Posto que, é fácil e bom falar dos erros, o difícil é comunicar dos acertos e fazer isso de um anime quase perfeito é um desafio. Portanto, vou focar naquilo que considero os pontos mais fortes desse anime, que o fazem ser tão amado e reconhecido, que é justamente conseguir passar muita emoção e ter conteúdo.
A maioria dos críticos procura não falar sobre emoções, porque é algo tido como subjetivo e por estigmas da sociedade, mas a verdade é que isso é a alma dessa indústria. O que faz alguém ofertar a coisa mais valiosa que o ser humano possui que é o tempo? Sobre tudo é nisso que se baseia o entretenimento. Não interessa uma alta complexidade, algo mirabolante, algo inovador, algo extremamente realista. Absolutamente ter todas essas coisas nada significa se não conseguirem passar emoção, pois é esse o intuito dos realizadores e aquilo que o público almeja. Assim como valores críticos, artísticos e culturais, são secundários, muitas vezes temporais e apesar de não serem rotulados assim tem graus de subjetividades maiores do que o das coisas que transmitem emoções.
Uma das marcas registradas dessa obra, é que em todos os episódios, ou quase todos, fecham com um ápice, deixando um suspense que cativa o interesse pela continuação. Alguns dirão que essa técnica do gancho é velha e isso é verdade, mas funciona e poucas obras conseguiram executar tão bem em tantos episódios como nessa. Também é algo que por deixar de ser tão usual e acertado nos animes até parece inovador. Obviamente foi um ótimo trabalho do diretor de composição de série que soube dividir bem o material dos episódios. Não só desse diretor de composição, mas da equipe toda, pois eu li o mangá e essas cenas não teriam o mesmo peso sem a escolha certa das músicas, dos enquadramentos, do ritmo, das cores, das sombras e da incrementação de mais quadros.
A arte animada possibilita sensações sensoriais maiores, logo detém de mais possibilidades de provocar emoções. Entretanto, conheci a trama antes de ver a maioria dos episódios e a história é viciante por si mesma. Por mais que a equipe do anime tenha muitos méritos e grandes feitos, preciso reconhecer que o autor do material original e a desenhista do mangá tiveram a maior contribuição.
Os personagens dessa história nos fazem ter empatia por eles, a ponto de termos os seus desejos, suas ansiedades, suas raivas e suas tristezas. Uma das maiores marcas para sabermos se os personagens são bons é quando a obra consegue nos colocar neles e sentirmos com eles. Esses personagens também tem arcos completos, mas são bons essencialmente porque nos comovem.
As cenas mais impactantes em ordem são:
Todas as cenas da parte final do 1.º episódio são espetaculares e é o que vende mais a obra. Só preciso comentar que faltou uma coisinha que tem no mangá durante a morte de uma personagem e que se tivesse sido mostrado no anime evitaria algumas críticas bobas.
A cena do final do 7.º episódio, sem exagero algum, a assisti novamente pelo menos uma centena de vezes de tão boa e tão emocionante que ficou. Interessante que não é tão diferente no mangá, mas o pouco que mudaram a melhoram tremendamente. Fizeram que uma cena simples ficasse grandiosíssima com apenas um movimento de câmeras, sombras e uma acertadíssima trilha sonora. Pode não ser a mais impactante, porém é a minha favorita. Depois dessa cena não tinha como não reconhecer que esse anime era uma obra-prima.
As cenas do final do 10.º episódio, melhoraram absurdamente em comparação ao mangá. Pois, foi estendida, os diálogos ficaram mais profundos, o cenário foi alterado, fizeram novos enquadramentos, colocaram sombreamentos que não existiam, deram cores espetaculares e colocaram uma fantástica trilha sonora. Se a cena do episódio sete me fez reconhecer ser esse anime uma obra-prima, essa do episódio dez me fez colocar no top dez de todos os tempos. Essa cena foi tão profunda e mexeu tanto comigo que chorei do começo ao fim, me deu satisfação e um sorrisão. No mais, se eu pudesse retocar a Mona Lisa colocaria apenas mais camadas com mais detalhamento nessa linda fotografia.
A cena do final do 8.º episódio também foi melhorada no anime por conta do enquadramento e do uso de movimento de câmeras. Naturalmente o enredo tornaria essa cena empática, com um tom meio triste seguido por um de satisfação, mas a obra deixou mais dramática com as ótimas expressões faciais da personagem.
No final do 9.º episódio teve um acréscimo de um clip com uma música inteira, o qual no mangá isso era representado somente por um quadrinho. Com certeza enriquece a obra, mas por mais que eu veja valor nisso, o que realmente me impacta é a parte da pontuação de uma personagem. Logo, talvez tenha ficado melhor no mangá, porque sem esse clip no meio da cena as pontuações contrastavam melhor.
A cena do final do 6.º episódio, tem algo muito pesado, não tinha como não ser impactante, mas eu preferi bem mais no mangá por conta que deixaram a personagem histérica e também a trilha sonora não foi a melhor escolha. Uma curiosidade, é que vi um youtuber que odeia a obra comentar que esse episódio era irreal, artificial. Somente para ele quebrar a cara logo em seguida, quando veio à tona as manifestações de uma mãe criticando a obra por realizar algo muito idêntico ao caso real da sua filha.
As cenas do final do 5.º episódio, acredito que nem preciso dizer que viralizou o vídeo da música do Pieyon, muita gente compartilhando, muita gente fazendo uma versão live-action, até a intérprete japonesa da Ruby participou de uma dessas versões. De forma geral curti essa cena, mas o anime não usou o mesmo enquadramento do mangá e o clip ficou um pouco esquisito. Os pensamentos em forma de fala também atrapalharam a cena no anime.
A da escritora de mangá se emocionando no 4.º episódio, é o tipo de cena com conteúdo, com um valor crítico, mas o mais importante é como isso é transmitido. A personagem passa a emoção de assistindo uma adaptação do seu mangá e nós choramos assistindo-a chorar. Foi genial!
A cena do final do 3.º episódio foi ótima, porque deu presença de palco ao protagonista, o deixou imponente e gerou um suspense para a continuação dela que viria no início do episódio seguinte. Para mim essa foi a parte que virei a chave sobre que não seria só um prólogo e que eu precisava aumentar a nota da obra. Também vi um youtuber reclamando que a cena de encerramento do episódio três deveria ter sido um pouco mais adiante. O problema é que não geraria um suspense para uma continuação e essa cena mais adiante é a do início do episódio quatro que não ficou tão boa quanto poderia. O fato é que quiseram incrementar coisas que tiraram um pouco da grande imponência que a cena do quarto episódio tem no mangá. Nessa cena no mangá o protagonista passa muito mais a ideia que está fazendo uma atuação talentosíssima, sendo de fato uma estrela. Também não é somente uma questão de passar a ideia, é de fazer dizendo que vai fazer algo brilhante. Isso é extraordinário!
A cena do show do 11.º episódio, passou emoção, tem mérito por fazer muita coisa em 2D, e novamente o anime expandiu, colocando uma música, criando coreografias, em síntese deu excelentes complementos. Esse arco todo desde o início com a preparação para o show me deixou emocionado o tempo todo com lagrimas e risos. No entanto, eu tenho que ser chato, porque a parte visual dessa cena do show ficou aquém do que eu esperava, do que poderia ser e do que deveria ter sido, principalmente em alguns instantes que focou no público e em questão de detalhamento de cenários. Deixando claro que com isso não estou dizendo que ficou ruim, essa cena é sensacional e digna de fechamento de uma temporada, apenas merecia mais carinho. Se eu fosse o diretor fechava nessa parte ou na cena do carro, porque dava um sentimento maior de conclusão. A cena do carro é uma parte excelente que se mais explorada seria bem melhor.
Outras cenas que merecem menção estão no 1º episódio e são: a morte de um personagem no início; a dança dos bebês que viralizou nas redes; a do Amaterasu; a da Ruby brigando com o Aqua por não ter sido acordada.
O anime trata de alguns temas da indústria do entretenimento, tais como: talento não é o mais importante; obstáculos burocráticos; dificuldades financeiras; comportamento de celebridades; problemas para manter uma imagem ideal; relação de estrelas com os fãs e dos fãs com as estrelas. Em cima dessas temáticas o anime traz conhecimento desse mundo artístico e faz críticas contundentes. Isso é algo muito satisfatório, pois não deixa o sentimento que outras obras trazem de que estamos desperdiçando o nosso tempo sem receber algo agregador em troca. Além do que, são abordagens com perspectivas novas que não precisam ser complexas e profundas para alcançar um maior público.
O tema da indústria do entretenimento é recorrente porque a trama está ambientada nessa indústria, mas esse não é o tema principal do anime e nem o único dos temas secundários. Inclusive a obra trata de outros temas secundários com muita mais profundidade do que esse. Temas como: amor, família, superação, hipocrisia, amadurecimento e responsabilidade. Estão muito entrelaçados com o tema principal da obra que é sobre vingança e mentiras, de tal forma que se confundem e por vezes são a mesma coisa. Eu entendo que coisas comuns são mais facilmente percebidas, mas somente análises rasas que não compreendem a filosofia dessa obra é que só veem a superfície do iceberg.
Outro ponto que poucas pessoas se atentam é sobre a riqueza do simbolismo que essa obra usa e da fonte primária de inspiração do dualismo filosófico, mitológico, místico e lendário advindo da pré-história do Japão. O deus criador do xintoísmo Izanagi teve uma filha chamada Amaterasu, a deusa do sol que nasceu do seu olho esquerdo e da qual descende a família imperial japonesa. Já do olho direito de Izanagi nasceu o seu filho Tsukiyomi, o deus da Lua. Não é somente nas cores e nas estrelas do anime que fica claro esse simbolismo, mas também nas personalidades dos personagens.
Pensei em falar também da abertura e do encerramento de episódios, mas eu preciso mesmo? Provavelmente serão as melhores do ano, assim como todo o anime.
Mashle — No início acreditei ser um desperdício do meu tempo, uma babaquice. Não vou dizer que o anime mudou completamente, mas com o tempo foi me ganhando, as piadas começaram a funcionar e principalmente a jornada ficou instigante.
Só consigo assistir e gostar um pouquinho dos primeiros filmes de Harry Potter. Já One Punch Man é muito mais agradável de assistir, mas também não é uma obra-prima. Estava bem incrédulo que uma fusão desses dois conceitos pudesse funcionar e o início de Mashle só fortaleceu muito essa minha visão, mas com o tempo acabou sendo uma das obras mais agradáveis de assistir dessa temporada. Não pela magia, nem pela parte cômica, mas sim por ter os elementos mais clássicos de uma aventura shounen. Que são: um protagonista bobão imbatível; um grupinho de super amigos acompanhando o protagonista na jornada; anti-heróis; um romance que quase não anda; e sobre tudo boas lutas. Fiquei interessado em saber qual será o final dessa jornada, o quão fortes serão os inimigos que Mashle vai enfrentar, e até onde irão os poderes dele e dos seus colegas (poderes que naturalmente irão escalonar).
Jigokuraku — Gostaria de oferecer uma nota dez para esse anime, tem mais texto que muitos animes prestigiadíssimos, mas tem uma produção bem aquém do seu enorme potencial. Com isso também não estou dizendo que tenha uma produção e uma direção terríveis.
O tempo todo nesse anime sempre está acontecendo algo importante, tudo com ação frenética e com consequências. Isso é bom, pois cai nas graças do grande público, mas o anime teria sido frenético do mesmo jeito se o ritmo fosse um poco mais lento na quantidade de capítulos adaptados por episódio, porque no mangá é tudo rápido e cheio de lutas. Não me parece uma boa decisão acelerar o que já é agitado, até porque o mangá só tem 128 capítulos e o anime adaptou 43 capítulos e meio. Para ficar com o ritmo de três capítulos por episódio que é o mais usual e tido como o mais próximo do ideal, precisaria de mais uns 3 episódios.
O fato do anime ter muito conteúdo para adaptar em poucos episódios, resultou em cortes do material original na adaptação e em não aumentarem quase nada. Basicamente o que a direção fez foi um copiar e colar do mangá, dando inclusive os mesmos enquadramentos, sem praticamente melhorias. Em outras palavras, foi uma direção bem preguiçosa, pertencente a um estúdio super lotado, que oferece animações visualmente razoáveis e nada mais.
Essa questão da parte visual é uma decepção, pois apesar de o anime ter belas cenas, confesso que pelo trailer imaginei que seriam algo espetacular. Principalmente nas cenas de luta era onde esperava muito mais aprimoramento, mas a produção estava aquém das minhas expectativas e o que entregaram foi apenas um aceitável. O diretor não melhorou nada nas batalhas em relação ao material original em nenhum sentido possível. Nem com uma trilha sonora mais decente que passasse melhor o drama e desse o clima de impacto. Posso dizer que com esse trabalho de direção que talvez até tenham piorado as lutas, tendo em vista que não souberam dar ápices a altura do potencial que essa história oferece.
O anime censurou consideravelmente o ecchi, diminuindo bastante as cenas, mas o que realmente vai marcar essa obra serão os seios sem mamilos, os quais viraram piada. Isso é irônico e bem inesperado, porque desde o início e o tempo todo o anime é muito violento. O sangue é vermelho e jorrou solto com todo tipo de gore. Claramente não é uma obra para crianças, não vai sair em muitos canais mundo afora e não vai receber uma classificação baixa para justificar certas decisões.
Outra censura que o anime fez foi a omissão de uma piada com um cego, a cena fica estranha porque logo em seguida falam da piada que não existiu no anime. Obviamente censurar apenas algumas coisas é contraditório, deixando isso ser uma clara sinalização de "virtudes" para a agenda do politicamente correto.
Definitivamente história não era o que eu esperava de um anime shounen de batalhas, mas a obra superou em muito as minhas expectativas nisso. Justamente o que eu estava mais receoso demonstrou ser o grande trunfo. Não é uma história extremamente complexa, mas tem subtextos e um bom conteúdo com certa profundidade filosófica e religiosa. A temática principal do anime é a busca pela imortalidade, que aos poucos a obra vai dando contornos e perspectivas próprias. O anime também trata da filosofia do equilíbrio (yin e yang), muito presente na cultura oriental e já retratada diversas vezes em animes, mas nessa obra isso é explorado com profundidade, ousando na relação que tem com os sexos.
Lamentei não ter dado um dez a esse anime por conta de ser uma trama imersiva que merecia um estúdio que a tratasse melhor. O que mais torna envolvente este enredo são os personagens, com seus passados desenvolvidos, com profundidade psicológica, com propósitos, com personalidades que evoluem durante a jornada, com identidades bem distintas, com camadas que vão sendo reveladas, com dimensões que os tornam humanos, e tudo isso é uma combinação para passar muitas emoções. Um dos pontos mais explorados dos personagens são as suas motivações, das quais suas fraquezas podem ser força, isso estando ligado diretamente a filosofia dessa obra, mostrando ser um texto coeso que se autoalimenta, portanto, é uma trama maravilhosamente bem escrita. Outros pontos interessantes abordados sobre alguns personagens são suas determinações para assumir fardos, seus interiores vazios, suas empatias pelas vidas ceifadas, suas dúvidas, seus medos. No mais é uma obra cheia de surpresas, fascinação, suspense e dramas.
Kimi wa Houkago Insomnia — O anime não é tão monótono como temia, mas ainda é bem difícil de ser assistido. Mesmo o romance progredindo, fugindo de clichês, sendo muito belo, tendo personagens carismáticos, e histórias comoventes.
Assistindo apenas um ou dois episódios quaisquer dessa obra, não passam de forma alguma a sensação que é monótona, sobre tudo porque os personagens são bons e é gostoso de ver a relação entre eles. A minha primeira impressão foi positiva e de surpresa, pois eu estava esperando que fosse ser um marasmo. No entanto, o problema é assistir mais episódios, porque dá uma indisposição tremenda. É tipo uma sensação de como se a obra não tivesse mais nada a oferecer.
Está faltando algo para fazer as pessoas a quererem ver o próximo episódio e nesse sentido é maçante. Talvez isso seja pela falta de uma grande problemática para cativar, mesmo que nos momentos que eu estava de fato assistindo não tenha me incomodado com isso. Pode ser que seja porque ver um episódio dá a impressão de como se já soubéssemos de tudo, mesmo que a obra esteja fugindo de clichês. Talvez a falta de cliffhangers nos finais de episódios às vezes façam muita diferença. Não sei ao certo qual é o exato motivo do problema dessa obra, que apesar de ser ótima em alguns sentidos é cansativa em outros.
Acredito que teria funcionado bem melhor se eu tivesse visto dublado. Para esse anime especificamente também recomendo assistir vários episódios de uma vez, pois o torna menos exaustivo do que ver semanalmente. Isso é lastimável, pois é um anime tão belo em tantos sentidos.
Melhor Personagem Masculino da Temporada Spring 2023:
Aquamarine
Melhor Personagem Feminina da Temporada Spring 2023:
Kana Arima
Melhor Design de Personagem da Temporada Spring 2023:
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta
Tengoku Daimakyou — Coloquei como extra na lista de apostas, estava desconfiado que poderia sair algo bom dessa obra, mas se saiu muito melhor do que eu suspeitava. Tão bom que talvez se eu fosse o diretor só desse mais uns retoques no tom para parecer algo mais apocalítico. Apaixonei-me tanto por esse anime que corri para ler o mangá. Se o anime continuar nesse ritmo de capítulos adaptados deve ter seus últimos episódios dessa temporada lá pelo capítulo 32 e 33 do mangá, os mais pesados que li até agora. Muita gente vai gostar do final dessa temporada porque dará um grande clímax, e muita gente odiará porque será extremamente polêmico. Devo dizer também que o mangá tem coisas pesadas que poderiam ser muito mais pesadas e talvez devessem, mas senti que existe uma preocupação em não dar foco ao fanservice, sendo rápidas certas partes. Infelizmente o anime parece que está assinando ainda mais a agenda do politicamente correto e censurou consideravelmente mais. Dito isso, gostei dessas partes censuradas nesse início do anime, porque os desenhos de personagem nelas ficaram melhores do que no mangá e mesmo mostrando menos ficou mais sensual. Por fim, sua popularidade vem subindo absurdamente desde sua estreia.
Boku no Kokoro no Yabai Yatsu — Os personagens são bem melhores do que eu imaginava, eles têm mais identidade, são mais interessantes e mais carismáticos. Outro ponto, são as partes que já eram presumíveis no enredo, por conta da premissa, que acabaram oferecendo um inesperado tempero para a trama e não saíram toscas como receava. No entanto, ainda é um romance escolar, algo que já está saturado, e a temática está muito voltada ao foco infanto juvenil. Com isso, dependendo da sua idade e do seu nível de saturamento, pode ser algo bem recomendado, mas para mim muitas vezes é desinteressante, chegando a ser desgastante.
Dr. Stone: New World — Essa temporada teve um início monótono, tão chato que nem parece ser o mesmo anime. A falta de um antagonista, o ritmo acelerado e um menor foco nas invenções, são os principais pontos problemáticos. Alguns dizem que esse é o pior arco do mangá, outros dizem ser ótimo, eu tendo a pensar que esse anime vai ser o pior da série, pelo menos por enquanto já é o pior. Ainda assim não é ruim, tem como recomendar e nutro uma esperança que possa melhorar.
Isekai de Cheat Skill wo Te ni Shita Ore wa, Genjitsu Sekai wo mo Musou Suru: Level Up wa Jinsei wo Kaeta — A parte isekai desse anime é vergonha alheia, mais tosca do que imaginei que seria, certamente a história dessa obra estaria bem melhor sem isso. Entretanto, é um anime que é apenas metade iskeai e a outra metade no mundo real tem pontos positivos bem melhores do que julguei que teria. Gostei do drama inicial, pois passou valores e deu empatia ao público sobre o protagonista. Também gostei dos personagens, do romance e visualmente tudo está muito bem produzido, tem lindos desenhos de personagens. Acredito que vale a pena assistir, entretém e eu deveria ter apostado nesse, posto que sua popularidade não para de crescer velozmente.
Isekai Shoukan wa Nidome desu — Tão esquecível que quando fui escrever esse comentário mal faziam duas horas que havia assistido e já estava com dificuldades de lembrar. Tem uma variação ligeira em relação a outros isekais, mas de resto são coisas clichês, incoerências e vergonha alheias que tem em todo isekeai genérico e mediano. Nem pelo personagem super forte ou pelas animações tem como recomendar, porque não passa uma boa ação e a produção é bem mediana visualmente. A minha última esperança seria o romance/ecchi com seus alívios cômicos, porém foram absurdamente comedidos nesse ponto e o mangá é incomparavelmente melhor nesse quesito. Leiam o mangá, dropem o anime.
Jigokuraku — Esperava algo ótimo desse anime por conta da produção, mas que verdade seja dita essa produção nem está lá essas coisas. No entanto, superou em muito as minhas expectativas por conta do enredo, justamente o que eu estava mais receoso. Gostaria que fosse o estúdio Ufotable em vez do Mappa, se fosse a Ufotable seria inquestionavelmente um 10 já nos primeiros segundos, todavia ainda é uma obra-prima. Curti muito não terem censurado profundamente a violência que é bastante forte nessa obra. Devo destacar que o gore não está presente aqui para aparentar ser algo maduro quando de fato é feito para adolescentes, mas que é consequência de algo maduro. No mais, o drama é ótimo, os personagens têm profundidade, a trama tem camadas e tem subtextos.
Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo — Eu gostei, mas mesmo tendo coisas interessantes, confesso que tive que assistir duas vezes porque dormi na primeira. Não vou dizer que a série original é perfeita, bem longe disso, porém tem seus grandes momentos cômicos e eu senti que esse spin-off só com a Megumin não vai conseguir oferecer isso. Apreciar será mais pelo carisma da protagonista e talvez porque aparentou, nesse início, um enredo bem mais coeso do que a original.
Mashle — A maior parte daquilo que assisti, achei um desperdício do meu tempo, pois eram basbaquices e o anime é cheio de incoerências. Nem para rir da maioria das idiotices consegui de tanto besteirol. Não tinha uma perspectiva boa antes de assistir, contudo eu tinha esperanças, queria estar enganado. Infelizmente é um anime feito para pessoas com probleminhas e de um jeito que nem eu imaginaria que seria. O que salvou foi um pouquinho de conteúdo no drama, e ter um protagonista superforte.
My Home Hero — Com exceção do protagonista, que eu esperava que no início fosse um pouco mais corajoso, tudo mais está quase exatamente sendo aquilo que eu presumia que seria. A obra tem uma ótima premissa, bons personagens, bom ritmo, boa direção, uma excelente trama e até mesmo a parte visual, que eu estava desconfiado por conta do estúdio, está boa. Também notei que gradualmente o anime está tendo ganhos significativos de popularidade, mas me surpreende muito por ainda não estar muito mais acima nessa temporada e com uma nota muito maior. Já vi obras que depois do anime finalizar subiu um ponto e meio de média no MAL, quase dois pontos. Essas obras que vi subir assim não tiveram finais tão espetaculares para justificar um aumento tão expressivo, contudo tinham em comum com essa serem seinen e terem muitas mensagens. Isso me faz acreditar que coisas maduras não são populares no MAL, e que o público alvo delas é mais paciente e menos precipitado, ou foram apenas coincidências.
Tonikaku Kawaii 2nd Season — Não queria dizer isso, todavia não gostei desse início da forma como gostaria de ter gostado. Certas abordagens temáticas já deram tudo o que tinham que dar na primeira temporada, escaloná-las ainda mais não é interessante. A obra precisa reinventar a sua problemática, sem perder a sua alma e mantendo um subtexto com conteúdo. Revelações de alguns dos mistérios e um aprofundamento das mitologias que os cercam, talvez esse seja o caminho para isso.
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru — Não esperava um romance tão bom assim, sinceramente fazia tempo que via algo nesse nível e sua popularidade não para de decolar. Superou toda e qualquer expectativa que eu tinha sobre essa obra. Não só porque é um romance desconstrutivo e estranho, cativando o interesse em acompanhar, mas principalmente por conta da direção. O primeiro episódio adapta apenas um capítulo do mangá e o segundo adapta cinco capítulos, mas o ritmo não parece nem lento, nem apressado, enquanto termina os episódios nos melhores momentos possíveis. Só faltou um pouco mais de ousadia da direção em não seguir tão à risca algumas coisas do mangá.
Yuusha ga Shinda — Era minha maior aposta, mas definitivamente o diretor não acertou o timing cômico nessa estreia. Faltou mais humor e talvez devesse ter focado mais nisso, talvez uma comédia mais escrachada, talvez algumas coisas precisassem ser mais criveis para contrastarem e gerarem humor. Não sei ao certo onde está o erro, porém faltou algo que deixou a desejar. Entretanto, ainda aposto nessa obra, pois foliei o mangá e sei que haverá oportunidades de ficar muito melhor. No mais, eu gosto da trilha sonora e vejo potencial nessa proposta.
Kimetsu no Yaiba: Katanakaji no Sato-hen — Continua com a Ufotable e novamente na parte áudio visual é um espetáculo, é extraordinário. Agora com relação à trama, foi desnecessariamente longo esse primeiro episódio, o castelo já tinha sido apresentado no final da temporada passada. Essa recapitulação foi apenas para a Ufotable esbanjar o que tem de melhor e lucrar um pouco com isso. Também de negativo, as partes cômicas ficaram exageradas demais e não funcionaram como deveriam. No mais, gostei muito da apresentação da vila dos ferreiros e dos personagens envolvidos nesse arco.
Kimi wa Houkago Insomnia — Está muitíssimo bem produzido, contudo admito que eu tinha uma expectativa de ver algo mais belo. Não foi tão monótono como eu temia, mas para quem estiver procurando algo eletrizante não é esse aqui não. Os personagens são carismáticos como achei que seriam, só não tão quão eu imaginava. O que eu mais gostei foi sair da relação clichê escolar de amizade/paquera, oferecendo algo com mais maturidade e substancia.
Minhas cinco apostas para a temporada spring 2023.
Ativos:
• Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo!
• Tonikaku Kawaii 2nd Season
• Mashle
• Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru
• My Home Hero
Banco:
• Kimi wa Houkago Insomnia
• Boku no Kokoro no Yabai Yatsu
• Yuusha ga Shinda!
Extra:
• Tengoku Daimakyou
Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo! – O nome kono Suba é muito forte e a Megumin é muito popular, por isso para o mal ou para o bem será muito comentado. Vou assistir e estou torcendo para que seja bom, mas tenho serias dúvidas se a Megumin sozinha, sem o restante dos principais de kono Suba, será o suficiente para sustentar essa obra.
Tonikaku Kawaii 2nd Season – Quem o ama, o ama, quem não gosta só lamento. É uma obra riquíssima pelas inúmeras referências ao conto do Cortador de Bambu, que é a mais antiga narrativa japonesa existente e da qual deriva a lenda que deu o nome ao Monte Fuji. Tonikaku é um romance belo com raízes lendárias, que oferece novas perspectivas, novas reflexões e uma continuação ao conto do Cortador de Bambu.
Mashle – Harry potter e One punch man fizeram sucesso, tem suas legiões de fãs, e certamente Mashle por fazer uma fusão das duas obras vai receber toda a boa vontade de um grande público. No entanto, não sou fã de Harry potter e estou descrente que One punch man possa ser copiado com a mesma qualidade. Vou apostar nesse, mas não estou com a mínima vontade de assistir.
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru – Uma aposta perigosa, o estúdio é o Madhouse, o mangá não é popular e nem tão bem avaliado. A premissa tem algo que parece interessante, mas também tem problemas e desconfio que será difícil levar o anime por doze episódios, mantendo elevado o interesse na obra. Estou apostando porque souberam vender, garantindo um bom público inicial, e também o anime não parece que será um desastre de ruim. Por último, tem um público considerável que curte muito um romance de otaukus mais velhos e introvertidos.
My Home Hero – Sou um grande admirador do finado Tezuka, mas não aprecio muito as obras em termos de qualidade de produção do estúdio que leva o seu nome. Essa é a minha única ressalva, porque se depender somente da trama será um sucesso garantidíssimo.
Kimi wa Houkago Insomnia – Sendo bem honesto, não estou nenhum pouco interessado em assistir essa obra, a sinopse não me vendeu. No entanto, tenho que admitir que o trailer está espetacularmente lindo, os personagens parecem carismáticos e os designs têm traços mais puxados para o realismo japonês. O ponto definitivo para colocar essa obra entre as possíveis apostas, é que o mangá é muito bem avaliado e consideravelmente popular.
Boku no Kokoro no Yabai Yatsu – Estou saturado de romance escolar com vida cotidiana. As obras precisam ter um diferencial, uma problemática, algo que não seja tão comum no dia a dia, algo que possa cativar o interesse. Esse anime é sobre um psicopata que quer matar seus colegas, mas que muda por se derreter pela gata mais gata da turma e de fato a personagem tem designs bonitos. Parece que a problemática já está resolvida na sinopse, logo não tenho muito interesse. Contudo, vou apostar e talvez assistir porque o mangá é muito bem avaliado e popular. O anime também está tendo hipe e sendo bem promovido. Além do que não tem muitos concorrentes a altura nessa temporada.
Yuusha ga Shinda! – Curti muito a música e a parte cômica que vi no trailer. Acredito que a fórmula de fazer uma paródia escrachada com fantasia, ação e ecchi é acertadíssima. Isso deveria ter sido mais enfatizado no trailer e na sinopse. Para ser melhor vendido, precisava de menos coisas como: os traços genéricos em cenários; e o fazendeiro de anime típico de temporada. Por isso acredito que essa obra deva começar atrás de muitas outras tantas, mas que tem uma tendência de subir muito por conta do boca-a-boca com o passar dos episódios. Minha maior aposta, que possivelmente será a surpresa da temporada, quem sabe do ano.
Tengoku Daimakyou – Acho que esse tem um bom potencial e até o último momento estava dentro da minha lista de apostas, mas tem um limite de animes que posso apostar e escolhas precisam ser feitas. A escolha foi mais por conta que esse gênero e essa demografia tendem a ser menos populares. Com essa proposta, para ficar realmente bom, precisa de um considerável investimento em produção e um tato apurado para saber o tom certo a ser dado, coisas que não estou tão confiante que terá.
De antemão quero deixar claro que esse texto é totalmente respeitoso com o Ig0y e com a sua religião. São apenas as minhas opiniões conforme os argumentos apresentados no vídeo dele.
Também preciso dizer que já o convidei para uma conversa em dezembro, a fim de compartilharmos os nossos pensamentos sobre esse tema. Ele deu uma desculpa que não poderia fazer isso naquele momento e propôs que eu fizesse um texto, que me indispus na época a escrever pois como o informei seria um longuíssimo texto. Como o tema novamente se tornou polêmico, mudei de ideia e decidi colocar alguns dos meus pontos reagindo ao novo vídeo dele. O Ig0y tem o direito de não querer ter uma conversa comigo, como também está no meu direito reagir ao vídeo dele e dar minhas opiniões sobre esse tema de forma saudável, sem agressões.
Quero deixar registrado que tudo que estiver nesse texto o diria pessoalmente. Portanto, se o mesmo achar necessário e quiser em outro momento conversar por call não recusarei.
Para contextualizar, antes de entrar nos tópicos propriamente do vídeo, a polêmica ocorre pelo uso do Ig0y em suas redes sociais da manji (suástica). Certamente quando ele colocou esse símbolo já sabia que causaria polêmicas, sendo irreal achar que o mesmo não provocou a discussão. Com isso não estou dizendo que a culpa é da vítima, mas convenhamos que se colocar em situação de vulnerabilidade é no mínimo de uma estúpida irresponsabilidade. Não acredito que o Ig0y seja uma pessoa ingênua, logo ele sabia que pessoas começariam a fazer certos comentários, sendo assim estava buscando que algo desse tipo acontecesse. Fazendo uma analogia, é como alguém que entra em um estádio de futebol vestindo a camisa do Palmeiras no meio da torcida organizada do Coríntias, alegando que aquela camisa tem outro significado.
1. Tokyo Revengers.
Em um determinado momento do vídeo, quando o Ig0y tenta argumentar que não provocou a discussão, ele cita esse anime Tokyo Revengers. Não é um ponto muito relevante para os argumentos dele, mas acho importante pincelar um pouco sobre essa obra, porque a mesma também se envolve em polêmicas por conta do uso da suástica.
Toda obra passa mensagens, quase sempre intencionais, algumas bem explicitas, outras subliminares, e todas com conhecimentos e valores. Tokyo Revengers passa algumas mensagens negativas, muito menos pelo uso propriamente dito da suástica, e muito mais por conta que há outros elementos que caracterizam aqueles grupos ideológicos que atuaram na Europa nas primeiras décadas do século XX.
Recomendo muito o filme chamado A Onda para quem ainda não assistiu. Esse filme é baseado em uma história real que aconteceu nos Estado Unidos da América, em uma escola em Palo Alto, na Califórnia. O filme retrata um experimento social que um professor anarquista de ciências sociais resolveu aplicar em sua turma, com alunos das mais diversas orientações políticas, classes sociais e comportamentos. No filme o professor converte toda a sala ao autoritarismo, a coisa se espalha por toda a escola, saindo totalmente fora de controle, onde nem mesmo o professor consegue acabar com aquilo sem a resistência dos alunos.
Eu citei esse filme porque ele mostra muito bem quais são as gênesis das ideologias autoritárias, que estão muito presentes no anime Tokyo Revengers. Coisas como: todos se vestirem iguais, violência, ações em conjunto, organização, identidade comum, sentimento de pertencimento a algo, um líder carismático, etc. Para ficar bem claro esses pontos, recomendo que assistam ao filme.
Sabemos que não são todos os japoneses, mas que não sejamos inocentes, a sociedade japonesa é etnocêntrica, é xenófoba, é orgulhosa, é muito homogênea e não ver com bons olhos o diferente. Coisas que seriam estranhíssimas no ocidente são normais lá, defendidas de modo a manterem as ideias de igualdade e pertencimento. Para quem não sabe, nas escolas há inspeções de maquiagem, de se sobrancelhas foram feitas, se as roupas estão nos tamanhos corretos, se estão com roupas íntimas na cor branca, etc. Na vida adulta também é cobrada a padronização das pessoas, deixando pouco espaço para individualidade, como, por exemplo: as empresas medem até a cintura dos seus funcionários. É impossível falar e escrever sobre aquilo que não se conhece, que não se vive, logo obviamente muitas das mensagens dos animes refletem e passam um lado negativo da sociedade japonesa.
Também é preciso dizer que o Japão era membro do Eixo na Segunda Guerra Mundial, que fez coisas terríveis, que ainda tem problemas com os Chineses e com os Coreanos, e que ocasionalmente aparecem autores e obras envolvidas em questões polêmicas. Um exemplo é o autor da obra Again in Another World, que além da sua obra ser complicada, exaltando um militar japonês da Segunda Guerra, ainda postou via twitter insultos discriminando chineses e sul coreanos.
O ponto mais problemático de Tokyo Revengers é mostrar uma imagem relativamente positiva das gangues, romantizada, levando com certeza jovens a se sentirem atraídos. Esse é justamente o ponto central da fundação daqueles partidos, tanto na Alemanha, com a SA, como na Itália, com os Camisas Negras, essencialmente eram gangues violentas padronizadas. Piora muito mais quando no anime os personagens dessa gangue pintam os cabelos de louro e usam roupas pretas, parecendo a SS.
Qual o uso religioso de uma suástica usada por uma gangue de rua em sua bandeira e em seu fardamento? Será mesmo que o autor é tão ignorante que não sabe o outro significado que esse símbolo tem? Acaso alguém acredita que os produtores e diretores desse anime, que na primeira temporada já começa com 24 episódios, achavam que a obra ficaria restrita ao Japão? Eu gosto muito de aplicar o conceito de que sejam inocentes até que se prove o oposto, mas me parece absurdamente improvável que a mensagem dentro do contexto da obra não seja pelo menos dupla.
Para concluir e não parecer que julgo o anime terrível, se colocarmos de lado essas coisas, é uma obra que pode produzir uma boa diversão.
2. O perfil é meu, faço o que eu quiser.
Uma afirmação um tanto arrogante e um tanto imprecisa. A liberdade nunca é plena, ninguém tem a liberdade de tudo, a liberdade tem que ser restrita para garantir a própria existência da liberdade, esse é o princípio da liberdade. Por acaso alguém pode ter a liberdade de ter escravos? A partir do momento que se faz alguma coisa, que se posta algo, ou que se fala alguma coisa que está incomodando o outro, que está agredindo uma pessoa, esse é o limite, e a lei tem que atuar, o estado tem que punir. É por isso que é proibido e ninguém pode defender algo criminoso.
Outro ponto, não é somente postar aquilo conforme as normas da plataforma. Tem que ser de acordo também com as leis do estado e mesmo quando não estiver tipificado de forma explicita, ainda assim tem que permanecer conforme os princípios da lei. Mais do que isso, tem leis que não são escritas por governos, nem precisam de papel, são as leis de boa convivência, que precisam apenas de um pouco de faculdades mentais e bom senso. Tem coisas que não convém fazer e errado é quem faz.
Por último, nesse ponto, é falso dizer que não teria culpa se não é essa intenção. Se está causando dolo a um indivíduo, a uma organização, a uma empresa, ao estado, ao ambiente, a sociedade, não importa quem seja, se sabia dos riscos, assumiu as responsabilidades, logo tem culpa.
3. Lei mundial.
Esse tópico será pequeno pelo simples fato de que não existe uma lei mundial que o Ig0y cita no vídeo. Quanto ao tratado pós-Segunda Guerra Mundial (Tratado de Paris), que não é uma lei mundial, foi sobre tudo para resolver questões territoriais, se nele foi estabelecido qualquer coisa sobre o uso de suástica desconheço. O único ponto que não tenho questionamentos desse tópico, é que após a Segunda Guerra Mundial quem ainda usava suástica convencionou a usar invertida a daquele regime que governava a Alemanha.
4. Origem do termo suástica.
Prefiro o uso do termo manji (como é chamado no Japão) em detrimento de suástica, acho mais respeitoso com os budistas e hinduístas, porque desassocia ao uso que deram a esse símbolo para fins não religiosos. No entanto, desde que ninguém se sinta ofendido, também não vejo problemas sérios de ser chamado suástica por pessoas leigas sobre o termo manji, até porque é o mesmo o símbolo. Agora daí usar um argumento de origem para justificar que o uso do manji ou de suástica, seja certo ou errado, é uma falácia etimológica, é uma falácia de origem.
Será mesmo que o termo suástica não pode ser utilizado para definir o símbolo do nacional-socialismo? Alguém no ocidente, além de alguns poucos estudiosos, sabem da sua origem etimológica? O ocidente faz ligação dessa palavra com indianos? No fim, não importa a origem da palavra, mas o sentido que se é dado. Logo, o fato é que no ocidente o termo suástica hoje tem um sentido mais ligado aquela ideologia, e manjin tem um sentido ligado as culturas e as religiões orientais. Portanto, para alguém esclarecido que faz uso desse símbolo melhor convém usar manji, de modo a evitar um entendimento equivocado. A não ser, é claro, que a intensão seja dúbia e nesse caso essa pessoa não pode reclamar de críticas acidas.
O termo cristão originalmente era usado pelos inimigos dos cristãos, como uma forma de escarnecer, de os difamar, de os desmerecer, de os desdenhar. Por isso a palavra cunhada pelos seus inimigos e apropriada do nome do seu líder não deveria ser usada? A palavra protestante também não foi cunhada pelos protestantes, mas pelos católicos como uma forma de ofensa. Algum protestante se sente ofendido por isso?
Posso dizer que senti uma forte lacrada do Ig0y ao falar dos: inimigos britânicos e americanos, grandes empresários maldosos, banqueiros. Os quais se apropriaram do termo indiano suástica e chamaram de suástica a suástica nazista. O certo eram os brancos, burgueses, colonizadores darem um nome britânico para algo usado pelos orientais e assim poderem depois serem acusados de anglicanismo?! Nem o professor de história do ensino médio lacra assim.
Um adendo, não que isso seja realmente importante, porque estou construindo minha argumentação partindo do pressuposto que a pesquisa etimológica do Ig0y seja verdadeira. Contudo, em minhas pesquisas não encontrei absolutamente nada sobre essa palavra ter sido dada por americanos e ingleses com a emancipação da Índia da Inglaterra no pós-Segunda Guerra Mundial, muito menos para difamar os indianos. Pelo que estudei, o termo suástica já era de uso corrente a comuns muito anos antes daquele partido adotar o símbolo e com os primeiros registros desse termo tendo mais de 2000 anos. Escreveu Adolf Hitler no livro Mein Kampf: “Como nacional-socialistas, vemos em nossa bandeira nosso programa. No vermelho, a ideia social do movimento; no branco, a ideia nacionalista, e na suástica, a missão de lutar pela vitória do homem ariano, e ao mesmo tempo pelo triunfo da ideia do trabalho produtivo, ideia que é e será sempre anti-semita”. Quem realmente fazia correlação da suástica com os indianos eram os nacionais-socialistas, por conta da ideia de que eles eram os arianos puros. Sendo os arianos o povo que deu origem ao homem branco, desde parte dos indianos (castas superiores) até a Europa.
Ainda nessa questão etimológica, outro exemplo é a palavra denegrir. Não faz muito tempo teve uma repórter que em uma reportagem ao vivo utilizou esse termo. Um dos seus colegas duramente a reprimiu no mesmo momento e pelos instantes que se seguiram a reporte se desculpou de forma vexatória. O problema é que a palavra denegrir não tem nenhuma conotação racial, nem ao menos há uma relação etimologicamente. Denegrir vem do latim, "denigrare", é uma palavra muito mais antiga do que o Brasil e do que seus problemas. https://www.youtube.com/watch?v=TUZd1ZBznRk
Nesse ponto, ao defender o uso de um termo, tem outra falácia além da de origem, que a de semântica. Alguém pode falar do meu português “mal escrito”, de pontuações inadequadas, de concordâncias fora da norma, de falta de acentuação, mas nada disso realmente é um erro se houver entendimento do interlocutor da mensagem, o máximo que pode ser dito sobre essas coisas é que estão fora da norma culta. Portanto, não importa muito se é chamado manji ou se é suástica, se o interlocutor entendeu a mensagem do remetente está correto, mas caso não tenha entendido está errado e a culpa é do remetente até que forneça uma explicação mais adequada. Erra alguém querer impor ao outro na sua comunicação coisas alheias ao entendimento comum da sua cultura e linguagem.
5. Monark é retardado.... Quem vai defender a suástica?
Na antiguidade, na Grécia antiga, existia uma escola, uma sociedade de ascetas, com praticais morais valorosas, eram místicos, pensadores, filósofos, músicos, astrônomos e sobre tudo matemáticos. As pessoas que faziam parte eram chamadas de pitagóricos em função do seu fundador Pitágoras. A esse fundador é atribuído o teorema de Pitágoras, a ser o pai da música por descobrir a relação entre os números e as notas musicais, a descoberta dos únicos cinco poliedros regulares, e a ser a primeira pessoa na história do mundo a concluir que o mundo era uma esfera. Os pitagóricos consideravam o dodecaedro, um dos cinco poliedros regulares, constituído por 12 pentágonos, o mais harmonioso e soberano dos sólidos, para eles representava o universo ou o cosmos e o mantinham sobre segredo por ser considerado perigoso demais. O pentagrama, também conhecido como estrela de cinco pontas, está estreitamente relacionado com o pentágono regular, bastando unir os vértices por diagonais. No que lhe concerne, o pentágono tem uma quantidade absurda de números áureos (a divina proporção, o número da beleza) e do retângulo de ouro, são tantas às vezes que é difícil de serem contadas. O pentagrama era o emblema da escola de Pitágoras, era o símbolo que os matemáticos usavam para se reconhecerem. Possivelmente o primeiro símbolo da matemática e eu não consigo imaginar outro símbolo com mais matemática do que esse, não existe um maior.
Sendo o pentagrama o símbolo primordial da matemática, por que não vemos matemáticos usando esse símbolo? Por que não vemos escolas com pentagramas? Por que não vemos universidades com pentagramas? Por que não encontramos pentagramas se quer nos departamentos de matemática? Esse símbolo não deveria ser usados por todos da área de exatas? Porque durante a idade média os satanistas começaram a utilizar o pentagrama e o que representava a matemática tomou outro significado. Convém aos matemáticos hoje usarem pentagramas? Quem vai defender o pentagrama?
Para min que sou da área de exatas, que conheço a matemática contida e a história clássica desse símbolo seria maravilhosos poder colocar no meu perfil das redes sociais e no meu nome. Contudo, qual seria a mensagem que eu estaria passando? Quem entenderia? Quantos da área de exatas conhecem a história e o significado desse símbolo? Eu posso exigir que as pessoas saibam a história do pentagrama? As pessoas precisam saber a história do pentagrama? Que tipo de pessoas eu vou estar chamando para quererem interagir comigo? Eu posso esperar algo diferente de satanistas e adolescentes problemáticos? A grande maioria das pessoas irão entender que eu sou satanista, que não compartilho dos valores morais ocidentais, que não bato bem das ideias e eu não posso culpar elas, a culpa será exclusivamente minha. É preciso parar de pretextos, ter bom senso e entender que o contexto que vivemos é de uma sociedade real e não imaginaria.
Em um contexto escocês, homens podem usar saias; em um contexto russo, homens se beijam como cumprimento; em um contexto árabe, homens andam de mãos dadas. Se eu sair por aí no Brasil de saia, beijando homens e andando de mãos dadas com eles. Tem como culpar alguém de entender algo diferente daquilo que supostamente eu queria passar? Convém eu fazer isso no Brasil? Exceto caso eu queira realmente passar essa mensagem e depois eu meta o louco dizendo que não sou isso, que o povo é que é xenófobo.
6. Apito de cachorro é coisa de cristão.
Fazer essa imputação inverídica de apito de cachorro aos cristãos é um desrespeito e no mínimo irônico por estar em um vídeo que supostamente deveria ser reivindicando respeito religioso, inclusive ameaçando os desrespeitosos. O cristianismo não prega a discriminação por questão de raça. O cristianismo também não prega coisas dúbias, pois não precisa e fazer foge dos seus valores.
Quem usa apito de cachorro não são grupos de cristãos, nem de budistas, nem de hinduístas, nem de judeus, nem de muçulmanos. Quem usa o apito de cachorro são pessoas públicas, passando mensagens políticas quando estão aos olhos de uma multidão, geralmente são políticos buscando apoio de grupos ou de pessoas que simpatizam com algo mal visto pela sociedade. Quase sempre essa coisa má tem relação com algo criminoso, sobretudo em questões raciais. A linguagem usada no apito é dúbia, para significar uma coisa para a população em geral e mais outra para o grupo-alvo. A expressão apito de cachorro também não é adequada para sociedades secretas, posto que nessas sociedades faltam alguns desses fatores elencados e nunca nenhum grande meio de imprensa usou essa expressão para tal.
Um ponto a destacar é que alguém pode utilizar o apito de forma não intencional, ingênua, e nem por isso deixou de usar o apito. Também, uma pessoa pode ter a ciência que a mensagem é dúbia, mas pode não se importar por qualquer motivo que seja e continuar usando o apito. Com isso não estou dizendo que essa pessoa queira sinalizar para aquele grupo, apenas que não se importa o suficiente a ponto de mudar algo por conta disso.
Ficar perguntando quem tem autoridade para dizer o que é um apito de cachorro no sentido de desqualificar o argumento, é uma falácia non sequitur e de autoridade. Falácia de não se segue, porque existindo ou não uma autoridade, não implica em nada para existir ou não um apito. Falácia de autoridade, porque obviamente ter uma autoridade também não valida isso ou aquilo ser um apito.
O fusca pode ser um apito de cachorro? Sim, claro, obvio, tudo depende do contexto para que a situação que o fusca seja inserido permita uma mensagem dúbia. Os contextos tem muitas variáveis, mas para uma mensagem de massa que é o apito nem uma delas será de conhecimento particular, por exemplo, o que até pouco ninguém sabia era sobre a kombi rosinha do Ig0y.
7. No Brasil tem algum problema? No ocidente tem algum problema?
No final do ano passado a Globo acompanhou a Polícia Federal prendendo um grupo de integrantes daquela ideologia. Foram presas seis pessoas que planejavam matar mendigos, negros e nordestinos. Um deles tinha 24 anos e é estudante de Engenharia de Agricultura. Outro era auxiliar de escritório, de 27 anos e formado em Comércio Exterior. Tem um estudante de Engenharia Automotiva da UFSC, de 21 anos; e outro que cursa Letras, de 20 anos. O último, também de 20 anos, cursa Direito. https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/10/23/policia-prende-grupo-de-jovens-acusados-de-neonazismo-em-sc.ghtml
O Ig0y pediu provas do porquê devemos nos preocupar, então vamos às provas. A Polícia Federal informa explosão de inquéritos envolvendo investigações sobre apologia daquela ideologia. Até pouco tempo atrás, eram poucos os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano. A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos. O Brasil não tem motivos para se preocupar? https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/08/confundida-com-liberdade-de-expressao-apologia-ao-nazismo-cresce-no-brasil-a-partir-de-2019
O número de denúncias de adeptos daquela ideologia no Brasil expõe uma realidade alarmante. Em oito anos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, recebeu e processou 228.962 relatos anônimos a respeito de 21.921 sites sobre o tema, com imagens, textos, vídeos, músicas e outros materiais de apologia. https://noticias.r7.com/cidades/regiao-sul-do-brasil-concentra-cerca-de-100-mil-simpatizantes-do-neonazismo-10062014
Eu poderia passar horas pegando notícias, dados de governos, dados das polícias, pesquisas feitas por institutos sérios, para entregar as provas que o Ig0y solicitou. No entanto, acho que essas já são o suficiente e qualquer pessoa pode encontrar muito mais facilmente com uma pesquisa simples no Google.
Essas notícias não são narrativas minhas, não são as afirmações do Patrux, não são as opiniões do Ig0y, são apenas os fatos. Contra fatos tão obvieis não tem contestação, basta apenas não estar alheio ao que está acontecendo ao seu redor, ficar minimante informado, não ser alienado, que consegue enxergar essas constatações.
Coloquei notícias, mas tenho experiências e acho interessante compartilhá-las para não parecer que estou falando apenas de coisas distantes de mim. Durante a minha adolescência, frequentei uma escola relativamente grande, com mais de 4 mil alunos e exclusiva de ensino médio. Em determinado dia começaram a aparecer suásticas em cadeiras e mesas, os dias foram passando e os símbolos começaram a aparecer nas portas, paredes e corredores, mais alguns dias se passaram e os símbolos já apareciam nos quadros antes do início das aulas. O mais comum era o símbolo da suástica, mas apareciam outros também e frases nem um pouco agradáveis. Era absurdo, era assustador e isso perdurou por muito tempo, cada vez mais aumentando e aumentando. Não sabíamos quem eram eles, mas percebíamos que não era uma pessoa, que não eram duas pessoas, mas que eram muitas pessoas. Surpreendi-me de isso não ter caído nos jornais da época, nem de a polícia não ter aparecido de forma mais incisiva. Demorou muito para alguém esboçar alguma reação. Todavia, um dia vários professores de uma vez só começaram a passar séries de vídeos para todas as turmas, sobre os horrores que aquela ideologia tinha feito, mostrando detalhes, entrevistas das vítimas relatando tudo. Foram vídeos bastante chocantes, mas essenciais, pois só depois disso é que as coisas pararam de aparecer.
O principal erro do Ig0y é acreditar que as pessoas são esclarecidas, que são boas, principalmente as do Brasil e mais do que isso, acreditar nos jovens, o grupo com o qual ele tem mais contato. As pessoas da época da Segunda Guerra achavam que estavam vivendo em uma sociedade moderna, de pessoas civilizadas, e nem mesmo os judeus jamais pensaram que coisas daquele tipo poderiam acontecer. É de uma irresponsabilidade tremenda subestimar o mal. Mesmo que usar certas coisas não sejam contra a lei, por mais que a intenção possa ser uma intenção legítima, uma intenção boa, uma intenção justificável, ainda assim podem gerar certas consequências que não são boas. Isso é uma questão muito delicada, muito séria, onde o dolo não pode ser perceptível facilmente.
Outro caso que quero trazer é de um ex-vizinho meu. Era uma pessoa adepta dessas ideias, uma pessoa de físico forte e de família bem abastarda financeiramente, um filhinho de papai que não fazia nada da vida, que era violento, e que andava com pistolas e submetralhadoras. Lembro de uma vez que esse vizinho chamou de negro uma pessoa bem caucasiana somente porque o mesmo tinha o cabelo cacheado quando crescia. Enfim, estou trazendo esse caso porque esse vizinho desfilava para tudo que é de lugar com uma camisa contendo uma suástica enorme estampada nos peitos. Talvez ele se confiasse no dinheiro dos pais, talvez se confiasse na certeza de impunidade no Brasil, mas muito provavelmente deveria já ter um álibi para quando a polícia o pegasse, quem sabe dizer que aquilo era um manji. Pelo menos tem uma coisa boa nessa história, um dia a polícia o pegou, não o deteve preso é claro, mas a polícia chegou sem falar absolutamente nada, só arrancaram a camisa dele, a rasgando com ele a vestindo.
Para finalizar esse tópico, essa questão racial é essencialmente estupida e é especialmente estupida no Brasil. Somos uma nação de misturados, qualquer análise genética vai mostrar que todos temos genes de várias origens. Muitas pessoas de pele branca se surpreenderiam ao saber que tem mais genes de origem africana, assim como também encontraríamos pessoas de pele escura com mais genes de origem europeia.
8. Brasil participou minutos da Segunda Guerra.
A participação do Brasil nas batalhas da Segunda Guerra Mundial, de fato, não foi tão grande se comparada as participações das grandes potências, mas ainda assim foi uma participação relevante para acelerar o final do conflito. Contudo, seria o esforço de guerra nas batalhas o que justifica a proibição da suástica em algum lugar do mundo? Qualquer análise séria sobre a Segunda Guerra Mundial não leva apenas em consideração os eventos das batalhas militares, pois existe um contexto político. Inclusive envolvendo os anos anteriores ao conflito bélico.
No nosso país havia o Partido Nazista no Brasil (PNB), um braço do partido Alemão, que possuía organizações em 17 estados da federação e permaneceu atuando por 10 anos. O partido Nazista dispunha de braços em 83 países diferentes, mas onde detinha mais filiados no exterior era justamente no Brasil. Além do PNB havia a Ação Integralista Brasileira (AIB). Como o PNB só aceitava pessoas que nasciam na Alemanha, coube ao movimento integralista absorver grande parte das pessoas simpatizantes das ideias nazistas.
Os dois partidos chegaram ao fim oficial quando Getúlio Vargas com o golpe do Estado Novo extinguiu todos os partidos políticos. Sendo o Getúlio um simpatizante dos líderes autoritários europeus e de suas ideias, impôs a nação muitas das políticas características dessa época. Logo, não é que o Brasil não tivesse preferências desde o início da guerra, é que só se colocou do lado dos aliados por meio de recebimento de vantagens, pressões americanas, e ainda assim somente quando a guerra já parecia ter um vitorioso certo.
A influência dessas ideologias perdurou na política do Brasil e ainda tem muita força atualmente. Alguém já esqueceu do Alvim copiando Trechos dos discursos de Goebbels? Um estudo recente informa que atualmente pelo menos 100 mil brasileiros são simpatizantes daquela ideologia.
9. Os verdadeiros budistas não usam suásticas.
Minha intenção não é discutir se os verdadeiros budistas usam ou não suástica, mas se os argumentos do Ig0y respondendo essa questão são logicamente válidos. O argumento principal dele é que os contrários à sua ideia estão incorrendo da falácia do verdadeiro escocês.
A falácia do verdadeiro escocês consiste em atribuir uma premissa que não corresponde aos fatores que define algo, ou seja, é oferecer uma falsa premissa. Por tanto, é uma especificação da falácia de não se seguir. A questão se resumiria a tratar-se de se o usar ou não da suástica ser uma premissa válida do que define ser um budista. Entretanto, o ig0y fez um mau uso desse argumento e em vez de mostrar que a premissa era falsa utilizou de uma generalização invertida do verdadeiro escocês e ainda para reforçar usou de uma série de falácias de autoridade.
A quem pertence à autoridade para dizer quem é budista e quem não é budista? Pertence ao senhor Nakagaki? Por que o Patrux e os seus colegas não podem dizer quem é o verdadeiro budista? O Ig0y é um mamífero, bípede, com um telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, assim como eu, assim como o Patrux, como os amigos do Patrux, como o senhor Nakagaki, e todos os outros seres humanos da terra. O fato de qualquer pessoa dizer algo não torna aquilo automaticamente verdadeiro, como também não torna uma inverdade. Não será porque alguém disse que a gravidade não existe que não exista, e não será porque alguém disse que a gravidade existe que automaticamente já provou a sua existência. Dizer que o Patux ou qualquer outro não possa dizer o que é verdadeiro, é um Argumentum ad verecundiam, uma falácia de apelo à autoridade.
Quem é o Ig0y para dizer que não existe paganismo no budismo? Quem é o Ig0y para dizer que o budismo de Oxford é falso? Quem deu ao Ig0y autoridade para dizer quem é um verdadeiro budista? Quem é o Ig0y para dizer o que é verdadeiro? Não estou afirmando que exista paganismo no budismo, nem que o budismo de Oxford seja o verdadeiro budismo, mas é muito interessante ver o Ig0y rogar para se essa autoridade que não permite para outros. Como se somente por se declarar budista o desse esse poder. Mais do que isso, acredita que está refutando alguém utilizando esse argumento.
Existe o bem e o mal, existe o bom e o ruim, existe o belo e o feio, e existe a verdade e a mentira. O ig0y não questionou a validade da premissa usada pelo o seu opositor, mas questionou a existência da verdade ao relativizar a questão, dizendo que existem muitas correntes do budismo. A relativização da verdade é o ponto central da filosofia dos sofistas, combatida e refutada desde a antiguidade.
O que define ser um escocês? O que define ser um verdadeiro escocês? Certamente tal discussão abriria margem para uma guerra de narrativas, afim de determinar quais seriam as premissas do verdadeiro escocês, cada um defendendo um entendimento diferente oriundo dos seus próprios pontos de vista. Posto que o ser humano é um ser limitado, por isso haveriam diferentes pontos de vista e para cada um existiria um entendimento da verdade, “diferentes verdades”, resultando em diferentes premissas do que é ser um escocês. No entanto, uma verdade limitada é realmente a verdade? Para existir uma verdade limitada (subjetiva), não é necessário que exista uma verdade (objetiva)? Se todas as verdades limitadas forem tidas como a verdade, o resultado será que qualquer ser humano da terra poderia ser chamado de escocês. Se todos são escoceses, quem não é o escocês? Logo, a própria existência do conceito de escocês passaria a não fazer sentido. No entanto, para existir um conceito de escocês é preciso existir um veredeiro escocês.
Alguém poderia alegar que o verdadeiro escocês é aquele que o governo da Escócia determina que é escocês, que recebeu cidadania independente de ter nascido lá; o problema com essa premissa é que é uma falácia, pois se sustenta em um argumento de autoridade. Outro alguém poderia argumentar que quem define é o senso comum coletivo de uma nação; mas isso seria um argumento de apelo ao povo, ad populum, a falácia da maioria. Mais outro alguém poderia alegar que a premissa é estabelecida no sentido denotativo da palavra. Será que existe um sentido denotativo para o verdadeiro escocês? Alguém poderia dizer que o veredeiro escocês é o que nasce na Escócia; outro poderia dizer que o verdadeiro é o que tem alguma descendência genética dos escoceses que habitaram a Escócia nos séculos passados; outro poderia discordar dizendo que o verdadeiro escocês é somente quem tiver uma linhagem genética pura; outro poderia dizer que o verdadeiro escocês é qualquer um que tenha a cultura escocesa; outro poderia dizer que o veredeiro escocês é aquele que se sente escocês no coração. Se todos somos homens, então não existem mulheres.
Fazendo uma analogia com produtos, existem produtos falsos e verdadeiros, produtos de marca e piratas, produtos originais e similares, produtos iguais e parecidos. Será que o simples fato de alguém se dizer budista o faz dele um budista verdadeiro? Ou será que o verdadeiro é quem o Ig0y declarar que seja? Eu posso dizer que sou budista? Todos somos budistas? Ninguém é budista? Quem é o verdadeiro budista?
10. O crescimento daquela ideologia.
Não parece que a pessoa que trouxe esse argumento estivesse falando em um crescimento vegetativo, para o Ig0y argumentar que a população está crescendo e que somos oito bilhões. Não é como um pai que seja adepto daquela ideologia e que tenha vários filhos, transmita para eles essas ideias como se transmite os genes. Esse tipo de crescimento geracional não é o da preocupação real da sociedade e não é o padrão observado. O mais comum são pessoas de uma mesma família, descendentes ou ascendentes, tenham orientações ideológicas distintas a do parente que seja adepto dessa visão.
Também não faz sentido falar somente em crescimento absoluto dos adeptos daquilo em vez de proporcional ao da população total, ou pelo menos absoluto e proporcional. Primeiro porque não é essa a constatação que os estudos indicam. Segundo porque não existiria a percepção de crescimento e não aumentaria a relevância dos mesmos.
Outro ponto nessa questão de crescimento é que não existe um meio-termo para um crescimento proporcional, no qual permita a afirmação do Ig0y de que tudo está crescendo. Posto que não existe um meio racista, uma pessoa ou é racista, ou não é. Não pode o antirracismo crescer proporcionalmente e o racismo também. Nessa questão não tem centro, não tem apolítico para crescer nele. Não existe centro entre o racismo e o não racismo, como não existe uma pessoa que não seja uma coisa nem outra.
Em abril deve sair o resultado do censo, que foi realizado no ano passado. No entanto, todos os indicadores já estão demonstrando que o Brasil está desacelerando em crescimento absoluto populacional, chegando a uma quase estagnação e se espera que muito em breve esteja em decrescimento populacional, se não já o estiver.
Na Europa inteira, mais as Américas, mais a Oceania, mais os países desenvolvidos do leste asiático, mais a Rússia e até a China já entraram no inverno populacional. Todos esses estão com taxa de natalidade abaixo da de reposição, enfrentando diminuição populacional nativa ou prestes a enfrentar. Por tanto, os países onde o homem branco está mais presente enfrentam esse problema e é a população branca desses países é a que menos tem filhos.
No ano passado, pela primeira vez na história a China registrou uma diminuição populacional em relação ao ano anterior, e a taxa de natalidade baixa hoje é uma das maiores preocupações do Partido Comunista Chinês. A população mundial total cresce somente por conta da África, dos países de maioria islâmica e por conta da Índia. Será que é lá nesses países que estão tendo crescimento populacional real, que cresce aquela ideologia?
A Europa só mantém uma quase estagnação, com crescimento populacional total de míseros 0,06% ao ano por conta da fortíssima imigração que recebe. O mesmo vale para diversos outros países desenvolvidos como Canadá, Austrália e Nova Zelândia, estão tendo crescimento minúsculo e somente por conta da imigração recebida. No Japão e na Coreia, mesmo com as imigrações que recebem estão em declínio populacional em termos absolutos. O único diferente dos ricos é o Estados Unidos da América, que também está com a população nativa em forte declínio, mas a fortíssima imigração é tão alta que mantém um crescimento populacional total considerável.
Na Europa o problema com o crescimento daquela ideologia é mais acentuado por várias razões. A Europa recebe muita imigração islâmica, essa população tende a ter forte inflexibilidade a se adaptar a cultura Europeia, o que tem gerado grandes choques culturais e o sentimento da população nativa é de morte de sua identidade, morte de suas nações, e o medo do fim do homem branco. Somem a isso fatores históricos, um grande contingente de população branca, crises econômicas, grande endividamento de países. Os países europeus antes mesmo de outros países desenvolvidos já apresentavam baixíssimas taxas de natalidade, ou seja, grande proporção da população europeia é de imigrantes ou de filhos recentes deles. Resultando em um terreno fértil para as ideias supremacistas que tem crescido por lá de forma alarmante.
Por último, o argumento da internet, o mais típico do professor de ensino médio e o que serve de desculpa para tudo. Primeiramente porque o acesso à internet é tão abrangente no Brasil a quase uma década, que não seria um grande exagero dizer que é praticamente universal há um bom tempo. Se essa é a realidade do Brasil que é um país pobre de terceiro mundo, imagine como é a realidade dos países ricos e desenvolvidos. Também posso dizer que a internet facilita propagar qualquer ideia, inclusive as ideias antirracistas que não podem estar crescendo se as racistas o estão, por motivos que já falei anteriormente. O máximo que tem como aceitar é que o engajamento e radicalização de todos os lados possa estar crescendo, mas não é somente nisso que aquelas ideias estão crescendo. Essas ideias cresceram muito mais rápido e fácil no início do século passado, quando nem televisão existia. Internet não mata pessoas, pessoas é que matam pessoas.
Como O Ig0y não falou nada da complacência a qual foi acusado face o crescimento, senti que ele tangenciou negando a existência de um crescimento. Ou seja, criou um espantalho e ficou batendo nele.
11. Quem computa os crimes?
Não vou ser repetitivo, já enviei um monte de matérias jornalísticas de imprensa séria, com dados da polícia federal, com dados de agências do governo, com dados de pesquisas acadêmicas, com dados de ONGs. Com isso não estou dizendo que por serem essas as fontes seja automaticamente a verdade e que os dados não possam ser questionáveis. Entretanto, ficar desqualificando a fonte (o argumentador) perguntando quem computa isso, em vez de atacar os argumentos, é uma falácia (Argumentum ad hominem). Até porque eram a polícia e as agências do governo Bolsonaro dando dados de aumento sobre essas coisas. A quem interessava no governo aumentar esses números? Isso parece algo suspeito? Não é nem um pouco plausível ficar levantando esse tipo de argumento.
Também não é como se isso estivesse ocorrendo somente no Brasil, os aumentos são registrados em todo o ocidente por instituições muito mais credenciadas e serias do que as brasileiras. Quais são as probabilidades de todas elas estarem falseando dados e envolvidas em algum tipo de complô internacional?
Atacar a metodologia poderia ser um argumento valido, mas o Ig0y faz isso com uma alegação sem fundamento. Parafraseando: que essas instituições enquadram o uso do manji (suástica quando usada para fins religiosos) como crimes de apologia. Não, assim não, pelo amor de Deus, não vá na vera não. Será que aumentou tanto o número de budistas no Brasil usando esse símbolo, que a polícia tem ido até as sangas investigar? É meio obvio que a polícia e o governo não contabilizam isso como apologia. Algumas das reportagens que procurei falavam quais eram os critérios e não deixavam margens para esse tipo de confusão, em uma delas até especificou que não consideravam o manji para fins religiosos. Pior do que isso é somente a suposta prova dada por Ig0y dos erros metodológicos, que para começar não tem nada relacionado com apologia a aquela ideologia, mas com assassinato de mulheres. Para quem não sabe a Lei nº 13.104/15 que determina o que é feminicídio, define como tal a discriminação de gênero (Art. 1º, § 2º-A, II) ou violência doméstica (Art. 1º, § 2º-A, I). Questionar a metodologia dizendo que está errada por contarem um crime de violência doméstica em conformidade com a lei que tipificou o feminicídio é uma tremenda de uma pérola.
12. A cruz de Pedro.
Desconheço que cristãos queiram resgatar esse símbolo fazendo uso dele, pelo simples fato de que não precisa ser resgatado. Pertence à tradição Católica não bíblica o relato que Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo, é um símbolo de Pedro, não de Cristo e o único na Igreja Católica que roga para se ser o sucessor apostólico de Pedro é o papa. O papado nunca deixou de utilizar esse símbolo e não me parece fazer sentido outra pessoa além do papa querer usar o seu símbolo. O relato mais antigo encontrado do registro sobre como Pedro morreu pertence ao teólogo Orígenes (185 – 253).
Os satanistas na idade média adotaram o uso da cruz de cabeça para baixo por um motivo bem simples, o significado obvio de um Cristo invertido. As pessoas comuns não utilizavam a cruz invertida antes mesmo dos satanistas utilizarem, pela óbvia mensagem que passariam, também porque nunca foi o símbolo da cristandade e porque sempre houve um símbolo bem maior.
13. O intolerante Karl Popper.
Eu gosto do paradoxo da intolerância e entendo a origem dele, o qual é uma releitura e uma defesa da lei de talião para um caso mais específico; olho por olho, dente por dente, intolerância por intolerância. Por mais que eu goste dessa lei, há um erro no entendimento de muitos, posto que não se faz justiça com as próprias mãos, isso nem ao menos é justiça. Cabe apenas ao estado e em última instância a Deus, o julgamento e a aplicação da lei. Ao povo cabe a tolerância e o perdão. Se alguém roubar, se rouba de volta? Se alguém matar, se mata de volta? Um erro não justifica outro.
14. Ig0y raivoso.
Se tem uma promessa de mal, não precisa ser apenas diretamente contra o outro, mas se tiver intensão de provocar algum tipo de dolo, isso é problemático.
Quando o Ig0y fala para as suas contrapartes a agradecerem por ele só colocar um processo. O que ele estava dizendo com isso? O que mais do que um processo poderia fazer? Isso é uma ameaça?
Quando o Ig0y afirma que procurará o empregador do Patrux para fazê-lo ser demitido, isso não constitui em uma ameaça? Se o Ig0y de fato conseguisse provocar esse dolo ao Patrux, no que isso caracterizaria?
Fazendo um exercício mental sobre o Ig0y ir atrás do empregador do Patrux. De quanto seria o custo disso, uns 4 mil, 5 mil, 6 mil reais? O Ig0y teria dinheiro para gastar assim? Será que isso valeria a pena? O ig0y sabe se quer onde o Patrux reside para achar o seu emprego, ou se quer o processar? Caso encontrasse o emprego, quem garante que o Patrux trabalhe em uma empresa pequena para ter um patrão? Se for uma empresa grande, quem garante que o Ig0y passaria da entrada? Quem disse que empresas grandes se incomodam com a vida dos funcionários? Mesmo que seja uma empresa pequena, mesmo que o Ig0y consiga falar com o patrão do Patrux, mesmo que ele se importe com isso, quem garante que ele não vá dar apoio ao Patrux? Quem disse que tem como o Ig0y colocar algo no LinkedIn do Patrux? Quem disse que o Patrux tem LinkedIn? Quem usa LinkedIn? Isso era coisa para ser levado a sério?
Por fim o Ig0y chama um rapaz para o conhecer fazendo gesto com a mão fechada. Isso não foi mais uma ameaça?
Vou mendigar aqui um pouco, então já peço perdão adiantado. Eu tenho um canal de Homem-Aranha no YouTube, chamado Clarim-Aranha. Se você for fã do Homem-Aranha e gosta do personagem, eu ficaria muito grato que você desse uma visita, tenho certeza que pode gostar de algum conteúdo! Se não, agradeço pela amizade aqui no MAL de qualquer forma! Obrigado!
1. Origem do anime ser um jogo e a motivação de existir ser a divulgação do mesmo.
Pelo tom usado com intuito claramente pejorativo, essas colocações realizadas pelo Alexandre da origem foram feitas de modo desnecessário, formando um argumento duplamente falacioso. Para ser mais especifico, são duas falácias genéticas que consiste em aprovar ou desaprovar algo baseando-se unicamente em sua origem.
Pelo o anime ter como fonte original um jogo isso faz dele necessariamente algo ruim? Fazer um anime com a motivação de promover um jogo (para ganhar dinheiro) atingindo mais público, vai fazer dele necessariamente algo ruim? Acaso o Alexandre faz conteúdo na internet para arrecadar dinheiro e mandar para instituições carentes na África sem que ninguém saiba? Se eu estiver equivocado e o Alexandre for uma alma desapegada a bens materiais, uma pessoa caridosa, avisem que enviarei o número de minha conta bancária para receber muitos dólares de doação, porque morar no Brasil não está fácil.
Todo mundo sabe que a patrulha do politicamente correto odeia que empresas que produzam algo possam estar cometendo o “sacrilégio” de ganhar dinheiro em troca dos seus bons serviços prestados.
2. Muito seca a morte da mãe do protagonista.
Eu concordo que não existe um melodrama intenso nessa morte, o protagonista não cai de forma amargorosa, desesperadamente choroso, mas nem poderia pela a situação já terrível que ele se encontrava e porque não iria condizer com a proposta do anime. No entanto, isso não significa que não houve um toque dramático, que não foi trabalhada a relação de afeto entre os personagens, para daí alguém estapafurdiamente afirmar que foi uma morte muito seca (não sentida). Quando na verdade a raiva, a angustia, a humilhação, a incapacidade, a frustação, os gestos cabisbaixos muitas vezes expressão melhor a tristeza do que excessos de lagrimas.
O primeiro episódio é um dos melhores, quiçá o melhor, e um dos grandes motivos para isso é justamente o drama com todos os problemas que esse incidente traz ao protagonista, dando uma perspectiva ao público de muito conteúdo na obra. É uma morte totalmente inesperada, fugaz, vítima da violência urbana, com duras e ótimas críticas ao sistema de saúde, ao sistema onde pessoas sem moral só visam o dinheiro e não dão outros valores a vida. Várias dessas mensagens são passadas nas partes: de negligencia do resgate por falta de ter um plano de saúde; no médico que trata as pessoas menos favorecidas aparecer vestido de açougueiro; nas condições da instalação hospitalar; no tratamento vendido de uma “boa recuperação” para arrancar todos os recursos e oferecer ao garoto logo em seguida a notícia do falecimento da mãe. Entendo quem argumente que seria melhor trabalhar isso em dois episódios para a situação ficar ainda mais dramática, apesar de que eu não concorde, posto que o ritmo ficaria muito lento e não causaria o imprescindível impacto inicial que os primeiros minutos da obra precisavam oferecer. O que eu não entendo é alguém ter a ousadia de fazer um vídeo dizendo que essa obra é vazia, que é sem mensagens, que é sem conteúdo, que não quer dizer nada, quando desde os primeiros momentos e a todo instante grita o contrário.
Aproveitando o gancho, ainda dentro do primeiro episódio, vale destacar a mensagem que o anime passa sobre o preconceito que o David sofre, bullying escolar. Sendo perseguido, agredido, ameaçado, para forçá-lo a sair da acadêmia, em virtude que colegas abastados não aceitam a presença de alguém que não fosse da mesma classe social frequentando seus mesmos ambientes. Uma obvia crítica social de um dos temas mais recorrentes nesse gênero que é a desigualdade social com um toque da vertente de segregação.
3. Depois do episódio seis o anime começa a parecer querer trabalhar personagens para dar uma lição de moral, o que não parece uma boa decisão porque não estruturava isso.
Não discuto sobre a existência de uma mudança na história e na estrutura da trama, todavia discordo profundamente que o anime não vinha antes trabalhando os personagens, e que só a parti daquele momento passou a desenvolver “uma lição de moral”. O que temos é um salto no tempo e passamos da ótica do protagonista fragilizado tentando encontrar seu espaço no mundo, para alguém forte que assumia responsabilidades sobre outros, tomando o papel de liderança e se deparando com outros problemas. Logo, o anime precisava retrabalhar o David (protagonista) devido as transformações que sofreu, mas isso não quer dizer que o personagem não era trabalhado. Também se aprofunda no passado da Lucy (coprotagonista), porém todos os demais personagens continuaram na mesma, a não ser pelo o número reduzido de secundários favorecer a maior interação e o maior destaque dos que sobraram.
Os quatro últimos episódios têm menos tempo de tela que os seis primeiros, e usam muito do que lhes tem com cenas de ação, então não posso nem dizer que houve maior foco no desenvolvimento dos personagens com coisas cotidianas. O que de fato houve foi uma mudança de perspectiva, se antes era preciso apresentar personagens, agora é preciso explorá-los, com seus amadurecimentos e dificuldades.
O Alexandre quando fala de personagens afirma ser principalmente do David, e de fato eu tenho críticas negativas em alguns pontos ao trabalho que foi dado a esse personagem, sobretudo depois da passagem de tempo, mas são pontos totalmente diferentes dos dadas por ele. Posto que o Alexandre absurdamente acredita que o anime quer abordar a temática de drogas e que a lição de moral que foi construída é sobre isso. Digamos ainda assim que fosse sobre isso, mas desde o início o anime fala sobre as drogas levando a loucura os cyberpunks e não somente a partir da virada para afirmar que não foi estruturado, que não foi trabalhado. Também nenhuma lição de moral foi tentada tirar disso, existe uma diferença entre um elemento narrativo de uma abordagem temática.
Em contraste o que me desagrada no protagonista, é dele trocar partes orgânicas do corpo por partes mecânicas de uma forma que acredito que ninguém faria isso. Uma coisa é alguém perder um membro e substituí-lo por algo mecânico, outra coisa é alguém substituir todo o corpo por partes mecânicas sem ser obrigado. O seu primeiro implante ok, foi justificado no anime e nem substituiu nada em seu no corpo, mas o restante dos implantes não teve o mesmo tratamento narrativo. Não gosto desse conceito de substituição, pois me parece incoerente, me faz perder a empatia pelo personagem, não consigo me ver nele e o leva ao Vale da Estranheza.
O que eu vejo de pior na obra são esses pontos que levantei do protagonista, é o motivo de eu não oferecer uma nota dez, mas não um cinco como Alexandre Esteves e sim com justiça dar pelo menos uma nota nove. Visto que a obra não deixa de ser divertida por conta disso, não deixa de ser extravagante, não deixa de ser espontânea. O anime também nunca se propôs a ser extremamente complexo, mas tão pouco se propôs a ser algo bem simples ao nível que um incauto conseguisse ter a capacidade de entender e apreciar.
4. Os quatros últimos episódios, não acrescentaram nada, o anime continuou vazio.
Os últimos episódio tem um maior desenvolvimento de mundo, isso é muito importante para termos um maior entendimento de como funcionava aquela sociedade e assim dando ao anime a possibilidade de fazer uma crítica ao sistema. Parte dessa crítica é clássica porque é inerente ao gênero ser anti-sistémico, porém ganha contornos mais próprios pelos os governantes desse mundo serem duas corporações tecnológicas rivais que tentam se destruir de todas as formas. O futuro distópico em Cyberpunk não é fruto de uma guerra ou do controle direto de maus governos, mas do monopólio do capital financeiro de uma sociedade extremamente materialista, hedonista e em vias de superar a humanidade. O que nos traz algo atual, diferente de vários outros do gênero que foram criados em épocas vividas sobre o medo de guerra nuclear e regimes totalitários. Ainda dentro dessa crítica com a ampliação que os últimos episódios nos oferecem é possível também entender como essas empresas controlam tudo e todos, se aproveitando das pessoas e as usando de forma sórdidas para seguir seus próprios propósitos.
Outro ponto que a segunda parte aborda acrescentando a primeira de modo a se fazer necessária, é elevando o conceito filosófico de transgressão corporal visto principalmente no David. O qual tem ampliadas as suas capacidades de transgredir regras ao substituir partes do corpo por melhoramentos tecnológicos, fazendo uma crítica de até onde a humanidade seria capaz de acompanhar as maquinas e de se manter no controle, mesmo com alguém que seja especial.
O principal ponto que a segunda parte se faz necessária é para desenvolver e dar os desfechos a temática central da obra. Ao contrário do que o Alexandre Esteves supôs a obra não fala sobre drogas, a mensagem central que está presente nos dilemas dos principais personagens e faz a trama andar é sobre propósitos (sobre sonhos), as coisas que movem as pessoas. Ou seja, o anime trata indiretamente de uma das perguntas filosóficas mais antigas. Qual é o motivo da vida? Por que eu existo? O anime também não busca oferecer uma resposta objetiva e impessoal para essa grande indagação e sim tratar das origens desses propósitos (sonhos). Logo no segundo episódio o anime mostra que o propósito da Lucy é ir para a Lua, mas só no sétimo episódio com o passado dela revelado é que entendemos que a mesma foi criada para servir os propósitos (os sonhos) de outros (da companhia). Seus amigos perderam a vida pelos sonhos da companhia, diante disso a Lucy percebeu que aconteceria o mesmo com ela, e se indagou de que se vamos morrer por que não ir atrás dos nossos próprios sonhos. Então o propósito de ir a Lua da Lucy é o de ser livre para ter os seus próprios propósitos (sonhos). O que é um completo oposto do David que não tem um propósito próprio e seu propósito é o de fazer com que os sonhos dos outros sejam realizados, primeiro o da sua mãe, depois o do seu mentor, e em seguida da sua amada. Isso é profundo, é sublime, é fenomenal e faz uma referência ao clássico dos clássicos cyberpunk Ghost in the Shell, onde o casal de protagonista também são espelhos um do outro, são o inverso um do outro que se complementam como o Yin e o Yang.
É muito fascinante a Lucy refletir que perder a vida pelos sonhos dos outros não pode ser o motivo da vida, pois querer viver para morrer é contraditório, mas ao mesmo tempo ela só pode realizar isso com o David perdendo a vida dele pelo propósito dela. O David de certa forma aparecer na Lua no final, isso é mais do que uma referência, isso é mais do que uma parte romântica, porque o propósito do David era realizado no propósito dela, logo ele estava lá. Um último adendo, talvez o único sonho que seja realmente seu, seja o de buscar que exista o seu próprio sonho, o autor ter percebido isso e colocado na obra esse conceito me deixa tremendamente satisfeito. Foi genial! Arrebatador! Merece aplausos de pé!
Por fim nessa questão do porque da segunda parte se fazer necessária. Os demais personagens não têm um desenvolvimento significativo para sabermos exatamente qual a motivação deles além de ganhar dinheiro e acender socialmente. No entanto, é importante trabalharem as relações entre esses personagens para abordarem coisas que ponham em xeque conceitos como confiança, respeito, amizade, lealdade, tudo dentro de uma ótica individualista sem escrúpulos e extremamente materialistas dessa sociedade.
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Melhor Personagem Masculino da Temporada Spring 2023:
Melhor Personagem Feminina da Temporada Spring 2023:
Melhor Design de Personagem da Temporada Spring 2023:
Melhor Anime da Temporada Spring 2023:
Minhas cinco apostas para a temporada spring 2023.
Ativos:
• Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo!
• Tonikaku Kawaii 2nd Season
• Mashle
• Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru
• My Home Hero
Banco:
• Kimi wa Houkago Insomnia
• Boku no Kokoro no Yabai Yatsu
• Yuusha ga Shinda!
Extra:
• Tengoku Daimakyou
https://youtu.be/-oAUY3shRFs
Link do canal: https://www.youtube.com/@ClarimAranha
https://www.youtube.com/watch?v=ySJw93TOuk8