Parte 1 – Impressões finais da temporada Spring 2023.
Kimetsu no Yaiba: Katanakaji no Sato-hen — No tocante ao visual é espetacular, também tem uma boa direção e dão aos heróis bons desenvolvimentos. Entretanto, ironicamente os vilões transmitiram pouca emoção. Ademais, faltou suspense, apreensão, elos e um clímax extraordinário.
A maioria dos vilões dessa franquia tinham uma história, essa fórmula não é uma regra obrigatória para todos os animes, mas eu senti que nesse título faltou isso. Pois, entre outras coisas, era coerente com a visão que estava sendo construída do protagonista de considerar apenas o Muzan como um vilão de verdade, contrariando a dos outros caçadores que consideravam todos os onis maus e não vítimas. Também faz diferença porque essas coisas tornavam os vilões mais complexos, mais orgânicos e os humanizavam. Outro ponto é que fazia o público ter empatia pelos vilões ou pelo menos tornava mais compreensível as atitudes deles. Não era simplesmente aquele vilão raso que é mal por ser mal. Logo, eles passavam emoção quando estavam perdendo ou mesmo ganhando. Alguém pode dizer que no último episódio mediante um flashback nos instantes finais de um deles foi trabalhado algo assim, mas convenhamos que nos poucos segundos que apareceram essas memórias, não deu para trabalhar nada.
O desenvolvimento dos heróis com dramas instigantes foi bom, mas o modo como isso foi feito é outra história. Não tenho absolutamente nada contra flashbacks, porém é um recurso usado demais na franquia de Kimetsu, e ter os três novos heróis que são desenvolvidos nessa temporada com flashbacks dos seus passados no meio das lutas é no mínimo uma falta de inspiração. O motivo para ser feito exatamente assim, de colocar o flashback justamente no meio da batalha, é que faz a luta se prolongar, a fazendo parecer grandiosa e elevando o clima do conflito. Portanto, pensando nisso até ignoraria sem problemas ser algo repetido, se essas recordações demonstrassem um elo significativo para com as lutas, mas com exceção de uma dessas recordações as outras eram irrelevantes e mesmo a que foi relevante é pouco relevante. Na minha opinião pareceu um trabalho preguiçoso da autora, que simplesmente não tentou encontrar outra forma melhor de contar a história desses personagens.
Se um dos heróis morresse, fosse mutilado, ou pelo menos que o anime nos fizesse acreditar que coisas assim poderiam acontecer, passaria a sensação de consequência, um maior drama e apreensão. Entretanto, confesso que minha maior apreensão era com relação aos figurantes da vila dos ferreiros, o que eu acredito que pela posição deles de figurante não deveria ser. Nessa altura da franquia já está escancarada a prisão na fórmula de que os protagonistas apanhariam muito para no final ficar tudo bem com todo mundo.
Não existindo riscos para os mocinhos, e o anime não se dando ao trabalho de desenvolver pelo menos uma grande antipatia pelos vilões. Como com essas circunstâncias gerar um clímax épico? Talvez poderia ser por meio do suspense? No entanto, para desenvolver um suspense é preciso no mínimo mistérios e poucos são os que restam a serem revelados. Ademais nessa temporada não trouxeram outros grandes mistérios. Piora mais ainda para o climax quando o anime faz comédia ou traz uma áurea alto astral em momentos que deveriam ser delicados.
Dito tudo isso pode parecer que o anime é ruim, porém não. Destaquei as falhas porque poucos falam delas, mas o que tem de bom é realmente excepcionalmente bom. A Ufotabel abala os pilares do entretenimento quando se trata de produção de ponta em termos de áudio e visual. Além disso, o diretor fez milagres acrescentando várias cenas que melhoram absurdamente o material original. No mais, é uma obra que cativa a querer assistir e a continuar assistindo.
Um adendo, essa em tese é a terceira temporada, se desconsiderarmos que fizeram uma temporada com o arco do trem. Ironicamente padece do mesmo mal de Homem-Aranha 3, sendo esse o excesso de personagens, principalmente de vilões.
Dr. Stone: New World — A primeira metade, com exceção do final do episódio três, está abaixo das temporadas anteriores. No entanto, a segunda metade apresentando novos personagens, novos inimigos e desafios, deu uma elevada considerável no anime.
Alguns diziam que esse seria o pior arco do mangá, confesso que independente disso as minhas expectativas eram baixas para essa temporada e o início estava dando indícios que o anime realmente seguiria essa linha. Entretanto, da chegada na ilha em diante o anime mudou bastante e de uma forma que eu não imaginei que gostaria tanto. Surpresas, mistérios, reviravoltas, personagens estilosos e um pouco de fanservice. Só não dei uma nota melhor porque faltou um grande momento deslumbrante, algo que me emocionasse assim como teve nas temporadas anteriores. Por fim, quero deixar registrado o quanto gostaria de romance nessa obra.
Boku no Kokoro no Yabai Yatsu — O romance é bonito, mas é principalmente divertido de acompanhar, bem cativante e aos poucos evolui. Algumas impressões iniciais mudam com o decorrer da trama, pois o roteiro é muito bem escrito. Já os personagens são carismáticos e com identidades.
Uma coisa interessante a se comentar é a “tradução” que fizeram de certa cena para a versão em inglês, adicionando o termo Mansplaining, um encaixe forçado que não tinha no mangá, nem na versão japonesa do anime. Só posso dizer que isso é doença da militância e são exatamente por não ter essas loucuras que as obras japonesas são boas.
A frase era: “ O quê? Eu comecei a explicar moda literalmente para uma modelo profissional? ”. A versão em inglês estava: “ O quê? Eu comecei a mansplaining fashion para literalmente uma modelo profissional? ”. Que nojo da doença americana, que nojo, que nojo.
Outro fato interessante sobre esse anime que vi na internet é de estar sendo acusado por um youtuber conservador de ser um anime yaoi (boys love). Eu não sei mais detalhes dessa acusação, porque assim que ouvi isso desisti do vídeo a fim de manter um pouco de sanidade mental.
O anime sofreu preconceitos, pois a primeira impressão é de ser um romance infantil escolar saturado, e de certa forma isso não está errado. No entanto, a obra é tão bem escrita que o anime consegue não apenas ser bom, mas extrapola em muito a demografia que seria alvo, se tornando um dos melhores animes da temporada. Outro ponto de preconceito foi o protagonista escuro, mas ele não é do mal, como a primeira impressão pode deixar e pessoas precipitadamente possam julgar. Apenas o personagem é mais complexo e problemático do que o habitual.
Para efeito de comparação e entenderem melhor o meu ponto, na temporada anterior a essa saiu um anime de romance chamado Otonari no Tenshi-sama, o qual tem um romance muito singelo, mas é somente isso. Justamente o que faltou em Otonari foi colocado em Boku no Kokoro, posto que para que uma história se torne cativante é preciso uma problemática e de preferência personagens imperfeitos, mesmo que o romance seja puro e os personagens carismáticos. Ademais a relação romântica em Boku no Kokoro vai continuamente evoluindo em seu próprio ritmo, de forma atraente que não pareça ser rápida nem parada. Melhora mais da metade em diante dos episódios, quando o ambiente sai um pouco mais do escolar, demostrando uma progressão na relação do casal.
My Home Hero — A premissa é maravilhosa, mas o desenvolvimento tem vários momentos muito irritantes em função do protagonista que é revoltantemente fraco. Em um momento ele até consegue de maneira interessante superar os problemas, porém até lá é angustiante.
Acreditei que estouraria de popularidade ou que pelo menos com o passar dos episódios aumentaria significativamente, porém isso infelizmente não aconteceu. Julguei que independente da popularidade seria sensacional, mas também não foi. Apesar dos problemas a obra me fez gostar dela a ponto de não me arrepender de ter assistido e de ficar querendo uma segunda temporada que dificilmente haverá, mesmo tendo material para isso. De qualquer modo não desaconselharia, porque o final foi ótimo e é bem fechado.
Vinland Saga Season 2 — Incomoda algumas filosofias e a cena dos cem socos, a qual é melhor no anime, já o diálogo que a segue é melhor no mangá. Entretanto, tirando isso, é uma obra absurdamente primorosa em todos os aspectos que possam ser avaliados.
Essa temporada é melhor que a primeira, posto que ao contrário da anterior se mantém em um nível elevadíssimo durante todo tempo, em todos os episódios e sem precisar ficar apelando para a ação. Inclusive quase sempre também é melhor que o mangá, mérito do diretor que amplia a obra. Temos que bater palmas não somente para a direção, mas para o estúdio, para toda a equipe, para os produtores, para todos os que acreditaram e possibilitaram que esse projeto fosse realizado com muito carinho.
Não concordo com algumas filosofias do anime, pois as considero irreais de um ponto de vista lógico e a luz da história. Entretanto, respeito muito uma obra que tenha algum conteúdo e se proponha a fazer as pessoas pensarem. Outro ponto, admiro que tentem passar uma mensagem positiva de arrependimento, de mudança, de reedificação, de liberdade e de paz. No mais, são pensamentos muito coerentes com o tipo de personagem quebrado e contextualizado ao ambiente que se enquadrava. Conteúdo e complexidade é isso o que espero de uma boa obra direcionada para um público adulto.
A obra tem um grande roteiro e um espetacular trabalho de personagens, é tão grandioso o que fazem nesse sentido que tenho dificuldade em expressar essa magnitude. Os personagens têm arcos completos, complexos, surpreendentes, superadores, instigantes. O fato é que isso resulta em belíssimas, reflexivas e impressionantes cenas dramáticas. Acompanhadas de um espetáculo visual com uma não menos espetacular trilha sonora. Como se não bastasse tem uma direção que sabe oferecer os enquadramentos certos, com tons de cores certas e com o ritmo certo, logo não tem como não se emocionar.
Kubo-san wa Mob wo Yurusanai — O anime é focado em um romance fofo, com pitadas de comédia e algumas problemáticas. A singeleza do romance combinaria melhor com algo mais verossímil e não me agradam os traços de forma geral.
Em tese esse não era para estar nas impressões finais dessa temporada, pois saiu na passada e deveria ter finalizado nela, mas teve problemas de produção e ficou com duas metades. Não me angustiou em assistir tanto à segunda metade quanto pesou a primeira, talvez porque a progressão do roteiro possibilitou isso. Outro ponto são os traços mais puxados para o cartunesco que incomodavam, mas que me desagradavam menos na segunda metade, talvez por eu ter me acostumado. Fato é que a segunda metade é superior à primeira e talvez tudo isso seja por conta que maior tempo de produção tenha dado resultados. Entretanto, a infelicidade do destino é incontrolável, e essa obra tem a mesma dinâmica e muitos elementos parecidos aos do anime Boku no Kokoro, que saiu nessa temporada e é inegavelmente bem superior.
Kono Subarashii Sekai ni Bakuen wo! — O ponto forte é o enredo internamente bem mais coeso do que o da obra original e a Megumin tem seu carisma. No entanto, não tem os mesmos grandes momentos cômicos e alguns encaixes com a obra original parecem forçados.
A Megumim é a menos pervertida e a mais normal do quarteto original. Por isso não tem como oferecerem certas piadas escrachadas em uma trama contendo somente ela desse quarteto e principalmente sem o Kazuma para fazer um par. No entanto, isso não quer dizer que o anime não tenha encontrado outros modos de ser engraçado e de que não tenha fornecido outros personagens para fazerem interações cômicas.
Avaliar é comparar e comparando em questões mais técnicas de produção, visualmente essa temporada parece um pouquinho superior que às duas temporadas da série principal. Também fecha muitas pontas soltas que a franquia tinha deixado e nesse sentido é recomendado para quem seja muito fã. No mais é uma obra com um final bem fechadinho, sem espaço para uma continuação que não seja na sequência principal.
O Kono Suba original sempre demonstrou pouca preocupação com a história e focou nas piadas. Isso me inquietava muito, porque a trama parecia sem rumo, jogada, mal arranjada e as vezes incoerente. Já nessa senti que houve uma direção e uma coesão. Dito isso, teria melhor êxito se não existisse uma obra original, porque onde senti que forçou foi para fornecer fanservice e encaixar coisas da obra original.
O primeiro episódio tem seus pontos positivos, mas dormi nele e foi o que achei mais difícil de assistir. Quase todos os episódios tiveram alguns momentos cativantes, porém somente do meio em diante da temporada foi que apreciei um pouco mais a trama. Sendo assim fiquei bem em dúvida sobre qual nota daria a essa obra, visto que em alguns aspectos é melhor que a original, mas em outros não.
Não é um trabalho que eu ame, que me arrependeria se não tivesse assistido, mas o contrário também é verdade, pois não me arrependo de ter assistido. Injusto acusarem de ruim, é gostoso e a única coisa que achei de fato amargo foram as mortes de dois personagens.
Yuusha ga Shinda! — Tinha muito potencial e há alguns momentos altos, mas no geral não foi como deveria. O principal problema foi que não acertou o timing cômico. Talvez funcionasse com uma comédia mais escrachada e faltaram elementos sérios contrastantes.
Tentaram trazer um humor do tipo Kono Suba, que tem uma fórmula comprovadamente acertada de paródia com fantasia, ação e ecchi. No entanto, fizeram sem uma Aqua, sem uma Megumin e sem uma Darkness, apenas com o Touka que é uma versão um pouco mais virtuosa do Kazuma. Tem um ou outro momento que algum outro personagem além do Touka é utilizado para tentar produzir algo cômico, mas geralmente não funciona e são momentos pontuais de personagens que não fazem um par cômico com o protagonista. Mesmo o Touka, justamente por ser um Kazuma mais correto, nesse quesito cômico só tem resultados ligeiramente aceitáveis da metade em diante do anime.
Logo no início da temporada dei uma olhada no mangá e as piadas funcionavam muitíssimo melhor nele. Não vou exagerar e dizer que o mangá é perfeito, mas se tivesse sido adaptado para anime pela equipe correta, por pessoas que melhorassem a proposta, poderíamos ter tido algo excepcional. Definitivamente precisava de um diretor bom para oferecer principalmente o ritmo certo, o tom certo, explorar as coisas certas e cortar as coisas erradas. A produção também parece ter tido baixo orçamento, pois a obra tem traços comuns, cenários genéricos, cores inadequadas, ausência de trilha sonora em alguns momentos, e carência de mais expressão faciais engraçadas.
Com fazer piadas sem contrastes? Penso que a obra deveria ser mais escrachada, mas deixar isso cômico necessita de uma parte séria. Existe uma falta de contrastes, e não é que não tenha nenhum, apenas não são o suficiente. O herói morto não parece sério, o reino não parece sério, os vilões não parecem sérios, o prefeito não parece sério, os aliados não parecem sérios, quase nada parece sério. Quando tudo é uma piada, nada funciona como uma piada.
Para manter um clima típico de aventura, ao mesmo tempo que nada é tratado a sério, também nada é tratado totalmente como uma piada. Não é só questão de não funcionar porque tudo é piada, é porque tudo é um meio-termo. Tem uma frase bíblica que diz o seguinte: “porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei”. Ademais essa falta de seriedade também torna toda a trama pouco crível, forçada. Boas piadas são subversivas, inusitadas e inteligentes.
Não vou dizer que foi de todo ruim, visto que o anime tem uma aventura que deixou com um gosto de querer ver onde essa história vai chegar. Outro ponto foi que amei a abertura, pois resume bem a obra e também tem uma ótima música. Além disso, gosto muito de personagens do tipo Jiraiya, ou Mestre Kame, que produzem um humor impoliticamente correto. No mais, o anime tem umas Waifus bem interessantes.
Tonikaku Kawaii 2nd Season — Tem a sua beleza, tem o seu valor, mas nessa temporada as progressões em todos os sentidos foram extremamente lentas. Pior, repetiu as mesmas coisas da primeira temporada, com pequenos escalonamentos, o que obviamente saturou.
Lamento demais não terem entregue algo melhor nessa temporada, porque é uma obra riquíssima pelas inúmeras referências ao conto do Cortador de Bambu, a mais antiga narrativa japonesa. Conto o qual deriva a lenda que deu nome ao monte Fugi. Também não é somente dessas belas raízes lendárias que o romance se sustenta. Pois, oferece novas perspectivas, com novas reflexões e a trama segue mais uma linha de ser uma continuação.
Certas abordagens temáticas já tinham dado tudo o que podiam oferecer na primeira temporada, e escaloná-las ainda mais não era algo interessante, pior ainda é repeti-las escalonando só um pouquinho. A obra precisava ter reinventado a sua problemática, sem perder a sua alma e mantendo um subtexto com conteúdo. O caminho correto para isso era focar nas revelações de alguns dos mistérios e oferecer um aprofundamento das mitologias.
Assisti quase oito episódios legendados e o restante final dublado. Eu não sabia que a dublagem estava sendo simultânea ao lançamento. Foi insuportavelmente maçante assistir legendado, pois a progressão estava sendo lenta e a dinâmica era repetitiva. Chato! Entretanto, melhorou absurdamente ao assistir dublado, porque como eu não tinha que ficar muito atento ao texto podia apreciar a obra mais como uma descontração. Em resumo, é daquele tipo de anime que é feito para só funcionar se for assistido dublado. Logo, a minha experiência ficou comprometida pela forma errada como a consumi.
O Melhor diálogo foi no episódio 11. Nasa pergunta: "por que as pessoas se casam". Tsukasa responde: “… porque ninguém vive para sempre”. Foi algo profundo, foi filosófico, foi inteligente e meio que explica porque uma imortal não tinha se casado ainda. Essas sacadas geniais de conteúdo me dão um sorrisão, são coisas assim que gosto de ver em obras.
Talvez eu esteja sendo muito duro com esse anime, porque tem muitas coisas singelas, belas, inteligentes. No entanto, pesou como o assisti no meu julgamento e não me emocionou a ponto de quase chorar como na primeira temporada.
Tengoku Daimakyou — O mangá já era comedido e sem foco no fanservice, mas o anime multiplicou absurdamente a censura. Está comprometidíssimo com o politicamente correto, isso é profundamente desapontante. No mais, o tom do mundo não combina com apocalipse.
Em um mundo com uma ordem normal estabelecida, certas coisas acontecem cotidianamente, as quais podem e precisam ser abordadas sem amarras. Ainda mais em algo que é direcionado para um público adulto, como deveria ser o caso dessa obra. Mesmo no mangá senti uma fortíssima relutância em quererem abordar a temática sexual, por mais que em um mundo apocalíptico fizesse extremo sentido. É perceptível o medo em fazerem isso pelos poucos momentos que a obra mostra coisas assim, com cenas rápidas e pouco sexuais. Nitidamente dava para ver a preocupação extrema dos criadores de que sua obra pudesse receber críticas e ser rotulada. O que torna o trabalho capado pelo politicamente correto, obviamente incompleto.
O primeiro momento dessa temporada com ecchi, eram de meras imagens de uma garota nua, que no anime foram ainda mais censuradas. De qualquer modo entenderia mudanças pontuais nessa cena, porque estava no início do anime e não podia espantar o público. Também não eram imagens que fariam muita diferença para a trama, e os desenhos da personagem ficaram melhor do que no mangá. Aprovei a mudança principalmente porque mesmo mostrando menos ficou mais sensual.
A segunda cena com ecchi era de preliminares sexuais e novamente no anime houve mais censura, mudando ângulos e mostrando menos dos corpos. Entretanto, esse nem foi o problema e sim que mudaram para um tom bem mais cômico, quando no mangá tinha bem mais sensualidade nessa cena. Não vou dizer que prefiro a adaptação do anime, mas dava para tolerar porque o tom não ficou ruim.
Já o que fizeram com a terceira cena com ecchi é revoltante demais. Não contei os quadros do mangá, mas com um simples olhar por cima dava para perceber que não adaptaram nem a metade. Para aliviarem ainda mais ficaram intercalando com outras cenas, as quais não tinham referência alguma com o que estava acontecendo naquele contexto e pertenciam a outro capítulo mais à frente do mangá. Os desenhos também estavam feios, como exemplo: simplesmente despeitaram a garota, para não mostrarem no espelho os seios dela. Podiam ter pelo menos mudado o ângulo, mas a deixaram com os peitos na barriga e cobertos com um braço. Tudo foi muito rápido no anime para o tamanho que tem essa parte no mangá, logo não passou o peso emocional que deveria para o público, nem a magnitude que esse evento tem para a trama e para os personagens. Alguém muito ultra sensível ou simplesmente alguém que queira lacrar, vai dizer que se chocou, mas a verdade é que a cena no anime não passou quase apreensão e cortou muitíssimo do mais importante que era como a Kiruko estava reagindo aquilo tudo.
Falei bastante das cenas de ecchi, mas elas não foram as únicas que sofreram censuras, as cenas de ação com mais violência também foram censuradas. Uma das que mais senti o impacto dessas alterações foi a cena do barco. Nessa cena no mangá havia um casal namorando, o qual não é mostrado no anime. Isso fez muita diferença, pois a morte desses personagens deixaria a cena impactante, aumentaria o drama, e combinaria com o clima proposto pela obra.
Tem outras alterações que não foram censura, mas que geraram incompreensões ou compreensões equivocadas. Um exemplo é a cena da morte da mãe do Jugo, na qual no anime não diz que o grito do traidor acordou as mulheres. A simples falta dessa frase faz diferença para o entendimento da cena, pois a morte fica sem explicação. O que realmente no mangá passa é que o pai do Jugo pretendia fugir com o seu filho a noite sem a mulher, como ela não permitiria levar o filho foi morta por ele. Um youtuber muitíssimo famoso chegou ao ponto de dizer que quem morreu foi o traidor, e que o pai do Jugo estava fugindo com a mulher.
A única cena que esse diretor mexeu, que talvez seja digna de algum elogio é a cena final do episódio oito. No geral o trabalho desse diretor foi um copiar e colar do mangá, com os ápices profundamente censurados e estragados. Ainda bem que não tenho um caderno da morte, mas com certeza o nome desse diretor vai entrar na minha lista negra e vou correr de qualquer trabalho que ele puser as mãos.
Estou culpando muito o diretor, mas a culpa pode nem ser toda dele, porque quem comprou os direitos de exibição desse anime foi a maldita da Disney e todo mundo sabe como essa organização é ideologizada. Certamente deve ter sido acordado alguma censura prévia com a desculpa de mercado. Minha esperança na humanidade é de que essa desgraça chamada Disney está acumulando prejuízos.
Uma das poucas coisas que eu esperava que a adaptação fizesse e poderia ter feito, era que mudassem um pouco o tom do mundo para algo que aparentasse ser mais apocalíptico. Isso nem seria muito difícil, porque no mangá não tem cores, não tem sons, bastava fazerem as escolhas certas. Se eu fosse o diretor também faria algumas alterações nos cenários e na trama, para que o anime realmente conseguisse parecer que tinha um mundo apocalíptico.
O mangá tem coisas pesadas que poderiam ser muito mais pesadas e precisavam ser mais pesadas. No entanto, o que era para ser uma aventura apocalítica virou um passeio no jardim de infância. Infelizmente o que fizeram foi cortar o pau no mangá e arrancar as bolas no anime. Realmente quem fez a transição de gênero e foi estuprada foi a obra. A arte precisa ter a liberdade poética para ser um reflexo da realidade que muitas vezes é cruel, é trágica, é impactante.
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru — Lembro que mesmo apostando nele, desconfiava que seria difícil levarem o anime com essa proposta por doze episódios, mantendo o interesse elevado na obra. Bem, agora que acabou, não acho que foi nada fácil, mas admito que conseguiram.
Por conta da proposta tem momentos que o anime trabalha coisas que em outros animes provavelmente seriam chatas ou vergonhosas, mas é impressionante como essa obra consegue desenvolver essas coisas tão bem. Certamente isso é mérito de um enredo excepcionalmente bem escrito e de um diretor que soube oferecer o ritmo correto para tudo, mas se tem outro fator que devo destacar são os personagens que nos dão muito contentamento. Todos os personagens são ótimos e em especial o casal principal. O protagonista fica muito melhor no final, mas a Akane nos conquista desde os primeiros instantes.
Com personagens jovens demais os romances ficam muito infantis, e é preciso uma maior suspensão da descrença para podermos acreditar que esses personagens teriam a maturidade para agir da forma como essas histórias os conduzem. Já com mais velhos, tendo em vista que pessoas reais mais velhas geralmente são bem diretas nas relações amorosas, o romance poderia perder a magia. Logo, para produzir uma história com personagens assim, é necessária a boa vontade do público em acreditar que a trama seguiria certos rumos. Em virtude desses fatos, optar por fazer um romance com personagens do final da adolescência e início da vida adulta é a escolha que oferece maior verossimilhança.
Não é somente por parecer uma trama mais realista que gostei dessa proposta com personagens de idade meio-termo. Tendo em vista que a maioria dos animes pega personagens novos demais ou velhos demais, pegar um meio-termo possibilita a desenvolver situações menos exploradas. Tais como um romance desconstrutivo e com ótimos finais de episódios que criam expectativas. Além de tudo, esse anime tenta trazer um romance com uma temática mais atual envolvendo jogos online.
Não esperava um romance tão bom desse jeito, sinceramente fazia tempo que via algo desse tipo nesse nível. Superou toda e qualquer expectativa que eu tinha sobre essa obra e merece palmas.
Isekai Shoukan wa Nidome desu — Grande perda de tempo, não tem nada que seja realmente bom, a produção é fraca, a direção é ruim, o roteiro é um lixo. O que mais tem são clichês, incoerências e coisas que dão vergonha alheia.
Tão lixo que não tenho a mínima disposição de escrever mais uma linha se quer sobre esse anime. Também sinto que qualquer coisa que eu escreva após ter dito que é um lixo será desnecessário e meio que redundante. Esse anime é muito medíocre, é uma referência de como uma obra não deve ser feita. Se fosse uma inteligência artificial que tivesse escrito o roteiro não seria tão genérico, tão vergonhoso, tão desconexo, tão imbecil, no mínimo seria inteligente. As garotas não prestam, o protagonista não presta, os vilões não prestam e a produção é mequetrefe. Socorro!
No começo da temporada fui ler o mangá e vi umas piadas boas com ecchi no início dele, mas foram absurdamente censuradas na adaptação para anime e estragou a comédia delas. Por conta disso eu pensei que mais à frente poderiam aparecer cenas interessantes, mas que ledo engano, essa obra é um perfeito combo de ruindades. A única coisa que aparentemente tinha de bom no mangá o anime conseguiu estragar.
Finais mais Marcantes:
1. Code Geass: Hangyaku no Lelouch R2
2. Sword Art Online II
3. Angel Beats!
4. MD Geist II: Death Force
5. Cowboy Bebop
6. Shigatsu wa Kimi no Uso
7. Devilman: Crybaby
8. Hotaru no Haka
9. Fate/stay night
10. White Album 2
11. Shuumatsu Nani Shitemasu ka? Isogashii Desu ka? Sukutte Moratte Ii Desu ka?
12. Saint Seiya: Tenkai-hen Josou – Overture
13. Fullmetal Alchemist: Brotherhood
14. Fate/Apocrypha
15. Re:Creators
16. Kimi ga Nozomu Eien
17. Rakudai Kishi no Cavalry
18. Death Parade
19. Plastic Memories
20. 3D Kanojo: Real Girl 2nd Season
Algumas outros a considerar:
• A Kite — Marcante por ser bem inesperado e chocante, mas não necessariamente agradável.
• Genocyber — Marcante, mas faltou explicações.
• Zeorymer — Marcante, mas o anime precisava ser maior para esse final funcionar melhor.
• Vinland Saga — Tem uma parte marcante, mas não sei se o final como um todo pode ser dito como tal.
• Koe no Katachi — Apesar do final ter um grande destaque, mas faltou uma coisinha para ser mais do que perfeito.
• Mahou Shoujo Madoka Magica — O arco final é espetacular, mas o episódio final em se não é nada demais.
• High Score Girl — Eu adoro esse anime e adoro muitas coisas que tem nesse final, mas repetiu algo e ficou meio em aberto.
• Fullmetal Alchemist — Essa versão talvez tenha um final mais impactante por ser agridoce e com teor mais crítico, mas ficou muito aberto.
• Kaguya-sama — Pensei em colocar esse pela cena final da segunda temporada, mas não é bem o final da história.
• School Days — Vão jogar pedras em mim, mas eu gosto desse final e é genuinamente marcante.
• Hellsing Ultimate — Os minutos finais diminuem um pouco daquilo que prometia ser um final espetacular.
• Steins;Gate — O último episódio é bom, mas o anime acabou no penúltimo episódio, e a canja não tem o clímax.
• Akame ga Kill! — A maior parte das pessoas que não gostam desse anime é só por conta desse final e também não era o que eu gostaria, mas com o tempo entendi o quanto ele é espetacular.
• Kenpuu Denki Berserk — Esse final com certeza é marcante, mas ele só não conseguiu mexer tanto comigo quanto os outros dessa lista.
• JoJo Part 4 e Parte 2 — Só não os coloquei na lista porque já tinha animes demais.
Finais ruins:
1. Toradora
2. Yesterday wo Utatte
3. Beastars 2nd Season
4. Gyakkyou Burai Kaiji: Ultimate Survivor
5. Aldnoah.Zero 2nd Season
6. Neon Genesis Evangelion
7. Death Note
8. Mahou Shoujo Madoka★Magica Movie 3: Hangyaku no Monogatari
9. Osananajimi ga Zettai ni Makenai Love Comedy
10. Kakumeiki Valvrave 2nd Season
Algumas outros a considerar:
• Shingeki no Kyojin — Vai para o topo da lista dos piores se adaptarem igual ao mangá.
• Mob Psycho 100 II — Até o sétimo episódio o anime é dez, depois decepciona.
• Charlotte — Não é um final detestável, mas me incomoda ser muito apressado.
• Psycho-Pass — Se apagar o último arco e os desfechos finais do penúltimo o anime vira um dez fácil.
• Highschool of the Dead — Esse anime ficaria muito melhor sem o último arco.
• Tengen Toppa Gurren Lagann — Se não fosse pela batalha seria terrível.
• Guilty Crown — Tem muitas coisas boas nesse final, mas talvez tenha ficado amargo demais.
• Shokugeki no Souma: Gou no Sara — A temporada final foi bem melhor do que eu esperava, mas os últimos minutinhos, mesmo com a mudança feita no anime, não agradam.
• Zero no Tsukaima — A última temporada foi ultra, mega, hiper rushada, ainda assim tiveram coisas boas, mas o final nem tanto.
• Ookami Shoujo to Kuro Ouji — As histórias laterais não são boas, podiam ter terminado bem antes.
• Steins;Gate 0 — Os últimos momentos não são um problema, mas como é ruim esse arco final.
• Yu Yu Hakusho — Togashi sempre doente e a editora estava pressionando, por isso terminou a obra de forma abrupta. O último torneio (minúsculo) tem coisas boas, mas também tem coisas que passam um sentimento de muito potencial perdido. Ainda que faltassem mais coerência pelo menos as cenas finais do anime são boas.
• Black Lagoon: The Second Barrage — Eu tenho muita dificuldade de dizer que é ruim, mas é chocante de uma forma nada agradável.
• Blame! Movie — Eu gosto desse anime, mas esse final faz a jornada parecer inútil.
• Mugen no Juunin: Imortal — O anime como um todo foi ultra rushado e o final que já seria amargo ficou ainda pior de ser apreciado.
• Megalo Box l — Cadê a luta final? Está bem tem uma mensagem e alguns cenas seriam melhor do que a luta, mas alguém ficar cego e outro paralitico por nada.
All Comments (215) Comments
Melhores OP de Spring 2023
Melhores ED de Spring 2023
1. Code Geass: Hangyaku no Lelouch R2
2. Sword Art Online II
3. Angel Beats!
4. MD Geist II: Death Force
5. Cowboy Bebop
6. Shigatsu wa Kimi no Uso
7. Devilman: Crybaby
8. Hotaru no Haka
9. Fate/stay night
10. White Album 2
11. Shuumatsu Nani Shitemasu ka? Isogashii Desu ka? Sukutte Moratte Ii Desu ka?
12. Saint Seiya: Tenkai-hen Josou – Overture
13. Fullmetal Alchemist: Brotherhood
14. Fate/Apocrypha
15. Re:Creators
16. Kimi ga Nozomu Eien
17. Rakudai Kishi no Cavalry
18. Death Parade
19. Plastic Memories
20. 3D Kanojo: Real Girl 2nd Season
Algumas outros a considerar:
Finais ruins:
1. Toradora
2. Yesterday wo Utatte
3. Beastars 2nd Season
4. Gyakkyou Burai Kaiji: Ultimate Survivor
5. Aldnoah.Zero 2nd Season
6. Neon Genesis Evangelion
7. Death Note
8. Mahou Shoujo Madoka★Magica Movie 3: Hangyaku no Monogatari
9. Osananajimi ga Zettai ni Makenai Love Comedy
10. Kakumeiki Valvrave 2nd Season
Algumas outros a considerar:
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